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VIP PREDICTOR SE CONSOLIDA COMO A MAIOR REDE SOCIAL DE FUTEBOL DO MUNDO E DEVE ATINGIR SUCESSO ABSOLUTO DURANTE A COPA NO BRASIL

Você que é apaixonado pelo Esporte Rei, já deve ter se divertido ou ao menos escutado falar do BOLÃO VIP. Uma rede social que nasceu pequena, sem grandes pretensões, com o intuito único e exclusivo de gerar entretenimento.

Na Copa de 2006 seus idealizadores resolveram partilhar sua plataforma com mais pessoas na internet. Dali em diante qualquer pessoa poderia criar o seu bolão online e convidar os amigos. Ali, sem nenhuma divulgação extra, foram criados mais de 2.000 bolões. Já na Copa de 2010 o BOLÃO VIP atingiu o recorde de 1 milhão de visitantes únicos em 30 dias.

O sucesso gerado e as expectativas em relação à Copa do Mundo no Brasil fizeram com que a equipe do Bolão Vip partisse para algo ainda maior. Lançaram então sua plataforma em âmbito mundial, ganhando agora o apoio da VIP PREDICTOR, gerando uma plataforma muito mais robusta e moderna.

A equipe VIP PREDICTOR estima algo em torno de 10 milhões de page views por dia e um alcance de, pelo menos, 15 milhões de visitantes únicos. A previsão dos responsáveis pelo serviço é de que, ao final de 2014, o Vip Predictor se consolide como a maior rede social de futebol do mundo.

Conheça o Vip Predictor em http://www.vippredictor.com

E agora a boa nova para nossos amigos, leitores e parceiros: Aqui no FEROZES FC todos poderão usufruir dessa incrível plataforma através de nossa parceria com a VIP PREDICTOR. Um bolão completamente estilizado, com estatísticas para ajuda-los na elaboração de seus palpites, além da facilidade de gerenciamento de perfis.

Acesse o link  , faça o seu cadastro e mostre ao mundo que você entende da arte do riscado e dos segredos de nosso ludopédio.

http://ferozesfc.superbolao.com.br/pt-BR/Home

Sejam todos bem vindos.

ferozes

SONHEI?

Foi sonho ou terá sido algum tipo de premonição?

Na madrugada de ontem para hoje, “sonhei” – e há muito tempo que não sonhava com futebol – que numa bela tarde de domingo, ensolarada, clima festivo, pessoas entusiasmadas, ruas tomadas, o CHILE batia a seleção brasileira na final da Copa de 2014, essa que está para se iniciar aqui pelos quintais dos fundos em questão de dias.

Mesmo naquele “sonho” o fato me parecia irreal demais. As pessoas a minha volta não entendiam muito bem o que se passava. Mas imagino, numa situação real como aquela, o simples fato do Chile chegar a final da Copa já deveria causar enorme estranhamento nos apreciadores do esporte Rei. E nele eu deveria, como de costume aqui na vida física, escrever algo sobre a peleja. E o fato era tão ensurdecedor que me travava o pensamento. Como estava me travando até o presente momento a ideia de trazer aqui para os caros essa minha experiência extra-sensorial tão peculiar.

Não é absurdo imaginar que o Chile vá fazer boa campanha na Copa, ainda que faça parte de um dos grupos mais complexos da primeira fase. Tem bons valores individuais, fez uma excelente campanha nas eliminatórias e acabou de fazer uma partida primorosa contra a favorita de muitos, a Alemanha, dentro da Alemanha, ainda que derrotada pelos anfitriões, mesmo tendo amassado os germânicos durante todo o jogo. Dai a enxerga-la numa final de Copa é dar muita margem para todas as zebras históricas trabalharem no mesmo evento.

E assim seguia eu, temendo expor meus “sonhos” ao ridículo do açoite público, até que então o nosso Rei entrou em ação e cravou o Chile como um dos favoritos da Copa vindoura. E deixando de lado toda essa má vontade dos brasileiros com um de seus maiores e mais emblemáticos pares, sabemos que o Pelé não costuma dar muita sorte em seus palpites futebolísticos. Pois ainda assim, distantes anos luz um do outro em muitos quesitos da vida, ter eu e o Rei o mesmo tipo de pensamento/sonho/premonição/insanidade referente ao mesmo tema, me encorajou a trazer-lhes este curioso fato do meu cotidiano via ondas cerebrais.

