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La Mano de Díos

Luz no fim do túnel

Ontem assisti a dois jogos da Libertadores. Nenhum dos dois foi de encher os olhos, mas algumas coisas bem positivas já puderam ser vistas:

River Plate X America (MEX)

O time do America é sempre encardido e o River faz tempo que é mais nome do que time, mas a partida de ontem foi bastante animadora. O America, sempre rápido e jogando fora de casa, explorou o contra-ataque e por pouco não saiu do Monumental de Nuñez com um placar de respeito. Mas o time do “cholo” Simeone mostrou algo que não vimos muito ano passado: raça. Além de alguns jogadores talentosos que têm tudo para deslanchar nos campeonatos, pudemos ver a feliz volta de um dos caras mais icônicos do futebol argentino: Ortega está de volta! Travando uma longa batalha contra o alcoolismo, ontem vi um pouco do velho Ortega. Um meia ofensivo aguerrido e talentoso, rápido e inteligente. Não à toa, foi dele o gol da vitória do River, aos 43 do segundo tempo. Vai, Ortega!

Vitória que convenceu.

São Paulo X Atlético Nacional (COL)

Antes de mais nada, algo tem que ser feito. Cobrar escanteio com policiais levantando escudos para rechaçar as pedras lançadas pela torcida rival, chuveiro gelado nos vestiários e recepção intimidadora não combinam com a importância da Libertadores.

Fora esses problemas, novamente o Tricolor não convenceu, mas algumas boas mudanças já foram vistas. Quando o time entrou em campo com Eder Luiz, Adriano e Borges, a primeira coisa que me veio à cabeça foi: “o Muricy pirou. Que porra de 3-4-3 é esse?”. Mas foi só a bola rolar e logo entendi o que o cara queria. O São Paulo jogou num 3-5-2, com a volta da dupla Richarlyson e Hernanes, Jorge Wagner na esquerda e Eder Luiz tentando ser o novo Leandro. Aliás, a coluna do PVC hoje no Lance! levantou a bola para essa sacada. Mais categoria e qualidade o Eder tem, basta ver se ele terá a mesma garra de Leandro. Desentrosamento à parte, o cara correu o jogo todo e até trocou bons passes com os laterais.

Jorge Wagner na esquerda mostrou que continua sendo o eixo do ataque tricolor. TODAS as jogadas ofensivas partiram dos pés dele. Infelizmente, é bom os volantes voltarem a apresentar a qualidade de 2007, pois marcação não é o forte do JW.

Joílson é uma lástima. Não defende e não ataca, só falta dar a mão para o jogador adversário. Dá pra ver que o cara está tentando, mas do jeito que está não vai.

E mais uma vez Richarlyson não jogou bem. Fora o canudo no travessão, prendeu muito a bola no ataque e chegou atrasado em todos os lances defensivos.

Borges mostrou que merece sim mais chances do Muricy. Bem posicionado e esperto, só não fez o dele porque quis premiar Adriano, que não acompanhou a jogada.

E por falar em Adriano, outro que ainda não desencantou. Confesso que não me lembro de um lance digno de nota do Imperador ontem.

A zaga ainda está batendo cabeça, André Dias não é sombra do que vinha sendo e mais uma vez o destaque do time é Miranda, que compensou o vacilo no gol do Atlético com um belo gol de cabeça. Aliás, bola lançada por quem? Uma bala Juquinha para quem adivinhar. Dica: veio da esquerda.

No fim das contas, o time do São Paulo ainda é uma coisa amorfa. A maioria dos jogadores não está acertando o posicionamento, o lado direito não existe e o time ainda depende muito de um só jogador. Tanto que no segundo tempo, quando os colombianos acertaram a marcação em cima do JW, o time quase morreu. Só não perdeu porque Rogério Ceni mais uma vez foi nota 10, pegando dois belos chutes que tinham endereço certo.

O 1 a 1 valeu, mas o futebol de ontem ainda é pouco para um time como o São Paulo.

Me despeço aqui ao som de Hopeton Lewis – Take it Easy, em homenagem ao Tricolor da capital.

Os dois lados da moeda – Flamengo x Cienciano

FLAMENGO X CIENCIANO – 27.02.2008

FLAMENGO: Bruno, Leonardo Moura, Fábio Luciano, Ronaldo Angelim e Juan; Kléberson (Jônatas), Cristian, Ibson e Toró (Obina); Diego Tardelli (Marcinho) e Souza.Técnico: Joel Santana

CIENCIANO-PERF: lores, Solís, Marengo e Romaña; Bazalar, Guizasola, Ortiz, García (Olcese) e Chiroque; Sawa (Corcuera) e Vassallo.Técnico: Franco Navarro

Num joguinho mequetrefe o Flamengo garantiu, ontem, seus primeiros três pontos na Copa Libertadores vencendo o Cicenciano do Peru, pelo apertado placar de 2×1. Em que pese o jogo ter tido poucos momentos luminosos, não faltou emoção, com Marquinhos marcando o gol da vitória aos 43 minutos do segundo tempo.

O a partida teve o Cienciano marcando bem e os criativos Juan e Leo Moura, o que diminui bastante o poderio do time da Gávea. O primeiro gol do Flamengo saiu numa jogada com a cara do seu marcador, Souza. Meio sem jeito, mas com disposição, um chute forte pelo lado direito da área peruana. Os visitantes empataram com gol de Vasallo, após bobeira da defesa e do goleiro do Fla, Bruno.

A expectativa de um segundo tempo melhor frustrou os torcedores na primeira apresentação o Flamengo em casa nessa edição do torneio Sul-americano. O time pouco criou e Joel Santana promoveu substituições: entraram Marcinho e Obina para a saída de Toró e Diego Tardelli.

Marcinho, substituto imediato de Renato Augusto – um dos destaques do time no campeonato carioca ainda que pouco comentado – salvou o Mengão de um resultado que o complicaria na competição, com gol as 43 do segundo tempo.

Com o resultado o Flamengo ocupa o primeiro em seu grupo na tabela da Libertadores.

Comentários pós-jogo:

1.

O Flamengo ainda não possui um time definido do meio-campo para a frente. Isso é mal. Felizmente hoje a equipe tem elenco de bom nível que permite ao treinador substituições caso a coisa não ande bem durante a partida. Foi o que vimos ontem. Sinto que Joel Santana ainda está vacilante para montar um time para iniciar a partida, não por conta das características do adversário, mas por dúvidas quanto formação que dará melhor poder de fogo a seu ataque.

2.

Muito se critica que os jogadores de hoje são apáticos, as entrevistas por eles dadas são repetitivas, ou seja, que algo da aura alegre e caricatural do futebol estaria se perdendo em tempos de profissionalismo e globalização. Ontem Souza comemorou seu gol com gestos de choro, numa clara alusão ao comportamento dos botafoguenses depois do clássico do final de semana. É certo que provocações causam descontentamento, mas não seria esse um dos ingredientes que tornam o futebol um esporte tão querido por nós? Essa tal provocação que não é violenta mas alegórica, como o famoso porquinho de Viola contra o Palmeiras (time que posteriormente defendeu) me parece bem-vinda. Vivemos num tempo que não se pode driblar pois isso é considerado humilhação por quem sofreu o drible.

Junto dos belos cânticos que as torcidas vem criando para saudar seus times, talvez devêssemos trazer de volta o conceito de “espírito esportivo” em detrimento desse gélido “profissionalismo” que é tão insuflado pela mídia, técnicos, jogadores e dirigentes ultimamente.