Todos os posts de Márcio Viana

Formado em Jornalismo, com pós-graduação nas áreas de Gestão Estratégica do Conhecimento e da Inovação, Gerência de Sistemas e Serviços de Informação e Gestão de Documentos de Arquivo. Trabalha com Gestão da Informação e de Documentos. Ferrenho defensor da tese de que dá pra citar Beatles em qualquer contexto. Torcedor do Sport Club Corinthians Paulista e frequentador eventual de jogos, especialmente no Pacaembu. Tem alguns instrumentos musicais juntando poeira em casa, e toca mal todos eles. Assina a coluna Futecore e eventualmente as colunas Ferozes Musical Clube e Golden Goal.

Salve Jorge

Jorge ganhou este nome porque nasceu no dia do santo padroeiro do Timão.

Existem jogadores que transcendem esquemas táticos. São aqueles que, não importa como, o treinador tem que arranjar um jeito de manter no time titular. Jorge Henrique é um desses jogadores. O baixinho vindo do Botafogo foi ganhando espaço “quase sem querer”. Mano Menezes acabou o escalando num esquema de três atacantes, com Ronaldo e Dentinho. E foram grandes exibições do trio. Mudaram os treinadores, mudaram os esquemas, saíram jogadores e nosso JH se manteve. Chegou Willian, o talismã da Fiel, com atuações empolgantes e lá estava ele, dessa vez jogando no meio de campo. Teve uma fase ruim recentemente, o que atribuo a um posicionamento errado, até pela falta de opções de nosso treinador (um abraço, Adenor!). Agora temos: Willian, Emerson Sheik, Liedson e em breve Adriano para o ataque. No meio de campo temos Danilo em boa fase, Alex estreando, Morais (NÃO!) e Ramirez (TAMBÉM NÃO), além dos volantes Paulinho, com atuações regulares e Edenílson, uma promessa que, se seguir o nível com que jogou contra o Bahia, pode surpreender pelo vigor semelhante ao de Elias. Onde entra Jorge neste time? Ou melhor: como podemos pensar em uma formação sem ele?

Contra o Bahia, além de boas atuações de Julio César (a sombra de Renan parece estar fazendo bem), tivemos nosso homenageado numa belíssima atuação, marcando até o último minuto. E aqui cabe também uma menção honrosa ao Ralf, um monstro nos desarmes. Aliás, estes dois são jogadores que têm uma coisa em comum. São o que chamam de jogadores “de equipe”. Pouco aparecem nos destaques, mas são essenciais para o coletivo.

Houve boatos de que Jorge Henrique estaria dificultando as negociações de renovação de contrato, que estaria pedindo o mesmo salário de Adriano. Também ventilou-se a possibilidade de usá-lo como “moeda de troca” por Andrezinho, do Internacional. Acho que vale a pena acender uma vela a São Jorge por não permitir que essa atrocidade fosse cometida. JH23 é patrimônio da Fiel.

Pois bem, após mais um vacilo do São Paulo, chegamos à liderança do campeonato, com um jogo a menos, por conta do adiamento do jogo contra o Santos. Nosso próximo compromisso é contra o Vasco, no Pacaembu, dia 6/7. Até lá.

 

Como trilha, escolho o palestrante do SWU, Neil Young, com “Rockin´ in the free world”, e um recado a ele: traga o violão, mestre!

 

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=PdiCJUysIT0[/youtube]

Mão à palmatória

Uma advertência: este colunista tentará ao máximo não cornetar o senhor Adenor Leonardo Bacchi no texto de hoje. Vamos acompanhar.

Não tinha como terminar melhor este feriado prolongado. Além do rebaixamento de nosso algoz argentino, ainda tivemos uma atuação mais do que fantástica de nossa equipe. Vamos aos fatos:

 

Pode chamar de Zidanilo e Liedshow.

Fato número um: Danilo se tornou titular incontestável no meio de campo do Corinthians. Tite terá que encontrar algum jeito de colocar Alex neste time, mas sem tirar este que foi o melhor em campo na goleada contra o São Paulo. O primeiro gol do jogo foi um lance pra fazer jus ao apelido de “Zidanilo”. Se o jogo terminasse com apenas este gol, já haveria história pra contar.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=G4dlRid2raY[/youtube]

Mas não foi o que aconteceu. Antes até do primeiro gol, o São Paulo perdeu Carlinhos Paraíba, expulso após uma entrada maldosa em Welder. Expulsão merecida, mas o capitão tricolor Rogério Ceni resolveu ir tirar satisfação com o árbitro mesmo assim. Desde então, mais cartões foram sendo distribuídos, numa amostra de como seria o jogo dali para a frente. Mas o Corinthians soube aproveitar a vantagem de ter um jogador a mais durante todo o segundo tempo. O que se seguiu foi o Timão dominando praticamente todas as jogadas. Tivemos então três gols do “levezinho” Liedson e um frangaço de Rogério Ceni após um chute de Jorge Henrique. Ainda tivemos um chute de Ralf que bateu na trave e (talvez) um pênalti não marcado (confesso que fiquei em dúvida, mas parece ter sido pênalti).

