Após ondas de protestos em todo o país, o campeonato argentino continuará com o formato atual de disputa. Pelo menos por enquanto. A decisão partiu da Associación de Fútbol Argentina (AFA) através de seu presidente, Julio Grondona.
Que semana no futebol argentino! Tudo começou no último dia 25 de julho quando o manda-chuva local Grondona surgiu com duas notícias bombásticas.
A primeira, nem tão inesperada, era a demissão de Sergio Batista do cargo de técnico da seleção. Batista não resistiu às pressões decorrentes da má campanha da equipe anfitriã da Copa América. Não ter ganho o torneio continental em casa sem sequer ter chegado próximo ao feito foi a gota d’água para a sobrevida do treinador.
Já o segundo anúncio do todo poderoso cartola fez tremer as estruturas porteñas desde a província de Jujuy ao norte até a gélida Ushuaia na porta antártica do continente. Mudanças aconteceriam no campeonato argentino a partir de 2012. A proposta era a seguinte: promover a fusão dos 20 clubes da 1ª divisão com as 20 equipes da série B. Pois é, a Argentina teria um campeonato monstro de 40 equipes.
Desnecessário dizer que as suspeitas gerais recaíram sobre o rebaixamento do River Plate como motivação para a virada de mesa.
A versão oficial do objetivo da coisa era “federalizar o futebol”. Contudo, muitas outras versões sobre a decisão esdrúxula começariam a surgir ao longo de toda a semana.
Várias histórias pipocaram na imprensa argentina. Além da óbvia teoria de favorecimento do River Plate, questões de ordem política também rolaram entre as especulações.
Vale lembrar que o governo argentino “estatizou” os direitos de transmissão do campeonato nacional. A tv pública paga pelos direitos da série A através do plano “Esporte para todos”. A medida contribuiu para aumentar o clima beligerante entre o governo Kirchner e o grupo privado de comunicações “Clarín” que detinha os direitos e mostrava os jogos em tv paga somente. Já Julio Grondona detém o poder na AFA há mais tempo que Ricardo Teixeira dá as cartas na CBF.
O chefão da AFA mudaria o discurso. Se antes afirmara que nada o faria mudar de ideia, mais tarde começou a dizer que os dirigentes dos clubes decidiriam. Só que Grondona sabia que necessitaria de 80% de aprovação dentro de um colégio eleitoral de 49 pessoas. O risco de reprovação da proposta existia.
Quaisquer que tenham sido os motivos da virada de mesa, o melhor de tudo foi a mobilização popular contrária à mudança.
Através da má repercussão da iniciativa por parte da galera e da negativa de dirigentes para a proposta, a infeliz ideia seria arquivada.
Manifestações de protesto foram organizadas via redes sociais. A coisa bombou no Facebook. Milhares de pessoas foram às ruas contra as mudanças de regras do campeonato argentino.
O resultado foi a vitória do povo. O campeonato monstro foi deixado de lado por Grondona.
Mais uma vez o argentino mostrou conscientização, cultura e senso de politização e está mantido o campeonato nos moldes atuais com os famosos “promedios de puntos” e “promociones”. E o mais importante: o River Plate está sim na série B e terá que retornar à elite argentina via regras do jogo.
A tempo, a AFA anunciou Alejandro Sabella como o novo técnico da seleção argentina. Sabella foi o treinador campeão da Libertadores de 2009 pelo Estudiantes ao derrotar o Cruzeiro na final.