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MENOS PRESSÃO DO QUE SE ESPERAVA

Peñarol e Santos iniciaram ontem no Estádio Centenário de Montevidéu a definição do título da Taça Libertadores da América de 2011. Em jogo duro, prevaleceu o equilíbrio entre as equipes e a partida terminou empatada em 0 a 0.

Torcida carbonera em festa

Depois de longa data, o Centenário, palco da final da Copa do Mundo de 1930, volta a ser cenário de grande espetáculo internacional. Tudo graças aos bons ventos que sopram por terras uruguaias. O quarto lugar da seleção do país na última copa em 2010 somado ao Peñarol de Diego Aguirre e Alejandro Martinuccio na Libertadores são os responsáveis pelo revigoramento do futebol celeste.

E foi assim, com o Centenário lotado, em festa, que Peñarol e Santos iniciaram a disputa que relembra tempos românticos do futebol como os confrontos das edições de Libertadores de 1962 e 1965.

A partida começou com o Santos mantendo mais posse de bola. Ambas as equipes jogavam com duas linhas de quatro e dois atacantes. O que se viu foi um Santos cauteloso e na expectativa de Neymar aplicar sua mágica. Não menos precavidos estavam os donos da casa. O Peñarol se armou de acordo com o que se viu durante a campanha carbonera em todo o torneio: muita força de vontade e raça compensando um time tecnicamente limitado que tem suas esperanças depositadas no atacante argentino Alejandro Martinuccio.

Olivera e Rafael em dividida

No 1º tempo, o Peñarol chegou com perigo em duas oportunidades. Aos 6 minutos com Juan Olivera que aproveitou falha da zaga santista e recebeu de Matias Mier para dividir com Rafael. Aos 44 minutos, os carboneros tiveram a melhor oportunidade quando Dario Rodriguez recebe pela direita após bola aérea e encobre Rafael. Por pouco o Peñarol não abre o placar. O Santos teve seus bons momentos com Neymar que, na sua melhor jogada aos 19 minutos, aplicou seus dribles pela direita, carregou a bola, atravessando todo o meio de campo, invadiu a área e assistiu, tocando para trás, Alex Sandro que fuzilou, obrigando o goleiro Sebastián Sosa a espalmar para escanteio. No minuto seguinte, Bruno Rodrigo acertaria o travessão através de cabeceio após cobrança de corner.

Rodriguez em desespero

Para a 2ª etapa, o Santos reinicia nova pressão. Logo aos 3 minutos, após chute de Elano e desvio de Danilo, Zé Eduardo chuta e Sosa faz grande defesa cedendo escanteio. Aos 10 minutos, o técnico Diego Aguirre tenta dar novo ânimo ofensivo à equipe com Fabián Estoyanoff no lugar de Mier. Aos 26, a grande chance para Zé Eduardo. Após boa jogada e cruzamento de Alex Sandro pela esquerda, o atacante santista cabeceia livre, no chão, mas para fora. Aos 29, a resposta do time local, Olivera e Martinuccio se atrapalham e o tiro ao gol vai para longe. A partir daí, o que se viu foi pressão do Peñarol à base do incentivo da torcida. O Centenário entraria por um breve momento em ebulição com o gol de Diego Alonso, recém entrado em campo ao substituir Olivera. O atacante, que concluiu a gol após chute cruzado de Martinuccio, estava em posição fora de jogo. Méritos para a arbitragem de Carlos Amarilla e seus auxiliares Nicolás Yegros e Rodney Aquino.

De resto, algumas jogadas esporádicas de perigo. Uma conclusão fraca no meio do gol de Martinuccio para fácil defesa de Rafael após lance de escanteio, outra conclusão de Neymar no meio do gol para defesa de Sosa, alguma catimba dos uruguaios sobre Neymar com alguma valorização ao estilo “cai-cai” do astro da Vila Belmiro, um Elano em final de temporada, inativo em campo, além de um Zé Eduardo falhando muito nas finalizações. E foi só. 0 a 0 no final. Nas estatísticas, mais equivalência de forças, pelo menos ontem. Maior posse de bola do Santos (52% a 48%) e mais chutes a gol do Peñarol (15 a 12).

