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La Mano de Díos – Maracanazo ’08

Maracanazo ’08

Em 1950, a Seleção Brasileira entrou num Maracanã lotado para ganhar seu primeiro título Mundial de futebol frente ao time do Uruguai, impassível e organizado. Obdúlio Varella orquestrou a vitória uruguaia e o Maracanã nunca foi tão silencioso. Tumular, torcida e time saíram de campo, tendo que aceitar a incontestável vitória do Uruguai, e estava construído o complexo de vira-latas que só seria apagado oito anos depois.

Em 7 de maio de 2008, o time do Flamengo de Joel Santana entrou em campo num Maracanã lotado para consumar a classificação frente ao América do México, que começara uma semana antes no estádio Azteca, com a vitória rubro-negra por 4 a 2.

Clima de festa, despedida em grande estilo de Joel Santana, torcida comemorando a classificação de um Flamengo que tinha tudo para repetir o feito do grande Flamengo de Zico, Junior e Raul Plassman de 1981 nesse que prometia ser o ano alvinegro.

O problema é que esqueceram-se de avisar ao time mexicano que ele já entrava derrotado. Por isso, logo no primeiro tempo o Flamengo perdia por 2×0, resultado que ainda o classificava, mas já dava os sinais de alerta para qualquer espectador atento que percebia um Flamengo jogando uma partida decisiva como se jogasse um amistoso de despedida para Joel Santana.

E o Maracanã ficou mudo no segundo tempo, quando faltando dez minutos para o fim da partida o América vencia por 3×0, tirando a vaga para as quartas das mãos do Flamengo. O Maracanazo voltava, cinquenta e oito anos depois, dessa vez nos pés de um time mexicano.

Hoje, o Flamengo não tem mais Joel Santana, e a perspectiva de ser novamente campeão da América ficou para 2009. Resta saber se o bem intencionado – mas inexperiente – Caio Jr. conseguirá reerguer esse time, que já mostrou ter potencial para disputar títulos. Pois, quando entra para jogar, o Flamengo já provou ter pinta de campeão. Resta apenas entrar para jogar, pois no futebol, assim como na ópera, só termina quando acaba.

Os dois lados da moeda: o jogo só termina….

O jogo só termina…

(Desculpem-me, leitores, o texto foi escrito imediatamente após o termino do jogo. A construção das frases talvez nao esteja das melhores)

Um jogo jogado como amistoso, festejado como amistoso, narrado como amistoso e comentado (no sportv) como amistoso.

Impressionante como todos se esqueceram que era um jogo valido pelo torneio mais importante que o Flamengo disputaria no ano.

A diretoria do Flamengo vinha sendo “profissional” ultimamente, mas vira e mexe tem uns arroubos de populismo, do tipo “vamos contratar o Ronaldo”. Pois bem. Ontem não se contiveram: não me acho a Mãe Dinah, mas quando vi o Joel entrando em campo no estilo Rocky Balboa e repetindo “vamos vencer” ao lado do sorridente Márcio Braga lembrei dos piores momentos do futebol carioca. A festa em hora errada, a zombaria despropositada. A coisa começou a feder.

A transmissão pela TV foi curiosíssima: o narrador e o comentarista pareciam estar transmitindo uma partida de jogadores aposentados, exibição, showball. Era nítida a falta de implicação da equipe flamenguista com o jogo mas, ainda assim, se ouvia o comentarista dizendo “o Flamengo vai marcar logo”… e nesse naipe foram os comentários, mesmo com o Rubro-Negro perdendo por 2×0. Esqueceu-se que do lado oposto havia um adversário. Aos 35 minutos do segundo tempo, 3×0 para o América, quase atirei a televisão da janela quando o comentário foi “o Flamengo tem muito tempo para fazer um gol”. Para quem não fez em condições favoráveis em 80 minutos, 10 minutos com os nervos a flor da pele não me parecem uma eternidade.

