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A LIBERTADORES HOJE CANTA DE GALO

Somos dez os campeões da América, da Libertadores, do continente, campeões. Somos dez os namorados dela, da taça, aquela volúvel de sempre, que passa de mãos em mãos, sempre buscando o maior da ocasião. Mudou, mais uma vez, o seu galanteador, agora o seu novo amor. Um pretendente nem sempre muito convicto, quase sempre posto de lado pelos outros candidatos, pelos que em suas mãos já a tiveram por longo prazo.

Nada muda para ela, sempre tão objetiva, tão conclusiva. Com ela está o melhor, o maioral. De agora, dos próximos 365 dias. Quem de galo agora canta é aquele cuja crista é intrínseca. Mas ele que não se cuide, e no próximo ano ela não permitirá mais a ele ter o prazer de seu desfrute.

O que não se tira de seus namorados é a lembrança, a história, a vivência de um dia tê-la possuído. Cada qual com sua retórica, sua particularidade, com sua vivência mais mágica.

Alguns a tiveram mais de uma vez, outros por uma única. Desses, alguns a tiraram das mãos de seu principal rival na disputa pelo seu amor em mais de uma ocasião. Outros a abraçaram de maneira tão avassaladora que não houve quem ameaçasse destruir aquela paixão.

A indiferença da taça não serve de indiferença na vida. Ela, a taça, seguirá sua volúvel existência, sempre escolhendo aquele que de melhor lhe ofereça, aquele que seja, ao menos por ora, o melhor. Este, por sua vez, mesmo no dia em que ela se for, guardará em suas lembranças aquele gozo de vida, aquela vivência tão única, aquela temporada que valeu esperar por toda uma vida.

Hoje a Libertadores é dele, do Galo, que acordou cantando forte e vingador. Pregando uma vingança que parecia que nunca viria, mas que mostrou ser, mais uma vez, que nunca será tardia.

liberts

EM TESE…

Hoje o Palmeiras entra em campo para uma partida decisiva pela Libertadores. O jogo é contra o Tigre da Argentina, em tese o time mais fraco da chave. O que em tese deveria já ter garantido ao Palmeiras ao menos mais um pontinho quando o alviverde foi visitar os hermanos em sua terra natal.

Imaginem se futebol vivesse de tese, não é mesmo?

Mas digamos que vivesse. Ao olhar a lista de relacionados pelo técnico Gilson Kleina para o jogo de logo menos às 21:30, ainda que seja no Pacaembu, o que o amigo leitor me diria?

Vejamos:

Goleiros: Fernando Prass e Bruno
Laterais: Weldinho, Ayrton e Juninho
Zagueiros: Maurício Ramos, Marcos Vinicius e Luiz Gustavo
Volantes: Wendel, Márcio Araújo, Charles, Souza, João Denoni e Marcelo Oliveira
Meias: Ronny, Wesley, Tiago Real e Patrick Vieira
Atacantes: Caio, Vinícius e Emerson

Dos 21 nomes, 10 são da base. Ainda que se considere como vindos da base o goleiro Bruno, o volante/lateral Wendel e o volante Souza, que já são bem mais vividos que o resto da molecada.

Apesar de constar como tal, Wesley não é meia. Patrick Vieira é mais ponta que meia. Sobram Ronny e Tiago Real. Acredito que Kleina mandará a campo um time com cinco volantes e nenhum meia de ofício.

No ataque não dá nem pra especular muito que ser feito.

Na zaga Maurício Ramos virou a salvação da lavoura (reflita!), tendo em conta a fogueira em que estão sendo lançados os garotos Luiz Gustavo e Marcos Vinícius. De repente entrar com Charles fazendo essa função fosse uma possibilidade menos drástica.

Está fácil montar o time?

Voltando aqui com as nossas teses. Tudo leva a crer que será um jogo daqueles – duros de assistir. Mas o Tigre não é muita coisa melhor que o Guarani.

E que o Mirassol?

Ainda assim o Palmeiras joga em casa, tem muita tradição na competição e precisa da vitória.

Em tese, acredito que dê Palmeiras. Em tese…

kleina

DEIXA ESSE NEGÓCIO DE COITADINHO PRA LÁ, PALMEIRAS.

Tenho asco de “coitadismo”. Do eterno prejudicado. Da eterna dificuldade. Da aceitação passiva ao açoite público.

É evidente que o Palmeiras está atrás de seus rivais na busca por reforços. Mais evidente ainda é o barulho que Santos, São Paulo e Corinthians estão fazendo com seus novos nomes.

Ao Palmeiras os noticiários reservam as faltas de Valdívia e a enfadonha eleição fora de hora – já deveria ter acontecido.

Do time campeão da Copa do Brasil e rebaixado no BR12, mais de 20 jogadores não continuarão suas trajetórias vestindo verde. E estes nomes já começam a fazer parte do imaginário impopular alviverde, já que não marcaram e não deixarão saudades. A limpa, como todos sempre pregaram, era mais do que necessária.

Por outro lado, dos que ficaram ao menos quatro teriam vaga garantida em qualquer clube do país. EM QUALQUER UM. E eles formam a espinha dorsal de um time em reconstrução. E é uma espinha dorsal de alta qualidade técnica. Dúvida?

Fernando Prass é tremendo goleiro. Henrique é um zagueiraço. Wesley é polivalente e detém qualidade para armar o time, recuar para 2º volante e auxiliar a ala. E Barcos é o melhor centroavante em atividade no país.

Discordam?

Da molecada da base, alguns já mostraram na reta final do BR 12 que mais do que corresponder tecnicamente, não tremem com o fardo alviverde. Patrick Vieira, Bruno Dybal, Luiz Gustavo e Vinicius podem e devem reabastecer as posições carentes com ganho extra em qualidade. E isso sem falar em Diego Souza, meia de grande habilidade, ambidestro e que é, pelo menos para mim, a grande pepita dessa safra.

Airton, de boa passagem pelo Coxa, terá que mostrar agora que consegue repetir as belas atuações no turbilhão palestrino.

Óbvio que algumas contratações de maior impacto precisam acontecer. Pode ser Riquelme, que cravou não voltar ao Boca sob hipótese alguma. Sobretudo para a Libertadores, ter um maestro de larga experiência será  extraordinário. Mas corre também o nome de Cleiton Xavier, que se vier chega para jogar.

O que falta mesmo a esse time é uma companhia qualificada ao argentino Barcos. E por que não um outro Hermano?

Não é de hoje que falo que Martinez, hoje no arquirrival Corinthians, mas desgastado com Tite e com dias contados no Parque São Jorge, é excelente jogador. E aqui afirmo sem medo – tem mais bola que qualquer outro atacante do multicampeão alvinegro.

A pedida para levar o gringo? Três milhões de dólares. Mesmo valor pago pelo Luan(?!?)

Certamente o Timão faria vistas grossas por fortalecer um rival de Libertadores e o maior rival histórico. Mas o simples fato de tentar, de fazer fumaça, já faria o barulho positivo que o Palmeiras precisa nesse momento.

Como dito no início: Detesto coitadismo e passividade ao açoite público.

O Palmeiras está atrás, mas não está morto. Não pode ser e se considerar carta fora de qualquer baralho.