“O Chile será campeão do mundo”

Tamo junto, Rei.

sanchez

DE QUE LADO VOCÊ ESTÁ?

Da reinauguração do Maracanã, pouco ou quase nada se tira de lição futebolística. A Inglaterra, que já não é uma seleção top, ainda veio remendada, com seus jogadores vindo de final de temporada e a seleção da CBF sequer tem um time, muito menos esquema tático definido. Gols bonitos, alguma jogada ou outra a se destacar e nada além disso.

 

Antes e depois, porém, muito se pode ponderar, achar e cravar. Entretanto, nada do que se passou dentro de campo. Tudo do que se passou fora e no seu entorno.

 

De todas as milongas, ameaças de suspensão do amistoso, da certeza da manipulação das entidades envolvidas para que o jogo acontecesse. Do que já vem antes, desde a enfadonha reforma a custos exorbitantes, tudo com dinheiro de um público que a bem verdade pouco ou nada irá usufruir do(s) estádio(s), que foi sim feito para ser a pedra fundamental da pasteurização do público e de sua progressiva transformação de torcedor em plateia. Do pouco caso governamental, do descaso governamental que passou por cima de leis e por cima passou o trator em um monumento tombado pelo patrimônio histórico como se fosse um amontoado de lixo a ser reciclado. E de tantas e tantas outras situações que eu poderia ficar aqui até 2014 mencionando. De tudo isso, mais que a certeza que esses estádios e essa Copa não são para quem sempre torceu, nos dá ao menos as bem delineadas janelas por onde podemos olhar e separar quem é quem nesse jogo de interesses.

 

José Trajano entrou neste mérito no Programa Linha de Passe dessa semana. No que eu concordei com ele em 100%.

 

A Copa do Mundo de 2014 servirá para definitivamente nos mostrar quem é quem. Dos que investigam, levantam informações e não se conformam com o simples despejar de dinheiro alheio em obras faraônicas, que passam por cima da secular história construída. Ante a gente que diferente da gente, omite, fantasia, faz jogo de interesses com parceiros comerciais, entram e divulgam o oba-oba desmedido.

 

Não é de hoje que me coloco contrário a realização das Copas e Olimpiadas por aqui. Não por ser adepto do complexo de vira-lata, muito pelo contrário. O Brasil tem hoje condições de atrair qualquer tipo de parceiro comercial que queira investir em infraestrutura, em construção de novos estádios e complexos poliesportivos de todo tipo. Não o faz por que não quer. Ou por que não deixam. Ou por ambos. O que eu não sou é adepto do pachequismo cego. Sou contrário a abertura de pernas que todo país precisa realizar para Fifa, COI e afins, se quiser mesmo receber em seus quintais o pasteurizado produto dessas entidades.

 

Sou contrário ao jornalismo/fantasia/global que tentou a todo custo omitir a precariedade no entorno do “Maracanã”, com seus canteiros de obras e restos de materiais utilizados. Sou contrário ao fantasioso/ufanista/milongueiro discurso do ex fenômeno dos campos, que usa de seu apelo midiático, dentro do maior espaço midiático do país (uma bomba atômica midiática), para elogiar “as poltronas Fifa”, o “padrão Fifa”, a coxinha Fifa, o urinódromo Fifa. Mas que do entulho Fifa nada menciona.

 

Prefiro o jornalismo investigativo, chato para muitos, mas que aponta a verdade por trás da fantasia instaurada. Prefiro ler o que tem a dizer os “cheios de marra” a escutar o despejo de purpurina de sua santidade “o fenômeno”, do ufanismo sempre fora de hora do amigão de todo mundo, o narrador do povão.

 

Será mero acaso a última Copa ter sido na África do Sul, a próxima ser aqui, depois na Russia e a seguir no Catar? Países com altas taxas de corrupção. Certamente não é.

 

A Copa já nos tem essa serventia: separar o joio do trigo. Definitivamente não será mais possível ficar em cima do muro.

 

De que lado você está?

globo

WLADIMIR, DA DEMOCRACIA CORINTHIANA: “O FUTEBOL É UM PARAÍSO DE OPORTUNISTAS”

Por Ciro Barros

Como bom lateral que foi nos cerca de 20 anos de carreira, Wladimir faz fora do campo uma movimentação parecida àquela que fazia dentro dele. Ora se lança ao ataque e diz claramente suas posições, como faz com relação ao financiamento público do estádio do Corinthians: “Não concordo. Penso que o Estado deveria se ocupar de outros investimentos”. Ora recua, volta para marcar e assume posições mais cautelosas, como quando perguntado sobre o legado da Copa do Mundo: “Sou cético. Estou na expectativa”.

