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Fábio Koff: A ruptura do Clube dos 13 é coisa da CBF e da Globo

Evidente que não vejo o Clube dos 13 como o “Eixo do Bem” do futebol brasileiro. Mas para mim está bem claro, há tempos, mais evidenciado ainda agora com todas as tramas e tramóias referentes a Copa do Mundo no Brasil e a essa enfadonha politicagem em torno de validações de títulos, de taças, de rachas, quem é o “EIXO DO MAL”. Acompanhe abaixo o depoimento de Fábio Koff, presidente do Clube dos 13, concedido e transcrito por Juca Kfouri e extraído por mim do blog do Luis Nassif.

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DEPOIMENTO FÁBIO KOFF

A ruptura do Clube dos 13 é coisa da CBF e da Globo

Dirigente acusa Ricardo Teixeira e Marcelo Campos Pinto por racha

SÓ ME RESTA LUTAR ATÉ O FIM. SE CAIR, CAIR DE PÉ. QUEM SABE SE NÃO LANÇO AGORA A LIGA?

JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA

Na tarde da última quarta- -feira, recebi em meu escritório, no andar de cima de minha casa, o presidente do Clube dos 13, Fábio Koff.

Havia alguns anos que não nos falávamos, fruto de divergências sobre os rumos da entidade que ele dirige. E de críticas ácidas, respondidas por ele no mesmo tom.

Considero que o reencontro de anteontem foi fruto da autocrítica de quem quer retomar um caminho, mesmo que pareça tarde demais.

Na despedida, e fiz questão de ir com ele até o carro, ouvi: “Estou velho para poder ter tempo de fazer novas reconciliações. Tenho certeza de que, com você, não será preciso mais nenhuma”.

Abaixo, seu depoimento, o mais fiel possível porque não foi gravado, mas submetido a ele antes da publicação.

“Não vim para me justificar. Até porque as coisas que não fiz não as fiz ou porque não soube, não tive competência ou força para fazer. E algumas vezes fraquejei.

Errei ao aceitar ser chefe da delegação da seleção brasileira na Copa da França. E fui muito criticado por isso, com razão de quem criticou.

Não queria ir, pensei em dizer não ao convite, mas até minha mulher argumentou que eu vivia criticando e que não poderia recusar ao receber aquela responsabilidade.

Fui, convivi pouco com o Ricardo [Teixeira, presidente da CBF], ele lá, eu cá, mas não posso negar que ele é tão poderoso como abjeto.

Fui traído muitas vezes ao longo desses anos, embaixo do pano, na calada da noite.

O Marcelo [Campos Pinto, principal executivo da Globo Esportes] e a CBF implodiram a FBA [empresa que geria a Série B] e fizeram um contrato de adesão da Série B.

Os clubes fecharam por R$ 30 milhões até 2016, quando poderemos chegar a R$ 1 bilhão por ano. Isso é inaceitável, os clubes menores vão morrer. Vão matar o futebol.

Fraquejei ao não fazer a Liga dos Clubes, como era nosso projeto de vida. Não me senti forte, respaldado o suficiente. O temor em relação a retaliações da CBF é grande, a ponto de ela ter extinguido o conselho técnico dos clubes e ninguém reclamar.

Esta ruptura do Clube dos 13 é coisa do Ricardo e do Marcelo. Eles são vizinhos de sítio e tramam tudo nos churrascos que fazem.

O Andres Sanchez veio até minha sala, encheu-me de elogios e avisou que o Corinthians ia sair. Eu até disse que entendia, que admitia que quem entra pode sair, mas que queria saber o motivo. Ele disse que, quando alguém pega um rumo, tem de ir até o fim. “Mas que rumo?”, perguntei. “O rumo, o rumo”, respondeu.

Convidei-o para a reunião. Ele disse que não, que era assunto para o Rosenberg [Luis Paulo Rosenberg, diretor de marketing do Corinthians].

Ele foi embora, mas tem dívida lá para pagar. Se pagar, ficará claro, para o Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica], inclusive, quem pagou.

Não falou nada em lisura e está cansado de saber que ganho, líquido, coisa de R$ 52 mil, mais dinheiro do que vi em toda minha vida de juiz, é verdade, mas salário a que faço jus e que, por iniciativa minha, é menor do que deveria ser pelo que fora decidido em Assembleia Geral.

Se prevalecesse a porcentagem sobre o contrato com a TV, seria muitíssimo maior, poderia chegar a R$ 5 milhões por ano, o que evidentemente seria um exagero.

Quanto a termos avisado os concorrentes sobre o ágio concedido à Globo, qual é o problema? Falamos com todos mesmo, com a Globo inclusive, que reagiu muito bem, em ligação que fiz à Márcia Cintra [braço direito de Marcelo Campos Pinto].

