Todos os posts de Almir Breviglieri Jr

Administrador de empresas de formação, envolvendo-se em jornalismo e comunicação por opção. Seguidor inveterado do futebol internacional por acreditar que o melhor que há por lá poderia e deveria ser aplicado aqui. E, claro, fã do velho e insuperável Rock'n'Roll em todas as suas vertentes, além de seguidor de seriados gringos clássicos e novos.

SELEÇÕES EM AÇÃO

Espanha em ação em Boston contra os Estados Unidos

Com o fim da temporada europeia, as atenções voltam-se para as seleções nacionais que entraram em campo nos últimos dias. Desde amistosos, passando pelas eliminatórias para a Euro 2012 até os preparativos finais das equipes para as competições continentais, foi hora de esquecer os clubes (pelo menos no mundo civilizado, onde há respeito às datas FIFA) e ver as bandeiras e ouvir os hinos nacionais planeta afora.

Zabaleta cabisbaixo com gol nigeriano

Entre os amistosos preparatórios para torneios vindouros, a Argentina foi a campo duas vezes. Na verdade, uma Argentina cover esteve presente para enfrentar Nigéria e Polônia. E os anfitriões da próxima edição da Copa América tiveram sérios problemas sem Lionel Messi e companhia. Jogando contra os nigerianos em Abuja, capital do país, os argentinos foram goleados por 4 a 1 em partida que ficaria sob suspeita de manipulação de resultados em virtude de interesses em bolsas de apostas. Na rodada seguinte, a mesma Argentina cover encerrou a semana negativa ao perder em Varsóvia por 2 a 1 para os poloneses.

 A Espanha, campeã da Europa e mundial, conquistou duas vitórias fáceis no seu tour americano. Jogando em Boston, fez a melhor das apresentações nos amistosos e derrotou os Estados Unidos por 4 a 0. Em seguida, fez uma visita à terra de Hugo Chávez e ganhou tranquilamente dos venezuelanos por 3 a 0. A seleção espanhola mostrou na América o porquê de ser a melhor do mundo.

Uruguai e Holanda em Montevidéu

Se os campeões vieram à América, os vice-campeões seguiram o mesmo rumo. Com vários desfalques, a Holanda empatou com Brasil (0 a 0), em Goiânia, e Uruguai (1 a 1) em Montevidéu. É bom ver seleções de ponta virem até a América do Sul para amistosos, ainda que haja ingredientes políticos na organização dos jogos, como no caso do jogo de Goiânia.

 Falando de coisa mais séria, foi dado prosseguimento às eliminatórias para a Eurocopa de 2012, a ser disputada conjuntamente na Polônia e na Ucrânia. E não há o que discutir, é a Alemanha que tem mostrado o cartão de visitas no momento.  Nas duas rodadas realizadas neste mês de

Alemanha marcando no Azerbaijão

junho, os alemães dispararam na liderança do grupo A, após duas boas vitórias contra Áustria e Azerbaijão, sempre como visitante. Jogando em Viena no último dia 3, a estrela de Mario Gomez brilhou ao marcar ambos os gols que garantiram a vitória por 2 a 1. Na rodada seguinte, foi a vez de Mesut Özil dar as caras ao fazer grande partida e marcar um dos gols na vitória por 3 a 1 em Baku, capital do Azerbaijão. Por ironia, a derrota colocou em xeque o trabalho de Berti Vogts, técnico alemão da seleção local, que segura a lanterna do grupo com 3 pontos. Já a Alemanha, com 21, abre 10 pontos de vantagem para o vice-líder do grupo, a Bélgica, que empatou com seu maior perseguidor, a Turquia, em terceiro com 10 pontos.

Joachim Low fazendo na Copa o que não se ensina às crianças

Sucesso para o técnico Joachim Low, notabilizado na Copa da África do Sul pelo trabalho e pela inovação em dietas alternativas através de “alimentos” renováveis.

No grupo B, sem nenhuma seleção de ponta, Rússia, Irlanda e Eslováquia mantêm briga acirrada pela liderança, todos com 13 pontos. Nas rodadas disputadas, os russos derrotaram a Armênia em São Petersburgo por 3 a 1. A Eslováquia teve incrível dificuldade para derrotar Andorra apenas por 1 a 0 em Bratislava e a Irlanda foi até a Macedônia para vencer por 2 a 0 graças aos gols do atacante do Tottenham, Robbie Keane.

