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POR DIAS MELHORES

O fatídico dia 02 de Agosto, um dos piores dias da história do Santos, escancarou a instabilidade que o clube enfrenta em todos os âmbitos.

O vexame colocou em xeque todo o início de bom trabalho que vinha sendo feito por Claudinei, expôs uma leva de garotos da base e manchou a história de um time, outrora conhecido por grandes feitos no exterior. Mais do que isso, a goleada sofrida foi o estopim para uma série de problemas políticos internos.

Membros do Comite de Gestão foram demitidos e até o impeachment do Presidente foi cogitado, este inclusive, afastado do cargo por um ano, devido aos problemas de saúde que o afligem desde o início de seu mandato.

Diante desse cenário de instabilidade, o time tem acumulado empates, que o deixam muito mais próximo do Z4 do que do G4, tornando o rebaixamento uma realidade.

Contudo, nem só de problemas vive o Santos. Apesar da desconfortável posição na tabela, hoje, o mesmo que há tão pouco tempo levou 8 gols do Barcelona, é a 2° melhor defesa do campeonato. Além disso, Montillo parece enfim ter estreado com a camisa santista. A maior contratação está em seu melhor momento desde que chegou e começa a justificar o investimento feito.

Em momentos como esse, talvez criticar não seja o melhor caminho. É evidente que o Santos possui falhas gravíssimas em seu modelo de gestão, que a diretoria se equivocou em muitas contratações, não repondo à altura a saída de grandes nomes do time. Por outro lado, vemos uma “molecada” promissora com sede de bola e que pode render frutos futuramente.

Somado a isso, um Brasileirão nivelado por baixo e extremamente equilibrado, que permiti mudanças mais dinâmicas na tabela de classificação, podem fazer o santista espantar um pouco esse fantasma de rebaixamento que começa a assustar.

Em suma, é hora de colocar os pés no chão, trabalhar muito e correr atrás do prejuízo. Quarta-feira já tem Copa do Brasil e uma possível volta à Libertadores pode ser o grande motivador que falta a esse time.

E de fato, motivação deve ser a palavra de ordem na busca do Santos por dias melhores em 2013.

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O “EXEMPLO” VALDÍVIA E O SANTOS COLOCANDO O FUTEBOL BRASILEIRO EM SEU DEVIDO LUGAR

Na medida em que tenta ser exemplo fora de campo, o futebol brasileiro deixa de ser o exemplo dentro dele.

Fora de campo com suas readequações estruturais, reposicionamentos econômicos, medidas que afastam o antigo torcedor e trazem uma nova plateia aos estádios. Tenta com ações “politicamente corretas” transformar o futebol em ferramenta de adequação moral. O que ele até pode ser, mas não necessariamente perdendo suas características históricas.

Nessa seara, a conversa do dia é a possível punição que o STJD pode aplicar ao meia Valdívia. Tudo por conta de sua assumida tentativa em receber o terceiro cartão amarelo para ficar de fora de um jogo onde o Palmeiras já não contaria com seu principal jogador, por conta de sua apresentação à seleção chilena.

É um exemplo de moralidade e conduta social a ser aplicado por pais de família? Não. O chileno vacilou ao assumir a intenção? Sim e não. Sim, por ser essa uma prática tão antiga quanto a regra dos cartões e que quase nunca ou nunca mesmo tenha dado ao “infrator” qualquer tipo de penalização, mas geralmente por ser também mascarada pela boleirada com a sabida malandragem. Ele não a teve. Ou a teve e se teve, pode ser que não tenha errado tanto assim. Ao assumir deliberadamente a tentativa, o camisa 10 trabalhou com uma característica pouco aplicada pela cena do boleiro: a sinceridade.

Pode ter sido por conduta própria, mas pode perfeitamente ser pelo conhecido descaso com que os órgãos regulamentadores do esporte bretão costumam ter com esse tipo de prática. Por uma simples questão de retórica.

Valdívia pode ser pego de bode expiatório para servir de exemplo em um mundo onde o exemplo contrário está ai aos montes para quem tiver bons olhos de ver.

Valdivia

Bons olhos de ver que também devem servir ao torcedor para enxergar a amostragem mais pura do atual (baixo) nível do certame nacional. O exemplo abaixo tornou-se regra, mas não há muito como fugir dele.

Há duas semanas o Santos trouxe para a baixada santista um pacote de 8 gols made in Barcelona. Um assombro ao mundo, uma afronta à história do Peixe, a certeza de que esse time alvinegro estaria fadado ao descenso ao término desta temporada. Duas semanas depois e o mesmo Santos empatou contra o campeão mundial, em uma partida onde esteve muito mais próximo da vitória. Na sequencia enfrentou o atual líder do BR13, na casa do adversário e trouxe de lá um empate.

Óbvio que cada jogo é uma história, cada competição tem a sua particularidade. Mas o desenrolar desses jogos não deixa muita margem para dúvidas. O mesmo time que levou 8 gols e foi humilhado perante o mundo, encarou de igual e poderia ter vencido duas das equipes mais qualificadas do país poucos dias depois.

Qual é a realidade que isso nos mostra? O time santista comeu uma feijoada antes de entrar em campo contra o Barcelona ou o nível do futebol brasileiro é de uma pobreza poucas vezes vista?

