Arquivo da tag: Bernardinho

A SELEÇÃO DO BRASIL

Partindo do pressuposto de que futebol transcende o mérito desportivo – Eu levo o futebol para um âmbito que beira o religioso – o esporte pelo qual nutro um carinho especial e admiração irrestrita é o voleibol.

Joguei por toda a adolescência e até obtive certo sucesso na empreitada. Pelo menos fazia parte das seleções da escola, portanto não me cornetem.  Os 1,76 de altura com os quais fui agraciado pela natureza me forçaram a abrir mão desse prazer. Talvez desse pra ser libero. Mas meu negócio sempre foi o ataque, mesmo no vôlei. Então abandonei a prática.

Peguei a geração de prata e acompanhei o surgimento da geração dourada. Um deleite, diga-se de passagem, notar o crescimento desse esporte em esfera nacional, tomando o posto de 2º esporte do povão, que em outrora fora do basquete.

Houve um período em que as quase 3 décadas de insucesso da seleção brasileira de futebol e que culminaram com o crescimento do vôlei, chegaram a levantar questionamentos sobre a possibilidade de o vôlei tornar-se o esporte número 1 no país. A verdade é que isso nunca chegou nem perto de acontecer. Felizmente o futebol é feito pelos clubes, não pela seleção. A paixão do torcedor pelo seu clube é o motor com combustível inesgotável que faz do futebol uma religião. A seleção da CBF perto disso não é nada.

No vôlei, hoje restrinjo meu acompanhamento as andanças de nossas seleções e tenho um carinho especial pelo time formado pelo técnico Bernardinho.

Há tempos que cravo uma afirmação a qual sustento em qualquer discussão: A seleção brasileira de vôlei é a mais fantástica e vitoriosa seleção nacional já produzida, de qualquer esporte, de qualquer momento do esporte.

E apesar desse sucesso ter sido mais claramente iniciado na geração de prata e de ter ganho o planeta na geração de ouro de 92, foi sob o comando de Bernardinho, com todas as suas técnicas de Coaching, “Pirâmide do Sucesso”, Roda da Excelência” e demais formulações plenamente entendidas e absorvidas por jogadores de uma geração fantástica, como Giba, o “Pelé do vôlei”, que houve então a consolidação do Brasil como o país do vôlei, além do futebol.

Contra números não há argumentação, certo? Então levanto aqui “apenas” os mais relevantes da geração Bernardinho:

Sulamericanos: 5 disputas e 5 títulos

Copa América: 4 disputas, 1 título e 3 vices

Pan: 2 disputas, 1 título

Copa dos Campeões: 3 disputas, 2 títulos

Copa do Mundo: 2 disputas, 2 títulos

Liga Mundial: 10 disputas, 8 títulos e 1 vice

Mundial: 3 disputas e 3 títulos

Olimpíadas: 2 disputas, 1 título e 1 vice

Giba foi eleito o MVP ou Most Valuable Player ou em uma linguagem mais futebolista, “o melhor jogador do mundo” em 5 ocasiões.

O Brasil tem em sua história 9 títulos da Liga Mundial. Desses nove, oito foram ganhos na geração Bernardinho. O decacampeonato esteve perto de vir nesse último final de semana, onde a seleção acabou sendo derrotada na final pela forte e renovada seleção russa por 3X2. E é em cima dessa derrota que surgiu a vontade de escrever sobre o nosso time de vôlei, mais ainda quando o mentor de toda essa máquina de vitórias chega ao país e declara:

“Nós não ganhamos todas, mas já ganhamos muitas. Eu tenho dito isso, mas o pessoal parece que não ouve. Acho que nós ganhamos até mais do que merecíamos, não somos tão superiores assim”

Em tempos onde a seleção de futebol ,hoje da CBF e nenhum pouco do Brasil, torna-se uma mera ferramenta para enriquecimento ilícito de gente nefasta, de falcatruas das mais variadas, de arma para estabelecer conchavos que beneficiam dois ou três em detrimento de milhões e que tecnicamente não apresenta nada, apenas um bando de cones vestidos de amarelo e preocupados com transferências, com cortes de cabelo, “liderados” por grande cone de fala mansa demais, é ótimo ter e enaltecer uma seleção que carrega em sua essência a qualidade, a bravura e a dignidade que sua alcunha lhe obriga ter.

Essa é a seleção nacional para qual eu torço sempre a favor.

Cheers,