Itália comemorando gol contra a Estônia

Bons e maus momentos para a Itália. Pelo menos, no compromisso mais importante, a Azzurra venceu a Estônia em Modena por 3 a 0 com grande atuação de Giuseppe Rossi e foi a 16 pontos no grupo C, mantendo a liderança absoluta. Os vice-líderes estonianos foram às Ilhas Faroe para vencer por 2 a 0 e atingir 11 pontos. Faroe que protagonizou a grande surpresa ao vencer a Estônia por 2 a 0 na rodada seguinte. Voltando para a Itália, que folgou na rodada seguinte da Eurocopa, a equipe do técnico Cesare Prendelli foi derrotada pela Irlanda, do consagrado técnico, também italiano, Giovanni Trapattoni por 2 a 0. Apesar da maior posse de bola, os italianos não conseguiram jogadas ofensivas de qualidade e, no contra-ataque, foram derrotados. Provaram do próprio veneno.

A França do técnico Laurent Blanc decepcionou e perdeu a chance de disparar no grupo D ao empatar com a Bielorrússia em Minsk. Críticas a nomes como Benzema e Ribery não faltaram na imprensa francesa e os “Bleus” chegam a 13 pontos. Já a Bielorrússia surpreende ao manter-se colada na França na classificação com 12. De resto, a Romênia derrotou a Bósnia por 2 a 0 em casa em jogo válido por disputa pelo terceiro posto do grupo. A Albânia continua com chances também.

Ibrahimovic arrasando a Finlândia

Com a ausência dos líderes holandeses na rodada do Grupo E (18 pontos), Suécia e Hungria trataram de pôr pressão para as próximas rodadas. Os suecos mandaram bem ao derrotar por 4 a 1 a Moldávia e golear os rivais nórdicos da Finlândia por 5 a 0. O astro do Milan, Zlatan Ibrahimovic, mostrou serviço para delírio da torcida local e anotou um “hat trick” na goleada aplicada na cidade de Solna e levou a equipe ao segundo lugar do grupo com 15 pontos. A Hungria foi ao principado de San Marino, encravado no território italiano, e fez 3 a 0 sem esforço. Os húngaros também sonham com classificação ao atingir 12 pontos no terceiro lugar.

No grupo F, também sem bichos-papões, equilíbrio entre Grécia (14 pontos), Croácia e Israel (13 pontos cada). A Croácia venceu a Geórgia por 2 a 1. Mesmo placar de Israel sobre a Letônia fora de casa. Os líderes gregos derrotaram Malta por 3 a 1.

Andres Guardado comemorando gol do México contra a Costa Rica

Além da CONMEBOL, com a Copa América no próximo mês, também a CONCACAF realiza competição continental de seleções no período: a “Gold Cup”. São 12 equipes divididas em três grupos que estão disputando nos Estados Unidos o título de melhor seleção das Américas do Norte, Central e Caribe. E até o momento, no grupo A, passeio total do México e de Javier “Chicharito” Hernández. O astro do Manchester United lidera seu país com duas goleadas de 5 a 0 sobre El Salvador e Cuba, além de um 4 a 1 na Costa Rica. No grupo B, surpresa ao som de reggae com a liderança parcial da Jamaica sobre Honduras. E mais surpresa no grupo C com derrota americana para o Panamá (2 a 1) em Tampa. Os panamenhos lideram parcialmente o grupo com 6 pontos.

Festa do Velez Sarsfield no Clausura

E a Argentina encerra seu Torneio Clausura. Alegria para o Velez Sarsfield que alivia dor da eliminação difícil de ser digerida na Libertadores. O Argentinos Juniors derrotou o maior perseguidor do Velez, o Lanús, por 2 a 0. Com a vitória prévia da equipe também por 2 a 0 na rodada sobre o Huracán, a diferença se tornou inalcançável. Festa para a forte equipe de Buenos Aires que tentará novamente reconquistar o título continental no próximo ano.

E já que a Copa Ouro da CONCACAF foi assunto, nada melhor do que conferir um belo gol vindo da América do Norte. Valendo pela Major League Soccer (MLS), o Seattle Sounders FC recebeu o Vancouver Whitecaps. Partida chegando ao fim, Seattle vencendo, uma bola despretensiosa sob controle do adversário. Isso tudo até Eric Hassli recuperar a posse, aplicar um chapéu e bater com pouco ângulo à disposição. Um grande gol para o Vancouver.

