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Chazinho de Coca – Trinta e sete anos depois, o filme se repete!

Trinta e sete anos depois, o filme se repete!

Em 1971, Palmeiras e São Paulo decidiram o campeonato paulista daquele ano. Não me lembro bem o resultado da outra partida. Mas um lance naquela decisão entrou para a história como um dos erros mais absurdos da história da bola. Um gol legítimo de Leivinha para o Palmeiras, naquele quesito que era a sua especialidade, o gol de cabeça. Testada firme, indefensável. Teria sido o gol do título, mas Armando Marques anulou o golaço alegando que o gol havia sido feito com a mão. O título ficou com o tricolor do morumbi.

A galera sapeca que acompanhou a partida ontem e depois os programas esportivos e também os jornais que discutem o assunto, deve estar de saco cheio de ouvir e ler isso, até porque os meios já citados bateram nessa tecla e relembraram o caso a exaustão.

Reza a lenda que tempos depois, num saguão de aeroporto, Armando Marques encontrou Leivinha e aproximou-se do craque para lhe pedir desculpas pelo erro grotesco. Aí é que esta a diferença.

O arbitro da partida de ontem, o nosso querido PC, não terá essa oportunidade, já que ao final da peleja, justificou o absurdo que acabará de cometer, dizendo que viu sim o lance, mas que o interpretou como normal. HÃ? MAS COMO ASSIM? Será que o Giba da seleção masculina de vôlei está disponível para ser contratado pelos times de futebol? Sim, porque se meter a mão na bola é válido, então contratar alguém que seja perito em utilizar esse membro do corpo humano também é. Ou então o Bernardinho precisa começar a ficar esperto nas partidas de futebol. De repente ele está perdendo a chance de convocar alguns craques com as mãos.

Fato é que, não faltando com a verdade, como procuro sempre fazer, o São Paulo mereceu sim a vitória. Jogou mais que o Palmeiras sim, aliás o Palmeiras não jogou e o Luxa só foi feliz ao colocar o ótimo Lenny, mas o fez tarde. Zé Luis anulou Valdívia, Diego Souza esteve apagado, a dupla de zaga que é de ótima qualidade, ontem foi bizarra e está mais do que óbvio que Martinez não pode ser reserva.
Mas também não podemos negar que aquela cortada ao melhor estilo Marcelo Negrão alterou completamente o panorama da partida e não fosse a bela jogada de Lenny e o pênalti bem convertido por Alex Mineiro, o São Paulo teria carimbado sua passagem para a final ontem mesmo.

Nota 8 para o São Paulo.

Nota 4 para o Palmeiras

Nota 0 para o PCzinho e para sua bandeirinha.

Ao som de Oasis – Hello

Abraços aos queridos e queridas,

La Mano de Díos – O Imperador e o Mestre

O Imperador e o Mestre

Pois é, meus camaradinhas, ontem foi um dia de rei. Tive duas alegrias na mesma noite, em dois lugares diferentes. Como não sou clone, já adianto aqui: estava fisicamente em um lugar e em espírito em outro. E graças às benesses da modernidade pude acompanhar os dois acontecimentos de um modo bem feito. Aliás, antes que as pedras sejam atacadas, já adianto: vi o jogo do Tricolor hoje de manhã, aproveitando a folga do trabalho. E eis aqui o que tenho a dizer:

Estive no show do Mestre. Na minha opinião, o último gênio da música vivo, já que Miles Davis e Frank Zappa estão se divertindo em outro lugar há algum tempo. Mas ontem vi o Mestre Dylan, na altura de seus 70 anos, dar canseira em muito moleque por aí.
Dylan é o tipo de cara que tem perfeita noção do que fez e do que representa, e por isso sabe de toda a responsabilidade que tem, diferentemente de muitos “artistas” por aí e – oras, por que não? – atletas. Seus shows são um momento à parte em sua carreira, e o de ontem não foi diferente. Reinventando seus clássicos, apresentando ao vivo novas canções de seu excelente último disco, Dylan mostrou porque é um dos artistas mais influentes do século XX, apresentando um espetáculo muito mais do que meramente musical. Ouvir Dylan ao vivo é uma experiência única.

