POR ORA, O BRASIL NÃO VIROU ESPANHA. E ISSO É BOM

A derrocada são paulina na temporada 2013, somada ao sucesso do Atlético MG, independente de taças ou descensos, nos dá uma amostragem de preservação significativa e positiva a respeito de uma característica peculiar ao futebol brasileiro: não estamos virando Espanha. Em muitos aspectos, “virar uma Espanha” seria positivo, mas em muitos outros, sobretudo neste que aponto, não.

É histórico e inerente ao nosso futebol o grande número de clubes grandes em nossas competições nacionais. Diferente de outros e mais badalados campeonatos, onde por mais estrelas e dinheiro que circulem e desfilem por seus gramados, são sempre dois ou três os clubes com possibilidades reais de obter êxito nas temporadas, por aqui as nossas competições contam sempre com meia dúzia de clubes para mais. Óbvio, ao longo dos certames a organização diretiva, tática e o investimento bem aplicado acabam diminuindo naturalmente esse número.

O Brasil é grande, como grande é o número de clubes grandes, de histórias ricas e importantes na construção de nossas retóricas futebolísticas. E ainda que as novas políticas de distribuição de rendas televisivas e mesmo a arquitetura por busca de parceiros comerciais, hoje muito baseadas em retorno midiático, tenham nos dado a impressão de que veríamos ser criado um abismo entre equipes e o surgimento de um novo grupo de gigantes, a realidade nos mostra outro cenário.

É vertiginosa a discrepância entre os orçamentos de São Paulo e Atlético MG, por diversos fatores. Mas isso não impediu que Alexandre Kalil recolocasse o Galo no caminho de triunfos há tempos afastados do imaginário de seu torcedor. Em contrapartida, o São Paulo de Juvenal Juvencio, com a alegada terceira maior renda do país, se dissolve em uma velocidade assustadora. .

É um cenário péssimo para o são paulino, mas para o futebol brasileiro é salutar. Não necessariamente tendo estes personagens como protagonistas, mas nos servem de exemplos para ainda acreditar que por mais que alguns se beneficiem dos novos tempos mercadológicos, a aura e a essência de nossos grandes clubes continuam valendo. Basta boa vontade, visão estratégica e, sobretudo, ter respeito às próprias origens e histórias. O que é bem nítido no atual Galo e uma realidade bem distante do atual tricolor paulista.

 galosp

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