Eis o emparelhamento dos jogos das quartas de final da UEFA Europa League 2015-2016 a serem disputados nos dias 7 e 14 de abril próximos.
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SEVILLA GARANTE ANO ESPANHOL NA EUROPA
Em partida equilibrada, o Sevilla conquista a UEFA Europa League ao bater o Benfica nas penalidades por 4×2 em Turim, Itália, após empate sem gols em 120 minutos e leva o futebol espanhol ao ápice no Velho Continente que também terá um campeão castelhano na UEFA Champions League obrigatoriamente.
O Sevilla chegava à decisão no Juventus Stadium após dramática classificação obtida com gol nos acréscimos contra o Valencia fora de casa, já os portugueses do Benfica estavam mais credenciados ao título graças a maiúsculo sucesso contra os italianos da Juventus, desejosos de chegar à final em seu estádio.
O jovem técnico do Sevilla, o espanhol Unay Emery, levava a campo os centrais Ivan Rakitic, croata, e o camaronês Stephane M’Bia. No ataque estavam o colombiano Carlos Bacca e o espanhol José Antonio Reyes como destaques.
Já o badalado treinador do Benfica, o português Jorge Jesus, contava com linha defensiva de respeito formada pelo brasileiro Luisão, o uruguaio Maxi Pereira e o argentino Ezequiel Garay. No meio de campo, as ações estavam por conta do argentino, ex-Boca Juniors, Osvaldo Gaitán e à frente estava a dupla brasileira Lima e Rodrigo.
E foi uma partida equilibrada, repleta de boas jogadas ofensivas, porém carente de maior capricho nas conclusões, no último toque. Tudo isso aliado a ótimo trabalho defensivo de ambas as equipes. O 0x0 em 120 minutos era fatal.
Nas penalidades, por ironia do destino, o goleiro português Beto do Sevilla (emprestado pelo Braga) foi responsável por duas defesas nas cobranças de Oscar Cardozo e Rodrigo.
Foi a terceira conquista de Liga Europa do Sevilla em oito anos, competição que já havia sido vencida nos anos de 2006 e 2007 pelo clube.
Já no Benfica, fica novamente o gosto amargo do fracasso após nova oportunidade. Não bastasse a dor da derrota, os benfiquistas ainda tiveram que conviver, pela enésima vez, com a velha lenda da Maldição Guttmann, já abordada nesta coluna no ano passado, cujo trecho é reproduzido a seguir:
“Entretanto, dizem as melhores teorias conspiratórias existir uma espécie de maldição na vida dos Águias que atende pelo nome Béla Guttmann.
Guttmann foi um jogador e técnico húngaro que tinha por convicção filosófica e profissional não permanecer por longos períodos no mesmo local de trabalho. Algo que o transformou em verdadeiro andarilho do futebol.
Como jogador nos anos 20 e 30 do século passado, Guttmann destacou-se não somente em equipes locais de Hungria e Áustria, mas também na sua seleção nacional (jogou nas Olimpíadas de 1924 em Paris), bem como desenvolveu proeminente carreira atuando em equipes dos Estados Unidos.
Em 1932, decidiu regressar à Europa que, em breve, enfrentaria os terríveis momentos da 2ª Guerra Mundial. Tempos obscuros na biografia do já treinador Guttmann.
Nos pós-guerra, o húngaro rodaria por Romênia e novamente Hungria até chegar aos maiores centros futebolísticos mundiais.
Em 1953, Guttmann era contratado para dirigir o AC Milan, entretanto deixaria o clube rossonero de forma estranha com a equipe em boa condição na liderança da Serie A.
Chegaria ao Brasil em 1957 onde treinou o São Paulo FC de Dino Sani, Mauro e Zizinho e venceu o Campeonato Paulista de 1957, o último do clube em 13 anos, antes do advento da Era Pelé, bem como do início da construção do Estádio do Morumbi.
Taticamente, o futebol brasileiro deve muito a Bela Guttmann que introduziu o esquema tático 4-2-4 no País, utilizado pela Seleção que sagrar-se-ia campeã do mundo em 1958 na Suécia.
Nas suas aventuras sul americanas, Guttmann dirigiria ainda o CA Peñarol em 1962.
Em 1958, o já consagrado treinador aterrissaria em terras lusitanas para conhecer o FC Porto onde seria campeão naquele ano.
Na temporada seguinte, finalmente o Benfica cruzaria o caminho profissional de Bela Guttmann.
Contratado pelo clube lisboeta, promoveu verdadeira revolução interna ao dispensar 20 jogadores veteranos e promover a ascensão de jovens talentos, entre eles, o craque luso-moçambicano Eusébio.