E no momento em que os primeiros versos de Leopard-Skin Pill Box Hat eram cantados com sua voz rouca, longe dali meu espírito se agitava. Entrava em campo o time do São Paulo Futebol Clube, no primeiro jogo da Libertadores no Morumbi esse ano. Como é difícil estar em um lugar formidável e lamentar não estar também em outro!
E no Morumbi a coisa foi um pouco diferente do que estava sendo no Via Funchal. O Tricolor não correspondia às expectativas. Com Richarlyson e Zé Luís improvisados e sem um meia de ofício, a ligação com o ataque era feita à base do chutão na zaga, e mais uma vez foi Jorge Wagner quem assumiu a responsabilidade. Vale dizer que Zé Luis mostrou raça e explorou pela direita aquilo que desde o começo todo mundo vêm pedindo, as jogadas de linha de fundo.
Um que está sobrando nesse time tricolor é o Fábio Santos. O careca não acerta um passe, anda perdidão ali no meio de campo e – pior de tudo! – é o grande responsável pelo desmanche da dupla de volantes de 2007. E por falar em volante, convenhamos, Richarlyson em 2008 não está rendendo nem em sua posição, quanto mais na lateral. Um time que tem pretensões de ser campeão da América não pode jogar com laterais improvisados. Abre o olho, Muricy!

Mas se no Via Funchal a noite era do mestre Dylan, no glorioso Cícero Pompeu de Toledo quem roubava a cena era o Imperador Adriano. Foram dele os dois gols, um de cabeça, à la Adriano, e uma sobra de um petardo de Hernanes. Ontem, Adriano convenceu e mostrou futebol, brigando o jogo todo, tentando de todo o jeito e no fim conquistando seus merecidos gols. Ontem ele fez valer o título que reivindica, mas falta muito para o time do Tricolor justificar a que veio.

No fim da noite, posso dizer que estava feliz. Feliz porque vi um show de Dylan – um cara que não precisa mais provar nada e mesmo assim encheu os olhos – e um espetáculo de Adriano – esse sim que ainda tem que mostrar serviço, mas pelo menos provisoriamente calou este que vos fala.

Pois é, amiguinhos, a coluna de hoje não poderia terminar sem antes dar os devidos parabéns a uma das figuras mais sensacionais do futebol: felicidades, Zico! Que seu futuro seja repleto de tantas glórias quanto é o seu passado e está sendo seu presente! É para você as duas músicas do dia: Jorge Ben – Camisa 10 da Gávea e Bob Dylan – Forever Young.

Os dois lados da moeda: O trivunvirato e a farsa

Após marcar dois gols no primeiro jogo do São Paulo no campeonato paulista – curiosamente contra o líder Garatinguetá – Adriano, “o Imperador”, afirmou que não queria mais esse tal apelido lhe fosse atribuído. Queria ser, simplesmente, Adriano. Mas, como não se pode ser tudo o que se quer, será que o “Imperador” poderia tornar-se “plebeu”?

Adriano veio ao São Paulo para recuperar-se após péssimas temporadas na Itália. O clube alardeia seu potencial para fazê-lo, diz que sua infra-estrutura está aberta para o atleta que estiver disposto a utilizá-la. Em um segundo momento, como parte dessa recuperação, pareceu interessante que o jogador passasse seis meses atuando pelo time do Morumbi.

Dai o projeto de “recuperação” de Adriano começa a misturar-se com idéias menos “pudicas”.

O São Paulo é o time mais competente no Brasil no que se refere a marketing. Imediatamente foram tomadas as medidas para capitalizar em cima do “Imperador”, ofertando-lhe a camisa 10. Em poucos dias o produto já estava nas lojas, sucesso de vendas garantido. Fosse Adriano o plebeu, tal medida seria tomada? Obviamente não.

A mídia também quis sua fatia e, em momento algum, deixou de atribuir-lhe o codinome. Não seria possível ignorar a presença do “Imperador” entre nós, tapuias, cada vez mais acostumados a ver em nossas equipes frutos promissores ainda verdes ou heróis de outrora que há muito caíram do pé. Adriano imperou nos noticiários e, tal qual o título que lhe é atribuído impõe, um séqüito de repórteres – inclusive importados da Europa –
formou-se em torno do jogador.

E a tal “recuperação”? Parole, parole…

Não apontamos o time e a mídia para excluir a responsabilidade do próprio jogador pela situação em que se encontra. As benesses que se oferece a um Imperador são sedutoras e deve ser difícil não ouvir o cantar das sereias. Com todas as facilidades que tal condição lhe confere, que como dissemos, ao invés de contestada foram, sim, fomentadas, Adriano voltou a imperar, infelizmente não nos gramados.

Um triunvirato (clube, mídia, jogador) insano que jamais conduziria alguém do trono para as ruas – ou, no caso, para os campos. Uma metáfora para se compreender como, em nossos dias, é elevado à realeza alguém que não tem meios de sustentar tal condição.