INDAGAÇÕES ACERCA DOS CONES

Ao assistir ontem a estréia da seleção da CBF, uma série de questões brotaram em meu cérebro.

Afinal, o que faz Robinho ser intocável na seleção?

Um jogador que teve em toda a sua já longa carreira um único momento de destaque. Exatamente o início, no Santos, entre 2002 e 2004. Desde que zarpou para a Europa tornou-se um jogador de mediano para baixo. Em seu retorno ao Santos, foi coadjuvante da dupla Neymar e Ganso. Mas ainda assim foi o jogador mais vezes convocado na era Dunga e continua sendo na era Mano Menezes. Robinho nunca é o pior da seleção e nem de seus clubes. Passa na maioria das vezes despercebido, o que em meu modo de ver é até pior. Não erra passes bisonhos, não chuta a bola no alambrado, não cai ao driblar, não é pego em impedimentos. Mas também pudera. Ele não arrisca passes com mais de 2 metros. Ele não arremata bolas que não estejam em vias de transpassar a linha do gol – embora ontem tenha perdido um gol que até o Souza marcaria. Ele não tenta o drible, não tenta o improviso. Ele não é pego em impedimentos por que raramente é acionado, até por que raramente apresenta-se em condições de finalizar.

Robinho não é horroroso. Ele é um Dentinho com grife. Alguém aí convocaria o Dentinho para a seleção?

Das duas, uma: Robinho tem um padrinho muito forte ou então o nível do nosso futebol decaiu demais e precisamos aceitar isso.

Se a presença de Robinho na seleção é intrigante, o que dizer então de Fred?

Considero Fred dos melhores centroavantes que o Brasil produziu nos últimos anos, mas sua boa fase ficou em um passado já remoto. Ele sequer consegue atuar pelo seu clube, o Fluminense. De onde Mano Menezes tira oportunidades para analisar o futebol do cara?

Armar um time com jogadores ofensivos não é necessariamente ter um time ofensivo. Ontem Mano mandou a campo um meio sem um 1º volante de ofício – Lucas e Ramires não são esse 1º volante – além de Ganso na armação. O ataque com o trio Robinho, Neymar e Pato na função de centroavante, que não é a dele. No Milan Pato jogava aberto, com Ibrahimovic centralizado. No atual time milanista ele também não é centroavante clássico e joga boa parte dos jogos aberto pela direita. Direita que na seleção é “preenchida” fisicamente por Robinho. Daí o comentarista da TV corneta o camisa 9 por que ele ficou várias vezes em impedimento. Oras, o cara está jogando fora da sua e tenta buscar espaços, sem ter que tropeçar no cone que atua na faixa do campo que deveria ser a sua, e ainda assim foi o mais incisivo do ataque da cbf. Não é ele o errado. Não é ele a opção errada no ataque.

Se não temos mais Carecas, Romários e Ronaldos, que seja armado então um ataque sem centroavante. O Barcelona é a prova maior de que isso pode funcionar.

Por que não dar um descanso ao sempre convocado Robinho, entrar com o ótimo Lucas na meia ao lado de Ganso, abrir Pato mais pela direita e dando assim a Neymar a liberdade que ele tem no Santos para flutuar por toda a extensão da grande área? Afinal ele é o diferente. E ambos finalizam muito bem. Com isso, no lugar de um dos dois 2º´s volantes, entrar com um 1º volante que dê mais segurança ao sistema defensivo e não permita que os contra ataques adversários estourem todos cara a cara com a zaga, que é ótima, mas é formada por zagueiros e que por natureza não deverão se dar bem quando colocados frente a frente contra atacantes de qualidade. Ontem foi com o Rondon da Venezuela, mas amanhã pode ser o Messi da Argentina, daí a conversa é outra.

Inclusive o próprio Mano Menezes não justifica sua presença no banco da seleção outrora brasileira. Sua seleção nunca empolgou e até agora não venceu nenhuma das seleções do mesmo patamar que enfrentou. Na despedida de Ronaldo bateu o time B da Romênia com um 1X0 sem sal.

Sem sal talvez seja a definição ideal para Mano Menezes. Um cone presente no banco de reservas. Aposto que um Joel Santana da vida pelo menos vibraria mais. Mano não vibra, não anima, não altera quando necessita. É um Dunga, mas sem padrão tático.

Aliás, outra indagação que me vem à mente agora: Por que raios eu ainda perco meu tempo com esse arremedo de time? Nunca gostei de coisas sem sal, sem graça, de times amarelos em sua essência.

A essência da amarelinha ficou na história, acabou ao longo de sua história e conforme se transformou em ferramenta de manipulação e enriquecimento ilícito de personagens nefastos e que pouco ou nada se preocupam e entendem de futebol. Ficou em um passado onde os selecionados eram analisados sob a ótica meramente técnica.

Amarela hoje é apenas a alma dessa seleção que não é mais minha.

Entenda um pouco mais sobre o assunto:

http://www.lancenet.com.br/futebol-internacional/Jornalista-britanico-envolvimento-Teixeira-Havelange_0_510549112.html

 

Se o assunto abordado é chato como o objeto da análise, ao menos a dica musical é um petardo. Despeço-me do camarada feroz ao som do The Kinks – You Really Got Me

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Cheers

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