Com ou sem Gardel, após derrota em Córdoba por 2 a 0 no jogo de ida válido pela “promoción”, não restava nada para o River, além de vencer em casa por dois gols de diferença. E foi com o espírito de superação que os “milionários” entraram em campo no Monumental, contando, inclusive, com o apoio da torcida, apesar dos rumores de realização da partida a portas fechadas devido aos incidentes no jogo de ida.
A atmosfera inicialmente positiva propiciou o primeiro gol do River através dos pés de Mariano Pavone logo aos 5 minutos de jogo. Chute da meia lua, rasteiro no canto de Juan Carlos Olave. River na frente e delírio no Monumental.
Com o gol, o River continuou a dominar as ações no 1º tempo, porém do outro lado havia um Belgrano bem postado, com sabedoria para jogar com o placar agregado, além de boa atuação do goleiro Olave. Fórmula perfeita para os visitantes saírem com o déficit mínimo para o intervalo.
Todos sabiam que tempo era um luxo que o River não tinha àquela altura. Traduzindo: mais tensão e pressão para os donos da casa no 2º tempo. Apesar da atitude ofensiva dos “milionários”, aos poucos o Belgrano arrefecia o ímpeto adversário. Foram duas oportunidades para o empate. A primeira em contra-ataque e defesa de Juan Pablo Carrizo e a seguinte com Guillermo Farré para concluir a gol aos 16 minutos. Festa azul no Monumental e o início das lágrimas da torcida do River.
O que aconteceu em seguida foi o trivial em partidas com tais circunstâncias. Mais garra e vontade que técnica e tática. O River lançou-se com força, mas sem organização para o ataque.
O golpe moral de misericórdia veio aos 24 minutos com o pênalti desperdiçado por Pavone, que bateu para a defesa de Olave.
Final de jogo e 1 a 1 no placar. Festa dos torcedores do Belgrano presentes no estádio e muitas lágrimas da torcida do
River Plate. O que parecia impossível aconteceu: River Plate rebaixado para a série B. Alguns torcedores exaltados eram contidos através de jatos d’água lançados pela polícia. Muitos pediam a saída de Daniel Passarella da presidência do clube. Confusão fora do Monumental. Jogadores em retirada cabisbaixos. Caos total. Desespero final.
As lágrimas, os rostos tristes, inconsoláveis talvez fossem retrato fiel e melodramático do mais puro tango porteño. A fiel ilustração da relação do torcedor apaixonado pelo time de coração. Ela existe, seja na Argentina, no Brasil, na Europa ou
em qualquer outro lugar. Mas, talvez por ser em Buenos Aires, ela seria perfeitamente descrita por Gardel: “me deixando com a alma ferida e uma espinha no coração”. Confira os gols, a tristeza e a confusão.
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