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As engrenagens em pleno funcionamento

Liedson não sabe bater pênalti. O próprio jogador admite isso e evita o ato. Mas o momento era dele, os colegas e a torcida pediram. Ele atendeu ao apelo e cobrou o pênalti. E errou. Mas quis o acaso que o goleiro do Deportivo Táchira rebatesse  a bola, e o Levezinho pode completar e deixar sua marca na goleada.

Pois é, hoje comecei o texto pelo meio, para exemplificar o sentimento de que as engrenagens da máquina do professor Tite parecem estar funcionando perfeitamente. O Corinthians teve condições de se dar ao luxo de presentear um atacante com uma oportunidade de fazer seu gol. E quase não fez. E talvez não fizesse falta se o gol fosse perdido, mas serviu para dar mais confiança. Antes disso, Liedson já teve seu lance memorável, na tabela que resultou no segundo gol do Timão, marcado por Paulinho.

Nessas horas a gente percebe a importância de se manter um trabalho que pode não ter começado bem, como foi o caso do nobre Adenor no início dessa segunda passagem pelo Timão. O resultado a longo prazo acaba compensando.

Óbvio e ululante que o Deportivo Táchira, lanterna do grupo, não era parâmetro, mas serviu como um bom treino para o Corinthians, especialmente para aprimorar as jogadas de meio-de-campo. Para as oitavas de final, o time chega embalado. Resta saber quem será o adversário. Como preocupação, ficam as situações de Danilo e Chicão (especialmente este último, já que o Corinthians anda sofrendo com a escassez de opções na zaga). Dos três jogadores a serem inscritos na próxima fase da Libertadores, um deles é o jovem zagueiro Marquinhos, que vem fazendo boas apresentações pelo Campeonato Paulista. Embora o time não tenha sentido a saída de Chicão, com Ralf improvisado na zaga, para os próximos jogos não dá pra contar com essa possibilidade. O melhor é que haja alguém da posição jogando por ali. Lembrando que Wallace e Paulo André continuam fora de combate. Lamento especialmente por este último, que seria uma boa opção neste momento.

Antes de pensar na Liberta, o time se concentra para enfrentar mais uma vez a Ponte Preta, dessa vez pelas quartas de final do Paulistão. Com um bom resultado obtido pelos reservas no último domingo, o Corinthians tem confiança pra fazer um bom jogo e avançar rumo às semifinais.

Foto: globo.com

E faz um ano que visto a camisa do Ferozes Futebol Clube! Em comemoração, posto aqui a primeira canção que coloquei como trilha de um post, “You stole the sun from my heart”, a minha predileta do Manic Street Preachers.

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Cheers!

DO FAVORITISMO AO REBAIXAMENTO!

Não foi por falta de aviso. Muito pelo contrário. Todos sabiam, menos ele. O prepotente. O amador. Infelizmente a Portuguesa, após um belo ano de 2011, caiu no Paulistão,  perdendo para o Mirassol por 4 a 2, fora de casa, vendo no último minuto, o Botafogo-SP vencer o Guarani e cravar a faca no peito do torcedor rubro-verde. Triste.

Jorginho avisou, pediu, implorou! O elenco enfraquecido não aguentaria o tranco. Não perceber que perder Mateus, Edno, Marco Antonio seria fatal, é puro sinal de despreparo e ignorância quando o assunto é futebol. Este, que é o que mais importa – não só para a Lusa – como para vários outros clubes que sofrem com a incompetência administrativa de seus cartolas.

Quando algo da errado, sempre deve haver um culpado e, neste caso, o culpado pela queda lusitana chama-se: Manuel da Lupa, o presidente cego.

No início do ano tudo era festa. A empolgação pela volta à Série A do Campeonato Brasileiro era a esperança por dias melhores no Canindé. Era. Pois o homem da gravata tratou de colocar tudo a perder. E conseguiu. Já é o terceiro rebaixamento dele com a Portuguesa. Como já disse aqui: a Série B-2011 foi um acidente. Por quê? Da Lupa se acomodou, quis fazer dinheiro e achou que trazendo um ou outro jogador seria suficiente. Não foi. Jorginho foi obrigado a montar o time durante a competição. Prejudicando a evolução e entrosamento da equipe.

Da Lupa acreditava que seria possível escapar. Estava tranquilo. Porém, a torcida começou a cobrar e ameaçar time e diretoria. Com os resultados ruins cada vez mais presentes, ele resolveu agir. Afastou alguns atletas, mandou embora outros, e estava tudo bem? Não, tudo mal.

O elenco rachou. Desfaleceu-se. Entregou as pontas. Jorginho nada pode fazer. Apenas alertar a diretoria nas entre-linhas. Da Lupa não percebeu. Tarde demais! A Associação Portuguesa de Desportos estava então, rebaixada à Série A-2 do Campeonato Paulista. Uma vergonha! Um vexame! Que era de se esperar. Mas que não foi impedido. Lamentável.

