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DIRETORIA ISOLADA E CRIATIVIDADE ZERO INTENSIFICAM FASE SONÍFERA CORINTIANA

E o Robin Hood do Brasileirão 2014 atacou mais uma vez esse domingo em Porto Alegre, bateu o vice Inter no novo Beira-rio ao sol das “15 horas” por 2 a 1, totalizando assim 20 pontos ganhos dos 24 disputados com os quatro primeiros colocados da competição. Não gosta de números? Pois é, eu também não, mas segure a paciência só um instante porque nesse caso a aritmética nos diz muito.

O Corinthians junto ao Cruzeiro é o time que menos perdeu no campeonato, 6 derrotas, porém tem o dobro de empates do líder, 10 enquanto a Raposa tem 5, foi responsável por um terço das derrotas cruzeirenses no Brasileiro. E dos 15 pontos disputados com os times presentes hoje na zona de rebaixamento, ganhou apenas 4, é forte contra os times de cima da tabela, mas fraco e improdutivo contra os times de baixo, o que vem sendo uma tradição corintiana de uns anos para cá.

Seria o Corinthians um time de alma tão caridosa, de um coração tão grande que nem cabe dentro do peito? Não. A questão é que não há padrão de jogo no alvinegro, o Corinthians hoje é um time sem um pingo de criatividade, existe um deserto entre Cássio e Guerrero, aliás, os dois maiores destaques do time nos últimos meses, mas o real problema do time é que ele não tem qualidade o suficiente, tanto técnica quanto tática, de propor o jogo, de dominar e ditar o ritmo, por isso sofre na mão de times ruins, porque criativamente é tão pífio (abraço Mauro Cezar) quanto esses times de campanhas fracas, o jogo se equilibra e na vontade, geralmente os times que lutam para saírem da zona de confusão (abraço Pofexô), acabam superando a equipe do Parque São Jorge. Já contra os melhores do campeonato a banda toca diferente porque o Corinthians tem a possibilidade de ser “malandro”, aceita ser agredido, dá espaço para o adversário, assim encontrando campo para jogar e criando chances, mesmo que escassas, de definir o jogo.

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Grande parte da torcida parece já ter escolhido o responsável por seu sono/raiva pós jogo corintiano, Mano Menezes, e já pede por seu pé na bunda. Não acho o Mano um técnico ruim apesar de ter um ódio brando pela escola gaúcha (brando graças ao Tite), na realidade acho Mano Menezes um dos técnicos mais ofensivos desse estilo e seu trabalho na seleção e no Corinthians da era Ronaldo me agradaram, porém ele precisa repensar sua carreira, fracassou nas 3 principais instituições futebolísticas brasileiras e já parece não ter muito o que oferecer ao mundo da bola, talvez seja o caso de se reciclar assim como fez o Tite anos atrás, penso que ares novos seriam interessantes ao gaúcho, mas não coloco o peso da má fase do Corinthians totalmente em suas costas.

Pois parte da culpa dessa fase sonífera corintiana deve recair sobre os ombros da diretoria, que deveria ter se atentado e atendido melhor os sinais claros de que o plantel precisava ser renovado e reforçado, trouxe Pato por uma fortuna que abalou os cofres e depois o cedeu gentilmente ao rival São Paulo, trouxe Lodeiro que já mostrava ineficiência e desagradava a torcida do Botafogo, tudo bem que deu azar no caso do Elias que parece ter esquecido o futebol dele em terras lusitanas e com as seguidas lesões do Valdívia corintiano, Renato Augusto, que em campo vem tendo atuações apagadas, mas não poderia jamais entregar à torcida corintiana um elenco tão fraco para a temporada.