O Flamengo criou oportunidades? Inúmeras. Então qual a diferença desse jogo para os últimos? Simples: nas partidas anteriores, quando uma oportunidade de gol era perdida, via-se no semblante dos jogadores a irritação. Nesse jogo não. Algo que me remete aos piores momentos da seleção brasileira de 2006.

Enfim. A sensação é mais de bizarrice do que de tristeza. Um circo dos horrores. Em uma noite o Flamengo, da diretoria aos jogadores, ressuscitaram o espírito mambembe do futebol do Rio de alguns anos atrás. E em uma noite todo o trabalho feito no Campeonato Brasileiro 2007 foi jogado pela janela. Não pela derrota – pois perder faz parte do jogo – mas pela forma como a derrota se deu.

Parece que só quem se lembrou que havia uma partida a ser vencida foi o dono da festa – a festa mais triste da história recente do Flamengo. Papai Joel.

Agora a coisa fica assim: o clima na Gávea vai ficar horrivel. Além disso, um técnico novo, bem intencionado, mas pouco experiente. Uma ótima equipe (sim, porque continuo sustentando, o time realmente é bom) com um resultado péssimo. Minhas perspectivas? Por hoje (ao menos), nada boas.

Os dois lados da moeda: Fla e Flu se garantem na Libertadores.

1. FLAMENGO

Quarenta e cinco minutos que valeram por muitos – e muito – mais. Que jogão de bola foi o Flamengo e América/MEX no segundo tempo. Esse texto está baseado na segunda etapa da partida – da primeira só vi os melhores momentos.

Enfim, os 45 minutos finais do jogo iniciaram-se com jogo empatado em 1×1 – o rubro-negro abriu o placar com gol de Marcinho e a equipe mexicana empatou. O empate não era mau resultado para o Fla, que, imaginei, poderia até ter optado por gás para a finalíssima do carioca no próximo final de semana.

Para minha agradável surpresa, os rapazes capitaneados pelo grande Joel consideraram as possibilidades do jogo e resolveram arriscar. O que tinha tudo para se tornar um jogo retrancado, ou mesmo complicado para o Flamengo, transformou-se numa das partidas mais emocionantes dos últimos tempos: os dois times jogando aberto em busca do gol. Parecia uma pelada.

Depois de oportunidades criadas mas mal concluídas, Marcinho abriu o placar do segundo tempo. Pouco tempo depois o América empatou. Pensei: “que broxada, os mexicanos vão pressionar e vai ser duro segurar o rojão”. E assim foi por alguns minutos.

O Flamengo, então, mostrou enorme poder de recuperação e retomou o controle do jogo. Resultado final: Flamengo 4×2 America. Marcaram para o rubro-negro, além de Marcinho, Tardelli e Léo Moura.

Muito da vitória do Flamengo deve ser atribuída ao já saudoso Joel Santana – nosso querido Tio do Churrasco – e sua prancheta mágica. Joel arriscou alto, abriu o jogo improvisando nas laterais – Juan no primeiro tempo e Leonardo Moura só segundo.Tal qual na primeira partida final contra o Botafogo, o Fla terminou a partida com mais atacantes do que começou, três: Tardelli, Marcinho, Obina (que entrou no segundo tempo no lugar de Souza).

É momento, também, de saudar a diretoria do clube, que esse ano não cometeu a bobagem de contratar um grande nome de alto custo e investiu no elenco. Souza, Obina, Marcinho e Tardelli podem não ser imperadores, mas, como aplicados obreiros, permitem ao técnico variações durante o jogo. Prefiro assim.

2. FLUMINENSE

Ainda não assisti o jogo do tricolor carioca, mas vale registrar também a vitória fora de casa dos comandados por Renato Gaucho por 2×1 contra o Atlético de Nacional de Médelin, na Colômbia. A próxima fase da Libertadores tem tudo para ter dois times do Rio.