I WILL ALWAYS REMEMBER THE FIRST TIME

POR LOANA STUKA

Como ser imparcial ao escrever sobre o show da sua banda preferida e que você esperou por dias, meses e anos? Pois é. A questão é quando você ouve comentários de pessoas que nem tão fãs são e se surpreenderam positivamente. Quando você está em um bar no dia seguinte e ouve pessoas desconhecidas comentando sobre o quanto foi incrível. Aí você se dá conta de que a coisa foi comprovadamente fantástica.

Foram duas horas com quase todos os clássicos de 34 anos de carreira (por acaso a sua idade também!) levando geral ao delírio.

Juro que me propus a escrever essa matéria sem usar frases clichês, mas não estou conseguindo. Ansiedade é pouco para descrever o que eu e amigos ali na primeira fila sentíamos ao esperar a introdução terminar e a cortina cair. (Aliás, que introdução sui generis, amei o golfinho!)

“Do you remember the first time?” escolha perfeita pra abrir o primeiro e pelo jeito único show do Pulp em solo brasileiro até uma segunda ordem (tomara!).

Todos sabem o quão energético é um show deles, Jarvis é um frontman incrível e super performático, comanda o público sem precisar de muitos artifícios. Cada clássico era executado em meio a brincadeiras, frases em português e traduções dos títulos das músicas, dancinhas e tentativas de tocar a mão de alguns escolhidos na primeira fila. E tudo fluía tão maravilhosamente bem que duas longas horas de show não foram sentidas em nenhum momento, pelo contrário, todos queriam mais.

Nem vou dizer que queria muito ter ouvido “Bad cover version” e “Help the aged”, afinal sempre falta alguma música muito querida e marcante para cada um. O que importa mesmo é ter visto petardos como “Babies”, “Common People”, “This is hardocore” (epifania total nesse momento!), “Disco 2000”, “F.E.E.L.I.N.G C.A.L.L.E.D L.O.V.E, “Razzmatazz”, Mis-shapes” e terminar de forma linda com “Something Changed”.

Pra mim muita coisa mudou, primeira vez na vida que não sinto vontade de ver algum outro show tão cedo, quero é ficar com a lembrança viva de cada momento dessa noite incrível.

E após todo o extase daquela noite perfeita, ainda faltava algo. Eu precisava ver meu vocalista, letrista e pensador preferido, trocar algumas palavras e com sorte, entregar alguns presentes.
Como mega fã sabia que ele é um intenso admirador de artes e interessado em música brasileira. Então por que não mostrar um pouco mais da nossa cultura?!

Para fugir do arroz com feijão, escolhi um cd do Tim Maia e ganhei de presente da querida Mariana Pabst Martins para essa missão um desenho original do seu pai, o grande pintor Aldemir Martins. Duas escolhas perfeitas.
Tudo lindo e bacana, mas quem disse que foi fácil? Apór percorrer alguns hotéis com a ajuda de um amigo, estava ficando desanimada e frustrada, porém na última hora a dica certa chegou.

Ainda cansada e atônita lá fui eu no dia seguinte tentar a sorte. Pode parecer algo idiota, mas só quem é realmente fã e admirador do trabalho de um artista sabe o que é isso. O mínimo que eu poderia fazer pra quem me deu e me dá tantas alegrias com sua música maravilhosa e seus conselhos em forma de letras era poder restribuir de alguma forma.

Cheguei no hotel, sentei, esperei, esperei e comecei a notar a movimentação de manager, roadies, instrumentos, malas e continuei lá sentadinha aguardando.

O primeiro a aparecer foi o baixista Steve Mackey. Quis ser discreta, dei parabéns pelo show e pedi uma foto. Fui prontamente atendida por ele e pelo manager que me perguntou se eu era chilena (?!). Ambos muito simpáticos. Perguntei pelo Jarvis e ambos me disseram que ele apareceria.

Pois bem, esperei e esperei e esperei. Vans chegando, os outros músicos e a equipe saindo e nada de Mr Jarvis. O manager simpático falava com a equipe brasileira, andava pra lá e pra cá, ligava pra um, pra outro e nada. Aí ele vem com uma cara preocupada me dizer que quando Jarvis chegasse eu teria que ser breve porque eles estavam super atrasados. “Ok, sure!” eu disse. E esperei mais ainda.

Estava conversando com uma garota da equipe brasileira, quando avisto Mr Cocker vindo com um ar despreocupado, contemplativo, alheio a toda aquela preocupação dos que já tinham ido embora e dos poucos que ainda estavam lá. Nisso, o manager me aponta e ambos vem em minha direção. Eu levanto e vejo Jarvis na minha frente me dando um aperto de mão e sorrindo.

Explico brevemente que como sabia que ele admirava artes tinha trazido pra ele um desenho de Aldemir Martins, um famoso pintor brasileiro e que o presente tinha sido ofertado pela própria filha dele que também era fã da banda. Ele olhou com atenção e ficou admirando a gravura detalhadamente, aí entreguei o cd e disse que era de um famoso cantor brasileiro, pra ele conhecer um pouco da nossa música.

Jarvis pegou ambos, olhou, abriu um sorriso, agradeceu e falou sobre seu programa de música todos os domingos na BBC, o Sunday Service (será que vai rolar um Tim Maia por lá?).

Aí pedi uma foto que se transformaram em duas, uma delas com nós dois fazendo o clássico gesto que ele faz em Common People na frase “That´s where I caught her eye”.

Pensei em tirar da bolsa algum encarte de cd ou o livro “Brother Mother Lover”, mas resolvi não abusar afinal eu tinha concordado em ser breve.

Despedi-me dizendo que esperava que ele gostasse dos presentes, agradeci pelo show maravilhoso e desejei-lhe uma ótima viagem de volta. E ele como um perfeito gentleman sorrindo agradeceu por tudo e pelos presentes, apertou a minha mão de novo e disse “nice to meet you and thanks again”.

Missão cumprida. E mais do que isso: comprovar que seu idolo é mais simpático do que você imaginava não tem preço.

“Its OK to grow up, just as long as you don’t grow old. Face it you are young” (Cocker, Jarvis).

E foi assim que me senti.

 

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