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‘FILME DE ROCK AND ROLL TEM QUE SER NO VOLUME ALTO’

Pedindo para o projecionista aumentar o volume da exibição. Foi assim que o cineasta carioca Pedro Asbeg terminou sua introdução sobre o documentário ‘Democracia em Preto e Branco’, exibido no Cinesesc em 6 de maio de 2014, dentro do festival In-Edit, dedicado a documentários musicais. ‘Filme de rock and roll tem que ser no volume alto’.

O cineasta Pedro Asbeg e o cartaz do filme.
O cineasta Pedro Asbeg e o cartaz do filme.

Não era exagero. ‘Democracia…’ não é um filme sobre o Corinthians. Ou melhor, é. Mas não só sobre o Corinthians. Ele retrata um momento marcante da história do Brasil. Um contexto em que a política, o futebol e o rock efervesciam.

poster

Era início da década de 80, o país ainda era governado pelos militares. Ditadura aqui, ditadura ali: Vicente Matheus se perpetuava como presidente do Corinthians. Quando não havia mais jeito de se reeleger, uma cartada: se candidatou a vice-presidente e indicou para a cabeça da chapa seu aliado Waldemar Pires. Mas a aliança não durou tanto assim. O novo presidente acabou rompendo com Matheus e implantando uma nova cultura, a cultura da democracia, uma tradução do que o povo já almejava. Ter vez e ter voz. Tudo se interligava: os jogadores, encabeçados pelo saudoso Doutor Sócrates, Wladimir, Zé Maria (que viria a substituir Mário Travaglini como treinador), Zenon, Casagrande, entre outros, eram também envolvidos nos movimentos políticos, e a trilha que embalava esse movimento era o rock nacional que se desenhava nas guitarras de grupos como Ira!, Ultraje a Rigor, Titãs, Legião Urbana, Barão Vermelho, e por aí vai.

Rita Lee, escolhida para fazer a locução do documentário, dá as caras também no palco, em um lendário show em que Sócrates, Wladimir e Casagrande, percebendo o momento oportuno, queriam presentear a cantora com uma camisa do Corinthians, mas sem ter uma à mão, apelaram para um espectador do show, que trajava uma camisa do Timão.

democracia (1)

A linha desenvolvida no filme traz certa cronologia, desde o início do movimento e a sua criação, que aliava o anseio popular com técnicas publicitárias afiadas, até seu final, com a fria recepção de Leão, contratado como goleiro, a ida de Sócrates para a Itália, impossibilitado de cumprir sua promessa de ficar caso a emenda das eleições diretas para presidente fosse aprovada. Não foi, e o Doutor se foi para o Velho Mundo. Passam pelo filme em depoimentos, além dos jogadores, grandes nomes do rock nacional e da política, incluindo os dois últimos presidentes do Brasil, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, que tiveram participação ativa no movimento das Diretas Já.

democracia

Em resumo, ‘Democracia em Preto e Branco’ é imperdível, e não só para quem é torcedor do Corinthians. Vale a pena para todos os que querem entender aquele momento que mudou a história do país. Como disse Casagrande em depoimento, ‘(…) a Democracia Corinthiana bateu o pênalti’.

Assista ao trailer do filme:

 [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=TjbNGhW2FEY[/youtube]

De tradições e glórias mil!

101 anos.

 Hoje é dia de comemorar mais um bom resultado no Campeonato Brasileiro e… ah, pensando bem, dane-se o resultado!

 

Doutor Sócrates sempre representou a raça corintiana

Hoje é dia mesmo de me lembrar do barraquinho que tinha no fundo do quintal da casa dos meus pais, onde em meio a pôsteres de Rolling Stones, Led Zeppelin e outros, figuravam também imagens do Doutor Sócrates e de Casagrande. O ano era 1984, eu tinha oito anos e vi meu irmão de quatorze fundar o nobre “Corinthinhans” (hahaha), ou seja, um Corinthians mirim. O time chegou a ter a equipe “principal”, com garotos na faixa dos 13 a 15 anos e a “dente-de-leite”, na qual jogavam os meninos da minha idade. Cheguei a entrar no campo de terra, e me lembro de ter ficado uns 5 minutos em campo, até pedir pra sair, hahaha! Sempre fui mais espectador do que jogador. O mundo não foi capaz de entender meu estilo “meia-direita com dois pés esquerdos”. Uma pena. Das reuniões do time, me lembro de muito pouco, só lembro que eram muito divertidas. Camisetas baratas foram compradas, tingidas e nelas foi colocado o símbolo do time, que pouco lembrava o escudo do Timão, mas tava valendo.

