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Ralf é Seleção! E agora?

Ralf tem lugar cativo no time titular do Corinthians

O nobre treinador Tite já diz há muito tempo, e eu tendo a concordar com ele: Ralf é ohoje o melhor do Brasil em sua posição. Vindo do indeciso time do Grêmio Barueri antes deste se tornar Grêmio Prudente e depois voltar a ser Grêmio Barueri, o volante virou peça-chave na equipe do Parque São Jorge, fosse quem fosse o treinador. A princípio seria reserva de Marcelo Mattos, que veio para substituir Cristian, mas assim que entrou no time, não saiu mais. É exemplo de regularidade, tanto é que – em um post que fiz com alguns recados para jogadores do clube – até me esqueci de citá-lo. Portanto, o reconhecimento ao seu futebol veio em hora mais do que certa. O que fica é a preocupação: em sua posição, o que há disponível são dois resquícios do time que caiu para a segundona: Moradei e Bruno Octávio. Há ainda a opção de improvisar o novato Edenilson, que vem correspondendo quando entra em campo. Porém, Edenilson é segundo volante, com estilo de jogo mais parecido com o de Paulinho. O desfalque ocorrerá justamente na partida contra o Santos, que o rival pediu para a CBF adiar novamente, dada a convocação de suas estrelas Neymar e Ganso. Confesso que não me desagradaria este novo adiamento, já que a proteção à zaga que Ralf promove seria prejudicada com sua ausência.

Outra preocupação: os outros volantes corintianos convocados por Mano Menezes, Jucilei e Elias, foram negociados tão logo estrearam com a camisa amarelinha. Será que Ralf seguirá o mesmo caminho? Se sim, fico imaginando quem teríamos disponível no mercado para substituí-lo. A melhor opção, Cristian, é caro e difícil de trazer. Esperemos.

Sobre a derrota para o Cruzeiro, tenho a dizer que não chega a assustar, mas é bom que Tite fique atento. Ainda vai demorar para termos a volta de Liedson ou a estreia de Adriano.  Vai ser complicado passar as próximas rodadas sem um jogador-referência na área. A única opção na posição de centroavante é o jovem Elias Oliveira, de 19 anos. Emerson joga bem, mas não parece ter a manha de permanecer na área, é mais de movimentação. Aliás, queria pedir ao Sheik que parasse de se preocupar tanto com firulas. Faça o simples, a Fiel agradece.

Hoje deixo vocês com Deep Purple tocando “Burn” no festival California Jam, de 1974. Destaque para a fenomenal divisão de vozes entre David Coverdale e Glenn Hughes.

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Raça, Timão!

Saudações alvinegras.

 

Em meio a discussões a respeito de estádio, influência ou não do governo e da CBF, dinheiro daqui e de acolá, Itaquera ou Higienópolis, ou até mesmo discussões acerca de contratações, Tevez ou não Tevez no Corinthians, de onde vem a grana, a Globo banca? Não vem por quê? Enfim, o Corinthians vem sendo o principal assunto das últimas semanas e eu pensei muito em escrever a respeito de algum desses temas, mas depois do jogo contra o Botafogo, sinto a necessidade de ressaltar algo que há muito tempo não via no todo-poderoso: raça!

Foi isso o que eu pedi ano passado depois da derrota (2×1 pra nós) para o Flamengo no Pacaembu. Enquanto metade da torcida apoiava aquele time apático, eu só gritava “Raça, Timão, você é tradição!”. Foi raça o que eu pedi ao time durante todo o brasileiro. Sentia falta da raça de Cristian e, por que não?, do próprio Carlitos.

Cristian em disputa de bola com Arouca.

 

Esse time de hoje já mostrava raça individualmente em alguns momentos, com Jorge Henrique, Ralf, Chicão… Mas o coletivo ainda não havia me convencido de que era algo além de um time mediano em boa fase.  Talvez não tenhamos os melhores jogadores, astros da seleção da CBF (vergonhosa), mas temos um time que está brigando a cada jogo, a cada lance. Nossa invencibilidade reflete o momento do time, que consegue vencer jogando bem e consegue se virar jogando mal. Não estou escrevendo nada baseado em resultados (por favor, entendam), mas os resultados são um prêmio aos esforços do time.