Juro que não queria mais uma reeleição. Mas, quando vi a armação para eleger o Kléber Leite, sem nenhuma conversa comigo, até meus filhos e minha mulher, que não queriam mais que eu ficasse, acharam que não, que eu tinha de ir para a luta.

E eu disse com todas as letras para o Marcelo que aquilo era coisa dele e do Ricardo. Ele desconversou, perguntou como estava a saúde de minha mulher, aquela coisa melíflua que ele faz sempre que é pego em flagrante.

E eles compraram votos, empréstimo para um, adiantamento para outro, mas não passaram de oito votos porque nós também trabalhamos sem descanso.

Antes, tinham nos oferecido pegar a segunda divisão para administrar, mas a proposta era tão iníqua que eu me revoltei e denunciei, o que deixou o Marcelo muito irritado. Ele não está acostumado a ser contrariado.

A gota d’água definitiva foi o contrato que o Palmeiras quis fazer no uniforme do Felipão, e a CBF disse que não podia porque era direito de comercialização dela, por causa de um artigo no regulamento das competições que, evidentemente, foi escrito pelo Marcelo, como eu disse para ele, por conhecer o estilo de escrita dele. E ele, constrangido, negou.

Notifiquei judicialmente a CBF. O Ricardo ficou uma fera. Soube que falou palavrão, perguntou quem tinha feito a “cagada”, ao mesmo tempo em que não se conformava porque, em vez de falar com ele, eu o havia notificado.

Ele resolveu que não falaria mais com o Clube dos 13, que só receberia clubes por intermédio das federações estaduais e que o Clube dos 13 não tinha existência legal porque não está no sistema esportivo nacional.

Na hora de pensar no contrato dos direitos do Brasileiro, fui ao Cade tratar do direito de preferência da Globo, que inviabilizava qualquer concorrência. Foi a vez de o Marcelo não me perdoar.

Azar dele. Montamos uma comissão de negociação em que fiz questão de dividir com dois eleitores que votaram em mim e dois que não votaram. Dei carta branca ao Ataíde Gil Guerreiro [diretor-executivo do C13], empresário vitorioso, competente e independente. O resultado do trabalho é precioso.

Só me resta lutar até o fim. Se cair, cair de pé. Quem sabe se não lanço agora a Liga?

Saio de sua casa honrado por nosso reencontro, disposto a ouvir as críticas que merecer e a lutar para, quem sabe, ajudar a evitar também a roubalheira que querem fazer em torno da Copa.

Aliás, e o Orlando Silva Jr.? Que decepção! Mas confio na Dilma. Ela não permitirá a farra que querem fazer.

Enfim, lamento ter perdido um companheiro como o Belluzzo [Luiz Gonzaga Belluzzo, ex-presidente do Palmeiras], um homem de bem, bem preparado, que fez um trabalho para refinanciar as dívidas dos clubes exemplar, estabelecendo teto para se gastar com futebol e escalonando o pagamento da dívida de maneira transparente, muito melhor que essa Timemania, que é uma bobagem.

E lamento que o Juvenal [Juvêncio, presidente do São Paulo] tenha se desgastado com os demais dirigentes do Clube dos 13, porque ele era o meu sucessor natural.

Minha vida foi toda muito boa, não posso me queixar e não me arrependo de nada, a não ser de poucas coisas no futebol que faria diferente. Cheguei ao C13 com um contrato de R$ 10,6 milhões, feito pela CBF. Nada no mundo se valorizou tanto como nossos direitos de transmissão.

Não sou homem de desistir e, com 80 anos, dou-me o direito de estar meio rabugento. Vamos ver como vou fazê-los engolir a rabugice.”

Clique aqui para ir à notícia

Blog do Nassif:

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-guerra-do-clube-dos-13?utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter

Para acompanhar pelo Twitter: http://twitter.com/luisnassif

Do blog do Juca Kfouri – Quem com ferro fere…

Embora a alegação do jogador e de seus procuradores seja a de que o São Paulo alterou o seu contrato sem aviso prévio e que nas novas bases o jogador sairia lesado, a real é que essa história ainda está bem nebulosa.

Parece também que Kia já tem articulada uma transferência de Oscar para algum grande europeu.

Especulações a parte, o Juca Kfouri aponta para um fato interessante e pertinente nessa história toda. Segue

Do blog do Juca Kfouri – Quem com ferro fere…

…ou pimenta no olho dos outros é refresco.

Escolha o adágio, qualquer um dos dois serve, mas a pergunta é:

E o Oscar vai para?

Não se sabe.

Sabe-se que no São Paulo ele não quer ficar, tanto que conseguiu sua liberação na Justiça do Trabalho.

