tinga

NOSSO MODUS OPERANDI

Por João Paulo Tozo

É demasiadamente satisfatória a medida das opiniões contrárias aos atos de racismo sofrido pelo jogador Tinga, do Cruzeiro, no Peru, em jogo válido pela Libertadores. Percebemos com isso que nosso meio entende ser este um dos tantos tipos repugnantes de preconceito presentes em nossa sociedade. Percebemos que nosso meio entende o limiar da boçalidade que, diga-se, não é exclusividade destes quintais povoados por tantos de todas as cores e pluralidades. Na Europa esse comportamento do torcedor é epidêmico e também por lá existem os que divergem e combatem essa triste lacuna de civilidade entre os civilizados.

Mas, pergunto-me, muito baseado em algumas manifestações virtuais permeadas pela ponderação acerca do modus operandi presente em TODOS NÓS: Quantos de nós estamos em posição privilegiada para nos opor a mais esse triste manifesto de intolerância, quando aceitamos e corroboramos com a proliferação de designações coletivas disfarçadas de arroubos fanáticos contra rivais dos gramados, como, por exemplo, chamar são paulinos de “bambis” e corintianos de “marginais”? Só para citar os mais conhecidos e proliferados.

Se nos arrebentamos de cólera contra os atos no Peru é por que entendemos a gravidade daqueles atos. E se entendemos aqueles, não tem por que não entendermos os nossos de todos os dias. E se entendemos um, não tem por que exercer o outro. Mas se abrimos uma brecha filosófica para sustentar nossa tosquice, somos tão iguais ou piores que aqueles, pois praticamos também a hipocrisia.

Ou não?

“Eu queria não ganhar todos os títulos da minha carreira e ganhar o título contra o preconceito, contra esses atos racistas”, disse Tinga ao fim da partida. (ESTADÃO)

tinga

 

Roberto-Carlos-insultos-Foto-ReproducaoSport812_LANIMA20110322_0037_1Torcedor russo “oferece” banana para Roberto Carlos

One thought on “NOSSO MODUS OPERANDI”

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *