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CASCUDOS, MANDO DE CAMPO E EQUILÍBRIO.

“Cascudos”, “mandos de campo” e “equilíbrio”.

Copa do Brasil e Libertadores conhecem seus semifinalistas e as palavras destacadas acima irão definir quem é quem. Aqui nas minhas projeções, claro.

Cascudos: Coritiba, Boca Jrs e La U, Corinthians.

Mando de Campo: Santos.

Equilíbrio: Palmeiras, Grêmio, São Paulo.

Leiam tudo antes de cornetar.

O Coritiba é o Chelsea da Copa do Brasil. Lá eu cravei que o cascudo encararia os de mais brilho e deu no que deu. Chega pela 3ª vez em 4 anos a uma semifinal do torneio e em 2011 fez a final contra o Vasco. O grupo não sofreu grandes desmanches e está acostumado ao tipo de decisão que a competição apresenta. Irá enfrentar o desequilibrado São Paulo, que individualmente é melhor, mas não tem um time confiável. A zaga são paulina é bancada por Leão, mas vem de jogos onde teve falhas grotescas. Oscila demais entre os setores e contra um time equilibrado e que vive bom momento como o Coxa pode não bastar ter Lucas e Luis Fabiano lá na frente.  O cenário de hoje me aponta classificação do Coxa.

Ainda nos cascudos, uma das semifinais da Libertadores será entre Boca Jrs e La U. O eterno time da moda na América do Sul contra um dos times da moda no atual cenário sulamericano. Aqui a “casca” do Boca é intrínseca a sua história e geralmente a análise técnica ou de momento cai por terra. Não tem hoje um grande time, mas ainda conta com o magnífico Riquelme. Acaba de eliminar um time bem superior tecnicamente, o Fluminense, com gol heróico no último minuto. Coisa de Boca, cara de Boca. Chega sem brilho, bem como a La U. Decantado por muitos como favorito ao título, o time chileno é o atual campeão da Sulamericana, além de ser o 1º do ranking da Conmebol (sic).  Está “cascudissimo”, sobretudo após a classificação magistral contra o Deportivo Quito, revertendo um 4X1 no Equador em 6X0 no Chile. Contra o Libertad não brilhou em nenhum dos jogos, passou nos pênaltis, no sufoco, o que no meu medidor de “cascudez” o eleva ao nível “cascudo master”. É bom time e está acostumado a grandes decisões. Aqui a coisa tem cara de dois empates iguais e decisão nos pênaltis.

Dos “cascudos” nos resta o Corinthians. O brilho aqui não e técnico, mas tático. Mérito de Tite, que formou o time mais difícil de ser batido do país. A demonstração dessa “cascudez” tática se dá pelo fator de desequilíbrio desse time, que é um volante. Um baita volante: Paulinho. Com Paulinho bem é vitória quase certa do time. Bem marcado a coisa muda de figura. Mas mesmo Paulinho anulado, o difícil é marcar gol nesse time, que na Libertadores sofreu somente dois tentos. Entretanto, marcar gols é a principal vocação de seu rival. Histórico rival. O Santos é o único representante do futebol bem jogado entre todos os 8 citados aqui. Se o Corinthians não leva gols, o Santos é o que mais balanças as redes dos incautos adversários. São 22 em 10 jogos, com média de 2,2 por partida. E tem Neymar. E esse “ter Neymar” pode transformar o Santos em favorito contra qualquer outro time sulamericano. Contra o Corinthians e seu forte esquema tático, menos favorito. O mando de campo é pra mim determinante aqui. O Corinthians joga no Pacaembu, ponto. O Santos pode jogar na Vila Belmiro ou no Morumbi. Se escolher jogar no estádio do São Paulo passa a ser, para mim, o favorito. As grandes dimensões do gramado facilitam drasticamente para o time mais qualificado e veloz sair da marcação de um time que tem nesse fator a sua principal característica. Se jogar na Vila o leão de chácara Ralf vai ter meros metros de gramado para dificultar as coisas a Neymar. Se jogar no Morumbi, ele ou qualquer outro que for marcá-lo, terá que apostar corrida quando levar o drible. Não é assim tão fácil. O 1º jogo é mando santista e será preponderante conseguir alguma vantagem. Se não conseguir forçar o Corinthians a reverter o resultado no 2º jogo, vai complicar.

Sobraram dois que estão dentro do fator “equilíbrio” (Tite, Adenor). Palmeiras e Grêmio.