A distância entre os times na tabela de nossa competição nacional, bem como os jogos equilibrados entre a galera do G4 contra a do Z4 me dá a certeza de ser a segunda a realidade aplicada. Uma tristeza.

TRISTE REALIDADE

Qual é a dimensão do estrago que um mal planejamento pode causar? O que um time mal montado, um técnico inexperiente e uma diretoria incompetente podem trazer de prejuízos para uma grande instituição futebolística?

Um rebaixamento? Dívidas sem fim? Derrotas acachapantes?

São muitas perguntas e respostas não encontradas, problemas que contaminam uma marca, um clube, uma torcida, um esporte. Fatos que infelizmente fazem parte do cotidiano do nosso futebol.

O que se viu hoje foi, sem dúvidas, o maior vexame de uma história centenária e gloriosa. O Santos não vendeu apenas Neymar para o Barcelona, vendeu sua dignidade também. 

Arranhou seu nome tão reverenciado no exterior. Envergonhou sua torcida e seus seguidores, envergonhou os brasileiros que ali estavam representados ou pelo menos deveriam estar.

Um time bi campeão mundial, tri campeão da América. Um clube que já parou uma guerra, que outrora encantou o mundo com o maior time de todos os tempos, que revelou o atleta do século…

Sinceramente não dá pra entender…

A tristeza é grande, não apenas pelo Santos, mas principalmente pelo futebol brasileiro. Está tudo errado por aqui e já faz muito tempo.

Vemos clubes grandiosos assolados por administrações desastrosas em todos os âmbitos. Gestões que culminaram em dívidas, salários atrasados, rebaixamentos, humilhações…

O fato é, enquanto o futebol brasileiro se contentar em ser exportador de matéria-prima e permitir que dirigentes se perpetuem em seus cargos, dificilmente a situação mudará.

Depois de tantas perguntas, a questão que fica é: ainda somos o país do futebol?

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O GOL DO PRÍNCIPE, QUE O REI NÃO MARCOU!

Era um amistoso festivo, um jogo de “compadres”, mas nem por isso podemos desprezar o tento de Neymar. No confronto com o seu futuro companheiro de Barcelona, o argentino levou a melhor no placar (8×5), mas nos lances de efeito, o camisa 10 da seleção brilhou e ainda desconcertou o xerifão Lugano, que apenas riu, aliás, não dava para fazer muita coisa…

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Confira nos vídeos, o gol de Neymar, que nem o rei do futebol marcou e o drible pra cima de Lugano:

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=a8g1j9qBVL0[/youtube]

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=JA0TtfMbycI[/youtube]

CONTINUE VOANDO

Para muitos Neymar alçou seu grande vôo. A expectativa acerca de sua transferência para o futebol europeu sempre foi a pauta principal de sua tão jovem, mas já vivida carreira. Mais até do que suas atuações de gala, do resgate do futebol arte em um cenário de valores invertidos como tem sido o futebol brasileiro dos últimos anos. Muitos preferiram viver do oba-oba de sua decantada transferência. O Barcelona sempre foi o favorito a levar o craque, mais ainda pela exaustiva comparação com Messi, que os bons de boca adotaram e adoraram sem se dar conta que aquilo não era boa coisa para o garoto.

Meu título para essa coluna de despedida do camisa 11 santista era “Pobre Menino Rico”. Até por achar já ter visto algo parecido por aí, resolvi mudar. Mas mais que isso, Neymar está longe de se um pobre menino. E nem falo do sentido literal, mas sim do sentido de construção de sua carreira, de seu perfil de estrela da bola.

Ele sabe exatamente onde está e o que deve fazer. Ele é um craque modelo, não um modelo de craque. Foi moldado para ganhar o mundo, coisa que ele já vem fazendo.

Ontem ao término de seu jogo de despedida, uma reporter perguntou se ele já havia se dado conta que estava indo para um dos maiores clubes do mundo. Na hora pensei: “Ele dará a resposta certa”. Não deu. A certa seria dizer que ele já joga por um dos grandes clubes do mundo, não mais por um dos grandes times, dado a tristeza técnica e tática desse atual Santos. Sua resposta foi talvez protocolar, guiada, mas carregada da sabedoria de quem sabe sim o que está acontecendo.

Neymar fez pelo Santos tudo o que podia e tudo pelo qual o Santos lhe deu de oportunidade. No bom time de 2010/11, fez chover. Com companhias qualificadas, foi o maestro, o artista que conduziu o Peixe ao título maior, o da Libertadores. Dentro do cenário sulamericano não tem mais nada para Neymar fazer acontecer.

Seu choro durante o hino nacional deve ter sido o da sensação de dever cumprido, de poder olhar para o torcedor que sempre o apoiou e o adotou com o ídolo dos novos tempos e saber que dele só se tem a certeza do referencial positivo de sua carreira, de sua brilhante passagem pelo Santos.

Não mais tocando com pés descalibrados de André, mas tabelando com a mestria dos pés qualificados de Lionel Messi. Essa é a nova realidade do potencialmente candidato a melhor do mundo.

Que ele venha a ser um dia, num próximo dia. E que continue a ser, mais do que o melhor do mundo, o Neymar do drible curto, da velocidade em direção ao gol, da volupia ofensiva que agora fica orfã no ex país do futebol.

Bons vôos, rapaz!

Neymar(1)