Arquivo da tag: Barcos

FALTAM 10.

Um primeiro tempo para se esquecer e uma segunda etapa digna de um campeão nacional. Pode ser feita dessa maneira o resumo da estréia do Palmeiras na Copa Sulamericana. O Botafogo é aquela coisa insossa.  Capaz de vir ao Pacaembu e aplicar 3X1 no Corinthians, criar grande expectativa e murchar da mesma maneira com que brilhou.

Um pouco desse Botafogo do jogo contra o Corinthians e muito do Palmeiras do Paulistão explicam o que foi a 1ª etapa. Andrezinho, que vive grande fase, mandou linda bola no travessão e em outro momento o goleiro Bruno salvou gol certo dos cariocas. O Palmeiras não atacava e se defendia mal. Mazinho, que fez sua pior partida desde que chegou, foi trocado por Obina ainda aos 34 da 1ª etapa. O Palmeiras aumentou sua presença ofensiva e diminuiu o ímpeto do Fogão. Os primeiros 45 minutos terminaram já mostrando certo equilíbrio.

Murtosa/Felipão voltaram a mexer no time no intervalo. Em principio uma mexida estranha. Sacaram Maikon Leite e mandaram o lateral esquerdo Felipe em sua vaga. Com isso Juninho virou meia e Felipe ficou na função. Obina abriu pela direita e Barcos centralizou. Um 4.4.2 que há muito tempo eu não via e que há uma par desse mesmo tempo eu não via funcionar tão bem. O Palmeiras amassou o Fogão.

Eu não via um lateral esquerdo alviverde atuar como um legítimo meia desde Júnior nas temporadas 99/2000, também sob o comando de Felipão.

Com muitos destaques individuais, coube a Barcos o protagonismo. Em duas jogadas magistrais, onde o hermano aliou técnica e finalização apurada, foi ele quem deu a vitória ao Palmeiras.

O jornal Lance comparou números de Barcos na temporada com os de seus compatriotas da seleção argentina. Barcos só não supera Messi.

A média de gols de Barcos (0,54% por jogo) supera a de Lavezzi e de Higuain e perde de pouco para Aguero (0,59). No entanto Barcos já marcou 17 tentos, contra 16 de Aguero. Considerando aí o período pós operatório que o deixou fora de combate por quase 1 mês.

Se Sabella convoca Guiñazu com 33 anos, porque não Barcos com 28?

Puro exercício imaginativo. Com a bola que vem jogando e com a bola que não vem jogando os centroavantes de Mano Menezes, bastaria a CBF naturalizar o Hermano. Barcos guarda a grande maioria dos pretensos homens gol no bolso. A exceção aí é Fred.

Não que a seleção da CBF mereça, mas fica aí a dica do amigo.

ENCARDIU!

Quem vem acompanhando minhas observações acerca dos jogos do Palmeiras, certamente já notou que minha principal crítica ao esquema de jogo de Felipão se dá pela ineficiente marcação no meio campo, ainda que por ali joguem três volantes: Marcos Assunção, João Vitor e Marcio Araujo.

Assunção é um dos líderes, capitão e tem a tão decantada bola parada. João Vitor não é um exímio marcador, mas dá combate e tem alguma qualidade no passe. Marcio Araujo é o João Vitor, só que sem bom passe.  Nenhum dos três é um legítimo 1º volante e isso sobrecarrega a zaga, que se vê constantemente exposta e tendo que confrontar mano a mano o ataque adversário. O “Deus nos acuda” é ampliado quando o lateral direito é Cicinho, que por vocação avança muito e abre uma avenida as suas costas. Não dá. Não pode.

O letárgico Palmeiras desse início de BR12 deu margem para uma série de previsões em cima da decisão contra o Grêmio, pelas semifinais da Copa do Brasil. Nenhuma delas favorável ao alviverde. Perfeitamente cabível, diga-se.

Enxergando o obscuro cenário para os lados do time de Palestra Itália, ontem às 9:00 matinais, ao tentar vislumbrar alguma maneira do Palmeiras não ser uma presa tão fácil para o Grêmio em seu alçapão, fiz a seguinte “sugestão” a Felipão:

“Grêmio com 12 vitórias nos últimos 13 jogos. Tem os retornos de Marcelo Moreno e Kleber ao ataque. 3º colocado no BR12.

