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NÃO PRECISAVA TER SIDO ASSIM

 E quatro anos depois, o São Paulo FC finalmente conquista título de expressão após o tricampeonato brasileiro 06-07-08 na era Muricy Ramalho. Até aí tudo muito bom, tudo muito bem, afinal, tecnicamente, a vitória foi justíssima.

Confusão no final do 1º tempo selou destino da partida

Mas, em toda festa, em toda comemoração, há um glamour, um certo brilho como recompensa e coroação a todo esforço e trabalho despendidos para atingir aquele objetivo final. Como conseqüência, ao chegar-se lá, os vencedores exultam em uma explosão de joia e alegria. Especialmente, quando tudo isso ocorre de acordo com o protocolo, pela via oficial e mais difícil, sem atalhos.

Não que tais subterfúgios tenham ocorrido no título internacional da Copa Sul-Americana por parte do Tricolor paulista, mas ficou aquele sabor de algo incompleto em muitos de seus torcedores quando a partida foi encerrada após apenas 45 minutos de bola rolada nos gramados do Estádio do Morumbi devido à recusa da equipe argentina do Tigre em retornar a campo depois das brigas e confusões generalizadas no final do 1º tempo da partida.

Na verdade, a confusão começara em território argentino quando se viu um time infinitamente menos tradicional e com menos recursos técnicos buscar o jogo violento como forma de desconcentrar e irritar o adversário superior. É aquela velha história, eu não o odeio, não é nada pessoa, mas os fins justificam os meios. Estratégia que pilhou alguns jogadores e provocou a expulsão doa atacante Luís Fabiano. Coisa mais manjada que andar para frente no futebol sul-americano e da qual os jogadores são-paulinos não tiveram inteligência emocional para superar. Claro ninguém tem sangue de barata, mas fazer exatamente o que o adversário deseja é algo ainda menos sensato.

Atitude desportivamente errada do competidor? Não resta dúvida que sim.

Aí vem o a segunda perna da final em São Paulo e com ela as coisas erradas que desencadearam o processo de autossabotagem da festa tricolor.

Relatos dão conta de que o Tigre não pôde realizar o famoso reconhecimento de gramado, tanto na véspera quanto pouco antes do início da partida. A justificativa são-paulina: preservar o gramado. Sim, o relvado estava irregular devido aos shows da cantora estadunidense Madonna na semana anterior.

Com ou sem gramado irregular, tal medida jamais deveria ter sido levada a cabo. O São Paulo deveria ter permitido os procedimentos protocolares ao time visitante. Se o gramado estava ruim e isso representava problema sério, que a partida tivesse sido marcada para o Pacaembu ou outro estádio qualquer.

Lucas Moura deixa o São Paulo por cima e parte para novos desafios no PSG

Na chegada do ônibus, outro fato lamentável, mas que foge ao controle do clube anfitrião: o apedrejamento do ônibus da delegação dos visitantes. Fato que denota a interminável falta de educação da população. Algo que se reflete em todos os momentos do quotidiano, desde a jogar lixo na rua, desrespeitar a ordem no trânsito, soltar rojões madrugada adentro no momento de repouso das pessoas que trabalham até as mazelas mais graves de nossa sociedade. Há um longo caminho a percorrer por parte dessa sociedade brasileira rumo à civilidade.

Eis que finalmente chega o episódio da nebulosa briga nos vestiários. Versões divergentes de ambos os lados, cada qual defendendo sua posição. Relatos de armas de fogo (não confirmados nos depoimentos colhidos pela Polícia), quem começou e quem não começou, seguranças, Polícia Militar para apartar a confusão. Tudo que remete aos tempos mais inglórios do passado do futebol sul-americano e, agora, ocorridos em território brasileiro. Nada de auspicioso para o futebol tupiniquim que busca novos rumos em meio a discussões generalizadas de ausência de infra-estrutura e déficit técnico e tático.

Resumo da ópera, o Tigre argentino, inferior tecnicamente, veio para defender-se, na base do custe o que custar, utilizando-se de catimba para tal. Cabia ao São Paulo, não dar margem que justificasse qualquer atitude heterodoxa do adversário, mas não o fez. Acabou tendo sua festa, coroada com a despedida do craque Lucas Moura (de partida para o Paris Saint Germain), manchada com partida decisiva que durou apenas 45 minutos e muitas dúvidas no ar. De quebra, notícias dão conta que o clube paulista poderá ver seu estádio fora da Copa Libertadores 2013.

Veremos que fim levará o imbróglio.