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A LIÇÃO DE CASA DE TITE

Há quem diga que o Corinthians de 2015 nada mais é de que a continuidade de um trabalho iniciado por Mano Menezes, que culminou no acesso à primeira fase da Copa Libertadores. Eu discordo.

Embora não dê pra culpar Mano totalmente, e nem tirar-lhe o mérito de uma razoável posição no campeonato brasileiro no último ano, sua segunda passagem pelo clube foi desastrosa. Havia sobre si e sobre seus comandados um ar de apatia, de “tanto faz”, de prazo de validade vencido.

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Posto isso, o Tite que retornou ao Timão para sua terceira vez como treinador não é o mesmo que deixou o clube antes da volta de Mano. Com a premissa de estudar, se atualizar (e uma ambição frustrada de chegar à Seleção), Adenor cumpriu o que prometeu. Estudou, conversou com treinadores renomados, visitou instalações, analisou treinamentos e táticas.

O significado e o resultado disso podem ser exemplificados na partida contra o São Paulo, na Arena Corinthians, pela Libertadores. Elias e Jadson, autores dos gols da partida, não são nem de longe os mesmos de 2014. O primeiro finalmente voltou a ser um jogador decisivo e importante dentro do esquema. Sabe-se lá por que, vinha jogando recuado. Agora voltou a ser o jogador que chega de surpresa, escapa da marcação e não desperdiça oportunidades. Jadson, que voltou à titularidade depois da saída de Lodeiro (que convenhamos, não se adaptou e não jogou uma só partida de destaque), parece ter ganho uma injeção de ânimo, e, dividindo o meio de campo com um Renato Augusto enfim livre das sucessivas lesões, vem ajudando a formar um time com bom toque de bola e inteligência. E ainda há Danilo, talvez o melhor reserva em atividade no futebol brasileiro. Curioso pensar que, em tempos em que é praxe o jogador de futebol chiar por estar no banco, nunca vimos Danilo reclamando de absolutamente nada. Isso poderia soar como menosprezo, apatia, não fosse o fato de que o meia é quase sempre certeiro e voluntarioso quando entra em campo.

Se você, caro leitor, pesquisar meus textos aqui neste espaço, frequentemente encontrará a expressão “dar a mão à palmatória”, referindo-se à necessidade de admitir as boas decisões de Tite, que culminaram em alguns títulos. Pois bem: eu, que era relutante quanto à volta do treinador, estendo minhas mãos novamente.

Um último apontamento: no jogo, nem foi necessário colocar Vagner Love em campo, e Guerrero pode até ter feito falta em algumas finalizações, mas o time não sentiu tanto esta ausência. Acho que seus empresários vão precisar caprichar na próxima proposta.

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Neste 19 de fevereiro, nosso ídolo Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira completaria 61 anos. Sempre vai faltar o Doutor.

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O FUTEBOL SOBREVIVE POR ELE

É…2014 tem sido mesmo fantástico e, ao mesmo tempo, intenso. Em todos os aspectos. Tivemos praticamente um ano dividido em dois. Dois partidos políticos. Duas frentes de ideias. E dois períodos: um pré-copa e um pós-copa.

No futebol brasileiro, o pré nos reservou o mesmo de outros tempos: os já enfadonhos campeonatos estaduais e suas políticas cada vez mais sujas e menos pensantes quanto ao nível e o melhoramento de nosso esporte.

O pós, tratou de escancarar justamente isso. Até porque, os 7×1 do Mundial nos deixaram feridas abertas e sinais claros de que, caso não seja feita nenhuma mudança brusca e significativa no modo de se gerir, formar, gerenciar e, sobretudo, jogar, continuaremos em queda livre. Continuaremos sendo goleados por cartolas e suas cartas na manga, sempre com o mais manjado dos truques.

Mas, por outro lado, o dia 05 de novembro de 2014 mostrou que o futebol, mesmo quando mal tratado, ainda se supera sozinho. Graças ao seu encanto natural. À sua maneira única de jogar por terra justiças e justiceiros de plantão. Graças aos seus enredos sempre inexplicáveis, sem pé nem cabeça. Por sua capacidade ímpar de formar caráter e formar torcedores. Tanto na derrota, que se transformaria em vitória impossível, quanto na possível vitória que acabaria em derrota impossível. Como entender? Não é preciso.