Neymar marcado

Neymar viveu situação limítrofe entre ser considerado jogador que se joga ao chão ao menor sinal de perigo e ser vítima de deslealdade dos adversários. É melhor aprender. Vida de superstar do esporte bretão é assim. Vide Lionel Messi. Apanha, não valoriza, não se amedronta e parte com mais ímpeto para o gol adversário como um trator inatingível.

Para o Peñarol fica o consolo do bom retrospecto da equipe como visitante na competição. Se duvidar é só perguntar ao Internacional. Claro, livrou-se de eliminação em Buenos Aires via erro de arbitragem e infelicidade de Santiago Silva na cobrança de pênalti para o Velez Sarsfield, mas tudo bem. Há que se ter sorte na jornada da vida também.

Já o Santos pode contar a seu favor o fato de ter uma equipe tecnicamente superior. Não há dúvida sobre isso. Superioridade técnica que se tornou fortaleza tática através da chegada de Muricy Ramalho. Retranca com Neymar e, quem sabe, Ganso a resolver as coisas na frente? Pode ser. De qualquer forma, fato é que o Santos entrou bem postado em campo. Apenas foi dominado nos momentos finais do jogo graças à atmosfera motivacional empreendida pela torcida do Peñarol.

Contudo, cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém e é bom lembrar: nas 10 últimas edições da Libertadores, foram 6 vitórias para os visitantes nos jogos de volta das finais contra apenas 4 sucessos dos anfitriões. Óbvio, história não entra em campo, não ganha jogo, mas vale como alerta para o clima de oba-oba. Afinal, o Santos precisará de qualquer vitória. Idem o Peñarol. Com empate rola aquela prorrogação esperta. Se permanecer a igualdade, pênaltis na cabeça.

O ESCORREGÃO FATAL

Imagine o leitor aquele indivíduo que se prepara, que se dedica para determinada finalidade. A dedicação é tamanha que ele se sente pronto para fazer o que tiver que ser feito no momento em que ele está sendo posto à prova, naquela hora em que ele está em ação, em que a coisa é para valer e todos estão vendo, seja no trabalho, no estudo ou em qualquer outra atividade importante de sua vida. Contudo, apesar do devido preparo, da capacidade notória do cidadão em questão, ele erra, falha, nega fogo clamorosamente. Pois é, esta a história de Santiago Silva, jogador do Vélez Sarsfield, ao perder pênalti decisivo na vitória inútil por 2 a 1 contra o Peñarol pelas semifinais da Taça Libertadores da América quinta-feira, no Estádio José Amalfitani, em Buenos Aires.

Mier comemora gol do Peñarol

Após partida disputada no jogo de ida com vitória do Peñarol por 1 a 0 no Estádio Centenário de Montevidéu, semana passada, não restava mais nada à equipe argentina a não ser atacar e buscar a vitória por 1 a 0 ao menos, forçando a decisão por pênaltis. E assim começou o Vélez, incendiado pela torcida, tratando de pôr pressão sobre os uruguaios. Porém, na vida, as coisas não saem sempre como o planejado e foi o Peñarol quem marcou primeiro, tornando as coisas ainda mais difíceis para os donos da casa. Sob a liderança do jogador argentino Alejandro Martinuccio, que se livrou de dois marcadores para efetuar a assistência, Matias Mier concluiu a gol aos 33 minutos do 1º tempo. Festa do Peñarol e vibração do técnico Diego Aguirre.

Gol legal do Velez anulado. Sem impedimento.