Palmeiras vem sem Valdívia (talvez para sempre.), com 3 derrotas em 4 jogos no BR12, vice-lanterna da competição.

Cenário claramente favorável ao Grêmio. O que eu faria se fosse o Felipão: Deola (não confio no Bruno), Arthur, Amaro, Heleno e Juninho com o Henrique a frente da zaga como um libero/1º volante; Assunção, João Vitor e Daniel Carvalho; Mazinho e Barcos” (você pode acompanhar a íntegra da discussão em nosso grupo de discussões no Facebook: https://www.facebook.com/groups/410938200003/)

Por volta das 20:00 Felipão soltou a escalação: Bruno, ARTHUR, Amaro, Heleno, Juninho e HENRIQUE A FRENTE da zaga. Assunção, João Vitor e Daniel Carvalho. Luan e Barcos.
Foi melhor ainda do que minha sugestão. E a razão para imaginar que armado dessa maneira o Palmeiras poderia fazer frente ao Grêmio era até simples.
Henrique é o destaque individual desse time há tempos. Um zagueiraço de qualidade inigualável no cenário brazuca. Xerife em sua área, sobe com propriedade ao meio campo e por vezes surge na área como elemento surpresa. Thiago Heleno e Leandro Amaro se viram bem na retaguarda. O problema sempre foi a marcação no meio campo. Adiantando Henrique para atuar como 1º volante, o problema da falta de marcação teria enormes chances de ser sanado. Neste caso tinha mesmo que sobrar para Marcio Araujo, que na pesagem das contribuições do trio de volantes acaba ficando para trás e, em minha opinião, fica completamente sem função tática. Assunção e João Vitor ficam mais tranqüilos para serem os 2º volantes que de fato são.  
Arthur é um lateral que quase não apóia o ataque, mas também não deixa espaço para o ataque adversário passear. Por ali atacou Kleber, que foi completamente anulado. Na verdade Arthur foi muito mais um 3º zagueiro pela direita do que um lateral. Ao longo do jogo o mais atento pode perceber que Kleber, notando que por ali nada conseguiria, acabou indo buscar jogo na outra extremidade.
O problema crônico do time foi resolvido pela 1ª vez no ano. Deu posse de bola ao Grêmio, mas minou suas armas, murchou o ímpeto gremista e controlou muito bem o empate, o que para um visitante estava de bom tamanho.
Se Daniel Carvalho estivesse em boa jornada e fatalmente os espaços deixados pelo Grêmio poderiam ter sido melhor aproveitados. Barcos voltou uma porção de vezes para ser ele o armador – o que fez muito bem, aliás. Atuando como pivô, abusou de tentar usar a velocidade de Luan, mas falta ao ponta palmeirense pensar na mesma sintonia de Barcos.
Com o jogo caminhando para seu final e o zero apontando no placar, o Grêmio instintivamente avançou suas linhas. A essa altura Luxemburgo já havia tentado de tudo, mudando todo o ataque. Bruno, no entanto, pouco trabalhou.
O espaço deixado pelos gremistas, aliada a entrada de Cicinho na vaga do contundido Arthur, deu o toque fatal ao nó tático que Felipão empregou em Luxa. Com Arthur a jogada do 1º gol não aconteceria. Cicinho finalmente encaixou grande jogada e deixou Mazinho, que entrara na vaga de Daniel Carvalho, na cara do gol para finalizar. Já eram passados os 40 minutos do 2º tempo e o Grêmio desmantelou. Mais 3 minutos e Juninho serviu Barcos, que de cabeça matou Vitor e só não matou de vez o Grêmio no duelo pois estamos falando de futebol.

Felipão teve uma noite do grande técnico que já foi e que pode voltar a ser. E o Palmeiras que vive assustado, ontem pouco susto levou. Deu mostras de que pode conquistar a Copa do Brasil.

Mais do que cascudo, ontem o Palmeiras foi encardido.

POR ESSAS E POR ESSES.

O jogo contra o Coruripe não serve para amostragem do que pode fazer esse Palmeiras. Mas serve para chegarmos a algumas conclusões individuais.

