NA INGLATERRA, PAULINHO PRECISARÁ SER A EXCEÇÃO

Ao que tudo indica, Paulinho, volante titular da seleção e até recentemente o grande destaque técnico do Corinthians, está acertado com o inglês Tottenham. Valores altos para um volante, algo na casa dos 40 milhões de reais.

 

Paulinho é hoje o melhor volante do futebol brasileiro. Para mim, dos que atuam no país, não do futebol brasileiro como um todo. Considero Hernanes, da Lazio, um jogador mais completo. Mas isso são outros quinhentos.

 

Paulinho conquistou sua vaga no clube alvinegro após as saídas de Cristian e Elias. Conta nesse meio tempo a passagem de Jucilei. E fez ao lado de Ralf a melhor dupla de volantes do país na atualidade.

 

Paulinho – e também Ralf – beberam da mesma água que vem correndo pelos encanamentos do Parque São Jorge desde a queda do clube para série B em 2007 e redenção instantânea em 2008. Onde todo volante que chega como aposta acaba vingando além do aguardado.

 

Paulinho chegou já dentro dessa perspectiva, o que o ajudou e muito. Mas vingou devido a sua condição técnica privilegiada. Volante de bons recursos, chega bem a frente e tem bom arremate. Mas para mim a sua grande vantagem é a condução de bola. No que o esquema corintiano ajuda demais.

 

No time de Tite, Paulinho é a grande referência técnica, então o time trabalha de modo a permitir que ele flua seu jogo. Atua ao lado de Ralf, um Leão de Chácara que tira de suas costas a obrigação irrestrita de marcação, possibilitando suas investidas ao ataque e que acabam quase sempre pegando as retaguardas adversárias desprevenidas.

 

Na seleção não ocorre bem isso. No time de amarelo a referência técnica é Neymar – nem poderia ser diferente. Ainda que o time não jogue necessariamente para o brilho do craque, o jogo acaba girando em torno do agora camisa 10. Paulinho não conta também com um “Ralf” ao seu lado, então dentre as suas obrigações está também cuidar da marcação, auxiliar a cobertura das investidas de Oscar e mesmo de Dani Alves. Quando sobra espaço, porém, Paulinho aproveita e faz bom uso.

Diante disso tudo, pondero sobre o que aguardar da vida de Paulinho na Terra da Rainha.

Se o seu brilho se deu em um clube que vem revelando bons jogadores de sua função ano após ano, também é bem verdade que todos esses não continuaram suas trajetórias de sucesso ao trocar de clube.

Cristian era considerado um volante de seleção. Saiu para o Fenerbahce e lá nunca brilhou do mesmo modo. Ainda que seja bastante aproveitado, nunca foi titular absoluto do time.

Elias saiu do Corinthians para o Atlético de Madrid, onde foi mal. Acabou contratado pelo Sporting de Portugal em uma das maiores negociações feitas pelo clube português, mas lá o jogador mais uma vez não foi bem. Sua passagem pelo futebol europeu pode sim ser considerado um fracasso. Agora ele tenta voltar aos dias de brilho atuando por empréstimo no Flamengo, onde também não conseguiu ir bem até o presente momento.

Jucilei sempre foi mais produto da expectativa em repetir o feito dos outros dois mencionados que qualquer outra coisa. Foi atuar no Anzhi Makhachkala da Russia, onde caiu no ostracismo.

Paulinho já mostrou ser superior a todos esses, mas da mesma maneira que surgiu dentro de todo esse contexto de sucesso corintiano em revelar bons volantes, terá que conviver e superar o “fantasma” que os assolou após o término de seus vínculos com o clube paulista. Deverá ser ele a exceção dessa história.

paulinho

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