QUANDO UM REI PERDE O SEU POSTO?

Messi tornou-se ontem o maior artilheiro do Barcelona em todos os tempos.

A cada nova partida do argentino algum tipo de recorde é batido. Algum número outrora inalcançável vira fumaça.

E quando não há nada de significativo para apontar em Messi o novo Messias da bola, os teóricos da pelota mexem em suas planilhas e acham algum feito magnífico: “Messi acertou ontem o 12.734º passe correto para o lado direito sem bagunçar a franja”; “Incrível! Messi deu um pique de 200 metros sem respirar”. Coisas do tipo.

O argentino é um verdadeiro fenômeno. O verdadeiro fenômeno. Já está entre os maiores de todos os tempos e é o maior de sua geração.

E em sua geração ele compete com Cristiano Ronaldo e Neymar. Pelo menos até que surja um novo talento fora do comum.

Mas e em relação aos maiores de todos os tempos. Qual é a colocação de Messi em meio a Pelé, Cruyff, Beckenbauer, Di Stefano, Zidane e tantos e tantos outros, além de Maradona?

E Maradona por último por que me parece via de regra que hoje uma grande parte dos fãs de futebol aponte o fato de Messi já ter superado Maradona. Proporcionalmente falando, os feitos de ambos aos 24 anos (idade de Messi) dão ao gênio do Barcelona uma ampla vantagem.

Mas então se Maradona fora até poucos dias a grande sombra ao reinado do rei do futebol e hoje Messi já o superou, quer dizer então que aos 24 anos o argentino só esta atrás do Rei Pelé?

Bom, ao menos por enquanto percebo certo temor, mesmo nos mais audaciosos, em cravar a predileção a Messi em detrimento a Pelé. Mesmo que seja para iniciar um comparativo.

Mas o ponto em que pretendo aqui chegar é outro. É mais no que os antigos detentores de todos os recordes da bola podem fazer para impedir que Messi se torne o Rei do Futebol.

Cristiano Ronaldo e Neymar podem tentar.

O português é espetacular, mas não me parece ter muito mais o que desenvolver. Atingiu um patamar que também o coloca entre os maiores, mas nunca será o maior, já que sequer é o maior de sua geração. Mas ele pode tentar, pode espernear, pode fazer biquinho e não prestigiar a ascensão de Messi, como por exemplo não indo as entregas dos prêmios de melhor do ano, como fez da última vez.

Neymar tem apenas 20 anos e parece ainda ter muito a crescer. Está ainda distante de Messi e mesmo de Cristiano Ronaldo. Mas será para mim o grande desafiador de Messi ao trono de melhor de sua geração. Entretanto, me amparando em análises frias, em achismos e no que acredito entender de futebol, não chegará a tanto.

Mas aí é que está. Eles dois podem tentar.

Maradona não mais. E o quão desesperador pode ser para alguém que sempre foi alçado ao posto de 2º maior de todos os tempos, hoje já sequer ser considerado o melhor da história de seu país?

Alguém que sempre se mostrou orgulhoso de seu status. Mostrou-se sempre presunçoso na mesma medida de sua genialidade com a bola nos pés. De repente não ter mais a adesão da massa a sua causa em desbancar Pelé.

E o pior de tudo. Contra isso ele nada pode fazer.

E digamos que Messi continue transformando todos os recordes em fumaça, todos os adversários em barreiras transponíveis, todos os títulos em coleção particular e mediante isso, um dia alguém surja com a dúvida que irá então se tornar de todos: “Terá Messi superado Pelé?”.  “Será Messi o novo padrão para se apontar o melhor em algo em qualquer esfera?”.

O que poderá o Rei do Futebol fazer para mudar isso?

Neste caso ele irá finalmente se igualar a Maradona, pois também nada poderá fazer.

Em tempo: Sou dos que não gosta de misturar gerações, apontar o melhor dentre os melhores. O esporte muda muito de tempos em tempos e as comparações tornam-se injustas. Mas o mundo é injusto. Pensem nisso.

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