Post de 2 de maio
Eu ainda não consegui concluir se é mais inocente quem se surpreendeu com o declarado posicionamento político do Felipe Melo ou se é o próprio Felipe Melo ao declara-lo como o fez. De cada 10 palavras proferidas em seus acalorados discursos, 6,7 envolvem a religião. FM é um religioso fervoroso, o que já o coloca dentro de um alinhamento discursivo identificado com o conservadorismo. E aqui não emito juízo de valor, OK?
Felipe Melo não é ídolo do Palmeiras. E não por ter declarado seu apoio ao Bolsonaro, mas por não ter tido sequer tempo de conquistar em campo o direito de ostentar essa alcunha.
Em campo FM tem sim conquistado um séquito de fãs por conta de suas atuações, já que é muito bom de bola, além de sua entrega incomum. Consegue dentro das quatro linhas ser um líder – mais um deles. Líder, no entanto, não significa ídolo. Ídolos no atual elenco são Fernando Prass e Dudu (pessoalmente coloco Zé Roberto também).
Mas é bizarro notar como a porrada dada em Mier na última quarta-feira alternou sua simbologia. O que era um soco na cara do racismo e da intolerância, hoje é muito mais um ato de autodefesa. A mim não convence o papo inconformado com as ofensas uruguaias e ao mesmo tempo alinhar apoio a Bolsonaro.
Ainda assim, não espero que o torcedor alviverde mude sua conduta com o jogador Felipe Melo. O canto dedicado a ele antes de cada partida deverá continuar sendo entoado, desde que FM continue também entregando em campo os 101% que entrega desde sua estreia.
Ídolos, no entanto, se constroem muito também de suas virtudes além do campo de jogo, e a mim, sendo aqui bem egoísta na análise, FM é um improvável personagem merecedor de irrestrita admiração.