As semifinais da Copa do Brasil de todas as Copas tem ratificado esta máxima. E o seu principal protagonista talvez seja o Time dos Milagres, da Fé e, principalmente, dos Santos, que fugiram da Bahia para se alocar na Cidade do Galo, em BH – a capital do Esporte Bretão tupiniquim. Como pode? O enredo da classificação do Atlético-MG contra o Flamengo foi exatamente o mesmo do jogo diante do Corinthians, com o mesmo placar. Quem explica? Se é que precisa? A verdade é que o Galo é mesmo doido!

Por falar em Santos, o gigante da Vila mais famosa do mundo jogou como nunca, chegou a estar próximo do êxito, porém sucumbiu de maneira triste e dolorosa ao ainda regular e cirúrgico Cruzeiro. Este, bem perto de repetir a temporada 2003, quando faturou a tríplice coroa, conquistando Campeonato Mineiro, Brasileiro e a Copa do Brasil.

Willian anotou dois gols no jogo da Vila Belmiro ((Foto: Wagner Carmo / Vipcomm)
Willian anotou dois gols na Vila Belmiro ((Foto: Wagner Carmo / Vipcomm)

Já na Sul-Americana, mais precisamente em Guayaquil, no Equador, o São Paulo foi mais que gigante ao suportar a pressão do indigesto dono da casa Emelec. Afinal, a partida, que já começou quente um dia antes, foi um turbilhão de emoções durante os 90 minutos, testando de maneira cruel o coração do mais cético dos são-paulinos.

Mesmo tendo saído atrás no placar, o Tricolor foi valente e conseguiu a virada, com gols de Alan Kardec e Ganso, ainda na etapa inicial.

Aparentemente, a classificação viria de forma tranquila, certo? Ledo engano!

Veio o segundo-tempo e a equipe equatoriana simplesmente amassou a brasileira. Principalmente quando marcou dois gols em sete minutos. Ou, quando quase empatou nas três bolas que explodiram nas traves de Rogério Ceni, que salvaria o time em duas ocasiões e ainda assistiria o atacante Mena desperdiçar chance imperdível. Decisiva.

Resultado: São Paulo nas semifinais de maneira heroica. Fator que pode ser crucial para impulsionar a equipe de Muricy ao bi.

Rogério Ceni elogiou a garra da equipe no jogo contra o Emelec (Foto: Rubens Chiri/site oficial do SPFC)
Rogério Ceni elogiou a garra da equipe no jogo contra o Emelec (Foto: Rubens Chiri/site oficial do SPFC)

Fato é que, mesmo combalido e jogado às traças, nosso futebol brasileiro ainda nos dá motivos plausíveis para mantermos vivo aquele fio de esperança em um futuro melhor. Em um esporte, como um todo, melhor. Mais saudável e menos infectado.

No Brasil e, em todo mundo, acredito que o futebol sobrevive somente por ele. Seja aonde for. Como for. Basta rolar a bola. Basta jogar o jogo. Basta um gol. Uma defesa. Uma virada. Basta senti-lo. Basta.

Assim como classificou Juca Kfouri, em seu blog no UOL, a última noite foi a melhor do ano, mesmo ainda tendo 6 rodadas do Brasileirão e a final entre Cruzeiro x Atlético-MG pela frente.

Cheguei da faculdade, abri o WhatsApp e vi que os jogos estavam emocionantes. Em 3 pelejas, foram 16 gols e três viradas. Épico! Histórico. Chegou uma hora em que fiquei perdido com o controle remoto na mão, não sabendo em qual jogo deixar sem me emocionar.

Ainda restam duvidas que a última quarta salvou a temporada?

Por mim, na boa, poderia acordar amanhã no dia 31, esperando ansiosamente pelos festejos do Réveillon.

Ah! Já ia me esquecendo…

Feliz 2015!

