Arquivo da tag: Neymar Jr.

A COPA DAS MANIFESTAÇÕES

Em meio a verdadeiro turbilhão social, o Brasil realiza uma desastrosa Copa das Confederações com direito a ausência de locais apropriados para treinamento das seleções participantes, episódios de furtos sofridos por jogadores da delegação espanhola em Recife e surpresa negativa por parte dos italianos com a constatação que o Brasil não é a ilha de prosperidade propagada na Europa com direito a disposição azzurra de se retirar do evento antes do seu final. Mas, acredite, houve bons jogos até o momento no torneio da FIFA.

itália 4-3 japãoPor uma grande coincidência, para azar do FIFA (ou do próprio Brasil), houve, a partir de São Paulo, um movimento social pela revogação do aumento das passagens do transporte público que, por diversos motivos, tornaram-se o estopim para o acúmulo de frustrações sociais que foram postos nas ruas das cidades brasileiras na semana corrente.

Logicamente, o assunto Copa do Mundo não ficou de fora, afinal o evento futebolístico bate à porta com o pontapé inicial da Copa das Confederações.

Em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, as passagens voltaram aos preços antigos. Aparentemente, a relativa ordem voltaria. Mas não. Nesta quinta-feira, nova onda de protestos tomou conta do País.

Naquilo que se refere ao futebol, houve problemas de acesso para os estádios de Fortaleza e Salvador onde manifestantes tentaram bloquear os caminhos.

brazil 2-0 mexicoTodo o imbróglio envolvendo a temática social brasileira versus FIFA e a sua bilionária Copa do Mundo levantam mais insatisfações da população brasileira, especialmente ao lançar comparações entre investimentos em estádios e situação da qualidade dos serviços públicos tupiniquins.

Mas, no olho do furacão que varre o País, vale uma indagação com tom de autocrítica: no que toca à Copa do Mundo, os protestos não seriam tardios? Afinal, o Brasil foi escolhido como sede do mundial de 2014 nos idos de 2007 e a derrama de dinheiro público em estádios já foi executada.

Sem tapar o sol com a peneira, nos episódios Copa e Jogos Olímpicos o que se viu foram ao menos dois episódios do mais legítimo oba-oba entre os brasileiros quando deveriam ter iniciado suas manifestações de insatisfação com as gastanças vindouras: as comemorações ufanistas no Rio de Janeiro que havia se tornado “cidade olímpica” e a alegria cega pelo novo estádio do Corinthians em São Paulo. Pouco se pensou nos vultosos investimentos que todo o pacote englobava.

taiti 1-6 nigériaA má notícia é que não há mais o que se fazer em relação à Copa. É chorar sobre o leite derramado. O compromisso está assumido e agora o Brasil deve ir até o final com dignidade (pelo menos alguma dignidade).

A boa notícia é que ainda muito pode ser feito em relação aos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Cabe aí uma forte fiscalização e pressão populares no uso ótimo dos investimentos.

Deixar a pergunta no ar não ofende: será de fato producente utilizar-se de violência para bloquear acessos aos estádios da Copa?

Desgraça pouca é bobagem e seis membros da delegação espanhola foram furtados no hotel em Recife. Algo definitivamente péssimo para o Brasil.

Interessante também foi a declaração de Emanuele Giaccherini após o jogo contra o Japão. O atacante italiano da Juventus posicionou-se favorável aos protestos no Brasil, pois achou o País bastante pobre. Triste, porém verdade.

De quebra, a Seleção Italiana acena com a possibilidade de abandonar o evento antes do seu final, já que não gostaria de estar atuando em verdadeira zona de guerra.

Pois é, parece que o Iraque é aqui!

Mas, acredite, há vida futebolística na Copa das Confederações e o melhor jogo foi entre Itália e Japão em Recife com vitória final dos italianos por 4×3. Partida que os japoneses tiveram todas as chances de vencer, mas pesou a camisa tradicional azzurra.

O Brasil parece finalmente assistir a Neymar Jr. tomar as rédeas da Seleção da CBF com belos gols e dribles contra Japão e México.

A Espanha mostra novamente ter a melhor seleção nacional do mundo com vitórias sobre Uruguai e Taiti.

Sim, o Taiti. Time amador campeão da Oceania que conseguiu a proeza de marcar contra a Nigéria na derrota por 1×6, mas que levou goleada histórica dos espanhóis por implacáveis 10×0. Se serve de consolo, foram adotados como verdadeiros xodós pela torcida brasileira.

Os uruguaios se recuperaram ao bater os nigerianos, que quase não vieram ao Brasil por disputas financeiras com a federação local, por 2×1.

Se nada de estranho acontecer, a Copa das Confederações encaminha-se para semifinais entre Brasil x Uruguai e Espanha x Itália. Dois clássicos mundiais.

Que haja paz até o encerramento do evento no Brasil.

AS PERALTICES DE ORIBE

Mais uma vez o Brasil esteve na iminência de vencer a inédita medalha de ouro olímpica no torneio masculino de futebol, mais uma vez fracassou.

Oribe Peralta

E fracassou em partida que praticamente começou com o placar de 1×0 para o México, o adversário da final, uma vez que o erro de passe de Rafael, jogador do Manchester United, permitiu que Oribe Peralta iniciasse seu processo de travessuras para cima da Seleção Olímpica Brasileira ao marcar o gol inaugural da partida aos 28 segundos de jogo.

Daí em diante, foi dado aos mexicanos tudo aquilo que mais desejavam e que, pelo jeito, já estava traçado no plano de jogo do técnico Luis Fernando Tena. O que se viu foi uma fortíssima marcação sobre os dois maiores prodígios do futebol brazuca, Oscar e Neymar.