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O ESCORREGÃO FATAL

Imagine o leitor aquele indivíduo que se prepara, que se dedica para determinada finalidade. A dedicação é tamanha que ele se sente pronto para fazer o que tiver que ser feito no momento em que ele está sendo posto à prova, naquela hora em que ele está em ação, em que a coisa é para valer e todos estão vendo, seja no trabalho, no estudo ou em qualquer outra atividade importante de sua vida. Contudo, apesar do devido preparo, da capacidade notória do cidadão em questão, ele erra, falha, nega fogo clamorosamente. Pois é, esta a história de Santiago Silva, jogador do Vélez Sarsfield, ao perder pênalti decisivo na vitória inútil por 2 a 1 contra o Peñarol pelas semifinais da Taça Libertadores da América quinta-feira, no Estádio José Amalfitani, em Buenos Aires.

Mier comemora gol do Peñarol

Após partida disputada no jogo de ida com vitória do Peñarol por 1 a 0 no Estádio Centenário de Montevidéu, semana passada, não restava mais nada à equipe argentina a não ser atacar e buscar a vitória por 1 a 0 ao menos, forçando a decisão por pênaltis. E assim começou o Vélez, incendiado pela torcida, tratando de pôr pressão sobre os uruguaios. Porém, na vida, as coisas não saem sempre como o planejado e foi o Peñarol quem marcou primeiro, tornando as coisas ainda mais difíceis para os donos da casa. Sob a liderança do jogador argentino Alejandro Martinuccio, que se livrou de dois marcadores para efetuar a assistência, Matias Mier concluiu a gol aos 33 minutos do 1º tempo. Festa do Peñarol e vibração do técnico Diego Aguirre.

Gol legal do Velez anulado. Sem impedimento.

As reclamações da arbitragem ganhariam mais força do lado argentino. Se no Uruguai, o árbitro paraguaio Carlos Amarilla anulara gol legal de Juan Manuel Martínez por suposto toque de mão, na Argentina o mesmo Martínez teria mais um gol legítimo anulado por impedimento. Em triangulação rápida com Maxi Moralez e Emiliano Papa, Martínez conclui a gol. Trabalho inútil. O árbitro chileno Enrique Osses confirmou lance fora de jogo e o Amalfitani entra em desespero. Aos 46 minutos, finalmente o gol de empate. Fernando Ortiz cobra falta na área e o goleiro Sebástian Sosa, ao melhor estilo voleibol, rebate com as mãos para frente, bem na direção de Omar Fernando Tobio, que conclui com facilidade. Era o que o Vélez Sarsfield necessitava para reiniciar a partida com novo ânimo no 2º tempo.

 E, se ânimo ainda fosse problema, nada melhor do que eliminá-lo imediatamente. Missão para Santiago Silva que, após sobra de bola em disputa pelo alto na área, concluiu livre de marcação. Era a virada do Vélez. Agora faltaria apenas um gol para a classificação. O estádio era vibração pura. Nem mesmo a expulsão de Tobio diminuiu o ímpeto da torcida.

Silva escorrega ao chutar.

Mas, a mesma mão invisível do destino que afaga também castiga. Aos 29 minutos, Martínez sofre pênalti de Guillermo Rodriguez. Nos pés de Santiago Silva estava a classificação. E justamente Silva, uruguaio de nascimento, desperdiça a cobrança. Um chute a gol com qualidade prejudicada devido a um escorregão. Torcedores atônitos, no banco o técnico Ricardo Gareca sentado sem reação. Fatalidades da vida que ocorrem, mas que depois judiam o pensamento e a alma de quem as sofreu. A classificação para a final do principal torneio continental de clubes se foi. Ficam a tristeza, as lamentações e os questionamentos interiores. Falta de sorte? Teria sido o orvalho que fez Silva escorregar? E se Silva tivesse optado por chutar de forma diferente? Tarde demais. Está feito. Peñarol na final. Torcedores uruguaios em êxtase no estádio. Uma equipe humilde com uma camisa pesadíssima, histórica. É a confirmação de novos tempos para o futebol uruguaio, não menos histórico, mas que andava em baixa há muito até a Copa do Mundo de 2010 com o quarto lugar da Celeste Olímpica.

Santos comemora 1º gol em Assunção.