 

O que dizer de um jogo no qual há gritos de olé aos 15 minutos do segundo tempo?

Fato número dois: embora o São Paulo que jogou neste domingo não sirva de parâmetro, pois veio desfalcado e perdeu o rumo após a expulsão, já dá pra notar que o Corinthians encontrou um padrão de jogo. Com a estréia de Alex e mais algum reforço (ainda precisamos de lateral-esquerdo, não dá pra esperar muito do Fábio Santos), inclusive com a volta do nome de Fábio Simplício à pauta, é possível esperar algo deste time. E – mão à palmatória – talvez Tite seja o melhor nome para comandá-lo no momento. Até porque não há melhores opções. Ou alguém gostaria de ver Cuca ou Celso Roth no comando da equipe? São os treinadores disponíveis no mercado. Ah, tem o Adilson Batista, que não conseguiu se firmar em time algum desde sua saída do Cruzeiro. Não, né? Pois é.

 

Apesar da goleada, o São Paulo ainda é líder do Brasileirão. Resta saber o impacto deste resultado nas próximas atuações da equipe. Também não dá pra saber se o treinador são-paulino Paulo César Carpegiani conseguirá se manter por muito tempo no cargo.

 

O próximo compromisso do Timão é contra o Bahia, fora de casa, na próxima quarta. Espero que a boa fase se mantenha.

 

Fiquem com The Who e a bacanérrima “Substitute”.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=eswQl-hcvU0[/youtube]

Abraços.

 

Pequenos mitos

Tite ainda não encontrou substituto para Elias

Recentemente, nosso treinador disse que a saída de Elias do time foi preponderante para a eliminação do Corinthians na pré-Libertadores. Não posso deixar de concordar, pelo menos em parte. É claro que o fato de Ronaldo ter estendido a carreira mais do que devia e Roberto Carlos estar pouco se lixando com o clube também contribuíram para o mau desempenho. Mas a declaração de Tite leva a uma reflexão: por que é que os clubes, depois de conseguirem chegar numa formação tática bastante eficiente, acabam por criar uma extrema dependência das peças integrantes desta formação? Elias, que começou a carreira como atacante, e chegou ao Corinthians como meio campista, foi treinado por Mano Menezes para ser segundo volante. Um volante ofensivo, com muita velocidade e uma bela pontaria em chutes de fora da área. Sem Elias, negociado com o Atlético de Madri, temos Paulinho, que não é mau jogador, mas a cada mil chutes de fora da área, acerta um. Edenilson, vindo do Caxias-RS, chegou como promessa de ser o “novo Elias”. É um jogador jovem, e não dá pra saber se vingará. Tite queria Fábio Simplício, que a Roma não liberou. Sinceramente, nem sei se seria uma boa opção.

Fato é que os times às vezes ficam muito dependentes de jogadores com uma característica específica. Quem não se lembra da incessante busca por um meia-armador, após a saída de Ricardinho? Isso não é exclusividade do Corinthians, claro. Veja o Palmeiras penando para ter um centroavante, e tendo Wellington Paulista como única opção viável. Veja o São Paulo tendo que esperar a recuperação de Luís Fabiano. Já comentei aqui neste mesmo espaço sobre a escassez de laterais-direitos. Mas é de se pensar no caso de jogadores tidos como indispensáveis, o que encarece seus passes e estigmatiza seus possíveis substitutos. Temos Ralf, mesmo assim negocia-se ad eternum com Cristian (e no caso dele, bastava um aumento de salário para que ele ficasse). Não que os dois não possam jogar juntos, mas o segundo – se voltar – volta com um salário muito maior do que o ganharia se tivesse permanecido, mesmo com aumento. O próprio Douglas, hoje no Grêmio, fez falta no meio de campo do Timão. Aí tivemos Bruno César com seus altos e baixos, Morais com seu desespero e Danilo com sua lentidão. Hoje temos este mesmo Danilo fazendo boas apresentações e Tite já cogitando mantê-lo no time, com o contratado Alex ficando no banco (Não, Adenor, não!!!). Fato é que a equipe vem se acertando, e talvez até tenha chance de brigar pelos primeiros lugares no Brasileirão, apesar da disputa ser acirrada. Vamos observar.