Vindo das categorias de base do Parque São Jorge, Wladimir Rodrigues do Santos ainda hoje é dono da marca histórica de ser o jogador que mais vezes vestiu a camisa do Corinthians, com 805 jogos – apesar de ter deixado o clube pela última vez em 1987. O ex-atleta foi revelado pelo Alvinegro em 1973 e ficou quase 14 anos no clube (entre 1986 e 1987 jogou pela Ponte Preta e pelo Santo André). “Hoje as equipes só se preocupam em formar atletas para colocar no mercado internacional” diz o homem que fez parte da Democracia Corinthiana, ao lado do grande Sócrates.

Na segunda entrevista da série que convida jogadores e apaixonados por futebol a pensar a Copa, Wladimir critica a falta de organização e infraestrutura do Brasil para abrigar o megaevento de 2014, fala sobre a mercantilização das categorias e base dos clubes e lembra as conquistas da Democracia Corinthiana. Leia:

Bom, para começar: o que você acha de o Brasil sediar a Copa do Mundo?

Eu diria que é um ato de coragem, em um país onde a gente carece de infraestrutura esportiva adequada e está tendo que fazer tudo em toque de caixa. Sem dúvidas, a gente acredita que o legado que ficará vai ser de grande valia para os esportistas de todo o Brasil.

Em que sentido?

No sentido de infraestrutura, no sentido de organização. Isso tudo eu espero que sirva de referência para que a gente consiga utilizar aqui no Brasil, além da infraestrutura, a organização que tem que imperar num torneio internacional, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Infelizmente ainda carecemos dessa organização e de infraestrutura.

Recentemente, o Copa Pública entrevistou o zagueiro Paulo André e ele disse a seguinte frase: “Hoje temos cargos políticos e não técnicos para conduzir o futebol”. Você concorda com ele?

Concordo. O futebol, na verdade, é um paraíso de oportunistas. As pessoas se acham no direito e na condição de gerenciarem, de administrarem o esporte mais popular do país sem o menor preparo, sem a menor ética, enfim.

Você fez parte da Democracia Corinthiana, movimento que ficou na história do futebol. Qual é a sua opinião sobre o papel do jogador de futebol hoje? Você acha que falta o jogador se posicionar com relação a vários aspectos do futebol, inclusive a realização da Copa do Mundo no Brasil?

Eles não se posicionam porque isso seria uma “saia-justa”, no caso de eles terem opinião contrária, até porque os números que envolvem o futebol hoje eu diria que contribuem para que cada um se posicione da forma que melhor lhe convém. Eles não estão preocupados com a infraestrutura do futebol, com a organização. Enfim, cada um busca os seus interesses.

Você falou um pouco sobre o legado que a Copa pode trazer em termos de infraestrutura. Mas você acha que a Copa do Mundo poderia servir para repensar a estrutura do futebol, esses cargos políticos, as condições de trabalho dos atletas, enfim, esse legado menos palpável?

Não porque a cultura do país é outra, é essa, é oportunismo. A oportunidade que impera. E aí, infelizmente, isso não vai ser resultado de uma Copa do Mundo, de uma Olimpíada, que vá mudar a mentalidade do nosso país.

Você foi jogador e é pai do Gabriel (lateral-direito, revelado pelo São Paulo, com passagens por Fluminense e Cruzeiro, e atualmente no Grêmio), que também é jogador. O que mudou em termos de formação de base do seu tempo para o tempo do Gabriel?

Eu diria que os clubes buscaram se estruturar melhor nas categorias de base, porque é ali que eles formam o seu patrimônio, mas está muito longe do ideal. Hoje, mais do que na minha época, se eles conseguirem formar um atleta no clube, com certeza muita gente vai ficar rica. Na minha época, não. Na minha época se formava os atletas para atender a equipe profissional. Hoje a gente forma jogador para colocar no mercado internacional. Isso chama-se oportunidade. Hoje a maioria dos dirigentes visam essa possibilidade, de estarem no meio e se beneficiarem dele.

O que você acha do financiamento do estádio do Corinthians ser feito com dinheiro do BNDES e da isenção fiscal?