Tradição de um lado, tradição do outro. Eis a final da Libertadores em 2011. Na quarta-feira, em Assunção, o Santos garantiu vaga após empatar em 3 a 3 com o Cerro Porteño.  Já aos 3 minutos de jogo, Zé Eduardo, de cabeça, abre o placar. Bom para o jogador, que já tinha nas costas 13 jogos sem marcar e bom para o Santos, que ampliava a vantagem para 2 a 0 no placar agregado (vitória por 1 a 0 em São Paulo). Aos 27 minutos, Barreto fez contra após falha geral dos paraguaios. César Benítez diminuiria aos 31, mas Neymar ainda faria mais um para o Peixe antes do final da 1ª etapa. O 2º tempo foi todo de posse de bola do Cerro. Lucero e Fabbro marcaram mais dois gols para os donos da casa. Sem efeito. Era necessário um improvável 5 a 3 para a classificação. Neymar e companhia na final. É mais uma chance para Muricy Ramalho mostrar resultados em competições eliminatórias. É a reedição de final de Libertadores de outrora. Os ares benfazejos de 1962 estão de volta.

Bem que a coluna tentou sentir mais compaixão dos gloriosos goleiros. Sim, eles, os guarda-redes. Profissão assaz difícil com dificuldades e responsabilidades diretamente proporcionais. A tentativa de deixá-los longe dos holofotes tem sido meta deste espaço. Pois é. Mas parece que eles pedem. É aquela história, falem bem ou falem mal, não importa, falem de mim. Assim sendo, mais um goleirão deste mundão entra para o nosso hall da fama “falhas grotescas por quê não?” Desta vez, diretamente do Paraguai. E foi exatamente aquele segundo gol santista acima mencionado. O novo membro da Academia Mundial de Frangos: Diego Barreto, arqueiro do Cerro Porteño. Será que Larissa Riquelme gostou? Acompanhe.

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FC BARCELONA E LIONEL MESSI: ESCREVENDO A HISTÓRIA

Foto de campeão com a taça

Parecia videogame. Passes rápidos e precisos, variações de jogadas, inversões de posicionamento, dribles desconcertantes do principal jogador, além de uma pitada de sorte, já que ninguém é de ferro. Assim foi o Barcelona na partida final da UEFA Champions League, sábado em Londres, jogando contra o Manchester United no estádio de Wembley. Um time de craques com um supercraque no elenco: Lionel Messi.

Taça chegando

O clima de gala prometia um grande jogo. O Barcelona com três Champions League na bagagem, além do título nacional da temporada. Exatamente igual ao adversário Manchester United: três Liga dos Campeões e a conquista da Premier League.

Josep Gaurdiola iniciou a decisão levando a campo a formação clássica do Barça. A destacar somente a ausência de Carles Puyol, sem condições físicas para suportar a partida por inteiro. Javier Mascherano formou dupla de zaga com Gerard Piqué. No Manchester United, havia a dúvida se Alex Ferguson colocaria Darren Fletcher para fechar a defesa e sacar um atacante. Nada disso. Corajosamente, Javier “Chicharito” Hernandez estava confirmado no ataque ao lado de Wayne Rooney.

Pressão inicial do Man U. Valdez afastando perigo na frente de Rooney.

E se alguém, completamente desatualizado de futebol, caísse de pára-quedas em Wembley para o início do jogo, concluiria sem esforço que o Manchester era o lado mais forte. Foram 10 minutos surpreendentes de pressão sobre o Barça. Um futebol sufocante dos ingleses, com Park Ji-Sung não permitindo que Daniel Alves controlasse seu lado do campo. Mas, alegria do mais fraco dura pouco e os catalães, logo em seguida, colocaram a bola no chão e conseguiram impor seu ritmo avassalador. E foi isso. Daí em diante, o de sempre, isto é, mais do mesmo. Mas que “mesmo”! Afinal, seria demais esperar que a pressão “Red Devil” durasse 90 minutos.

Pedro abrindo o placar

No meio de campo, Xavi e Andrés Iniesta passeavam na frente de Ryan Giggs. Messi começava a mostrar sua mágica. Nemanja Vidic fazia grande atuação na defesa do Man U, mas o louvável esforço era em vão. Chicharito Hernandez jogava à la Filippo Inzaghi, sempre no limite da linha de impedimento. Foram quatro dele assinalados em menos de 30 minutos de jogo. O gol era questão de tempo. E veio aos 27 minutos. Pedro, até então sumido no ataque pelo lado esquerdo, faz a inversão e, caindo pela direita, recebe passe perfeito de Xavi para marcar.