Luan marcou o gol que selou a vaga do Galo à final (Foto: Cristiane Mattos / Futura Press)

Luan marcou o gol que selou a vaga do Galo à final (Foto: Cristiane Mattos / Futura Press)

NINGUÉM QUER SER O FLAMENGO DE 2009

Petkovic e Adriano festejam o Hexa do Flamengo, em 2009 (Imagem: Google)
Petkovic e Adriano festejam o Hexa do Flamengo, em 2009 (Imagem: Google)

E agora? Ninguém quer ganhar o BR14! O líder Cruzeiro, pelo visto, entrou em modo “stand by”, proporcionando oportunidades de ouro para que alguém tome sua liderança e conquiste seu título – semelhante ao que ocorreu lá em 2009, quando o Palmeiras, do presidente Belluzzo e dos técnicos Luxemburgo, Jorginho e Muricy chegou até a 38°rodada disputando o título e acabou fora da Libertadores.

O mais incrível é que esta fatalidade não acontecerá com o Cruzeiro, embora seja possível.

O que salta aos olhos é que desta vez não há nenhum concorrente que se assemelhe ao Flamengo, campeão daquele ano de maneira espetacular. Na época, o Rubro-Negro, regido pela dupla Petkovic e Adriano, no melhor estilo come-quieto sob a batuta do interino Andrade, abocanhou o hexa no embalo da torcida e, principalmente, no vacilo alheio, chegando a última rodada brigando com mais três, mas dependendo apenas de uma vitória simples para fazer a festa. No final, todos sabem o que aconteceu.

Voltando ao presente, o São Paulo, do quarteto que ultimamente vem desafinando em apresentações importantes, praticamente saiu de cena por errar a letra novamente. O empate sem gols em Chapecó tratou de confirmar o que tem sido a tônica neste campeonato da equipe do Morumbi: os inalteráveis sete pontos de diferença para o primeiro colocado. Só lembrando que em 2009, a esta altura, o Flamengo tinha 6 pontos de diferença para o líder Palmeiras.

E o que dizer do Internacional, que teve o título na mão a poucas rodadas? Logo após ser goleado pela Chapecoense, em seguida, o Colorado jogou pela honra contra o Fluminense, venceu sob lágrimas, empolgou a torcida mas voltou ao normal. Os últimos dois tropeços foram cruciais para, praticamente, liquidar às chances dos gaúchos de sair da fila. Nem a vaga para a Libertadores-15 virou uma certeza no Beira-Rio, já que a equipe de Abelão deixou o grupo dos quatro primeiros.

Após uma semana da eliminação histórica para na Copa do Brasil, o Corinthians emplacou dois bons resultados, um deles diante do Inter, fora de casa, e ocupa agora a terceira colocação, com 52 pontos. Teoricamente, ainda há esperanças. Em contrapartida, o futebol dentro de campo pouco empolga.

Dos outros três, talvez o único que carregue consigo meras semelhanças com o Fla-09 seja o próprio Galo, semifinalista, assim como rival local, da Copa do Brasil. Líder do segundo turno, com 21 pontos, o Atlético sofreu recentemente um tropeço frente ao Bahia, fora de casa, resultado que ainda o manteve no G4. Resta saber se a equipe de Levir Culpi reunirá forças para brigar e bicar os dois troféus.

Fato é que não existe razão que possa explicar tamanha irregularidade de elencos tão caros e, até certo ponto, qualificados (no papel) por sucumbirem de maneira tão pífia da briga por um título cada vez mais palpável.

O Cruzeiro, que agora necessita de apenas 4  vitórias para levar o bi, mostrou nas últimas partidas que não é o super time que muitos diziam ser imbatível, porém ainda assim consegue a proeza de ser regular até na sorte.

Aos concorrentes, somente uma sequência de vitórias que beire à perfeição para mudar a certeza. Para mudar a história.

A ERA DOS RENEGADOS

Artilheiro do Brasileirão, Marcelo Moreno, do Cruzeiro, não se destacava desde 2008 (Gazeta Press)
Artilheiro do Brasileirão, Marcelo Moreno, do Cruzeiro, não se destacava desde 2008 (Gazeta Press)

Antigamente, a montagem de um elenco de futebol passava pelo crivo de contar sempre com jogadores de nome. Mas, recentemente, isso não é mais sinônimo de sucesso por aqui. Não sei se posso chamar de moda, mas o fato é que a maioria dos clubes grandes do Brasil tem apostado suas fichas em jogadores “renegados” – aqueles que rodaram por diversas equipes e não deixaram saudades.

O Corinthians de Tite, multicampeão em 2012, é o maior exemplo. Quem imaginaria que uma defesa formada por Cássio (até então desconhecido), Alessandro, Chicão, Paulo André e Fábio Santos entraria para a história conquistando a América e o Mundo?

