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DE QUEM É A CULPA?

Kleina segue no comando do Palmeiras na temporada (Foto: Eduardo Viana/LANCE!Press)
Kleina segue no comando do Palmeiras na temporada (Foto: Eduardo Viana/LANCE!Press)

O Palmeiras está eliminado do Paulistão 2014. Mais um vexame diante da torcida no Pacaembu. Desta vez, para o modesto Ituano, dono da melhor defesa do Estadual (10 gols sofridos), porém clube da Série D do Campeonato Brasileiro. Mesmo assim o bom elenco alviverde não resistiu as baixas inesperadas de Fernando Prass, Alan Kardec e, principalmente, Valdívia e deu adeus ao sonho da conquista do título.

Embora a cabeça do palmeirense esteja inchada, o trabalho tem, e deve, continuar.

Após o apito final, notei certo conformismo com a derrota por parte de alguns torcedores.

Na volta, caminhávamos em direção à Avenida Paulista e a impressão que se tinha é que virou uma triste rotina o Palmeiras fracassar em decisões. O pessoal estava revoltado, mas não se ouvia um comentário sequer em tom de desabafo do amigo do lado. Apenas um melancólico silêncio. E isso é extremamente preocupante.

Por outro lado, o palestrino não deve se culpar. Afinal, durante esta maré de azar que insiste em não passar, não houve tempo ruim que o afastasse de fazer sua parte. Neste fatídico 30 de Março de 2014, foram quase 30 mil vozes que, a plenos pulmões, empurraram os comandados de Gilson Kleina em busca do principal objetivo: a vaga na final.

Não deu.

Mas, e agora? Quem culpar?

O técnico?

Os jogadores?

A Diretoria?

As Organizadas?

Se analisarmos pela ótica imediatista, algo natural na cultura do futebol brasileiro, Kleina realmente não ostenta de bons resultados até o momento em seus quase dois anos à frente de um dos maiores clubes do Brasil. Foram diversas eliminações, exceto a tranquila campanha na Série B de 2013, que não passou de obrigação. Fora isto, a trágica desclassificação para o Galo de Itu torna-se apenas mais uma na lista do atual treinador. Que tem seus méritos e é bom técnico, mas merece ser cobrado.

Alguns atletas que entraram em campo chamaram a atenção pela apatia e, sobretudo, falta de personalidade. Casos de Leandro e Bruno César. Principalmente o primeiro, que depois que virou jogador definitivo do Palmeiras esqueceu de jogar bola.

Totalmente inoperante.

Já o camisa 30 merece uma ressalva por ter acabado de chegar. Entretanto, este Bruno César não é nem sombra do efetivo jogador que se destacou no Santo André e Corinthians em 2010.

Precisa se condicionar o mais rápido possível.

Não vou nem citar Vinícius.

Por incrível que pareça, os únicos que, a meu ver, não tem culpa no fiasco é atual Diretoria.

Não há como negar que Paulo Nobre vêm realizando um bom trabalho no processo de reestruturação e reconstrução do clube. Aos poucos, tem obtido êxito. O problema é que o rombo é muito maior do que se possa imaginar. E, infelizmente, a pressão é refletida no campo quando o resultado não é o esperado.

Pior do que a eliminação, foi a atitude de alguns integrantes da Organizada, que, por sinal, é desafeta declarada do atual presidente.

Enquanto eu e meus amigos comíamos um lanche após a partida, fomos surpreendidos por um pequeno grupo que subia uma das ruas que dão acesso ao metro. O bando  entoava gritos de pura revolta contra à diretoria e, especialmente, sócios do Avanti. Como se a culpa pela derrota fosse de quem faz parte do programa. E, eles, torcedores exclusivos, “que acompanham o time aonde ele for”, fossem mais palmeirenses que todos os outros e, assim, estivessem no justo direito de cobrar e hostilizar o torcedor comum.

O verdadeiro palmeirense.  O maior patrimônio do clube.

Sou contra o fim das Organizadas, mas, muitas vezes, as atitudes de alguns membros, como esta e outras que são do conhecimento de todos, como os atos de violência, corroboram para que se forme uma opinião totalmente negativa quanto a eles.

E aí, torcedor alviverde? De quem é a culpa?

KLEINA SUBIU NO TELHADO?

Na análise da 1ª partida entre Palmeiras X Atlético PR, defendi a capacidade técnica do time alviverde em fazer frente a equipes da série A. Aquele jogo do Pacaembu, diante de um dos líderes do BR13 dava essa sensação. O atropelo alviverde contra as equipes da série B dava a prova cabal que era aquele time, se não um time para disputar a série A como um verdadeiro Palmeiras, estava acima do nível da série B. Em torneios eliminatórios como a Copa do Brasil as discrepâncias técnicas tornam-se muitas menos evidentes.

Eu disse também, que um possível revés diante do mesmo Atlético PR no jogo de volta não apagaria o que esse time alviverde vinha fazendo até então. Mas os 3X0 do jeito que foram fazem necessária uma reavaliação.

Até onde vai esse “até então”?

Esqueça a derrota contra o Boa, com time misto, em semana decisiva pela Copa do Brasil. As últimas vitórias haviam acontecido com enormes dificuldades, já sem o encantamento que essa equipe havia gerado no início da série B. Sempre de virada, sempre baseado na atuação destacada de uma ou duas peças.