Os dois reeditam a maior rivalidade nacional dos anos 90 (os clássicos regionais não contam). Palmeiras e Grêmio promoveram guerras homéricas no Palestra Italia e Olímpico em uma época onde polarizavam as atenções do futebol nacional. Hoje não ocorre isso em termos técnicos, mas podem sim em história. O duelo Felipão X Luxemburgo engrandece o embate também. Dessa vez, entretanto, ambos estarão em lados opostos. Se Kleber jogar então, daí o barril de pólvora explode.

O Grêmio me parece oscilar menos, mas tem um time com menos brilho individual. Não conseguiu chegar sequer a final do Campeonato Gaucho, mas vem de tranqüila classificação contra o Bahia. Encara o Verdão sem Valdívia na 1ª partida e os substitutos alviverdes não estão a altura do chileno. O Palmeiras é o multiface do futebol brazuca. Pode apresentar um futebol medíocre como nos 1º´s tempos contra o Furacão ou ser equilibrado e com ataque veloz como nos 2º´s tempos. Precisa antes de mais nada sair vivo do 1º confronto, quando atua sem Valdívia. Depois precisa conseguir equilíbrio (Tite, Adenor again) entre os setores para ser apontado como ligeiro favorito. Como equilíbrio e Palmeiras na mesma frase é algo inviável nos dias de hoje, meu palpite é para dois empates iguais em guerras épicas e decisão nos pênaltis.

Quem sobreviver verá!

NOVA ORDEM ALVIVERDE?

Acostumado nos últimos a olhar para o passado de glórias para amenizar o atual momento de insucessos, o Palmeiras enfim largou mão dessa coisa de espelhar suas expectativas vindouras no simbolismo de suas eras douradas. Pelo menos em seu uniforme.

Volta o verde mais clássico, esmeraldino, e com ele o emblema da atual Sociedade Esportiva Palmeiras no lugar do emblema do fardamento anterior, que remetia a 1951, ano da conquista da Taça Rio.

No detalhamento da camisa, marcas d´agua em formatos triangulares e um discurso na apresentação dando conta de uma visão mais futurista, tanto do clube quanto da Adidas.

Em tempos onde a temática da Nova Era Mundial ganha cada vez mais espaço e seu simbolismo, muitas vezes retratado com formações piramidais ou triangulares, passa a fazer parte do imaginário coletivo, estará o Palmeiras aderindo ou tentando absorver essa perspectiva para os seus dias vindouros?

Piadinha à parte, ao menos em campo o time mostrou certa evolução na primeira partida contra o Atlético PR pelas 4ª´s de final da Copa do Brasil.

O inicio foi tenebroso e o Furacão se aproveitou da cada vez mais crônica deficiência do time de Felipão – o sistema defensivo. Erros infantis, formação equivocada e falhas individuais colocaram aos pés de Guerrón e Cia a chance de liquidar a fatura antes da 1ª metade do jogo.

Não bastasse o trio de volantes com sua já decantada ineficiência na marcação, além dos laterais que apóiam e não recebem cobertura, dessa vez um vácuo cósmico criou-se entre zaga e meio. Tudo aconteceu ali. O Furacão tocava a pelota como se fosse um treino leve na manhã anterior. E o pior só não ocorreu por deficiência do próprio Furacão e porque ofensivamente o alviverde foi muito bem.

Retaguarda e ataque palmeirense pareciam times distintos, dada a imensa diferença na conclusão de suas responsabilidades.

Valdívia e Barcos estavam inspirados e o Mago mostrou que ainda pode ser o 10 desse time. Com belos passes a Barcos e jogadas individuais insinuantes, o chileno começou a desmoronar a zaga atleticana. Mazinho por sua vez não repetiu a boa jornada contra o Paraná, o que também forçou mais descidas de Juninho e permitiu mais espaço para o contra-ataque do Atlético por ali.

Perdendo por 2X1, vendo o ataque em boa jornada, mas a defesa podendo colocar tudo a perder, Felipão sacou Mazinho e Cicinho e mandou a campo Luan e Maikon Leite, reforçando as alas e pressionando o Furacão em sua saída de bola, que não conseguiu mais armar seus contra-ataques.

Há tempos Felipão não mexia bem no time. Ontem foi impecável nesse sentido. Matou ali o Atlético e só não conseguiu virar a partida por capricho dos atacantes em algumas jogadas, além da péssima atuação da arbitragem, que validou gol ilegal, após impedimento de Guerrón e deixou de marcar ao menos uma penalidade ao alviverde.