Uma fábula

Conta certa lenda que um homem caminhava após enfrentar uma tempestade de neve. Aí ouve um barulho, e vê uma cobra ferida e quase morta de frio. A cobra clama por socorro (lembre-se de que isso é uma lenda). O homem argumenta: “mas você pode me picar!”, e a cobra retruca: “Estou ferida, não posso te causar nenhum mal”. O homem então resolve levá-la para casa e cuida da cobra. Durante algum tempo, os dois convivem em harmonia. Certo dia, ao se aproximar da cobra, recebe uma picada fatal. Perplexo, pergunta: “Mas o que é isso? Salvei sua vida, te alimentei, e agora você me envenena?”. A serpente respondeu: “Mas você sabia que eu era uma cobra, né?”.

Não perde a balada, nem o peso.

No começo deste ano, o Corinthians contratou Adriano. Sem mais.

Fiquem com Beatles, “Two of us”. Destaque para a belíssima linha de baixo de George Harrison (sim, nesta Paul ficou só no violão e voz).

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These days

Do bonde para o bando.

Estivemos ausentes por estes dias, tanto eu quanto o camarada Felipe Phil, que divide este espaço comigo, não só por causa de falta de tempo, mas também porque o Corinthians começou o Brasileirão um tanto apagado ou ofuscado por outros acontecimentos no mundo do esporte, e também por ainda estar em fase de transição. Mas vamos às últimas do Timão:

Muita coisa aconteceu desde minha última coluna. Devo dizer que, embora tenha conseguido uma boa virada contra o Grêmio, acho que o time ainda vai (e precisa) mudar muito no decorrer do campeonato, especialmente com a entrada de Alex, assim que for autorizada sua estreia. Enquanto isso, falemos do extracampo:

Nas minhas recomendações da coluna, não pude inclusive mandar meu recado ao recém-chegado Émerson Sheik, que acertou com o Timão logo após a última publicação. A ele, peço que – caso queira cantar algo pra animar a turma – que comece agora a decorar o poropopó e os demais gritos da nossa Fiel. Nada de “Bonde do Mengão” e coisas do tipo, por favor. De resto, acho boa a contratação do Sheik, desde que ele consiga passar mais tempo em campo do que no Departamento Médico. Embora mais velho, considero que o jogador leva certa vantagem em relação ao seu antecessor Dentinho, em termos de talento para finalizar. Fará boa dupla com Liedson, enquanto Adriano não estréia.

Falando no Imperador, esta semana ele voltou a ser comentado, por ter sido flagrado em sua primeira balada (pelo menos a primeira a ter sido divulgada) após a lesão da qual se recupera. No dia seguinte, cumpriu sua agenda de tratamento. Seria o caso de acender o sinal amarelo no Parque São Jorge? Sim, mas se você cria uma cobra, tem que estar ciente de que pode tomar uma picada a qualquer momento. O Corinthians deve saber com quem está lidando.

Devo dizer que continuo com a mesma opinião a respeito do pouco calmo Morais. Porém, vou tentar acreditar que nosso treinador consiga algum resultado razoável colocando o diametralmente oposto Danilo ao seu lado. Um é rápido e afobado, o outro é lento e calmo, segura um pouco mais a bola. Resta esperar que acertem os passes. Temos pela frente o Coritiba, um time em excelente fase. No entanto, o Coxa, classificado para a final da Copa do Brasil (e favorito, na minha opinião), deve poupar jogadores neste confronto com o Timão, para evitar possíveis desfalques na decisão.

Enquanto isso, nosso folclórico e fanfarrão presidente Andrés Sanchez vem caprichando nas declarações e atitudes polêmicas, o que chama um pouco os holofotes, mas nada digno de atenção. Andrés diz que quer ver Ronaldo jogando pelo Corinthians no Brasileirão, uma hipótese no mínimo equivocada. Apostar num jogador aposentado, mesmo que seja bom para o marketing do clube, pode ser um tiro no pé em se tratando de um campeonato de pontos corridos.

É Torino, não Tolima.

Esta semana, o Corinthians apresentou seu novo uniforme número 3: como forma de homenagear o time do Torino, foi projetada a camisa na cor grená, com São Jorge, padroeiro do clube estampado na frente. Achei bonita a camisa, embora já tenha adversário dizendo que a homenagem na verdade é ao Tolima, nosso algoz na pré-Libertadores. Fornecer subsídio para piadas dos rivais, eis o talento de nossa diretoria, hahaha!