Isso é complicado. Eu penso que o Estado poderia se ocupar de outros investimentos que atendessem um número maior da população, um número maior de bairros, enfim. Mas essa é a nossa cultura. O Morumbi foi construído dessa forma, com ajuda do Estado e por aí vai. Não concordo.

Você disse que o futebol é um mar de oportunistas. Quais são os principais interesses que cercam o futebol?

Se antes os clubes tinham a preocupação de formarem os seus atletas para servirem as suas equipes, para ter reforçado o seu grupo, hoje as equipes se preocupam em formar atletas para colocar no mercado internacional. E o atleta não tem culpa disso, porque isso vem de cima para baixo. Na nossa época era diferente. Na nossa época, por exemplo, eu tive algumas sondagens até para sair do Corinthians no início da carreira, e o Matheus [Vicente Matheus, presidente do Corinthians em oito mandatos (1959, 1972, 1973, 1975, 1977, 1979, 1987 e 1989 que faleceu em 1997] não aceitava nem conversar. Era um grupo, uma filosofia de trabalho totalmente diferente da de hoje. Hoje os clubes vivem para isso: formar atletas, que normalmente tratam como mercadoria porque não preparam esse atleta da forma como ele deveria ser preparado, não só esportivamente, mas intelectualmente também. Não existe essa preocupação. E [os clubes querem] colocar jogadores no mercado, esse é o interesse de hoje. Na minha época não existia isso.

Gostaria de voltar ao tema Democracia Corinthiana. Olhando para trás, como você avalia aquele momento?

Acho que aquele momento foi único. A gente vivia um tempo obscuro da nossa política, com muita centralização de poder e nós não tínhamos a oportunidade de eleger prefeito, governador, nossos mandatários. Hoje é diferente, já temos essa possibilidade. Então a gente acabou, na verdade, assumindo uma postura de buscar a redemocratização desse país, de contribuir para que o país tivesse uma abertura política. A gente fica feliz de ter podido contribuir naquele momento e eu acho que nós só exercemos o nosso papel de cidadãos.

Você acha que hoje falta um movimento semelhante dos atletas? Falta união, se não para cobrar democracia, para buscar melhores condições, questionar estruturas do futebol que já estão consolidadas?

Acho que as melhores conquistas a gente conseguiu. A nossa geração conseguiu. A Lei do Passe, por exemplo [Lei nº 6.354, de 1976] . Na nossa época a lei era escravagista, a gente não tinha liberdade de ir e vir. E a gente conquistou isso. Então, hoje, quando acaba o contrato do atleta ele está livre e isso é tudo que um trabalhador quer. Se ele não quiser mais ficar no clube, ele sai, e se o clube também não quiser, pode mandá-lo embora. São avanços que a nossa geração conseguiu. O universo do futebol é muito autoritário, e as coisas sempre acontecem de cima para baixo e hoje ninguém vai querer bater de frente com dirigentes, enfim. Hoje o marketing esportivo também contribui para que o volume de recursos do futebol seja muito maior e, portanto, eles têm muitas regalias e acabam não tendo interesse em buscar conquistas.

O que você acha que a Copa poderia trazer de discussão para o país que não está trazendo?

Eu diria que a Copa, assim como as Olimpíadas, traria para o Brasil um nível de discussão sobre o que representa o esporte, a atividade física na vida das pessoas, né? Com organização, com equipamentos de alto nível para que as pessoas possam se exercitar, isso gratuitamente. Eu acho que a atividade física, o lazer, é direito de todo cidadão e é um dever do Estado. Penso que o esporte de alto rendimento que é o que representa uma Copa do Mundo, uma Olimpíada, poderia servir de referência para o mundo inteiro, porque o mundo inteiro se une em torno destas competições. Aliás o Kofi Annan, que foi secretário-geral da ONU, fez um artigo uma vez para a Folha de São Paulo sobre como ele inveja a Copa do Mundo, que é um evento que mobiliza cada metro quadrado da terra, as pessoas discutem, existem regras claras de classificação e que ele gostaria, por exemplo, que houvesse uma competição entre esses países sobre o Índice de Desenvolvimento Humano, sobre a mortalidade infantil, sobre a fome. O futebol consegue mobilizar as pessoas, consegue fazer com que as pessoas deem as mãos sem nunca terem se visto e o esporte para mim é isso: confraternizar, respeitar a diversidade e a individualidade. As pessoas hoje vivem doze horas para trabalhar e só. Descansam pouco, se alimentam mal, voltam a trabalhar mais doze horas e o esporte alimenta a alma, né?

