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REVANCHE NO FUTEBOL FEMININO

Japão e Estados Unidos vão à final do torneio olímpico de futebol feminino, reeditam a final da última Copa do Mundo, na Alemanha em 2011, e ratificam hegemonia na categoria repleta de reveses nos últimos tempos.

 

 

Alexandra Morgan comemora gol decisivo na prorrogação

França 1×2 Japão

Wembley, Londres

Jogando num Wembley sem lotação máxima, a Seleção Japonesa entrava no mítico gramado londrino carregando nas costas reputação de time campeão do mundo. Não era para menos, além do título mundial de 2011, estava em campo a craque camisa 10 da equipe, Homare Sawa, também eleita a melhor atleta do mundo na modalidade.

Atributos recheados pelo sucesso obtido sobre o Brasil nas quartas-de-final em vitória por 2×0 das campeãs do mundo.

Agora nas semifinais, as nipônicas teriam pela frente a boa seleção da França que eliminara a Suécia.

E, diferentemente, da partida contra o Brasil, quando a opção foi atuar fechado e explorar o contra-ataque, o Japão tomou as rédeas do jogo ao apresentar maior volume que as adversárias europeias.

O placar seria aberto com Yuki Nagasato aos 32 minutos de jogo e ampliado no início do 2º tempo com Misuho Sakaguchi.

As francesas ainda tentariam voltar ao jogo com gol de Eugenie Le Sommer aos 31 minutos, mas foi insuficiente.

Japão na final.

 

Canadá 3×4 Estados Unidos

Old Trafford, Manchester

Em Manchester, as estadunidenses tiveram que buscar placar deficitário em três ocasiões e marcar nos acréscimos da prorrogação para alcançarem a chance de revanche contra as japonesas.

E foi um clássico norte-americano altamente emocional até mesmo para os parâmetros do competitivo futebol profissional masculino, afinal, que tal um jogo com virada, hat trick da atacante canadense, arbitragem polêmica, gol olímpico e outro gol ao apagar das luzes?

Christine Sinclair exulta com seu hat-trick

A artilheira canadense, Christine Sinclair, abriu os trabalhos em Manchester com conclusão após bela jogada em conjunto aos 22 minutos.

As vice-campeãs do mundo empatariam de forma inusitada após cobrança de escanteio de Megan Rapinoe em lance bizarro, já que a bola passaria por entre as pernas de Rachel Buehler e por muito perto do restante da zaga canadense.

Sinclair desempataria aos 22 minutos do 2º tempo.

Gol que somente não teve impacto destrutivo nas estadunidenses devido a chute fatal de Megan Rapinoe apenas três minutos depois.

Três minutos de um lado, três minutos do outro. O jogo comprovava sua emoção a toda prova quando Sinclair alcançaria o hat trick aos 73 minutos.

Com o Canadá em vantagem e os nervos à flor da pele, lance raramente anotado pela arbitragem mudaria a história do jogo para prejuízo de Sinclair e companhia.

A goleira McLeod seria pega em flagrante pela árbitra norueguesa Christina Pedersen por exceder o tempo de posse de bola para recolocá-la em jogo. Resultado: tiro livre indireto para os Estados Unidos dentro da área canadense.

A polêmica não ficaria por aí. No sequência, Rapinoe acertaria a barreira canadense e a bola tocaria nos braços de Tobin Heath. Pedersen apontaria a penalidade máxima.

Apesar da reclamação canadense, Abby Wambach empataria a 10 minutos do final.

Na prorrogação, as estadunidenses tiveram maior intensidade e volume de jogo, mas o gol viria, de forma dramática, em cabeceio de Alexandra Morgan aos 123 minutos de jogo quando todos já aguardavam as penalidades decisivas.

Vitória emocional dos Estados Unidos que tiveram a partida transmitida em horário nobre e em tv aberta em sua terra natal. Algo notável para o soccer na América.

 

Agora, virá a reedição da final da Copa do Mundo da Alemanha de 2011, Japão versus Estados Unidos, desta vez em Wembley, na próxima quinta-feira. E as estadunidenses terão a chance de devolver a derrota do ano passado.

Que seja uma grande final para aliviar os reveses que o futebol feminino tem enfrentado mundo afora. Basta recordar o encerramento das atividades do brasileiro Santos FC na categoria ou da própria liga profissional norte-americana na modalidade.

Vocês vão ter que me engolir – Contratação de peso no Corinthians

E não é no time do Mano Menezes.

Cristiane acaba de fechar contrato com o time feminino do Corinthians até 30 de novembro. E olha que ela não a única medalhista no time – Fabiana foi reserva nas Olimpíadas.
Para este time não terá para ninguém.

O Corinthians está liderando o campeonato ao lado do Santos (ironia né?).

São poucos clubes que já tem times femininos. No estado de São Paulo é onde estão a maioria. Este Campeonato Kaiser Paulista esta sendo promovido pela Federação Paulista de Futebol Amador com apoio da Liga Nacional de Futebol. Taí, futebol feminino fazendo bonito…

Os dois lados da Moeda – Futebol feminino

Escrevo essa mensagem no intervalo de Brasil e Gana, jogo que decidirá a classificação de uma dessas equipes para a Olimpíada de Pequim. O jogo não está ganho, mas tudo indica que o Brasil levará. Os compromissos profissionais me impedem a cautela de resenhá-lo após o apito final mas a ansiedade de lançar algumas linhas acerca da partida me impõe a falta de tal precaução.

Em matéria de esportes, eu sou um romântico. Ok, esporte desde sempre é competição. Mas deixem-me em paz com meu romantismo. Talvez por isso eu tenha certa tendência a preferir competições femininas. Profiro ver vôlei feminino ao masculino. Basquete feminino ao masculino. Tênis feminino ao masculino. E agora surge o futebol. Ainda não posso dizer que prefiro o futebol feminino ao masculino em termos de clubes, mas no que concerne à seleção, a feminina do Brasil tem muito mais a minha simpatia.

Essas meninas são, acima de tudo, boleiras – não são atletas. Talvez pela menor capacidade física do corpo feminino, haja mais espaço para a palsticidade do esporte quando por elas praticado. Há mais espaço, o jogo tem mais cadência. A força é menos importante, ainda vemos o lúdico da habilidade – que ficou tão claro no segundo gol do Brasil nesse jogo.

Um paralelo meio torto pode esclarecer minhas idéias: pensemos na Fórmula 1, esporte em que a performance dos veículos, dado o grau dos avanços tecnológicos, tornou a competição algo extremamente chato e previsível. Os carros não quebram, a margem para o talento ficou reduzidíssima. O que se viu nos últimos anos foi a progressiva proibição de dispositivos que melhoram a performance mecânica dos bólidos, visando restituir-se algo da competitividade perdida.

O esporte feminino me remete a Fórmula 1 dos anos 70/80. O masculino, muitas vezes, me remete à Fórmula 1 da virada do milênio – algo que pode ser tão tedioso quanto uma valsa que se dança com a prima da sua avó.

PS: quando comecei a escrever essa mensagem o jogo estava Brasil 2×0. Ao terminá-la o placar marcava 5×0.