Por fim, a última polêmica envolve o carro pilotado por Antonio Pizzonia na Fórmula Superliga. Patrocinado pelo governo do Amazonas, o modelo foi projetado com a cor verde predominando. Heresia! Se um detalhe em verde já é considerado inaceitável, imagine o carro todo. No fim das contas, acho que as coisas se acertam, embora nem ache que seja relevante a participação do Corinthians nessa categoria. Confira o desenho divulgado do carro:

Aqui, a música que mais gostei de “Wasting Light”, disco mais recente do Foo Fighters. Fique com “These Days”, que escolhi para dar nome à coluna de hoje:

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=zPHzknP7jNQ[/youtube]

A próxima página

Corintiano desde criancinha.

Meu caro Tite, me perdoe, por favor, se eu não te faço um elogio*. Se o Corinthians tivesse a sorte de ganhar o Campeonato Paulista, o título da coluna seria outra referência a Chico Buarque: “Apesar de você”. Porque Tite, por mais que eu não considere você mau técnico (pelo contrário, acho que tua primeira passagem, em 2004, foi heróica), achei que desta vez você teve comportamento apático e desinteressado. E isso de certa forma refletiu no modo do Corinthians jogar. Claro que não é só demérito seu. A diretoria contratou mal. Tomou atitudes pra lá de estranhas, como o afastamento de Bruno César (ok, talvez ele tenha feito algo muito errado, mas o time é limitado e precisava dele em campo). Porém, meu caro Tite, nada explica tua insistência em colocar Jorge Henrique numa posição em que ele não é meia, nem atacante. Ele próprio não soube explicar a posição em que estava atuando. Também não entendi muito o fato de você preferir o Leandro Castán ao Paulo André, mesmo depois de ele ter se recuperado, mas nessa você deu sorte ao menos uma vez: Castán arrebentou no primeiro jogo da final. Faltou alguém para finalizar. Mesmo assim, parabéns por ter chegado à final do campeonato. Chegamos longe. Venceu o melhor time do Brasil, treinado pelo melhor técnico. Deu a lógica, como disse o santista Greg em sua coluna. Agora, meu recado a alguns dos coadjuvantes desta história:

Julio César, obrigado. Você alternou bons e maus momentos. Pessoalmente, acho que tua falha no Domingo foi puro azar. O fato de não ter dado uma volta por times menores antes de alcançar a titularidade no Corinthians talvez te prejudique. Pense nisso.

Ramirez, obrigado pelo golaço contra o São Bernardo. Já serve para colocar o link do youtube no portfolio. Mas omita aquela sua expulsão-relâmpago contra o Tolima, senão dá problema. Você já tem a passagem pelo Corinthians no currículo. Veja com teu empresário um time legal para jogar.

Morais: CALMA, CALMA, CALMA!!! Pense antes de tocar a bola. Não é difícil, sério. O Mirandinha dizia que não conseguia correr e pensar ao mesmo tempo, mas os tempos são outros.

Dentinho: sucesso pra você na Ucrânia. Já providenciou uma incubadora para adaptar a planta? Me disseram que samambaia queima no frio. Olha, falando sério: tua passagem pelo Corinthians foi muito boa. Mas era a hora de mudar de ares, para não se tornar um novo Gil, como supus certa vez.

Liedson: continue assim, mas me deixe sugerir: talvez tua inabilidade para cobrar pênaltis seja falta de treino. Pense nisso.

Adriano: jogue bola.

Moradei, Moacir, Fábio Santos: o mercado imobiliário está aquecido. Já pensaram em mudar de profissão?

Edno: tchau.

Willian: bom trabalho, mas ainda não dá pra avaliar se pode ser titular, ou  se é melhor continuar como talismã. Pode ser um diferencial, como foi Tupãzinho.

Alex: seja bem-vindo. Espero que consiga atender às expectativas. Ah, o discurso “tenho família palmeirense, mas sempre fui corintiano” era dispensável. Apenas corresponda em campo, que a torcida agradece.

Cristian: me avise o dia em que você chega, que eu mando te buscar no aeroporto e desembarcar no Parque São Jorge.

Ralf manteve tanta regularidade no time, que até esqueci de citá-lo.

Gilberto: espero que você saiba o que está fazendo.

Edenilson, Nenê Bonilha, Weldinho: surpreendam.

Fábio Simplício, Doni: fiquem em Roma.

Ronaldo: cuidado para não deixar que teus interesses pessoais interfiram no futebol do clube.

Andrés Sanchez: o Corinthians não se resume ao estádio da Copa, nem aos direitos de transmissão dos jogos. Muito menos é pano de fundo para picuinhas. Passemos à próxima página.

Em homenagem às recentes atuações do Timão, fiquem com “O morno”, da banda paranaense Nevilton. Abraços.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=uKYt1xSsPQc[/youtube]

* a primeira frase do texto é uma adaptação de “Meu caro amigo”, de Chico Buarque.