Outro exemplo é o regular Cruzeiro, prestes a faturar o bi-tetra brasileiro, com jogadores que chegaram à Toca da Raposa outro dia, sob a desconfiança de todos. Para se ter uma ideia, Ricardo Goulart e Éverton Ribeiro, principais jogadores da equipe de Marcelo Oliveira, são figurinhas carimbadas nas convocações do técnico Dunga.

Ainda em terras mineiras, o que dizer do Galo de Cuca, campeão da Libertadores no ano passado? Sem contar o próprio treinador, famoso pelo estigma de azarão, aquela equipe era composta por nomes como o goleiro Victor (herói do título), o zagueiro Leonardo Silva, o lateral-esquerdo Junior César, o atacante Jô, o volante Pierre e o principal deles, Ronaldinho Gaúcho, que, na época, dava sinais claros de que encerraria a carreira após saída conturbada do Flamengo. No campo, todos sabem o que aconteceu. O time deu liga, desempenhou um ótimo futebol e só não repetiu o feito do Corinthians por erros pontuais. Mas o que vale é que o legado foi positivo. Tanto é que Levir Culpi deu continuidade ao trabalho deixado por Cuca, mantendo a espinha dorsal da equipe, atualmente postulante a uma vaga na Libertadores-2015.

Há outros casos mais específicos, como do atacante Henrique, do Palmeiras, artilheiro do BR14, com 13 gols ao lado de Marcelo Moreno, do Cruzeiro. Teoricamente, ninguém apostaria nos dois antes do início do certame. Principalmente porque o “Ceifador” chegou ao Alviverde após passagens apagadas por Santos e Portuguesa. Já o cruzeirense, pouco empolgou enquanto defendeu Grêmio e Flamengo, antes de acertar seu retorno a Belo Horizonte.

Quando o assunto é custo-benefício, Luiz Álvaro de Oliveira Ribeiro, ex-presidente do Santos, fez duras críticas nesta semana ao camisa 9 do Peixe, Leandro Damião. Suas acusações foram pautadas no modo como a diretoria trouxe o ex-jogador do Internacional, além de sua efetividade em campo. Discordo de LAOR apenas no tom e nas palavras que usou. Porque, ademais, ele pode estar certo, já que o Santos não precisava de Damião. Isso sem contar o modo como foi feita sua contratação. Algo totalmente inviável para os padrões nacionais, mesmo que sob a vanguarda de parcerias. Em campo, o atacante tem até evoluído, mas o fato de carregar o peso de 40 milhões de reais nas costas tem atrapalhado seu desempenho. Foram apenas 4 gols em 17 jogos neste Brasileirão.

A tendência, daqui para a frente, é óbvia: equipes que possuírem folhas salariais exorbitantes certamente terão problemas em um futuro bem próximo. O Fluminense, segundo time que mais gasta no País, atrás apenas do Cruzeiro, possui vencimentos que chegam a  casa dos R$ 11,7 milhões mensais. Por conta disso, e alguns entreveros com a patrocinadora, a cúpula tricolor cogita a hipótese de já na próxima temporada iniciar um processo de reformulação no elenco, visando conter custos. Nomes como Diego Cavalieri, Carlinhos, Fred e Jean devem deixar as Laranjeiras.

O São Paulo é um dos clubes que possivelmente terá problemas no futuro, principalmente se não conseguir títulos ou um patrocínador master. O Tricolor, de Rogério Ceni, Luís Fabiano, Pato, Kaká e companhia desembolsa cerca de R$ 10,5 milhões por mês, com salários e direitos de imagens. O presidente Carlos Miguel Aidar, recentemente, declarou que o clube precisaria urgentemente vender, ao menos, três atletas para encerrar a temporada no azul. Por enquanto, somente o lateral Douglas foi negociado. Talvez, a vaga (bem encaminhada) para a Libertadores amenize possíveis prejuízos.

O Corinthians, um dos clubes mais ricos do país e detentor da cota de televisão mais alta, aparece em quarto lugar no ranking de “maiores gastadores”. A diretoria do Timão onera todo mês os seus atletas com algo em torno dos R$ 8,3 milhões. Só para constar, o Alvinegro paga parte do salário de outros jogadores, entre eles Alexandre Pato e Emerson Sheik, este, desligado do Botafogo dias atrás e impossibilitado de atuar neste ano.