Barcos é o cara, mas não tem substituto. Ricardo Bueno é muito esforçado e eventualmente pode ser utilizado, mas nunca ser a opção imediata ao argentino. O dia em que Barcos não puder jogar, Felipão terá sérios problemas.

Patrick precisa descobrir qual é a sua posição de origem. Quando escalado como meia, não arma. Se recuado para ser 2º volante, não dá o combate. Em ambas situações, tem por costume carregar demais a bola e não acertar os passes. Para 2º volante João Vitor tem sido bem mais eficaz. Na meia Daniel Carvalho e Valdívia são donos absolutos das vagas. Carmona é da área, mas é outro bastante esforçado e ponto.

Hoje quando se pensa em João Vitor ninguém lembra mais que foi ele o estopim da última e gigantesca crise palmeirense e que culminou com a saída de Kleber.  A saída de Kleber por si só já basta para considerar JV importante no esquema, mas além disso ele tem mostrado grande evolução em seu jogo. Ajudou também o fato de finalmente o Palmeiras acertar sua lateral direita com Cicinho e Arthur, o que não obrigou mais Felipão a deslocá-lo para a função.

Sem Valdívia, Daniel Carvalho e tendo a presença, mas não o jogo de Patrick e depois de Pedro Carmona, coube a Marcos Assunção assumir a armação do time. Quando a situação começava a querer ficar perigosa, golaço de falta e assistência magnífica na cabeça de Barcos que anotou o 2º gol. Ele não marca nem a própria sombra, mas dá para abrir mão de tamanha eficiência?

Juninho marcou mais uma vez. Porém, mais do que gols, Juninho parece ser o lateral esquerdo que o Palmeiras não tem desde Júnior. Veloz e habilidoso, enxerga bem o jogo e consegue se aproximar dos atacantes para criar tabelas envolventes. É muito jovem e tem idade olímpica. O que torna ainda mais espantosa a sua maturidade em assumir a titularidade no mais “convulsionante” clube do futebol brasileiro.

Adendos: Marcos Assunção passou boa parte de 2011 sendo criticado por parte da torcida por sua falta de vocação defensiva. Acho até que se tornou, injustamente, o símbolo de um time acéfalo e altamente dependente de uma única jogada – a sua. Foi perseguido, vaiado e em nenhum momento abaixou a cabeça. Em momento algum falou mal da instituição, forçou sua saída, fez corpo mole ou entrou em rota de colisão com quem quer que seja. Reconquistou, na base de sua capacidade e mais do que isso, no respeito sempre demonstrado pelo clube, a confiança e os aplausos da torcida. Marcos Assunção é símbolo de um Palmeiras que quer dar a volta por cima, que quer ser respeitado e retomar sua vocação de vitórias.

O mesmo se aplica a Barcos. Não apenas de gols se faz a simpatia imediata do torcedor com o “El Pirata”. Como bem lembrou PVC na transmissão do jogo de ontem pela ESPN, enquanto jogadores medíocres como Carlinhos Bala já disse não ao Palmeiras, Barcos fez o oposto. Abriu mão de proposta financeiramente muitas vezes maior que a do clube paulista, vinda do futebol árabe, para jogar pelo “grande Palmeiras”, como o próprio fez questão de frisar.

Por essas e por esses, 2012 pode ser um ano muito bom para o Palmeiras.

UM PALMEIRAS QUE VENCE E AGORA CONVENCE.

É verdade que o Paulistão não serve como um parâmetro muito confiável para se realizar prognósticos da temporada dos grandes clubes.

Até o momento apenas uma vitória de clubes do interior contra os grandes: Mogi-Mirim 3X1 no time reserva do Santos.

Mas o que tem de ser feito nessas situações, o Palmeiras está fazendo e muito bem. De patinho feio entre os 4 grandes, agora é o único invicto (não perde desde o início de novembro ou 19 jogos), tem o ataque mais positivo da competição (30 gols) e um repertório variado de jogadas.

O gol de Barcos após linda jogada no melhor estilo linha de passe corrobora com a tese. Marcos Assunção é ainda uma arma mortal, embora seja mais uma delas e não a única. O time não depende mais de Valdívia para mudar de patamar.

E agora o Palmeiras não apenas vence, mas convence – e goleia.