Maikon Leite após jogada individual, meteu a bola no ângulo e deixou tudo igual no placar. Desigual em campo, onde o Palmeiras era superior.

O resultado entretanto foi muito bom. Como muito boa foi a apresentação ofensiva do time. Mas defensivamente as falhas tornam-se cada vez mais gritantes e irritantes.

Se quiser mesmo entrar em uma nova ordem, Felipão precisa urgentemente acertar essa questão. O brilhantismo de Barcos e Valdívia e a tendência futurista da nova camisa não garantem isso sozinhos.

POR ORA PALMEIRAS, VERDÃO AVANÇA NA COPA DO BRASIL.

Na coluna de ontem, devido a falta de grandes informações referentes ao Palmeiras, divaguei acerca do momento atual do time e também do histórico. Contra o Paraná Clube, pelas 8ª´s de final da Copa do Brasil, apesar da boa vantagem conseguida na partida de ida, a dúvida sobre a performance do time era latente. Escaldadamente gatuno, o palmeirense vive esse dilema nessa da incerteza da vitória “certa”.

Ao Paraná Clube, mais do que reverter o resultado negativo, existe a necessidade em conseguir os acessos, tanto na série B do paranaense, como na do Brasileirão. A classificação então era secundária, mas importante era jogar bem, fazer frente ao Palmeiras.

Perspectivas distintas, mas o início de jogo mostrou a faceta alviverde que o palmeirense tanto teme. A de time frágil, que pode sofrer revés a qualquer momento, mesmo diante de adversário visivelmente inferior.

Os 3 volantes de Felipão (Assunção, Araujo e João Vitor) mais uma vez não marcaram nem as próprias sombras. O jovem e veloz ataque paranaense saia a todo instante cara a cara com a zaga alviverde. Ofensivamente o Palmeiras até começou bem, mas as investidas de Juninho voltaram a escancaram a avenida as suas costas, erroneamente sem cobertura.

Os problemas de sempre estavam lá. A marcação falha no meio e a falta de cobertura nas laterais. O risco de levar um gol de contra ataque foi latente como sempre tem sido.

O que diferiu o time das jornadas anteriores foi a postura de grande time que é. O 4-3-2-1, com Valdívia armando pelo meio e Mazinho por vezes flutuando como ponta esquerda, por outras compondo o meio, somada a demonstrada vontade do chileno e do recém contratado em mostrar futebol, deu ao time um poderio que não vinha sendo notado. Barcos centrado, ganhava não apenas a chegada veloz e habilidosa de Mazinho, mas o qualificado passe do camisa 10 (ainda que muitos deles errados) – justamente ele que havia reclamado da falta de criação do time.

Então houve sim progresso. Mais ainda – houve mudança de postura de peças chaves do time.

Não fora brilhante, mas teve o time de Felipão alguns momentos de Palmeiras. Daquele Palmeiras que não se vê há anos.

Teve na grande partida de Mazinho, que com dois gols, uma assistência e grande movimentação pelas duas pontas e que foi o nome do jogo, uma retórica positiva de um longínquo momento do clube. Não apenas na eficácia, mas mesmo na alcunha. Longe de compará-los, mas já comparando.  Foi em uma jornada de gala em 1994, em um histórico 6X1 do Palmeiras contra o Boca, que o Mazinho mais famoso da história cravou seu nome na vida alviverde e carimbou sua passagem para a Copa de 94.

Eram outros tempos, outro time, outro torneio, outro adversário. Até a posição dos xarás são distintas. Mas as semelhanças pontuais existem.

Pode o palmeirense olhar com bons olhos para o garoto que chegou sem medo de encarar a pressão do time mais efervescente do país.   Só não pode fingir que tudo está resolvido.

Os problemas – GRAVES – de marcação continuam. O time não encarou ainda nenhum adversário de série A.

Mas fez o que deveria, eliminou o Paraná sem sustos. Mostrou brio, qualidade ofensiva e algo ainda mais importante: Que pode, ainda dentro de suas limitações, atuar como Palmeiras. Respondendo por ora, a minha indagação de ontem.

Confira a coluna citada:

http://www.ferozesfc.com.br/o-recesso-do-verdadeiro-palmeiras/

Cheers,

O RECESSO DO VERDADEIRO PALMEIRAS.

Saudades de ver o Palmeiras em campo.

Há quanto tempo não perseguimos a bola com os olhos in loco, os olhos in tubo, os ouvidos atentos a tudo?

O recesso data de duas semanas. Culpa dos insucessos em campo, dos insucessos internos, do insucesso impregnado.