Agora, a pergunta que fica é a seguinte:

– Após o desmanche e o rebaixamento no Paulistão, o que será da Portuguesa no Campeonato Brasileiro?

Não sei. Mas se continuar assim, o BI-REBAIXAMENTO é o mais provável.

Até agora não entendo o apelido de Da Lupa, pois se seu maior problema de fato, é a visão.

Manuel da Lupa? Acho que não!

OS PROBLEMAS DO PALMEIRAS SÃO TÉCNICOS E TÉCNICO.

Mais do que o excesso de volantes, a principal causa da queda de rendimento alviverde é o mau momento técnico de algumas de suas peças – e sim, também culpa do Felipão.

O excesso de volantes do time é ilusório. Não há marcação no meio campo, pois há apenas segundos volantes.

Marcio Araujo é o que mais se aproxima de ser um 1º volante, mas além de não ser um marcador nato, está em péssimo momento técnico. Chico deveria ser esse homem, mas parece não contar com a confiança de Felipão. Exceto ele, no elenco tido como um showroom de volantes, não há verdadeiramente nenhum outro marcador.

Assunção não marca a própria sombra e na 2ª etapa cai drasticamente de rendimento. Vide o clássico contra o Corinthians, onde foi o destaque do time na 1ª etapa e no 2º apensas fez figuração, exatamente onde Paulinho atuou e decidiu o jogo. Se não há variação tática para sanar esse problema, a culpa é de quem arma o time. As peças que ele pediu dessa vez chegaram. Ao menos o próprio Felipão dizia estar satisfeito com o que lhe fora dado.

Com um meio sem pegada, a zaga fica exposta. Embora por baixo tenha dado conta do recado, pateticamente sofre com as bolas aéreas. Contra o Guarani foi um show de horrores e não fosse a grande atuação de Deola e o placar apontaria ainda mais essa fragilidade. Erro de posicionamento. Deficiência técnica? Talvez. Mas também falha de posicionamento. Coisas para o treinador solucionar.

O que vinha dando certo começou a degringolar. Principalmente ofensivamente, onde Maikon Leite vive um momento de tristeza técnica latente.

Nunca fora um primor, mas ao menos funcionava naquilo que tem de melhor, que é a velocidade. Hoje a bola tem sido sua inimiga e o faz tropeçar a todo instante. Não consegue acertar um único drible sem que escorregue diante do marcador, que lhe toma a bola sem grandes suadouros.

Os gols de Barcos rarearam de acordo com essa queda técnica de seus parceiros de ataque. Isolado, tem sido ele o armador das próprias jogadas, tendo que sair da área para tabelar com Daniel Carvalho.

Para ajudar Cicinho também caiu de produção. A sombra de Arthur que deveria ser um estimulo parece ter minado sua confiança. Sua força no apoio desapareceu e no lugar está um Cicinho afoito, que chega atrasado na marcação e não consegue mais compor o lado direito com a eficácia de antes.

Se falta marcação ao time e a manutenção de Cicinho se dava somente por sua força ofensiva, talvez seja hora de dar titularidade a Arthur, que tem maior condição defensiva e ainda aparece bem nas jogadas aéreas.

O sonhado lado direito com Cicinho e Wesley parece não ter vingado. Mais ainda agora com a contusão do meia.

Fechar o meio não significa lotar de segundos volantes, mas de repente ter um de contenção. Não isolar Daniel Carvalho na armação das jogadas. Valdívia está machucado, então tente Carmona. Patrick não é meia, não é 2º volante, não se sabe bem o que é. Deixe-o descobrir primeiro.

Para algumas posições há peças para mudar, em outras não. Mas cabe a Felipão dar jeito. O que não pode é achar que está normal um time que vinha tão bem de uma hora para outra tornar-se tão frágil e o treinador assistir passivamente sem buscar opções.

Deola; Arthur, Amaro, Henrique e Juninho; Chico, Assunção e Carmona; Daniel Carvalho, Vinicius e Barcos.

Um 4.3.3 com condição de virar 4.4.2 recuando Carvalho quando necessário ou Barcos saindo para espetar Carvalho ou Vinicius mais abertos. Sem invencionices, sem adaptação, cada um na sua.

Felipão fez de tudo para renovar com o garoto Vinicius, por que não usá-lo? Maikon Leite precisa de banco, precisa aprender a escolher suas chuteiras e a levantar a cabeça.

Não há ainda motivos para instalar uma crise. A derrota para o Guarani se construiu também no mérito do adversário. Bruno Mendes arrebentou. Centroavante ágil, inteligente e com muita maturidade para quem tem somente 17 anos. Jogou o Guarani como jogou o Palmeiras por muito tempo, tendo como arma mais forte as bolas paradas com o veterano Fumagalli.

