ALEX: O CAMISA 10 QUE O BRASIL “NÃO TEM”

Em noite de Fluminense 1X0 Cruzeiro, Corinthians 2X0 Grêmio, o jogo espetacular ficou mesmo por conta de Coritiba 5X3 Ponte Preta. Com direito a duas situações de viradas e mais uma atuação genial do meia Alex.

Números simplesmente já não explicam mais a autoridade técnica que o camisa 10 do Coxa impõe ainda em campo, do alto de seus 35 anos. Mas eles poderiam aqui constar. São títulos, recordes, estatísticas suficientes para credencia-lo a ser um dos maiores da história do futebol brasileiro.

“Mas falta a seleção para marca-lo”, dirá o torcedor com senso crítico menos apurado.

Falta mesmo?

Nem cabem mais exemplos de jogadores extraordinários que não conseguiram conquistar uma Copa ou sequer tiveram na seleção da CBF uma história compatível ao que fizeram em seus clubes. Em contrapartida, outros tantos de qualidade técnica questionável (sendo bem polido) obtiveram “êxito” em seleções, em Copas, mas suas trajetórias em clubes não lançaram em suas carreiras a luz do inquestionável.

Importantes são os clubes, não a seleção. São nos clubes, em temporadas inteiras, em 70, 80 jogos, que um jogador mostra o merecimento da alcunha craque. Não serão 7 partidas enfiadas no meio de temporadas que definirão a importância de A ou B.

Copas são legais, nos permite assistir embates entre escolas diferentes do mesmo esporte. Tem o choque cultural, histórico, de retórica nos gramados. Mas para o craque, se ele não fizer 7 jogos impecáveis, mas na temporada for determinante para que em 80 partidas seu clube tenha êxito, estará feito o seu trabalho. Está marcado o seu nome. Está feita a sua história.

É assim com o genial Alex, que em 2002 foi preterido por Felipão na Copa, após ter feito parte de todo o período preparatório. A escolha do Bigode por Ricardinho nunca ficou muito clara. O título conquistado posteriormente diminuiu qualquer tentativa de ruído, bem como pela exclusão de Romário. Mas ali as portas do time da CBF praticamente se fecharam para Alex, que depois nunca mais fez questão de ser lembrado, preferindo ser história na Turquia, onde hoje virou estatua, virou ídolo.

Verdade seja dita. Lobby nunca lhe faltou. Dentre todos os defeitos que se enxerga em veículos de imprensa esportiva, não se lembrar de Alex na seleção não consta. E ainda que o mote da ausência de um 10 cerebral seja retomado em toda convocação amarela, desde 1996, quando Alex despontou no Coxa, ela nada mais é que uma tremenda muleta adotada, uma falácia jogada aos ventos.

O Brasil não produz mais camisas 10 cerebrais. Mas isso não quer dizer que não o tenha. Tem e faz tempo. Tempo que parece não impactar no futebol desse soberbo Alex. Camisa, futebol e perfil nota 10.

ALEX
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Divirtam-se com alguns números do footstats, em matéria da ESPN, que apontam a produtividade de Alex, sozinho, superior a de muitos times milionários da série A:

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