Dessa época, e de um pouco antes, lembro-me dos movimentos da Democracia Corintiana, mas estaria mentindo se dissesse que me lembro nitidamente das atuações do Dr. Sócrates. Ainda assim, essa época foi determinante para consolidar minha paixão pelo Timão.

Aí chegou a década de 90. Neto, Ronaldo, Tupãzinho, Ezequiel, Viola, Marcelinho, Gamarra, Edilson, Ricardinho (apesar dos pesares), Vampeta, Luizão, Dida. Alguns craques, alguns sem muita técnica, todos com muita raça. Algumas conquistas, outras derrotas.  Alguns “acidentes de percurso”, como a permissão a Paulo Nunes de vestir nosso manto. Errar é humano, ao menos sua passagem foi rápida. Edmundo também foi um estranho no ninho, mas não dá pra dizer que sua passagem foi ridícula. Não era um bom momento para ele, mas foi ok.  Atravessamos para os anos 2000. O Mundial de Clubes da Fifa, eternamente contestado pelos rivais, Copa do Brasil, Brasileirão e Paulistão. Foi um bom retrospecto de lá para cá.

E claro, não posso deixar de mencionar o Fenômeno, que embora tenha prolongado sua carreira mais do que deveria, fez parte da história do Timão, coroando sua passagem com os títulos da Copa do Brasil e do Campeonato Paulista.  Junto com ele, bons jogadores como Chicão, Cristian, Elias, Jorge Henrique, Dentinho, Ralf. Alguns dignos de lembrança, outros nem tanto. Mas quase todos cientes do que significa vestir esta camisa.

E a torcida grita, incentiva e comemora!

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=ZbBrZLBY5tI[/youtube]

E nesse dia do Corinthians, nada poderia ser mais sincronizado: acabo de ser avisado que chegou ao meu apartamento uma encomenda. Ei-la: 

Vou usar esta camisa para ir a um concerto. =)

CRUZEIRO x PALMEIRAS E AS PROJEÇÕES VICIADAS DOS COMENTARISTAS ESPORTIVOS

Após um sábado magistral com final de Champions League, o domingo nos reservava na telinha da TV o clássico dos Palestras – Cruzeiro X Palmeiras.

Guardadas as disparidades técnicas entre as partidas, o jogo do domingo tinha como atrativo buscar novos apontamentos para se ter uma idéia do que podem fazer palmeirenses e cruzeirenses com seus atuais elencos no BR11.

Apontado por 10 em cada 10 analistas da bola com um dos favoritos, o Cruzeiro não conseguiu em momento algum ser dono do jogo. Quando chegou com perigo, São Marcos lá estava protegendo as traves alviverdes.

Aos poucos o esquema redondinho de jogo do Verdão começou a ganhar terreno. Assunção colocou-se como um arco, enquanto Luan, em tarde de rara inspiração, postou-se como a flecha do time.

Em grande jogada de ambos, Assunção colocou Luan em condições de chegar na entrada da área finalizando, o que o fez com uma maestria que não costuma ser sua. Golaço e justa vitória de um time mais acertado em campo.

Melhor time? Não necessariamente.

Depois o Cruzeiro veio para o abafa e conseguiu o empate.

Não é a discussão tática que me ponho a levantar aqui. Mas o porque de certas verdades absolutas e vícios de análise de certos comentaristas.

Em dado momento, o”amigo internauta” mandou uma das tantas perguntas “capciosas” as quais os analistas globais respondem ao logo da transmissão. A pergunta:

“Casão, com as chegadas de Maikon Leite e Martinuccio o Palmeiras passa a ter time para brigar pelo título?”

O que prontamente foi respondido: “De jeito nenhum”

Contundente o grande Casa. Mas sua explicação o lança em uma vala comum de analistas que parecem ter pasteurizado suas conclusões.

Complementou Casão: “Melhora bastante, mas briga no máximo por vaga na Libertadores e olhe lá! Enxergo Cruzeiro, São Paulo e Inter como os melhores elencos”.

Ato falho ao esquecer do Santos, com certeza.

Mas o mesmo Cruzeiro citado e jogando em casa, pastava para arrancar um empate exatamente do mesmo Palmeiras achincalhado. Detalhe: Com o time completo.

O Palmeiras foi a campo sem sua dupla de meias Valdívia e Lincoln e sem sua referência de área, Wellington Paulista.

Oras, se o time misto do Palmeiras encara o “poderoso” Cruzeiro de igual para igual, jogando na casa do adversário, o que faz Casão achar que o Verde está tão abaixo do Azul?