Pensando na Copa do Mundo de 2014, você acha que o Brasil dá mais esperança dentro ou fora das quatro linhas?

Olha, sou cético e acho que nem dentro e nem fora de campo. Estou na expectativa.

PALAVRA DE JOGADOR

Por Ciro Barros
Paulo André, do Corinthians: “Hoje temos cargos políticos e não técnicos para conduzir o futebol”

Será que a discussão sobre os impactos da realização da Copa do Mundo no Brasil não esqueceu de incluir ninguém? Especialistas, dirigentes, políticos, a própria Fifa… Muitas são as vozes ouvidas neste debate. Mas e os jogadores? O que os grandes protagonistas do evento têm a dizer sobre ele?

O Copa Pública convidou o zagueiro Paulo André, atualmente no Corinthians, para refletir sobre a organização da Copa do Mundo de 2014 e apresenta aqui um jogador que foge ao discurso insosso adotado por alguns de seus companheiros de profissão, ensaiados nos “media-training” das assessorias de imprensa, e não teme polêmicas, criadas a qualquer declaração das estrelas da festa, os jogadores.

“Muito provavelmente a gente não vai ter legado, não vai ter boas coisas após a Copa do Mundo a não ser dívidas milionárias que serão pagas por nossos impostos” diz sem medo de melindrar ninguém. Paulo André se preocupa com as condições de trabalho dos atletas, a decadência técnica e a gestão do futebol brasileiro. Articulado, o zagueiro é autor do livro “O Jogo da Minha Vida” (Editora Leya), lançado em 2012, e parece determinado a incluir de vez a voz dos protagonistas do futebol na sociedade.

O que você acha do Brasil sediar a Copa do Mundo?

Bom, inicialmente (sou a favor) sim. Como trata-se do maior evento esportivo do planeta e sendo o país do futebol, eu acho que é interessante para um país que está se desenvolvendo receber a Copa do Mundo. Então, na essência eu sou a favor. Mas aí quando você entra nos pormenores, nas entrelinhas, acho que o foco deveria ser o legado que deixa para as futuras gerações como centros esportivos e formação de jovens atletas. Muito provavelmente a gente não vai ter esse legado, não vai ter boas coisas após a Copa do Mundo a não ser dívidas milionárias pagas com os nossos impostos.

O atleta, enquanto protagonista da Copa do Mundo, enquanto protagonista da Copa do Mundo, poderia participar mais da organização da competição?

De alguma maneira os jogadores estão alienados com relação ao evento. A gente fica só esperando, a gente enquanto classe, assim como a população em geral, fica esperando 2014, a realização dos jogos para comemorar, para festejar e acaba ficando um pouco alheio a toda a política e tudo o que envolve essa montagem do palco, ou dos palcos para a Copa do Mundo. Não sei se caberia aos atletas se envolver na organização, porque essa discussão é entre governos federal, estadual e municipal, além é claro da Confederação e das Federações de futebol. Acho que ex-atletas deveriam ter cargos dentro dessas federações e confederações e aí sim representar de alguma maneira e através da sua experiência os atuais jogadores.

A Copa não poderia também levantar a bola da decadência técnica do futebol brasileiro?

Acho que não precisaríamos receber uma Copa do Mundo para perceber ou enxergar que a gente ficou um bom tempo estagnado. Só os últimos resultados da seleção e assistindo ao Barcelona podemos nos dar conta de que nós paramos no tempo e precisamos aprender coisas novas e evoluir. Então esse ano a gente já viu algumas coisas na CBF começando a ser discutidas. Estamos começando a nos movimentar de novo e eu espero que a gente saiba aonde quer chegar.

Então o futebol brasileiro aprendeu alguma coisa após os 4 a 0 que o Barcelona fez no Santos na final do último Mundial Interclubes? 

Acho que sim, até escrevi um texto no meu blog sobre isso. Acho que enquanto a gente perdia um jogo aqui e um jogo lá, ainda desconfiava de que éramos os melhores do mundo, o país do futebol, e que tínhamos os melhores jogadores. E esse jogo foi interessante por isso, porque a gente viu o Neymar, que é o nosso melhor jogador e a nossa grande esperança de alegria para a Copa do Mundo, saindo do jogo dizendo que o Santos tinha acabado de receber uma aula de futebol. Ou seja, ele foi muito honesto, sábio e fez uma leitura perfeita do jogo. Acho que a partir dali coisas começaram a se movimentar. Muito lentamente, acho que há um bom caminho a ser seguido, e esse caminho passa pela capacitação de profissionais não só na formação, mas na gestão do futebol do Brasil. Hoje nós temos cargos políticos e não temos cargos técnicos de pessoas qualificadas para levar o futebol no caminho que ele tem que ir.