Em duas semanas muita gente que nem deveria ter chegado foi embora, outras chegaram sem dar muita telha de que lá deveriam aportar. Fardo pesado carregado por esse Palmeiras que há duas semanas não dá a cara ao seu torcedor. Pesada realidade que traz esse Palmeiras de hoje, que nos impede de ver em campo o Palmeiras de sempre.

Há quanto tempo não vejo o Palmeiras em campo?

Fossem somente duas semanas e privilegiado seria o torcedor. Fosse um recesso momentâneo e não haveria porque desconfiar, porque se resignar.

Quem consegue em sã consciência acreditar nesse Palmeiras? Manter-se convicto de que a vitória certa virá?

Nesse Palmeiras não há porque confiar. Mas por aquele há sim o anseio em aguardar.

Que o Palmeiras de hoje possa ao menos daquele imemorial relembrar. Que sua parte como mantenedor da história daquele possa esse, ao menos no placar, dignamente representar.

Avanti Palestra. Esse e aquele.

POR ESSAS E POR ESSES.

O jogo contra o Coruripe não serve para amostragem do que pode fazer esse Palmeiras. Mas serve para chegarmos a algumas conclusões individuais.

Barcos é o cara, mas não tem substituto. Ricardo Bueno é muito esforçado e eventualmente pode ser utilizado, mas nunca ser a opção imediata ao argentino. O dia em que Barcos não puder jogar, Felipão terá sérios problemas.

Patrick precisa descobrir qual é a sua posição de origem. Quando escalado como meia, não arma. Se recuado para ser 2º volante, não dá o combate. Em ambas situações, tem por costume carregar demais a bola e não acertar os passes. Para 2º volante João Vitor tem sido bem mais eficaz. Na meia Daniel Carvalho e Valdívia são donos absolutos das vagas. Carmona é da área, mas é outro bastante esforçado e ponto.

Hoje quando se pensa em João Vitor ninguém lembra mais que foi ele o estopim da última e gigantesca crise palmeirense e que culminou com a saída de Kleber.  A saída de Kleber por si só já basta para considerar JV importante no esquema, mas além disso ele tem mostrado grande evolução em seu jogo. Ajudou também o fato de finalmente o Palmeiras acertar sua lateral direita com Cicinho e Arthur, o que não obrigou mais Felipão a deslocá-lo para a função.

Sem Valdívia, Daniel Carvalho e tendo a presença, mas não o jogo de Patrick e depois de Pedro Carmona, coube a Marcos Assunção assumir a armação do time. Quando a situação começava a querer ficar perigosa, golaço de falta e assistência magnífica na cabeça de Barcos que anotou o 2º gol. Ele não marca nem a própria sombra, mas dá para abrir mão de tamanha eficiência?

Juninho marcou mais uma vez. Porém, mais do que gols, Juninho parece ser o lateral esquerdo que o Palmeiras não tem desde Júnior. Veloz e habilidoso, enxerga bem o jogo e consegue se aproximar dos atacantes para criar tabelas envolventes. É muito jovem e tem idade olímpica. O que torna ainda mais espantosa a sua maturidade em assumir a titularidade no mais “convulsionante” clube do futebol brasileiro.

Adendos: Marcos Assunção passou boa parte de 2011 sendo criticado por parte da torcida por sua falta de vocação defensiva. Acho até que se tornou, injustamente, o símbolo de um time acéfalo e altamente dependente de uma única jogada – a sua. Foi perseguido, vaiado e em nenhum momento abaixou a cabeça. Em momento algum falou mal da instituição, forçou sua saída, fez corpo mole ou entrou em rota de colisão com quem quer que seja. Reconquistou, na base de sua capacidade e mais do que isso, no respeito sempre demonstrado pelo clube, a confiança e os aplausos da torcida. Marcos Assunção é símbolo de um Palmeiras que quer dar a volta por cima, que quer ser respeitado e retomar sua vocação de vitórias.

O mesmo se aplica a Barcos. Não apenas de gols se faz a simpatia imediata do torcedor com o “El Pirata”. Como bem lembrou PVC na transmissão do jogo de ontem pela ESPN, enquanto jogadores medíocres como Carlinhos Bala já disse não ao Palmeiras, Barcos fez o oposto. Abriu mão de proposta financeiramente muitas vezes maior que a do clube paulista, vinda do futebol árabe, para jogar pelo “grande Palmeiras”, como o próprio fez questão de frisar.

Por essas e por esses, 2012 pode ser um ano muito bom para o Palmeiras.