Rooney e Evra. Man U de volta ao jogo.

A porta estava aberta para mais show. O Man U agora limitava-se a ver o Barça tocar a bola com maestria. Quando detinham a posse de bola, os jogadores do Manchester faziam lançamentos buscando um pivô na intermediária adversária para escorar e buscar alguém livre para concluir. Sem sucesso. Ainda assim, aos 34 minutos, em grande jogada de Wayne Rooney, Ryan Giggs recebe em posição fora de jogo e devolve para o próprio Rooney completar com categoria. Seria o único chute certo a gol do Man U em toda a partida.

Rooney sente repetição de 2009 e comemoração do Barça ao fundo no 2º gol.

No segundo tempo, Guardiola tratou de alertar sua equipe para manter a posse de bola desde o início e evitar pressão do United como no começo do jogo. E a posse de bola do Barça alcançou picos de inacreditáveis 70%. As chances de gol se repetiam.  Quis o destino que o segundo gol do Barça fosse marcado por Lionel Messi através de falha do goleiro Edwin Van der Sar que se despedia do futebol. Aos 9 minutos, Messi recebe na intermediária direita, avança e próximo à meia lua arremata no meio do gol. Van der Sar aceita. Vibrante comemoração do comedido Messi e de todos os seus companheiros.

David Villa e seu gol de placa

Ferguson tentaria algo ao colocar o português Nani no lugar do brasileiro Fábio, mas foi exatamente Nani que sofreu no terceiro e consagrador gol do Barcelona. Aos 24 minutos, jogada magistral de Messi na ponta direita, driblando Nani, penetrando como um trator pela área, driblando Patrice Evra e tocando. Michael Carrick corta para Nani, que não domina passe à queima roupa. Sérgio Busquets retoma a bola para o Barça e toca para David Villa bater colocado no canto esquerdo alto de Van der Sar. Um golaço apoteótico para o melhor time do mundo selar a vitória e o título. Vitória incontestável do Barcelona. Festa dos jogadores e o capitão Puyol, em gesto nobre, cede a honra de receber a taça ao recém recuperado de cirurgia Eric Abidal.

Logo após a partida, a primeira impressão era de que a equipe do Manchester United tinha deixado a desejar, que havia jogado aquém de suas possibilidades. Contudo, ao verificar as estatísticas da partida, fica flagrante a superioridade do Barcelona. Foram 68% do tempo de posse de bola. Não há melhor esquema defensivo no mundo. Não ceder a posse de bola ao adversário na maior parte do tempo significa não permitir que ele crie, atue, agrida sua meta. Quanto aos chutes a gol foram 22 do Barcelona contra apenas 4 do Manchester United. Além de toda a matemática favorável, vale dizer que o Manchester não teve sequer um escanteio em 90 minutos.

O que o Barcelona atual faz é reduzir grandes adversários a times pequenos em campo. As estatísticas são de jogo entre um grande e um pequeno do campeonato espanhol. Esta seria a segunda conclusão do paraquedista desavisado que desceu em Wembley, após 90 minutos de espetáculo. Trata-se de uma equipe de craques com toque de bola refinado, com níveis físico e de concentração altíssimos para manter o ritmo durante todo o jogo. Alex Ferguson declararia após a partida que nunca havia visto equipe tão forte em sua carreira como técnico. Jogadores do Manchester todos resignados.