Vejo agora no LANCE! que Paulo Roberto Falcão, técnico do Internacional, outro time cantado como um dos favoritos, disse que com esse elenco o Inter não briga pelo título. E de fato, ontem o Inter perdeu em casa.

E o São Paulo? Exceto o meia Lucas, autor de gol salvador no último segundo de um jogo que caminhava para um modorrento empate sem gols, alguém enxerga um primor de técnica no time de Carpa?

As eliminações no Paulistão e na Copa do Brasil aconteceram para o SP nas mesmas fases que para o time de Felipão. O que os fazem tão superiores assim?

O Palmeiras tem peças importantes para retornar ao time titular, o que joga algumas das peças que ontem foram bem para o banco de suplentes e ainda tem novas contratações na ponta da agulha. Novas e boas contratações.

Que mania é essa de sempre elencarem os mesmo como favoritos e os mesmos como meros coadjuvantes?

E fico muito tranqüilo para cornetar o Casão. Na verdade essa é uma cornetada em boa parte da imprensa esportiva. Ainds assim sou fã confesso do Casagrande, costumo dar muita atenção ao que ele diz, ao que comenta e ao que corneta. É dos poucos que descem do muro, que não mordem e assopram e é contundente, o que prezo bastante em analistas. Mas dessa vez o vi se jogando na mesma valinha comum da mediocridade. Análise rasa demais para um cara tão bom como ele.

Óbvio que o Palmeiras não é super time. Mas apontar algum super alguma coisa no futebol brasileiro, que não seja o ataque do Santos é buscar pêlo em ovo.

Despeço-me da ferocidade com um petardo do Death Cab For Cutie – You Are Tourist

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=qkk5wViJo-I[/youtube]

Cheers,

La Mano de Dios – Tava fazendo falta!

Tava fazendo falta!

Mais do que a incostetável vitória corinthiana sobre um São Paulo inerte, mais do que a grande vitória santista sobre um Palmeiras descontrolado, a maior notícia dessa semana futebolística com certeza é a volta de Casagrande como comentarista de TV.

Depois de uma série de problemas com drogas e uma temporada numa clínica de reabilitação colocando as coisas no lugar, Walter Casagrande Jr. esteve hoje no programa Arena Sportv fazendo a segunda coisa que sabe fazer melhor: falar sobre futebol (a primeira, você tem que concordar, é jogar futebol).

E o bichão já voltou em grande estilo. “A semifinal mudou tudo, tanto que os times que não tinham vantagem passaram. Aquela virada contra a Ponte e as vitórias contra o Palmeiras deram um gás para o Santos. Esses resultados dão um peso muito grande, você chega na final com muita confiança. Já o Corinthians também ganhou duas do São Paulo e tem um jogador indiscutível, que é o Ronaldo”. “O Ronaldo ainda não está em forma e você vê a diferença que ele faz em pequenas vantagens. Ele pegou pouco na bola, mas foi decisivo.”

Essas foram algumas das frases que Casão mandou no programa, mostrando que mesmo longe da mídia, ele estava bem por dentro do que vinha acontecendo.

Bem vindo de volta, Casão! Você estava fazendo falta!

Ao som de Skream – Stagger. Dubstep!

Rapidinhas: e aí, alguém tem alguma aposta para a final do Paulistão? Eu, como a maioria de nossos leitores, errei feio. Queimei a língua e não me atrevo. Só tenho uma certeza: serão dois grandes jogos.

Casagrande: "não achava que era doença"

Reproduzo abaixo, uma matéria com o grande Walter Casagrande Júnior. E antes de prosseguir, acho pertinente dizer o quanto fico feliz por vê-lo de volta desse inferno todo. Longa vida ao grande Casão.

Fonte: Portal Terra

Casagrande: “não achava que era doença”

Ricardo Calazans

Um ano após ser internado, contra a vontade, em uma clínica para dependentes químicos em São Paulo, Walter Casagrande Júnior voltou a aparecer em público na última quinta-feira e fez um relato sincero e emocionado de sua luta contra as drogas em entrevista a um programa da TV Globo, que irá ao ar já na madrugada deste domingo. Muitas vezes, o desejo de usar drogas era mais forte do que a própria vontade do ex-jogador de Corinthians, Flamengo, São Paulo e Seleção Brasileira.

“Eu me injetava chorando, sabia que não podia fazer aquilo, mas não resistia”, disse. “Cheirava e me injetava, mas não achava que isso era doença. Pensava que podia parar, mas a dependência química é progressiva, fatal e incurável. Vou ter que conviver com ela até o fim da minha vida, mas nunca mais quero ter uma overdose na frente do meu filho de 12 anos”, completou.

