Tudo começou no dia 15 de outubro de 2011. A partida era Liverpool vs. Manchester United válida pelo 1º turno da atual temporada da English Premier League. Partida que terminaria em 1×1. Tudo normal até então.
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Até que foram levantadas acusações de abuso racial do uruguaio Luis Suárez do Liverpool contra o francês Patrice Evra do Manchester United por parte da Football Association.
A partir daí houve aquele sim contra não entre as partes envolvidas.
O Liverpool apoiou Suárez, apelando inclusive para as origens multirraciais do uruguaio.
Mas na Inglaterra as coisas são sérias e a FA conduziu investigação de nível profissional a partir das imagens do episódio.
Como o uruguaio dirigiu-se a Evra em espanhol, até especialistas em leitura labial e interpretação na gloriosa língua de Cervantes foram chamados para dar o máximo de credibilidade ao processo.
As evidências contra Suárez eram irrefutáveis, apesar das negativas de racismo por parte do uruguaio. Condução séria de algo grave foi a palavra de ordem na FA.
A sentença estava definida. Luis Suárez levava oito jogos de suspensão.
Manchester, 11 de fevereiro de 2012. Passados quatro meses do triste episódio, lá estavam os mesmos Manchester United e Liverpool perfilados em Old Trafford.
E antes mesmo do apito inicial, a coisa esquentou, e para valer.
No momento dos cumprimentos de praxe, lá estava Patrice Evra, a vítima, em postura magnânima, oferecendo-se a cumprimentar seu algoz.
Eis que Luis Suárez recusa-se a fazê-lo, tirando a mão da direção da mão de Evra com rispidez.
Parecia ali que Suárez sentia-se vitimizado pelas denúncias de Evra na FA, culpando o francês pelo longo gancho recebido.
Gesto que gerou mais confusão durante a partida. Logo no primeiro lance, Evra e Suárez quase se estranharam.
No intervalo mais confusão. As câmeras não mostraram, mas relatos garantem que os jogadores de ambos os lados se pegaram à tapa no caminho para os vestiários.
Ah, o jogo? Sim, este foi decidido em dois minutos, no início do 2º tempo mais precisamente. Tudo por conta e obra de Wayne Rooney. Luis Suárez diminuiria o placar, pouco demais tarde demais. Vitória do United.
E a confusão continuou.
Alex Ferguson declararia no pós-jogo que o uruguaio não deveria mais jogar no Liverpool. O ídolo do futebol inglês, Kenny Dalglish, técnico do Liverpool, a princípio defendeu seu atleta.
As coisas começaram a mudar no dia seguinte.
O Liverpool veio a público para deixar claro que foi “enganado” pelo seu jogador, insinuando que o uruguaio colocaria uma pá de cal no triste episódio.
Até que o próprio Luis Suárez soltou esperada declaração. Tudo para assumir o grave erro, que deveria ter dado a mão ao francês.
Mea culpa inútil ou antes tarde do que nunca?
Obviamente, o mundo condena Luis Suárez, e não sem razão. Após ofensas racistas, a recusa de encerrar a confusão com novo e grave equívoco.
Tentar buscar algo de positivo e perdoável no ato (praticamente não há) é tarefa hercúlea.
As esperanças de Suárez em ganhar a compreensão humana talvez residam em algo que Chico Buarque dissera há muito: “Deus permite a todo mundo uma loucura”.
Que o triste fato ocorrido em Liverpool e Manchester tenha sido a única loucura da vida de Luis Suárez permitida por Deus.
City ainda líder
Tudo muito bonito e legal para o United no sábado, mas o City não sucumbiu à pressão imposta.
No domingo, a equipe de Roberto Mancini foi a Birmingham e fez 1×0 no Aston Villa em partida difícil com gol de Jeoleon Lescott no 2º tempo.
Vitória que levou o City a 60 pontos, mantendo a liderança, contra 58 do United.
O Tottenham Hotspur aplicou impiedosos 5×0 no Newcastle, que cai pelas tabelas. Os Hotspurs ficam com 53 pontos à espreita de eventuais mancadas da dupla de Manchester.
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O show do Tottenham vem em semana de demissão de Fabio Capello por conta do affair “John Terry e a braçadeira de capitão que vale ouro na seleção inglesa”. Qual a relação? Ninguém menos que Harry Redknapp, atual treinador dos Hotspurs, surge como o mais cotado para dirigir o English team na Eurocopa que se aproxima.
Tudo muito legal, mas quem pode levar a pior em mais uma confusão do futebol inglês é o embalado Tottenham, que corre o risco de ficar sem seu treinador.
O irregular Chelsea levou 2×0 do Everton e quem agradeceu, e muito, foi o Arsenal. Os Gunners foram a Sunderland e garantiram vitória por 2×1 em cima da hora com gol salvador de Thierry Henry. Agora o Arsenal sobe para 4º lugar e o Chelsea fica em 5º, ambos com 43 pontos.
Helter Skelter
“Vaidade das vaidades. Tudo é vaidade!” Já dizia o Eclesiastes. Após tantos imbróglios, tantas confusões, a coluna não poderia terminar de outra forma, a não ser a clássica dos Beatles, “Helter Skelter”, com Sir Paul McCartney no Morumbi, São Paulo.
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