Maicon marcando pela Inter contra o Barcelona em Milão. UCL 2009-2010

Mas, perguntar não ofende. Time imbatível? José Mourinho e seus “Blue Caps” da Inter de Milão mostraram que não em 2010. Derrotaram o mesmo Barcelona por 3 a 1 em Milão. Em Barcelona, jogando a maior parte do tempo com 10 jogadores, o treinador português armou um “catenaccio” para causar inveja a qualquer técnico italiano que se preze. Mourinho chegou perto do feito novamente com o Real Madrid. O jogo era difícil, mas sob relativo controle dentro de um 0 a 0 em Madrid. Mas Pepe, com seu gesto de carinho para com Daniel Alves, provocou sua expulsão. A vaca e os bezerros foram para o brejo juntos. Messi deitou e rolou e o Barça fez 2 a 0. Na volta, heroicamente, o Madrid ainda arrancou empate de 1 a 1. O próprio Manchester poderia ter feito mais em Wembley. Ryan Giggs esteve mal em campo. Viu os centrais do Barça passearem à sua frente. Antonio Valencia abusou das faltas, completamente fora de tempo nas jogadas, parecia desatento. Sem mencionar a falha de Van der Sar no segundo gol do Barcelona. Alex Ferguson, ainda que corajoso por não colocar um volante em detrimento de um atacante, armou mal e substituiu igualmente  mal ao optar por Paul Scholes, inoperante, no lugar de Carrick, quando tinha Anderson em ótima fase para agredir a defesa adversária.

Perguntar duas ou três vezes também não ofende. O melhor time de todos os tempos? Messi, o melhor de todos os tempos?  Perdão pelo clichê, mas só o tempo vai dizer. Há uma série de fatores para que isso aconteça. Quanto ao Barça, terá que ganhar títulos europeus em sequência por alguns anos. Terá que superar em números equipes legendárias como o Real Madrid de Di Stefano e Puskas ou o Ajax de Crujff. Terá que manter o elenco e, se necessário, reforçá-lo, torcendo para que nenhum bilionário maluco venha com um Airbus irrecusável de dinheiro querendo levar duas ou três peças chave para seu time. Quanto ao craque argentino, é bom lembrar que em 2006, quando Ronaldinho Gaúcho voava baixo, muitos já discutiam se ele já havia superado Diego Maradona (Pelé no Brasil é “hors concours” até hoje). Em seguida, a luz de Dinho diminuiu e ficou claro o quão precipitada era a comparação. Há uma série de fatores. Messi está com apenas 23 anos. Terá que ter a sorte de não sofrer lesões graves como Ronaldo ou Kaká. Há que se ver se o jovem talentoso-milionário-famoso não vai cair de quatro por uma sex symbol qualquer e se isso vai desviar ou não seu foco. E mais, Messi terá que se tornar herói em seu país de origem. Ou seja, o cara precisa levar a Copa do Mundo de volta para Buenos Aires, como fez “El Pibe” Maradona. De preferência, roubando todas as atenções do mundo para seu futebol durante o evento. Tudo bem dramático ao melhor estilo do tango portenho.  O melhor, por enquanto, é curtir. Curtir esse time maravilhoso do Barcelona e seu gênio maior em campo. Afinal, quem sabe o Brasil não seja o palco onde Lionel Messi reinará definitivamente em 2014? Confira o possível aperitivo de Messi para a Copa de 2014 contra os futuros anfitriões em amistoso no Catar.

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MEMORABILIA CHAMPIONS: REVISITANDO BARCELONA E MANCHESTER UNITED

Em coluna anterior mencionamos os seis títulos na história dos clubes finalistas da UEFA Champions League a ser disputada logo mais. São três títulos para cada lado. O Manchester United conquistou a taça nos anos de 1968, 1999 e 2008. O Barcelona ganhou o título nos idos de 1992, 2006 e 2009. Eis os registros sobre cada final.

1968: Manchester United 4×1 Benfica (Londres)

Nomes legendários em campo naquele 29 de maio em Wembley. O Man U tinha Bobby Charlton e o protótipo de “bad boy” George Best. O Benfica contava com Eusébio, o maior astro do futebol português. Apesar do placar elástico, os 90 minutos terminaram empatados em 1 a 1, com gols de Bobby Charlton e Jaime Graça. Na prorrogação surge a estrela de George Best, que marcou logo no início. Marcaram ainda, Brian Kidd (aniversariante naquele dia) e Bobby Charlton novamente. Uma partida emblemática por marcar uma espécie de versão clube de uma possível revanche Inglaterra e Portugal de dois anos antes pela Copa do Mundo e por encerrar, com o título europeu, a reconstrução do Manchester United após a tragédia do desastre aéreo de Munique em 1958, onde oito jogadores da equipe morreram.