Toda essa crise me parece consequência do crescente isolamento do presidente Mário Gobbi no clube que já não conta com o apoio de muita gente, inclusive gente que era ligada a ele, fato é que seu mandato vem chegando ao fim de forma melancólica, e sem o delegado no 5º andar do Parque São Jorge, a exclusão de Mano Menezes do comando da equipe é dada como certa. Só um milagre não deixaria Mano desempregado, me arrisco a dizer que só o título do Brasileirão 2014 já dado como certo para os lados de BH e distantes do alvinegro o fariam continuar no Corinthians. Mas isso é só um palpite, resta esperar até o fim do campeonato, são 9 rodadas até lá e o Corinthians enfrenta agora o fraco Vitória em Cuiabá, seguindo a lógica dessa temporada prevejo um jogo difícil e sonolento, mesmo sendo ele logo mais as 19h30, no elefante branco do Pantanal, com o 16º colocado da competição e o time que também parece ser um elefante branco, com muita pompa e pouca efetividade. É esperar para ver.

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O FATOR ANDRES

A eliminação precoce do Corinthians no Paulistão trouxe uma série de problemáticas e muitas delas que já saltavam a vista dos mais atentos há tempos.

Aqui não vai nenhuma análise de caso com conhecimento profundo de causa, mas sim uma opinião em cima do cenário apresentado. Para mim, o maior fator responsável pela profunda derrocada do clube mais bem administrado do país nas últimas temporadas é exatamente a sombra da positiva administração anterior.

Noves fora, a administração de Andres Sanchez fez do Corinthians um retumbante case de sucesso administrativo, o que refletiu nos resultados dos campos. Ganhou absolutamente tudo o que era possível e, como todo clube que atinge esse patamar e no meio do caminho sofre algum tipo de alteração, seja técnica ou administrativa, passou a conviver com o “problema” de estar no topo e de lá não ter mais o que buscar. A não ser recomeçar um trabalho e fazer deste um novo case de sucesso.

Mario Gobbi assumiu a presidência do clube e, ao menos de saída, parecia que iria manter aquele a toada, mas aqueles títulos mostravam ser ainda resquício do trabalho anterior. Dali em diante foi ladeira a baixo. Jogadores que até então eram os alicerces técnicos do time caíram vertiginosamente de produção, a saída de Paulinho e o anúncio prematuro da não continuidade de Tite racharam o que até então parecia inabalável. Não havia peças de reposição a altura e, para piorar, as que foram trazidas não surtiram nem de longe o efeito esperado.

Mas as mudanças, contando com a saída de Tite e a chegada de Mano Menezes, me parecem uma clara tentativa de Mario Gobbi mostrar ao torcedor e à crítica que tinha ele também condição de emplacar um trabalho de sucesso. E passava por isso iniciar algo do zero.

Não vou entrar nas questões policiais como a invasão do CT, embora isso seja também um fator de potencial desordem. Mas a política de trocas de Gobbi mostrou-se um homérico fracasso. Desde a mudança na direção técnica, trocando o melhor técnico do país por um que vinha de um trabalho fracassado no Flamengo, foi o fator determinante para esse início de temporada abaixo da crítica.

Se trocar o técnico foi um erro, segurar jogadores já sem nenhum comprometimento ou em fase decadente corroborou para a formatação dessa equipe insossa. Sobretudo Sheik e Danilo, o primeiro escandalosamente sem comprometimento, já o segundo notoriamente em declínio técnico. E ainda a troca non sense, do ponto de vista econômico, de Pato por Jadson, criou aos olhos do mundo uma janela aberta para acompanharmos isso que veio a acontecer na penúltima rodada do Paulistão.

Agora parece que a diretoria está correndo atrás de interessados em Sheik e Danilo, mas a formatação de negociatas apresentadas, novamente na base de trocas e aporte financeiro para pagamento de parte dos vencimentos desses atletas, nos mostra que o desespero já torna errada uma movimentação que nem bem se iniciou.

Se forem todos esses (Pato, Sheik e Danilo) jogadores dispensáveis, já eram antes do início da temporada. Esperar acontecer um açoite público como essa vergonhosa eliminação para tomar posicionamentos do tipo, mostra o nível da cegueira administrativa da gestão Gobbi. E o tamanho da sombra que a administração vitoriosa de Andres Sanchez causa nos corredores do Parque São Jorge.

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