Como resultado, o Benfica venceria a Liga Portuguesa nas temporadas 1959-1960 e 1960-1961. Algo que não seria nada em comparação aos triunfos vindouros na Copa Europeia (antecessora da UEFA Champions League) de 1960-1961 e 1961-1962 ao bater FC Barcelona e Real Madrid CF, respectivamente.
Após a conquista de 1962, Guttmann pediu aumento salarial à diretoria benfiquista. Proposta que foi recusada pelos cartolas do clube.
Naquele momento surgiria o episódio que alimenta aquelas teorias conspiratórias mencionadas e dignas dos melhores roteiros de suspense e terror de Hollywood ou do seriado cult Arquivo X. Ao deixar o Benfica, Bela Guttmann, contrariado pelo reajuste salarial não recebido, bradou em tom revanchista: “Nem mesmo em 100 anos o Benfica vencerá uma Copa Europeia!”.
Coincidência ou não, desde o episódio do divórcio litigioso das partes, o Benfica disputou sete finais de Copas Européias (1963, 1965, 1968, 1983, 1988, 1990 e 2013) e perdeu todas!”
Graças a Guttmann ou por méritos próprios, fato é que a conquista da UEFA Europa League 2013-3014 por parte do Sevilla alçou o futebol espanhol a ano excepcional na Europa, afinal os campeões dos dois torneios interclubes continentais estarão nas mãos dos súditos do rei Juan Carlos.
Resta à Espanha o desafio de vencer novamente a Copa do Mundo logo mais, o que transformaria o país em definitiva potência hegemônica no velho esporte bretão da atualidade.
OS JOGADORES ESPANHÓIS DESEJAM A PREMIER LEAGUE
Muito tem se comentado a respeito da decadência do futebol italiano no cenário europeu. Nada mais evidente, basta retroceder no tempo e ver o que já foi e o que é a Serie A. Ao mesmo tempo, muito se fala a respeito do sucesso do futebol espanhol, sejam os clubes, sejam as seleções nacionais. Também não é para menos, haja vista o sucesso de clubes e seleções deste país nas competições internacionais nos últimos tempos.
Mas nem tudo é tão agradável no Reino de Espanha. Longe disso em tempos de crise, aliás.
Desde 2010, os atletas profissionais do futebol espanhol começaram a descobrir a English Premier League. E, obviamente, os clubes ingleses começaram a apostar nos vitoriosos e competentes jogadores espanhóis.
Naquele ano, nomes como Juan Mata, David de Gea e Oriol Romeu desembarcavam na terra da Rainha.
Nas férias passadas, o Málaga CF cedia Santiago Cazorla e Ignácio Monreal para os londrinos do Arsenal FC. Tudo isso sem mencionar as chegadas de Cezar Azpiliculeta, Javi García e Miguel “Michu” Pérez.
O fluxo espanhol rumo às ilhas britânicas tem sido intenso nesta janela de transferências em meio ao período de recesso do futebol europeu. No atual verão setentrional, nada menos que oito boleiros espanhóis já foram contratados pelos ingleses.
Somente o Sevilla FC negociou três atletas para equipes da EPL: Jesús Navas (Manchester City FC), Luis Alberto (Liverpool FC) e Antonio Luna (Aston Villa FC).
Já o Real Betis negociou o meia Alejandro Pozuelo e o volante José Cañas para o Swansea City. Não satisfeito, o time galês ainda foi buscar Jordí Amat no Rayo Vallecano (emprestado pelo Espanyol).
Já o Valencia CF cedeu Iago Aspas para o Liverpool FC e o modesto Stoke City tirou o jovem Marc Muniesa de 21 anos da base do poderoso FC Barcelona.
Em tempo, o Arsenal FC tenta a contratação de Adrián López do Atletico Madrid, o Manchester City quer substituir Carlos Tevez por Álvaro Negredo do Sevilla e o rival Manchester United pode levar o hispano-brasileiro Thiago Alcântara do Barcelona, ou seja, o número de contratações de espanhóis por parte dos ingleses pode ainda aumentar.
O êxodo espanhol em direção à Inglaterra expõe tanto o prestígio dos profissionais do país ibérico após os sucessos consecutivos alcançados quanto a crise econômica pela qual atravessa, além da disparidade estrutural entre Real Madrid e Barcelona e o resto do universo futebolístico local. É exatamente o que aponta o olheiro do Arsenal, o hispano-britânico Francis Cagigao.
O cenário atual requer mudanças na mal fadada distribuição de cotas dos direitos televisivos, além do faturamento geral da própria liga nacional entre os clubes na Espanha.
Mudanças poderão ocorrer em 2015 através de anteprojeto de lei que prevê a repartição das cotas televisivas de forma conjunta entre os clubes da Primeira e Segunda Divisões.
De fato, o futebol espanhol necessita de revisão e atualização de conceitos se quiser brigar com ingleses e alemães no cenário europeu, sobretudo em tempos de crise financeira profunda.