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1999: Manchester United 2×1 Bayern Munich (Barcelona)

Estádio Camp Nou, Barcelona. A casa do rival de hoje foi o palco do segundo título europeu do Manchester United. Já sob comando de Alex Ferguson e com novos jogadores que dominariam o cenário continental, o Man U, já vencedor na Premier League e da FA Cup, selaria a conquista da tríplice coroa na temporada em partida que entraria para a história como a mais emocionante de todos os tempos em final de Champions League. Gary Neville, Ryan Giggs, Andy Cole e David Beckham eram os destaques ingleses do jogo. O goleiro Peter Schmeichel anunciara a aposentadoria para o verão, os suspensos Roy Keane e Paul Scholes eram os desfalques. No Bayern, os astros em campo eram o goleiro Oliver Khan, Lothar Matthäus, Stefan Effenberg e os atacantes Carsten Jancker e Alexander Zickler. Mario Basler abriu o placar logo aos 6 minutos. O Manchester conseguiria a virada histórica nos acréscimos. Já os 45 minutos do 2º tempo, Teddy Sheringham empataria e Ole Gunnar Solskjaer definiria o placar aos 48. Êxtase total entre elenco e torcedores do United. Um fantástico jogo para os fãs de futebol em todo o mundo, menos para os torcedores do Bayern inconformados até hoje.

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2008: Manchester United 1 (6)x(5) 1 Chelsea (Moscou)

Final inglesa em Moscou. A rivalidade local estava transferida para a Rússia. Mais uma vez, o time comandado por Alex Ferguson, desta vez com o emergente Chelsea, do bilionário russo Roman Abramovich. Os Red Devils vinham com Carlos Tevez, Ryan Giggs, Cristiano Ronaldo e os londrinos contavam com Michael Ballack, Andy Cole, John Terry, Nicolas Anelka na sua linha de fogo. Após empate por 1 a 1 em 120 minutos, a decisão terminou nas penalidades. O erro de John Terry que, ao bater, escorregou e chutou para fora foi determinante na decisão (além dele perderam Cristiano Ronaldo e Nicolas Anelka), O capitão do Chelsea sentiria o golpe por longo período.

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1992: Barcelona 1×0 Sampdoria (Londres)

Em 1992, finalmente chegaria a vez do Barcelona erguer a taça europeia. E, finalmente, chegaria a vez do talentoso time montado por Johan Cruyff. Aquela edição da Champions marcaria o retorno da Inglaterra ao cenário europeu, após os terríveis eventos de Heysel, Bruxelas, em 1985, onde centenas de torcedores foram mortos após confusão causada por torcedores do Liverpool, que jogaria contra a Juventus. Ronald Koeman marcaria de falta na prorrogação. Naquele ano também, a Copa Europeia seria rebatizada, ganhando o nome de UEFA Champions League.

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2006: Barcelona 2×1 Arsenal (Paris)

O Stade de France, palco construído especialmente para a final da Copa do Mundo de 1998, recebeu a final entre Barcelona e Arsenal. O Barça tinha Ronaldinho Gaúcho no auge de sua carreira e o Arsenal contava com um time bem montado por Arsène Wenger e liderado no ataque por Thierry Henry. No final, vitória de virada do Barça, com gol de Juliano Belletti.

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2009: Barcelona 2 x 0 Manchester United (Roma)

Já com o futebol de valorização de posse de bola e com Lionel Messi como titular absoluto, o Barça conquistaria sua terceira Champions sob o comando de Josep Guardiola. Samuel Eto’o abriu o placar logo aos 10 minutos e Lionel Messi mostraria seu talento aos 25 minutos do 2º fechando o placar. O estádio Olímpico de Roma era da Catalunha.

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Agora é só conferir o jogão de logo mais.

“LONDON CALLING”

Londres

Dizem que melhor do que ir a uma grande festa é a expectativa que a antecede. Bom, se esta é a sensação geral, nada melhor que iniciar a semana da grande final da UEFA Champions League parafraseando Joe Strummer e Mick Jones, utilizando-se da faixa-título do antológico álbum do The Clash, como referência à grande decisão de Wembley do principal torneio de clubes do mundo no próximo sábado.

Velho Wembley

Não poderia haver palco mais grandioso para uma partida final entre os poderosos FC Barcelona e Manchested United que o novo e moderno estádio de Wembley, em Londres. Será a sexta vez que lá acontecerá a partida final da Champions. Nas outras cinco ocasiões (1963, 1968, 1971, 1978 e 1992), o templo sagrado do futebol inglês ainda carregava a antiga roupagem arquitetônica. Até que veio a controvertida demolição em 2003 para a construção do “Novo Wembley”, obra terminada em 2007.

