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HONROSOS DE TODOS OS CAMPOS

Por João Paulo Tozo

Quarta-feira de contrastes no futebol pentacampeão. Da primeira parte dela, triste, melancólica, com perdas substanciais para sua história, substanciais para o seu moral histórico. Dos operários que perderam suas vidas em Itaquera e das famílias que sem eles terão suas vidas abaladas pelos dias a seguir, por meses, por anos, por vidas. Do eterno Nilton Santos que, enfim, viu-se livre do implacável rival que não lhe deixava driblar.

A mesma quarta-feira que já tinha para si reservadas emoções dos campos para sua segunda metade, mas que mais que apontar novos campeões, apontou superações. Daquele modo tão intrínseco ao esporte Rei e a sua eterna vocação em emular a vida cotidiana.

Quem diria a alguns meses que novembro apontaria Flamengo e Ponte Preta como potenciais campeões nacionais e continentais?

Do rubro-negro abandonado e desacreditado por quem deveria conduzi-lo, veio o ressurgimento em campo, mas também institucional. O abandono precoce injustificável de Mano Menezes deu ao Flamengo exatamente a pilha que, não deveria precisar, mas precisou – e com ela decolou. Jayme de Almeida remete a Carlinhos, a Andrade. A tantos “treineiros” forjados na Gávea e que, apesar do mais completo descrédito, conduziram o “mais querido do Brasil” a alguns de seus maiores momentos de brilho.
Campeão nato, de fato, sem dar margem a suposições. Passando por adversários poderosos como atual campeão brasileiro, como rival Botafogo, não dando chances para o ótimo Atlético Paranaense.

Mano Menezes não perdeu a chance de ser mais uma vez campeão da Copa do Brasil. Ele a deu, ainda que inconscientemente, a chance ao rubro-negro. E com ela o tricampeão conduzido por Jayme de Almeida fez o que bem quis.

Longe dali, em uma fase anterior, mas com a mesma medida de clamor, a já rebaixada Ponte Preta dava uma aula a um tricampeão continental que ainda tropeça em sua insistente mania de soberba.

Aula no campo de jogo jogado, não abrindo uma brecha sequer para animar o gigantesco São Paulo a tentar a manutenção de seu título na Copa Sulamericana.

Se já era uma vitória histórica a Macaca figurar pela primeira vez em sua história centenária em certames internacionais, como classificar essa verdadeira epopeia rumo a mais improvável das finais?

E como classificar o que tentou e conseguiu fazer o São Paulo, de dimensões colossais, buscando lesar e minar o já combalido time pontepretano?

E ai irá dizer o amigo são paulino “o time fez o que a regra lhe permitia fazer”. O que é verdade, tendo por base o desregulado regulamento da insossa Conmebol. Permite-lhe o regulamento, mas não lhe permite a história. De gigante que é o tricolor, não deveria ter se dado ao desprazer do desgaste histórico movimentando regras frias cheio de frieza.

Perdeu a Ponte Preta o mando de seu jogo em sua casa, mas mandou no duelo, nos dois, na casa adversária e na casa de ninguém. Ambas as casas transformadas em sua casa.

Mais uma vez o futebol emulou a vida como ela é. E Flamengo e Ponte Preta realizaram suas façanhas com a justiça dos campos. Com a justiça da vida.

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