Ao que tudo indica, seus representantes (Kia Joorabchian entre eles?) se aproveitaram de um vacilo no contrato do clube com o jogador, exatamente como já fez o São Paulo com outros atletas.

Escolha o ditado.

Só não vale aquele do ladrão que rouba ladrão, porque não é o caso.

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Em tempo: Oscar diz que foi intimidado por dirigente do São Paulo; ouça mensagem no celular

Na última sexta-feira, o superintendente de futebol do São Paulo, Marco Aurélio Cunha, deixou na caixa postal do meio-campista Oscar, 18, um recado que deve ser usado na ação que o atleta move contra o clube.
O meia conseguiu na Justiça do Trabalho liminar livrando-o do vínculo com o São Paulo, como revelou a Folha.

“Oscar, é o Marco Aurélio, você sabe o tanto que eu gosto de você. Eu acho que esse caminho foi horrível, esse caminho escolhido, e não será fácil. O São Paulo é muito forte. Acho que foi um erro estratégico imenso, e eu espero que você não tenha permitido porque ainda dá para reverter. Com certeza sua vida vai ficar difícil, porque a força jurídica do São Paulo [é grande] e os argumentos colocados são muito ruins e a força do São Paulo é muito grande. Me liga pra eu te orientar, meu filho, eu não quero você passe o que você vai passar. Me liga”, declarou Marco Aurélio na mensagem.

Ontem, o superintendente classificou a mensagem como “afetuosa” e reclamou da equipe que assessora o jogador. “Não tenho dúvida de que iriam usar isso [a mensagem] de má-fé”, falou ele, ressaltando que o verdadeiro interesse do agente de Oscar, Giuliano Bertolucci, é obter do São Paulo participação nos direitos do jogador.

“Eles são piratas somalis do futebol. Se o São Paulo perder isso, tem que fechar o futebol”, disse o dirigente são-paulino.

A diretoria crê que a estratégia das pessoas que cuidam da carreira do atleta é minar sua relação com a torcida. Assim, não teria mais clima para ficar.

Para conceder a liminar que livrou Oscar do vínculo até 2012, a juíza da 40ª Vara do Trabalho Eumara Nogueira Borges Lyra Pimenta aceitou argumentação do advogado do atleta, André Ribeiro, de que o acordo só beneficiava o clube.

A defesa alega que o jogador, ainda com 16 anos, foi obrigado pelo São Paulo a se emancipar e a assinar contrato de cinco anos. Nesta idade, a Fifa permite acordos de no máximo três.

Além disso, conta o advogado, o clube aumentou a multa rescisória de US$ 40 milhões para 40 milhões de euros e não subiu o salário de atleta no mês de setembro de cada ano, como previsto –isso passou a ser feito a partir de janeiro de 2008.

Independentemente da disputa jurídica, Oscar não volta ao São Paulo em janeiro. Estará com a seleção sub-20.

“Estou em lua de mel, desempregado e, como a família aumentou, preciso procurar outro clube para jogar”, contou ele, rapidamente, um dia após se casar na cidade de Americana, onde vivem seus familiares.

Ouça a mensagem que Marco Aurélio Cunha deixou na caixa-postal de Oscar:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/esporte/ult92u669623.shtml

La Mano de Dios – Copa 2014 e a novela Morumbi

Copa 2014 e a novela Morumbi

Direto do blog do Juca Kfouri:

Morumbi, o pomo da discórdia

O presidente Lula visitou o Morumbi ontem à noite.

E diante de não poucas testemunhas, virou-se para o ministro do Esporte, Orlando Silva Júnior, e ralhou:

“Diga ao Ricardo para parar de falar merda. É preciso abaixar a crista dele. O Morumbi é o estádio de São Paulo para a Copa do Mundo”.

O Ricardo, no caso, é esse mesmo que você pensou, o Teixeira, presidente da CBF.

Com quem o presidente da República anda meio desgostoso desde que Manaus foi escolhida em lugar de Belém.

Mas se Lula quer o Morumbi, não é só Ricardo Teixeira que não o quer.

O presidente da FPF não quer e o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab tem outra opção, a mesma de um grupo de empreiteiros e do presidente da FPF, Marco Polo Del Nero: o estádio em Pirituba, parte de uma grande obra com centro de exposições, edifícios residenciais etc.

Que depois seria utilizado pelo Corinthians, mesmo que seu presidente, Andrés Sanchez, subitamente, tenha ontem dito que apóia o Morumbi.