O Botafogo é um dos virtuais rebaixados e é uma costumeira vítima das goleadas verdes. Vide os 8X0 no Paulistão de 1996. Mas os 6X2 de ontem mostra o abismo que há entre os times da capital e os do interior. Só que o Palmeiras tem refinado essa amostragem.

Pode não ser ainda o melhor time do país, mas pode chegar entre eles.  Mais do que isso, o Palmeiras dá ao palmeirense algo que há muito não oferecia – confiança.

O domingo que teve a tarde recheada de gols alviverdes, terminou com uma goleada de hinos dos bons sons. Um dos maiores ingleses vivos brindou os apreciadores da boa música, num dos shows mais aguardados dos últimos anos.

Ex-líder do lendário Smiths, Morrissey desfilou clássicos seus e de sua antiga banda.

Quando “How Soon Is Now?” veio para o front foi impossível não lembrar das tantas vezes em que o hino foi responsável por air guitars isolados, voltados para as paredes dos inferninhos da paulicéia, com um ainda juvenil espírito cheio de sonhos e vontades. Ontem, naquele momento,naquela “How Soon Is Now?”, aquele espírito voltou a vibrar na mesma sintonia de outrora.

Mais sobre o showzaço do Morrissey virá mais tarde, na coluna de Alan Terriaga.

Despeço-me com a “How Soon Is Now?” de ontem:

 

 

Cheers,

O PALMEIRAS DE BARCOS.

-No Palmeiras de Barcos, a bola parada de Marcos Assunção é somente mais uma das opções do time.

-No Palmeiras de Barcos, Maikon Leite tornou-se a flecha de mão dupla que atormenta a retaguarda adversária. Levar a bola do meio ao ataque acontece em segundos. Se conseguir ser menos afoito e pouca coisa mais inteligente e ML poderá melhorar ainda mais essa dupla de ataque.

Acho que nesse atual esquema Luan perdeu completamente seu espaço, até por que Juninho vem cumprindo muito bem a função de ala esquerda. Vide a jogada do 3º gol palmeirense. O lateral destaque do Figueirense no BR11 joga de cabeça erguida e tem grande visão de jogo. Repare que antes de cruzar ele pede ajuste de posicionamento a Daniel Carvalho que de cabeça anotou o gol, após cruzamento milimétrico de Juninho.

Juninho e Daniel Carvalho, dois dos novos contratados do time. Gol do Palmeiras. Gol de Felipão. Gol da direção.

A corneta soou solta aqui ao longo de 2011, mas até aqui comissão técnica e direção mostram grande serviço em 2012. Então sejamos justos.

-No Palmeiras de Barcos e Daniel Carvalho, fica difícil até mesmo pensar em como levar Valdívia de volta ao time titular. Felipão sinaliza usar o chileno no jogo contra o São Caetano. Mas no lugar de quem? Bah, o velho Bigode que se vire com essa dor de cabeça que todo técnico gostaria de ter.

-O 1º tempo do Palmeiras de Barcos e cia beirou o primor. Compacto, atacando em bloco e se defendendo sem maiores transtornos e sem ceder espaços para contra-ataque. Tudo bem, foi o Linense. Mas quem anda passeando contra os times do interior? O Santos e olhe lá.

-O Palmeiras ganha a marca da eficiência e a eficiência nesse início de temporada se chama Barcos. Cinco gols em seis jogos, dos quais dois foram verdadeiras pinturas. No de ontem , o 2º da vitória contra o Linense, Barcos recebeu lançamento no meio de campo e com o domínio já caiu na faixa de campo que lhe dava uma avenida para atacar. São nesses detalhes que você ganha se o cara tem qualidade ou não. De cabeça erguida, conduziu a bola sem deixá-la desgarrar de seu domínio até aplicar o drible certo, na hora certa, concluindo a jogada da mesma maneira, sem preciosismo, mas com extrema categoria e precisão. Um golaço construído a partir da transparência de todos os meandros da jogada.

-Este é o Palmeiras de Barcos. Mas já fora de Kleber, de Vagner Love e de tantos outros que chegaram para conduzir o time aos bons tempos, mas que naufragaram por diversas razões. Portanto, todo cuidado é pouco ao bancar alguém como o “novo Evair” ou novo ídolo.

Barcos parece entender essa situação. Parece entender também desse negócio de fazer gols.

Cheers,