Novo Wembley

Falando da badalada competição, a Champions League é um torneio de clubes criado pela UEFA em 1955 ao qual todos os países membros da entidade têm acesso, exceção feita ao minúsculo Liechtenstein, que não possui liga nacional. Seu nome oficial até a temporada 1992-1993 era apenas Copa Europeia. Até 1997, somente os campeões nacionais a disputavam, mas o desmembramento de nações e o interesse mercadológico em ampliar o quadro de participantes com maior quantidade de equipes mais fortes e tradicionais promoveu reformas na competição. Países melhores classificados no ranking da entidade máxima do velho continente ganharam mais vagas. Melhor para os clubes italianos, ingleses, espanhóis e alemães.

Barcelona e Manchester United em Roma, 2009.

Entre os maiores vencedores, destaque para Real Madrid (9 títulos), Milan (7 títulos) e Liverpool (5 títulos). Barcelona e Manchester United estão empatados com 3 conquistas (o Barcelona venceu em 1992, 2006 e 2009 e o Manchester United levou a taça em 1968, 1999 e em 2008). E o equilíbrio estatístico entre ambos não fica por aí. Nos 10 confrontos diretos gerais, cada clube possui 3 vitórias, além de 4 empates. Os catalães marcaram 17 gols contra 14 dos ingleses. Ambos fizeram uma final de Champions, mais precisamente na temporada 2008-2009 em Roma, quando o Barça, ao vencer por 2 a 0, conseguiu devolver a eliminação imposta pelo Manchester no ano anterior.

Lionel Messi

De resto, o Barça possui o melhor time do mundo, é quase unânime. Como assim “quase”? Pois é, só não dá para cravar na unanimidade, pois sempre haverá um fã do Manchester ou mesmo do arquirrival Real Madrid mais ressentido ou melindrado, ou ainda a turma do contra que não fará coro à esmagadora maioria. Trata-se de uma equipe que tem na posse de bola, com porcentagens estratosféricas por jogo, sua maior virtude, resultante na eficiência do passe. E, claro, além de toda a virtuose como equipe, tem a genialidade do argentino Lionel Messi, que encanta cada vez mais os fãs do velho esporte bretão. Já o Manchester United conta com uma estrutura tática invejável, montada à base do trabalho de longo prazo do técnico escocês Alex Ferguson (no comando desde 1986). Sir Ferguson é um dos principais responsáveis pela decolagem do Man U a partir dos anos 90, juntamente com os investimentos do empresário americano Malcolm Glazer (ainda que muitos fãs abominem o controle yankee no clube). Não há dúvida que os “Red Devils” são os mais capacitados para derrotar o Barça na Europa atualmente.

Eis os ingredientes do jogo do ano que estremecerá Londres. O jogo que fará da capital britânica o centro das atenções do mundo. Uma Londres que há muito já é cosmopolita e atrai olhares distantes para si. Assim, Londres chama, como já chamava, via Rádio BBC, os países ocupados na 2ª Guerra Mundial, utilizando a expressão “This is London calling” que inspirou Joe Strummer a compor London calling em 1979. Através do mesmo chamado, Strummer e Mick Jones expressaram suas preocupações frente aos acontecimentos mundiais da época: desde os incidentes nucleares na usina de Three Miles Island nos Estados Unidos, passando por temores de

Elvis debutando

alagamento do Rio Tâmisa, violência social, até a situação da própria banda no pós-explosão do punk de 1977 com um apoteótico SOS em código Morse para encerrar. O álbum é resultado da mescla do estilo punk com rockabilly, reggae e R&B. Paul Simonon adicionou um baixo pulsante, Jones entrou com guitarras cortantes, vocais únicos de Strummer, além da produção heterodoxa de Guy Stevens (reza a lenda que o cidadão chegava a atirar cadeiras em torno da banda para criar uma atmosfera emocional) e da foto de capa de Pennie Smith, que captou com exatidão o espírito do rock ao mostrar Paul Simonon prestes a destruir seu baixo, além das referências estéticas à capa do LP inaugural de Elvis Presley. Lançado em dezembro de 1979 no Reino Unido e em janeiro de 1980 nos Estados Unidos, para muitas publicações, como a revista americana Rolling Stone, foi o maior álbum dos anos 80. Estava construído o legado do Clash para o mundo, diretamente de Londres. Mais uma vez, Londres chamando…

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