No Palmeiras a máxima do “em casa de ferreiro o espeto é de pau” parece se aplicar.

Como já dito após a derrota para o Corinthians, nem tudo é 100% certo nem errado. Mas é 100% errado não ousar, não mudar, não trabalhar.

DO IMAGINÁRIO COLETIVO POVOADO POR CHICO, O SENTIMENTO E OS PERSONAGENS DO DERBI..

Semana de derbi os dias passam arrastados. Trata-se dos poucos períodos do ano em que o domingo é o dia mais aguardado da semana. Os demais períodos são exatamente as semanas que abrigam os outros derbis do ano.

A sexta-feira sempre tão aguardada chegou e logo pela manhã o radinho avisa que o genial Chico Anysio encontrava-se em estado de saúde crítico. Não era apenas mais um dos tantos períodos de internação do maior gênio do humor brasileiro. A sensação, em meio a correria matinal para se aprontar para o trabalho, me permitiu ponderar sobre isso.

Chico era Palmeiras. Diferente de tantos outros clubes pelos quais ele dedicou períodos de paixão, pelo velho Palestra ele dedicou toda a sua vida de torcedor.

A euforia pelo derbi vindouro já contrastava com a quase latente certeza de que o final de semana não seria de riso pleno. De que o riso estaria de luto. O que veio a se confirmar no final da tarde da sexta.

O Brasil perdia 210 cidadãos puramente brasileiros. Chico e mais seus 209 cidadãos brasileiramente caricatos na máxima expressão dos tipos médios formadores de nossa sociedade.

Se tem algo que eu faço muito, só não sei se bem, é pensar. Penso sobre tudo e sobre todos. E dentre minhas retóricas de pensamento está a formação de meu imaginário, que por sua vez pertence a uma coletividade que já adentrou a casa dos 30 anos, mas que em muitos casos abraça muitas outras anteriores a minha.

Chico era uma dessas figuras do imaginário coletivo do qual talvez a minha geração seja a última a pertencer. Chico fora parcialmente esquecido pelo meio que lhe deve tanto, o que resultou em uma nova geração de pessoas já desligadas do conceito do humor sem o preceito da inteligência ante a boçalidade. Alguns que não se impressionavam tanto com personagens que os representava quase que de cabo a rabo.

 

Mas não se trata aqui de uma tentativa de fazer um exercício antropológico para justificar a formação dos novos consumidores do humor, nem bem exaltar o antigo como se não fosse possível o novo reproduzir a qualidade de outrora. Embora nesse caso me pareça ser essa a conclusão.

No lamento da perda de Chico está inserida a minha indignação ante os fins de ciclo. A impertinência da não continuidade do que deveria ser contínuo. Da intransigência a que o fim desses ciclos nos impõe.

Nada de reclamar das leis universais. Só que as mesmas leis me permitiram pensar, ponderar, amar e chorar. E a quebra ou o ponto final colocado nesse meu imaginário de mais de 30 anos me faz trabalhar todos os meus conceitos, embora ao final eu acabe sendo bem fiel a maior parte deles.

O ciclo de Chico terminou quase que paralelamente ao início de um ciclo ao qual tanto ele quanto o restante da coletividade alviverde torce para que seja muito duradouro. O da retomada da razão pela qual o clube fora criado – vencer.

No derbi de hoje houve uma pausa. Justa, diga-se de passagem. E cabível. Se havia que ser alguém a quebrar a invencibilidade do Palmeiras, que fosse então o campeão brasileiro. Que a dureza da rivalidade pese nesse tipo de ponderação seja justa, mas justo é também não achar que tudo feito até agora está errado.

O justo do resultado final poderia ter sido a mesma justiça caso a vitória viesse. Vitória que esteve bem perto de acontecer na 1ª etapa, onde o Palmeiras foi superior ao Corinthians.

Justo como foi a vitória corintiana após uma blitz impressionante nos 10 primeiros minutos da etapa final, onde a virada poderia ter sido inclusive ampliada, mas que não invalidaria a justiça do empate que quase veio na cabeçada de Henrique ao final do jogo.

Quem não merecia levar gols era o “Chico Anysio”, que acabará levando dois, sendo um deles um verdadeiro ultraje, no gol contra de seu personagem “Profeta”.

Merecia que seu “Profº Raimundo” anotasse mais gols além daquele petardo de fora da área. Mas viu nas fracas atuações do “Divino” e do goleador “Pantaleão” a derrocada do seu Palmeiras.

Ao final do fim de semana em que o riso esteve de luto, justiça fora feita no mais amplo dos sentidos. O justo merecimento da homenagem recebida pelo mais brasileiro dos palmeirenses, na estampa das camisas do alviverde e no maior dos clássicos disputado em alto nível.

Bem como altíssimo sempre foi o nível do homenageado.