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HINO A CAPELLA NÃO FAZ MAIS MILAGRES

Basta empatar e estará classificada, muito embora se trabalhe tão somente com a ideia da vitória. Mas que tipo de vitória será essa?

Camarões é a pior seleção da Copa, tecnicamente e psicologicamente. A chance para uma partida redentora não poderia mostrar-se mais ideal para Felipão e seus comandados. Mas isso, hoje, parece incomodar.

Se vencer, bateu no bêbado. Se não vencer (e nem falo em perder), será vexame nos quintais de casa. Sinuca de bico, portanto.

Há um ano a seleção brasileira chegava à Copa das Confederações desacreditada, em posição mediana no ranking da Fifa. Fez partidas ruins e algumas mais ou menos, até chegar a final, onde, de fato, foi exuberante e atropelou a então melhor seleção do mundo, a Espanha.

Naquele momento uma força que vinha das arquibancadas serviu de mote para essa retomada do bom futebol da seleção. O hino cantado a capella (sem crase e com dois L´s mesmo, como manda o idioma de origem do termo, o italiano), de fato criou algo novo, em meio a um momento de forte contexto político, a seleção sentiu-se “abraçada” e para aquela gente jogou o fino naquela final.

Dai em diante passou a ser uma das favoritas ao titulo desta Copa do Mundo. O time, praticamente o mesmo, tem bons nomes, mas como já frisado, somente um acima da média. E então a Copa teve início e contra a Croácia foi preciso da ajuda da arbitragem e de um momento de brilho de Neymar para a vitória chegar. Contra o México uma partida muito ruim, dessa vez sem arbitragem e sem brilho de Neymar. Variação tática? Nenhuma. Opções no banco para mudar a forma de jogar até existem, mas Felipão sinaliza que irá segurar a onda de seus comandados, mesmo aqueles em péssimo momento como Paulinho, Oscar e Fred.

Tenho a nítida impressão de que se está esperando um milagre das arquibancadas. Os hinos a capella continuam sendo entoados, o insosso “sou brasileiro com muito amor e bla bla bla” é o que sai daquela plateia travestida de torcida em certos momentos. De resto, silêncio ensurdecedor. Enquanto estamos vendo todas as outras seleções sul-americanas jogando como se estivessem em casa, com seus cânticos fortes e provocativos.

O choro aparentemente crocodiliano dos jogadores durante o hino a capella transparece uma necessidade velada em se sentir algo que, de repente, não se sente. Aquilo já perdeu o impacto, não há novidade. Lá na Copa das Confederações foi algo novo, motivador para uma seleção que há muito havia perdido a simpatia e a magia.

O time vinha em momento crescente, que agora parece ter sido estagnado. Se Camarões é um adversário que caiu do céu, mas pode delinear um caminho ao inferno, deve o time usa-lo para fazer o mínimo com um máximo de qualidade. O mínimo é vencer a partida, o máximo jogar bem e ser este um ponto de partida rumo a retomada do crescimento estagnado.

O time precisa criar o próprio milagre e não esperar que ele venha de sua plateia.

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Café com Leite na Copa: Japão e Camarões

Texto: Beto Almeida
Foto: UOL

Já falei que não curto Copa do Mundo, cada jogo meia boca que temos de agüentar, um pior que o outro, é fogo. Ainda mais nessa primeira fase, todo mundo ansioso, ninguém quer perder, dá-lhe um time todo se segurando na defesa pra não tomar gol e garantir pelo menos um empate.
Antigamente dava até graça assistir as seleções africanas jogando, os caras corriam pacas atrás da bola, driblavam e faziam gols. Hoje, tudo mudou: onze brucutus, uns negões fortes pra caramba, mais preocupados em dar porrada e travar o jogo do que qualquer coisa, é o tal “estilo europeu”, continente donde a maioria das seleções africanas importa seus técnicos, indo na contramão da História, um novo jeito de colonização.
Com Camarões não foi diferente, essa seleção já encantou o mundo com sua alegria e futebol moleque, passaram os anos e o moleque cresceu, virou gente grande, jogando um futebol burocrático. E medonho.
Já o Japão, continua a mesma coisa, bom pra fazer animes e produtos eletrônicos, porque tratando-se de futebol, nem o Zico conseguiu desentortar o pé dos nipônicos. Tai uma tecnologia que eles não conseguiram inovar, ainda. Mas eles tem fôlego, os baixinhos.
Era o duelo do grande contra o pequeno, se é que me entendem. Ou não.
Camarões e Japão foi um jogo sonolento, chato pra caramba. O time do Japão conseguiu ter mais posse de bola no ataque no primeiro tempo, até conseguiu fazer um gol numa bola levantada na área, como a provar que tamanho não é documento. Dois armários de Camarões subiram pra cabecear a bola, que nada, ela passou direto e caiu nos pés de Honda, que chutou pra dentro das redes.
O segundo tempo foi mais do mesmo, Camarões não acertava passes e o Japão tinha um time mais coeso em campo, não deixando espaços. M’bia, de Camarões, até acertou um belo chute aos 41 minutos, que bateu na trave. E foi só, o jogo acabou. Mas minha paciência com o futebol apresentado já tinha terminado faz tempo.