Quando vi o dedo do Julio Cesar completamente torto, já comecei a imaginar qual jogador da linha iria cobrir a nossa meta nos últimos instantes do jogo. A lesão era óbvia. Mas, ao ver nosso guarda-redes vestir sua luva e permanecer em campo, o time se inflamou, nossa torcida se inflamou, e o resultado apareceu.

Julio Cesar ao ver a lesão em seu dedo.

Sinto-me na obrigação de parabenizar o time por sua atitude em campo, personalizada na dor e no sacrifício de Julio Cesar e espero que eles realmente entendam que é isso o que a gente espera de cada atleta que veste o manto sagrado.

Para finalizar, uso as palavras do nosso arqueiro ao ser indagado sobre o porquê de permanecer em campo após a contusão: “Aqui é Corinthians!”

Escrevendo este texto fiquei com muita vontade de ouvir Pennywise. Fica Bro Hymn pra vocês.

Vai, Corinthians!

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Pequenos mitos

Tite ainda não encontrou substituto para Elias

Recentemente, nosso treinador disse que a saída de Elias do time foi preponderante para a eliminação do Corinthians na pré-Libertadores. Não posso deixar de concordar, pelo menos em parte. É claro que o fato de Ronaldo ter estendido a carreira mais do que devia e Roberto Carlos estar pouco se lixando com o clube também contribuíram para o mau desempenho. Mas a declaração de Tite leva a uma reflexão: por que é que os clubes, depois de conseguirem chegar numa formação tática bastante eficiente, acabam por criar uma extrema dependência das peças integrantes desta formação? Elias, que começou a carreira como atacante, e chegou ao Corinthians como meio campista, foi treinado por Mano Menezes para ser segundo volante. Um volante ofensivo, com muita velocidade e uma bela pontaria em chutes de fora da área. Sem Elias, negociado com o Atlético de Madri, temos Paulinho, que não é mau jogador, mas a cada mil chutes de fora da área, acerta um. Edenilson, vindo do Caxias-RS, chegou como promessa de ser o “novo Elias”. É um jogador jovem, e não dá pra saber se vingará. Tite queria Fábio Simplício, que a Roma não liberou. Sinceramente, nem sei se seria uma boa opção.

Fato é que os times às vezes ficam muito dependentes de jogadores com uma característica específica. Quem não se lembra da incessante busca por um meia-armador, após a saída de Ricardinho? Isso não é exclusividade do Corinthians, claro. Veja o Palmeiras penando para ter um centroavante, e tendo Wellington Paulista como única opção viável. Veja o São Paulo tendo que esperar a recuperação de Luís Fabiano. Já comentei aqui neste mesmo espaço sobre a escassez de laterais-direitos. Mas é de se pensar no caso de jogadores tidos como indispensáveis, o que encarece seus passes e estigmatiza seus possíveis substitutos. Temos Ralf, mesmo assim negocia-se ad eternum com Cristian (e no caso dele, bastava um aumento de salário para que ele ficasse). Não que os dois não possam jogar juntos, mas o segundo – se voltar – volta com um salário muito maior do que o ganharia se tivesse permanecido, mesmo com aumento. O próprio Douglas, hoje no Grêmio, fez falta no meio de campo do Timão. Aí tivemos Bruno César com seus altos e baixos, Morais com seu desespero e Danilo com sua lentidão. Hoje temos este mesmo Danilo fazendo boas apresentações e Tite já cogitando mantê-lo no time, com o contratado Alex ficando no banco (Não, Adenor, não!!!). Fato é que a equipe vem se acertando, e talvez até tenha chance de brigar pelos primeiros lugares no Brasileirão, apesar da disputa ser acirrada. Vamos observar.

Uma fábula

Conta certa lenda que um homem caminhava após enfrentar uma tempestade de neve. Aí ouve um barulho, e vê uma cobra ferida e quase morta de frio. A cobra clama por socorro (lembre-se de que isso é uma lenda). O homem argumenta: “mas você pode me picar!”, e a cobra retruca: “Estou ferida, não posso te causar nenhum mal”. O homem então resolve levá-la para casa e cuida da cobra. Durante algum tempo, os dois convivem em harmonia. Certo dia, ao se aproximar da cobra, recebe uma picada fatal. Perplexo, pergunta: “Mas o que é isso? Salvei sua vida, te alimentei, e agora você me envenena?”. A serpente respondeu: “Mas você sabia que eu era uma cobra, né?”.

Não perde a balada, nem o peso.

No começo deste ano, o Corinthians contratou Adriano. Sem mais.