Comentarista licenciado da própria emissora, Casagrande contou em detalhes o drama de sua doença, da qual só tomou conhecimento após capotar com seu carro, em setembro do ano passado. “Tenho 1,91m e dei entrada no hospital pesando 70 quilos, cheio de marcas de picadas nos braços. Quando acordei do coma, três dias depois, estava internado”, contou.

O comentarista foi mantido na clínica Greenwood, em Itapecirica da Serra, por determinação de seu filho mais velho, Victor Hugo, 22 anos. Durante oito meses, o ex-jogador não teve contato algum com parentes ou amigos e recebeu alta somente há duas semanas.
Mas ainda está reaprendendo a usar sua liberdade. “Nos quatro primeiros meses, eu tentei lutar contra o tratamento. Meu filho me bancou lá, disse que eu não sairia, e me salvou. Sou um cara pacato, mas tenho um poder de autodestruição enorme”, afirmou.

Casagrande contou que começou a usar drogas ainda na adolescência. “Venho de uma geração em que os ídolos morreram de overdose. Admirava Jim Morrison. Quando comecei, não foi com maconha. Eu usava cocaína e heroína”, disse.
Até sua internação, em setembro de 2007, Casagrande já havia sofrido quatro overdoses.

Durante o período como jogador, porém, ele garante que soube segurar a onda.
“Fiquei oito anos longe das drogas, lá na Itália. Antes, aqui no Brasil, eu usava maconha e cocaína na véspera dos jogos, gostava da sensação de prazer. Mas quando você pára de jogar, no dia seguinte não é ninguém. Senti falta daquela adrenalina, queria de volta a emoção dos estádios cheios. Foi quando caí de cabeça nas drogas”, afirmou.

Em janeiro de 2006, Casagrande se internou voluntariamente por 40 dias. “Há um tempo, eu havia começado a perder o controle da minha vida, da minha disciplina, e fui me distanciando da família, dos amigos. No trabalho eu também já encontrava dificuldades e estava fora da Copa do Mundo da Alemanha naquela época. Batalhei muito, fiquei sem usar drogas e consegui ir à Copa, para comentar os jogos”, lembrou.

Na volta para casa, no entanto, ele teve uma recaída assistindo ao DVD de Ray, filme sobre a vida do músico Ray Charles, que teve uma longa relação com a heroína. “A dependência química é sutil, vem de repente. Vi o personagem na fissura e pensei: quero me injetar agora”, contou o ex-jogador.

Casagrande, porém, não ficou à vontade para entrar no debate sobre a descriminalização das drogas. “Eu sempre fui a favor, mas não acho que seja uma prioridade para o Brasil, neste momento. Mas também não vou me engajar em projeto algum contra as drogas; seria hipócrita de minha parte falar contra isso. O que posso fazer é incentivar a internação e o esclarecimento sobre a doença da dependência química”, afirmou.

O comentarista foi o primeiro dos entrevistados do programa. A atriz Malu Mader, que entrou em seguida, é sua amiga de longa data e não escondeu a alegria por reencontrá-lo. “Não sabia que você estaria aqui, foi um depoimento emocionante, contundente e muito útil”, comentou a atriz.

A banda Skank prestou, logo depois, uma homenagem ao ex-jogador: enquanto tocava “É uma Partida de Futebol”, um telão exibia gols de Casagrande jogando pelo Flamengo, Corinthians e Seleção. “Você é o único que conseguiu unir rock e futebol, Casão”, brincou o vocalista da banda, Samuel Rosa.

Há duas semanas de alta, Casagrande ainda não se acostumou à velha nova rotina. “Fiquei um ano trancado, sem ver ninguém, e a cada pessoa que encontro sinto uma emoção muito forte.

Tenho que ir devagar. Até agora, só saí de casa para ver um show da Rita Lee e para vir aqui”, disse, coberto de aplausos da platéia jovem do programa.
“Só saio para jantar com psicólogos. Eu ainda preciso deles”, disse. Prontamente, foi convidado por Malu Mader para jantar com ela e o marido, o guitarrista Toni Bellotto, dos Titãs.
Até o fim do ano, há possibilidade de que volte a comentar jogos para a TV, mas ele não quer apressar as coisas. Ainda freqüenta a clínica diariamente, das 12h30 às 17h, onde encontra outros dependentes químicos e uma psicóloga.

Mas mostrou que está com o senso crítico afiadíssimo ao responder à pergunta de um rapaz, que queria saber sobre o atual time do Corinthians, que disputa a segunda divisão do Campeonato Brasileiro. “Você quer saber de drogas, né?”, brincou.