 

 Hoje nós temos cargos políticos e não temos cargos técnicos de pessoas qualificadas para levar o futebol no caminho que ele tem que ir

 

O que você acha que precisaria ser mudado no futebol brasileiro em termos de gestão e de formação de atletas? 

Bom, com relação à gestão é como eu disse: quem quer assumir a CBF, ou está lá, tem que saber exatamente aonde quer chegar. Qual é o tipo de jogo que o Brasil quer apresentar daqui a dez anos? Como fazer isso? Como formar esses jogadores? É preciso acompanhar isso do começo. É lógico, nem tudo é errado, nem tudo está perdido, mas tem muitas coisas que podem ser mudadas e melhoradas. Infelizmente hoje, temos que copiar os outros, a gente não está mais inventando toda a coisa. Com relação à formação, acho que um calendário único (poderia ser feito) para que você possa otimizar a formação e não pensar em resultado. Na minha opinião, teríamos que dar mais tempo aos jovens. A gente é muito precoce e nossos jogadores, com 17, 18 anos já têm que estar no profissional quando eles não estão maduros o suficiente para isso. Eles não têm uma formação adequada não só dentro de campo, como principalmente fora de campo, como cidadãos e seres humanos.

Falta investimento no esporte no Brasil de uma maneira geral? Os atletas, por uma série de fatores, deixam de reivindicar e pleitear mais investimento?

Acho que o futebol é um caso a parte. O futebol tem investimento necessário e os clubes recebem bastante dinheiro para sobreviver. Os outros esportes, os olímpicos em especial, passam enormes dificuldades, pois não há investimento na formação dos atletas e esse investimento só ocorre quando os atletas já são campeões mundiais ou olímpicos e chegaram lá de alguma forma que não através do investimento do governo. Sem dúvida nenhuma, uma grande parcela de culpa é dos atletas que não se unem e não reivindicam os seus direitos ou melhorias e todo mundo tem medo de falar pela possibilidade de ser retaliado depois. Ou seja, você tem um fenômeno no atletismo que acabou de surgir em que a pessoa não pode falar mal da federação ou da confederação porque ela depende daquele dinheirinho que recebe mensalmente para sobreviver e para viajar para os campeonatos. Então, é bem difícil. Esses dias o Aldo Rebelo falou uma coisa que me chamou bastante a atenção e acho que ele tem razão. Ele disse: não falta dinheiro para as federações e confederações, o que falta é capacidade de gestão. E os políticos que estão lá há mais de dez anos, na maioria dos casos, estão ultrapassados e não têm a menor ideia do que é gerir uma federação ou confederação de esporte, seja do futebol ou dos esportes olímpicos.

Como você reagiu quando o Ronaldo, que foi seu companheiro de elenco, assumiu o Comitê Organizador Local (COL)? Você acha que há conflito de interesses por ele ter uma agência que gere a carreira de alguns atletas? 

Acho que o Ronaldo é um cara que quer fazer bem para o Brasil e que quis ajudar o país a ter uma boa imagem e a observar o que estava acontecendo ali dentro. Talvez não tenha sido bem explicado qual seria a função dele, ou a obrigação dele como um representante do COL e isso passou meio que batido. Mas o Ronaldo é uma pessoa idônea e o mínimo que a gente pode esperar dele é que ele busque o bem do futebol e o bem do país. Não consigo cobrar, mesmo ele sendo meu amigo, e não sei se eu consigo cobrá-lo como brasileiro porque eu não sei qual é a função dele. O COL vem sendo muito criticado e tem tido muitos problemas.

Então o que vai ficar para os jogadores depois da Copa? O que um jogador iniciante que está lendo esta entrevista pode esperar?

Sem ser muito pessimista, eu vejo os estádios que estão sendo construídos, teoricamente de última geração, que vão melhorar um pouco a qualidade e as condições de trabalho dos atletas. Na formação, a gente vê pouca coisa mudando devido à Copa. Então acho que de legado mesmo, só os estádios. Fora isso, pouca coisa vai mudar.

http://apublica.org/2012/05/palavra-de-jogador/