As reclamações da arbitragem ganhariam mais força do lado argentino. Se no Uruguai, o árbitro paraguaio Carlos Amarilla anulara gol legal de Juan Manuel Martínez por suposto toque de mão, na Argentina o mesmo Martínez teria mais um gol legítimo anulado por impedimento. Em triangulação rápida com Maxi Moralez e Emiliano Papa, Martínez conclui a gol. Trabalho inútil. O árbitro chileno Enrique Osses confirmou lance fora de jogo e o Amalfitani entra em desespero. Aos 46 minutos, finalmente o gol de empate. Fernando Ortiz cobra falta na área e o goleiro Sebástian Sosa, ao melhor estilo voleibol, rebate com as mãos para frente, bem na direção de Omar Fernando Tobio, que conclui com facilidade. Era o que o Vélez Sarsfield necessitava para reiniciar a partida com novo ânimo no 2º tempo.

 E, se ânimo ainda fosse problema, nada melhor do que eliminá-lo imediatamente. Missão para Santiago Silva que, após sobra de bola em disputa pelo alto na área, concluiu livre de marcação. Era a virada do Vélez. Agora faltaria apenas um gol para a classificação. O estádio era vibração pura. Nem mesmo a expulsão de Tobio diminuiu o ímpeto da torcida.

Silva escorrega ao chutar.

Mas, a mesma mão invisível do destino que afaga também castiga. Aos 29 minutos, Martínez sofre pênalti de Guillermo Rodriguez. Nos pés de Santiago Silva estava a classificação. E justamente Silva, uruguaio de nascimento, desperdiça a cobrança. Um chute a gol com qualidade prejudicada devido a um escorregão. Torcedores atônitos, no banco o técnico Ricardo Gareca sentado sem reação. Fatalidades da vida que ocorrem, mas que depois judiam o pensamento e a alma de quem as sofreu. A classificação para a final do principal torneio continental de clubes se foi. Ficam a tristeza, as lamentações e os questionamentos interiores. Falta de sorte? Teria sido o orvalho que fez Silva escorregar? E se Silva tivesse optado por chutar de forma diferente? Tarde demais. Está feito. Peñarol na final. Torcedores uruguaios em êxtase no estádio. Uma equipe humilde com uma camisa pesadíssima, histórica. É a confirmação de novos tempos para o futebol uruguaio, não menos histórico, mas que andava em baixa há muito até a Copa do Mundo de 2010 com o quarto lugar da Celeste Olímpica.

Santos comemora 1º gol em Assunção.

Tradição de um lado, tradição do outro. Eis a final da Libertadores em 2011. Na quarta-feira, em Assunção, o Santos garantiu vaga após empatar em 3 a 3 com o Cerro Porteño.  Já aos 3 minutos de jogo, Zé Eduardo, de cabeça, abre o placar. Bom para o jogador, que já tinha nas costas 13 jogos sem marcar e bom para o Santos, que ampliava a vantagem para 2 a 0 no placar agregado (vitória por 1 a 0 em São Paulo). Aos 27 minutos, Barreto fez contra após falha geral dos paraguaios. César Benítez diminuiria aos 31, mas Neymar ainda faria mais um para o Peixe antes do final da 1ª etapa. O 2º tempo foi todo de posse de bola do Cerro. Lucero e Fabbro marcaram mais dois gols para os donos da casa. Sem efeito. Era necessário um improvável 5 a 3 para a classificação. Neymar e companhia na final. É mais uma chance para Muricy Ramalho mostrar resultados em competições eliminatórias. É a reedição de final de Libertadores de outrora. Os ares benfazejos de 1962 estão de volta.

Bem que a coluna tentou sentir mais compaixão dos gloriosos goleiros. Sim, eles, os guarda-redes. Profissão assaz difícil com dificuldades e responsabilidades diretamente proporcionais. A tentativa de deixá-los longe dos holofotes tem sido meta deste espaço. Pois é. Mas parece que eles pedem. É aquela história, falem bem ou falem mal, não importa, falem de mim. Assim sendo, mais um goleirão deste mundão entra para o nosso hall da fama “falhas grotescas por quê não?” Desta vez, diretamente do Paraguai. E foi exatamente aquele segundo gol santista acima mencionado. O novo membro da Academia Mundial de Frangos: Diego Barreto, arqueiro do Cerro Porteño. Será que Larissa Riquelme gostou? Acompanhe.

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