Coisa só para Lula ver.
(Fonte foto: http://esporte.ig.com.br/futebol/2009/06/23/em+campanha+por+copa+2014+sao+paulo+recebe+lula+no+morumbi+6912911.html)

O presidente do Flu envergonhou sua gente

“A minha paixão antiga, que a mulher dele não saiba, é o René. Esse namoro existe desde 2004, quando ele foi treinar as meninas lá em Atenas”, disse o presidente do Fluminense, Roberto Horcades, que também é médico, cardiologista.

Até aí uma declaração de amor ao técnico René Simões, sem preconceitos, como se lê.

Mas complementada por outra, abaixo da crítica, melhor exemplo do que há de pior no machismo:

“Ele conseguiu fazer com que as mulheres, com dois neurônios, fossem vice campeãs olímpicas”, arrematou o cartola.

Nelson Rodrigues se revirou no túmulo porque nem a grã-fina de nariz de cadáver, que perguntava quem era a bola, merecia semelhante grosseria.

Mario Lago teve certeza de que o cartola jamais conheceu Amélia, a que era mulher de verdade.

Chico Buarque de Hollanda corou e pediu desculpas às suas mulheres de Atenas.

Jô Soares, sem querer interromper, mas já interrompendo, mandou rodar o reloginho e não voltou mais.

Ivan Lins pediu a Dinorah para ignorar, fazer de conta que não ouviu.

E Arthur Moreira Lima sentou-se ao piano e tocou, constrangido, Macho Man… Definitivamente, o Fluminense já foi mais fino e muito mais inteligente.

Fonte: BLOG DO JUCA http://blogdojuca.blog.uol.com.br/

Tri/hexa em terra de cegos

Confira abaixo a coluna do Juca Kfouri, publicada na Folha de São Paulo de ontem (08/12):

JUCA KFOURI

Tri/hexa em terra de cegos


A nova conquista do São Paulo apenas reforça uma superioridade histórica que faz a hegemonia tricolor

NEM A rocambolesca história da FPF com a CBF evitou o título são-paulino.
Em 38 campeonatos brasileiros, o São Paulo ganhou seis, como ninguém, três seguidos, inédito também. Quase 1/6 dos títulos num país que tem, pelo menos, mais 11 clubes que, em tese, poderiam disputar a hegemonia com o do Morumbi. Poderiam. Alguém dirá que Flamengo, Corinthians, Palmeiras e Vasco não estão assim tão distantes, cinco ou quatro vezes campeões.

E quem disser se esquecerá que às inéditas conquistas de ontem devem se somar outras tão exclusivas como os tricampeonatos mundiais e continentais e que Corinthians, Palmeiras e Vasco até caíram.

E, para quem quiser argumentar que de título mundial, oficialmente, foi apenas um, devolva-se o argumento de que aqui se reconhece o pentacampeonato brasileiro rubro-negro da mesma forma que todos os Mundiais anteriores à participação formal da Fifa.

Coerência que, por sinal, falta à direção do São Paulo, cuja maior qualidade está em ter, ao menos, um olho, quando a falta de visão é a marca registrada de seus concorrentes próximos ou mais distantes.

Porque tanto não há nada de extraordinário como modelo de gestão no São Paulo que até agora sua diretoria não foi capaz de atender à mais banal de suas obrigações, a com seus clientes, que, em regra, padecem, como padeceram em 2008, para simplesmente comprar um ingresso. E olha que neste ano o são-paulino foi pouco ao Morumtri.

Se é inegável que a cartolagem tricolor é a que está mais perto de fazer o óbvio, ao ter o estádio que tem, os centros de treinamento e de recuperação de atletas que tem, a política de manutenção dos técnicos e das comissões técnicas que tem, não é menos verdade que a campanha pelo sócio-torcedor está muito aquém do que já se obteve no Inter.

Não será demais lembrar, ainda, que até mesmo a postura oposicionista nas eleições da CBF já faz parte do passado, porque hoje estão todos alegremente no mesmo barco, guardada a posição crítica apenas para a FPF e isso porque seu presidente quer porque quer fazer o seu estádio para a Copa no Brasil.

Finalmente, sem nenhuma diminuição da fabulosa campanha do São Paulo no segundo turno, o fato é que se o tricolor fez por ganhar, seus rivais fizeram ainda mais por perder -como o Flamengo ao vender seu artilheiro Marcinho; o Grêmio ao vender seu meia Roger (muito embora aí seja difícil dizer por quanto tempo ele faria a diferença e Tcheco tenha voltado muito bem); o Palmeiras ao vender sua alma, além de Henrique e Valdivia, e o Cruzeiro seu atacante Moreno.

O São Paulo, ao contrário, manteve o que tinha de melhor. Deu no justo tricampeonato, obtido ontem com uma atuação que não deixou dúvidas, mesmo com o gol de Borges em clamoroso impedimento. Porque o São Paulo jogou com a determinação dos campeões, do maior campeão do futebol nacional.