Por outro lado, economizar demais pode não ser tão lucrativo. Principalmente quando não se repõe as peças com qualidade. Este é o caso do Internacional, que até o ano passado gastava uma quantia acima dos 10 milhões com seus vencimentos. Para esta temporada, a diretoria colorada tratou de enxugar a folha salarial, se desfazendo de alguns atletas. Entretanto, a ação não surtiu efeitos em campo. Mesmo assim, o clube ainda está no G4.

A verdade é que nem só de nomes vive o inflacionado futebol brasileiro. A Lei Pelé, os empresários e a crise financeira que assolam a maioria das equipes contribuem diretamente para que qualquer “Pé de Rato” sinta-se no direito de pedir 300 mil Dilmas mensais.

Enquanto os clubes não criarem políticas saudáveis, baseadas no profissionalismo, seguiremos torcendo pelo acaso. Ou para que nossos times deem a sorte de contratarem algum renegado à preço de banana e que amanhã se torne um “craque”.

NOSSA ARBITRAGEM DE CADA DIA

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Apita o juiz! É o fim de mais uma rodada do Brasileirão e o recomeço de um assunto interminável: os erros, cada vez mais contínuos, dos árbitros brasileiros. Cruzeiro e São Paulo, as duas melhores equipes do campeonato até o momento, têm motivos plausíveis para reclamar. Assim como as outras 18. Porém, não há critério e, tampouco, provas para transpor os sorrateiros argumentos de possíveis “ajudas de terceiros” para a obtenção dos resultados em campo. Sejam eles positivos e, principalmente, negativos. Entendo que o erro não se dá pela cor da camisa, pela importância de tal clube, mas sim pela fragilidade na qual encontra-se a profissão do árbitro no Brasil, que sucumbe à cada nova falha. À cada novo descaso.

O mais engraçado é que o assunto cai na vala comum do achismo e levantamento de teorias da conspiração. Principalmente quando abordado nas mesas redondas de domingo à noite, ou nos tradicionais programas sensacionalistas da hora do almoço. A pauta não sai do erro em si. Poucos são aqueles que enumeram soluções para o problema principal. A tônica é, basicamente, chamar a atenção para quem está sendo mais prejudicado durante o certame, não para quem é a causa.

Só na última rodada, três lances saltaram aos olhos. No sábado, na vitória do Flu sobre o Verdão, Wagner cruzou e Renato cortou, tendo a bola rebatido em sua mão. O juiz, rapidamente, assinalou pênalti, convertido, em seguida, por Fred. Na mesma partida, um lance idêntico, só que, desta vez, a favor da equipe paulista, não foi marcado, gerando polêmica.

No Morumbi, onde o São Paulo reacendeu a disputa pelo título após bater o ainda líder Cruzeiro, Dedé cometeu falta em Ganso dentro da área e não foi expulso, mesmo já estando amarelado. Muito se questionou a atitude de Leandro Vuaden, que não expulsou o zagueiro celeste. Mesmo com a vitória, o presidente são-paulino, Carlos Miguel Aidar, fez questão de emitir uma nota no site oficial do clube dizendo que estão favorecendo a Raposa.

Ainda no domingo, o gol irregular de Wallace, que deu os três pontos ao Flamengo sobre o Corinthians, acentuou novamente a discussão em torno das falhas e critérios utilizados pelo “Senhores do Apito”. Além disso, Eduardo da Silva poderia ter colocado mais um gol na conta de Sandro Meira Ricci e sua turma, caso não tivesse desperdiçado uma cobrança de pênalti que não existiu.

Por falar em Ricci, é espantoso seu desempenho pós-copa. Bastou voltar o Brasileirão para voltar ao normal. Para virar “mais um a errar”. No Mundial, ele foi bem, trazendo certo alento a uma classe que clama por mudanças que visem a profissionalização. Significativas ao ponto de ultrapassarem a superficialidade dos que acham que apenas o auxílio eletrônico resolveria todo o problema.

Enquanto isso, tenho a impressão que estamos nos acostumando a conviver com erros que parecem cada vez mais normais. Afinal, que graça teria o futebol sem uma polêmica, não é mesmo?