Fiquem com Beatles, “Two of us”. Destaque para a belíssima linha de baixo de George Harrison (sim, nesta Paul ficou só no violão e voz).

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A próxima página

Corintiano desde criancinha.

Meu caro Tite, me perdoe, por favor, se eu não te faço um elogio*. Se o Corinthians tivesse a sorte de ganhar o Campeonato Paulista, o título da coluna seria outra referência a Chico Buarque: “Apesar de você”. Porque Tite, por mais que eu não considere você mau técnico (pelo contrário, acho que tua primeira passagem, em 2004, foi heróica), achei que desta vez você teve comportamento apático e desinteressado. E isso de certa forma refletiu no modo do Corinthians jogar. Claro que não é só demérito seu. A diretoria contratou mal. Tomou atitudes pra lá de estranhas, como o afastamento de Bruno César (ok, talvez ele tenha feito algo muito errado, mas o time é limitado e precisava dele em campo). Porém, meu caro Tite, nada explica tua insistência em colocar Jorge Henrique numa posição em que ele não é meia, nem atacante. Ele próprio não soube explicar a posição em que estava atuando. Também não entendi muito o fato de você preferir o Leandro Castán ao Paulo André, mesmo depois de ele ter se recuperado, mas nessa você deu sorte ao menos uma vez: Castán arrebentou no primeiro jogo da final. Faltou alguém para finalizar. Mesmo assim, parabéns por ter chegado à final do campeonato. Chegamos longe. Venceu o melhor time do Brasil, treinado pelo melhor técnico. Deu a lógica, como disse o santista Greg em sua coluna. Agora, meu recado a alguns dos coadjuvantes desta história:

Julio César, obrigado. Você alternou bons e maus momentos. Pessoalmente, acho que tua falha no Domingo foi puro azar. O fato de não ter dado uma volta por times menores antes de alcançar a titularidade no Corinthians talvez te prejudique. Pense nisso.

Ramirez, obrigado pelo golaço contra o São Bernardo. Já serve para colocar o link do youtube no portfolio. Mas omita aquela sua expulsão-relâmpago contra o Tolima, senão dá problema. Você já tem a passagem pelo Corinthians no currículo. Veja com teu empresário um time legal para jogar.

Morais: CALMA, CALMA, CALMA!!! Pense antes de tocar a bola. Não é difícil, sério. O Mirandinha dizia que não conseguia correr e pensar ao mesmo tempo, mas os tempos são outros.

Dentinho: sucesso pra você na Ucrânia. Já providenciou uma incubadora para adaptar a planta? Me disseram que samambaia queima no frio. Olha, falando sério: tua passagem pelo Corinthians foi muito boa. Mas era a hora de mudar de ares, para não se tornar um novo Gil, como supus certa vez.

Liedson: continue assim, mas me deixe sugerir: talvez tua inabilidade para cobrar pênaltis seja falta de treino. Pense nisso.

Adriano: jogue bola.

Moradei, Moacir, Fábio Santos: o mercado imobiliário está aquecido. Já pensaram em mudar de profissão?

Edno: tchau.

Willian: bom trabalho, mas ainda não dá pra avaliar se pode ser titular, ou  se é melhor continuar como talismã. Pode ser um diferencial, como foi Tupãzinho.

Alex: seja bem-vindo. Espero que consiga atender às expectativas. Ah, o discurso “tenho família palmeirense, mas sempre fui corintiano” era dispensável. Apenas corresponda em campo, que a torcida agradece.

Cristian: me avise o dia em que você chega, que eu mando te buscar no aeroporto e desembarcar no Parque São Jorge.

Ralf manteve tanta regularidade no time, que até esqueci de citá-lo.

Gilberto: espero que você saiba o que está fazendo.

Edenilson, Nenê Bonilha, Weldinho: surpreendam.

Fábio Simplício, Doni: fiquem em Roma.

Ronaldo: cuidado para não deixar que teus interesses pessoais interfiram no futebol do clube.

Andrés Sanchez: o Corinthians não se resume ao estádio da Copa, nem aos direitos de transmissão dos jogos. Muito menos é pano de fundo para picuinhas. Passemos à próxima página.

Em homenagem às recentes atuações do Timão, fiquem com “O morno”, da banda paranaense Nevilton. Abraços.

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* a primeira frase do texto é uma adaptação de “Meu caro amigo”, de Chico Buarque.