O Atlético PR não é o Paysandu, não é o Paraná. E por mais absurdo que possa parecer, a perda da qualidade no jogo alviverde se deu desde a nova contusão de Valdívia – que ficou fora da 3ª decisão em mata mata do Palmeiras no ano, onde perdeu as 3. O time não pode depender de um cara com o qual não pode contar.

Internamente o clube vive momento de paz. A politica de contenção de gastos tem gerado resultados, fechamentos no azul e pagamento de parte das dívidas com os jogadores. Por que então a acomodação das últimas partidas? O oba-oba desmedido vendido pela imprensa e comprada pela torcida? Muito provável.

Gilson Kleina faz muito bom trabalho, mas não passa a impressão de ser um técnico casca grossa. Deve ser bom treinador, não um bom líder. Mas sem saber como ocorre internamente, ficamos apenas nas impressões. Como é latente a impressão que tenho sobre não ser ele o técnico dos sonhos de Paulo Nobre, que nunca discursou palavras de encantamento pelo treinador, mas diante dos bons resultados pouco tinha a fazer no sentido de mudanças.

Torcedor no papel de gestor, Nobre mete os pés pelas mãos quando fala, em nome do Palmeiras, como torcedor. Tem todo o direito de ser contrário a alguns aspectos do trabalho da comissão técnica. Ele vive o dia a dia do clube, sabe melhor que ninguém o que ocorre. O torcedor das ruas não. E é esse torcedor que irá replicar por ai a impressão deixada por seu presidente.

Esse torcedor aprendeu a conviver na virada do ano com o discurso de ser a série B a obrigação desse time.  O que é a realidade. Os resultados nesses campos vieram, gerando tempos de paz. A enorme diferença do time para os outros da série B, trazendo à tona a possibilidade de igualar forças com gente da elite, transformou a parcimônia do torcedor em sonho palpável, que acabou destruído na noite dessa quarta-feira. Não terá Libertadores no ano do centenário. Esse é o fato.

E esse centenário parece transformar o clube em refém. Será Kleina o técnico com gabarito para conduzir o time em temporada tão importante?

O título na Copa do Brasil poderia gabarita-lo a ser. Não será mais. A taça da série B, como é dito, não passa de obrigação. Se Nobre aguardava os resultados dos campos para acreditar em Kleina no Centenário, a derrota do jeito que veio diante do Furacão parece ter atestado ao mandatário que ele precisará ir ao mercado. Mas buscar quem? Seu amigo Luxemburgo, empregado e em péssima fase? Tirar Mano Menezes do Flamengo me parece improvável. Técnicos estrangeiros e acostumados a lidar com elencos riquíssimos podem ser apostas perigosas.

Não são tempos nebulosos no alviverde, por ora. Mas são tempos de muita ponderação. O mais correto é terminar a temporada como está, com Kleina conduzindo o time. Buscar refazer aquela aura perdida nos últimos jogos e voltar a cumprir com sua obrigação na série B. Que é o que sobrou para o Palmeiras até o fim de 2013.

 kleina

GILSON KLEINA É O NOVO TÉCNICO DO PALMEIRAS.

Gilson Kleina é o novo técnico do Palmeiras. O que isso pode significar varia bastante do quanto se imagina ser possível a capacidade de raciocínio lógico da direção do alviverde.

A idéia era fechar com Paulo Roberto Falcão até o fim do ano. A desconfiança em torno do nome do treinador de poucos resultados práticos leva a crêr que esta seria uma opção para preencher o buraco. Mais ainda quando se sabe que Jorginho era o nome predileto, mas que este só poderia assumir em janeiro.

Querendo ter um trabalho mais longo, mas também sabendo dessa preferência da direção palestrina, Falcão “teria” pedido algo em torno de 500 mil mensais.  Perto do que recebia Felipão.

Justa pedida. Injusto para o clube que sua direção pagasse tudo isso para um treinador com pouquissimos resultados na carreira.

Paralelo a tudo isso, Gilson Kleina  era o nome. E para ele foi feita uma proposta mais perto da realidade e com continuidade. Para tentar salvar o time do rebaixamento em 2012, mas também para conduzi-lo na Libertadores e em todo o restante da temporada 2013, lhe foi oferecido 300 mil mensais.

Kleina que vem de um trabalho muito bom na Ponte, não titubeou e aceitou. É o primeiro trabalho em um clube de ponta. Na mesma medida em que será o maior desafio de sua carreira.

Aos que torcem o nariz por não ser um treinador ainda de ponta, vale lembrar que Luxemburgo, Muricy e Felipão passaram pelo Palmeiras desde 2008. Vale lembrar também que em 1993 Luxemburgo veio do Bragantino para tornar o Palmeiras multicampeão.

Se salvar o Palmeiras da degola, vira herói. Se não salvar, chega com uma bagagem vitoriosa na série B, onde subiu com a Ponte em 2011.

Eu duvido que a direção alviverde tenha ponderado sobre tudo isso ao contrata-lo. Duvido que a direção palmeirense pondere sobre qualquer coisa. Mas sem querer podem ter conseguido acertar na contratação.

Gilson Kleina, novo técnico do Palmeiras. É a cara do Ulisses Costa da rádio Bandeirantes.