Mas as chances brasileiras de gol foram escassas.

Na 2ª etapa, Neymar teve raro momento de liberdade para concluir e bateu pelo alto.

Já, os mexicanos, tiveram grande possibilidade de ampliar quando a bola foi roubada de Thiago Silva, que ficou a reclamar toque de braço, e beijou o travessão brasileiro.

Aos 30 minutos, os mexicanos chegaram ao segundo gol via jogo aéreo, mais uma vez Oribe Peralta. As peraltices de Oribe levavam o México a nova vitória sobre o Brasil.

As críticas ao técnico Mano Menezes seriam invitáveis. Todas justas? Provavelmente não, afinal tomar gol a menos de um minuto de jogo é para desmoronar qualquer planejamento tático, ainda mais em partida decisiva.

Contudo, um dos questionamentos mais cabíveis talvez esteja relacionamento ao aproveitamento do atacante Hulk.

Neymar lamenta perda do ouro

Colocado no banco nas duas últimas partidas do Brasil, Hulk entraria em campo para marcar o gol único de sua seleção aos 90 minutos de jogo. Pouco demais, tarde demais.

Talvez não tivesse sido se Oscar, nos acréscimos, tivesse demonstrado melhores fundamentos de cabeceio e concluído no alvo, algo inesperado àquela altura e que levaria o jogo para a prorrogação.

No final, o Brasil ficou com a amarga prata olímpica, mais uma vez aliás. Prata que veio por obra das peraltices de Oribe…Oribe Peralta, o nome do jogo e do ouro mexicano.

JOGO DO ANO?

Por: Almir Breviglieri

A palavra mito possui uma série de significados que vão desde os mais simples e óbvios aos mais elaborados filosoficamente. Entre as diversas interpretações do vocábulo em questão, pode-se dizer que se trata de uma personalidade ou fato que, por ser irreal, simboliza algo possível apenas por hipótese.

Pois bem, é exatamente o que a imprensa brasileira criou ao longo do semestre – um mito chamado Barcelona x Santos, o jogo do ano.

Os 4×0 do Barça sobre o Peixe deste domingo em partida decisiva do mundial de clubes da FIFA evidenciou o patamar ao qual pertence cada equipe.

Talvez a dura realidade de Yokohama não teria sido tão dura se o Santos que tivesse ido a campo contra o melhor time do mundo fosse aquele do mês de junho, embalado e reconfigurado através do dedo de Muricy Ramalho, aliando à habilidade da dupla Neymar e Ganso um sistema defensivo sólido e protegido. Foi a alma do negócio para o Santos faturar a Libertadores.

Na sequência do título veio a repetição de erros que outros clubes brasileiros já cometeram no passado: relaxamento e “abandono” do campeonato nacional.

Resultado da brincadeira: perda de ritmo de jogo, de pegada, falta de sequência de prática do jogo em alto nível.

E deu no que deu.

Quanto ao Barcelona, não há muito mais a acrescentar. É a prática de um futebol que mais lembra futsal, com troca de passes perfeitos, rápidos e com movimentação constante de seus jogadores. Nada de lançamentos em profundidade, jogadas de linha de fundo e jogo aéreo. Que Carles Puyol, Gerard Piqué e Javier Mascherano não levem a mal, mas a zaga não é um primor, já que o sistema defensivo da equipe é simples: manutenção absurda da posse de bola. Afinal, como ser atacado se o adversário não vê a cor da bola?

Ah, o jogo!

Pois é, repetindo alguns erros do Manchester United na final da Champions League, o Santos não foi páreo para o hegemônico time da Catalunha.

Ao retomar a posse de bola, a equipe santista falhava nos passes. O que significou o desperdício das poucas chances para mostrar seu jogo.

Ainda no item “queimando a posse de bola”, o bom goleiro Rafael Cabral, talvez com o intuito de evitar marcação sobre pressão na saída de jogo, rifava a bola na reposição.

Paulo Henrique Ganso permaneceu sem ação, estático em campo. Aliás, era nítido nos jogadores santistas, até mesmo nos mais descontraídos do time como Neymar, o peso e o medo nos momentos que antecederam o início da partida.

Ao final, os 4×0. Sim, goleada com show de Andrés Iniesta, Lionel Messi e Xavi.

Seria muito pedir a um clube brasileiro, que teve seu auge técnico no mês de junho, para enfrentar em condições de igualdade o Barcelona de Josep Guardiola. Os mais conceituados do mercado como Real Madrid e Milan, demonstrando alguma competitividade, já haviam falhado.

Jogar contra o Barcelona atual faz lembrar o boxe dos tempos de Mike Tyson no auge de sua carreira.

Tyson era devastador. Aniquilava seus oponentes em poucos rounds de luta. Colocaram-no contra os melhores, mas os melhores, atemorizados com a superioridade do campeão, mudavam sua forma de atuar e falhavam clamorosamente. Provavelmente teriam fracassado se tivessem mantido seus respectivos estilos. Aí residia a interrogação. Como parar Tyson?

E como parar o Barcelona?

De qualquer maneira, superioridade flagrante à parte, os jogadores do Santos não podem utilizar a desculpa de que jogaram contra os melhores para justificar a atuação do time em Yokohama.

Faltou sim mais pegada, determinação, faca nos dentes.

O que fica deste mundial da FIFA é a confirmação de uma hegemonia global chamada FC Barcelona. Em contrapartida, o que se espera é que surja, o mais breve possível, alguém que possa contrabalançar a potência hegemônica.