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A RETOMADA DO SANGUE NAS VEIAS

Teria sido a volta de Guilherme? Ou a volta da vergonha na cara, como o próprio volante deu a entender? Não sei. Também não sei se vai perdurar numa sequência de resultados positivos. E não sei se a reunião dos jogadores colocou os pingos nos is que faltavam. Fato é que o Corinthians derrotou com méritos o Bahia, em Mogi, por 2 x 0, em jogo pelo Campeonato Brasileiro.

O que eu sei é que a postura em campo foi muito diferente do que estávamos vendo nas últimas oito rodadas. E muito disso passou pelos pés de Guilherme, consciente de sua função, coisa que seus substitutos não fizeram em momento algum.

Do abraço do grupo ao treinador, a quem a maioria de nós já não dava nenhuma esperança de sucesso, a resposta à altura: time ofensivo, mais corajoso do que vinha se mostrando. Da dupla de zaga reserva, já que ambos os titulares estavam suspensos, uma surpresa: Cléber estreou com gol e encheu o torcedor de esperanças acerca de uma futura dupla de zaga Gil-Cléber (sabemos que Paulo André é esforçado, mas tem suas limitações). Felipe, reserva imediato na zaga, também foi seguro e sem medo de dar bicos na bola quando necessário. É boa opção no banco, aparentemente.

Sheik se excedeu e tomou um cartão ‘de graça’. Levando em conta que já não teremos Pato, a serviço da Seleção, no próximo jogo, ficaremos com poder de ataque menor. Romarinho não vem em boa fase, como sabemos. Mesmo com o cartão bobo, Emerson foi um dos nomes do jogo, cobrando os escanteios que originaram os gols.

Incompreensível mesmo é a improvisação de Alessandro na lateral esquerda. Se o jogador não tem tido poder de fogo pelo lado em que atua, por que teria do outro? Mesmo em má fase, não vejo motivo para que Igor seja preservado.

O importante – e só isso, já que não vejo o time disputando mais nada além de uma vaga na Libertadores, que ainda assim é muito difícil – foi que a postura do time vencedor parece (parece) estar sendo retomada (uma das palavras preferidas de Adenor).

Ainda não é o time que ganhou a Libertadores e o Mundial. Este, ao que parece, ainda passeia por terras nipônicas, e ainda não desembarcou por aqui. Vejamos no que dará esta mudança de postura. Sigamos.

 

Guilherme voltou de cirurgia e foi o melhor em campo contra o Bahia.
Guilherme voltou de cirurgia e foi o melhor em campo contra o Bahia.

 

 

Sobre heróis e vilões

José Paulo Bezerra Maciel Junior, 23 anos. Diego de Souza Andrade, 26. Cássio Ramos, 24. Alessandro Mori Nunes, 33.

Os cidadãos acima foram os personagens principais de uma história de cerca de 180 minutos, iniciada num mar de lama do dia 16 e terminada com a redenção do time paulista contra o carioca, avançando para uma semifinal  inédita há 12 anos.

O primeiro citado, conhecido como Paulinho, é hoje o principal nome do time do Corinthians. À boca pequena, especula-se que tem proposta para deixar o clube, rumo ao futebol italiano. Por enquanto, só especulação. Mas não é de se estranhar, já que o volante anda muito mais decisivo do que o ataque do clube alvinegro, carente de um centroavante, já que Liedson não vive bom momento, e está relegado ao banco de reservas. Bem marcado o tempo todo pelo Vasco, Paulinho esteve nos dois jogos mais dedicado à marcação, sem conseguir subir ao ataque ou finalizar. Isso até os 42 minutos do segundo tempo, quando, numa cobrança de falta de Alex, houve o cruzamento para a cabeçada do volante (a bem da verdade, Paulinho também teve a chance de fazer o seu gol antes, aos 31´, mas o goleiro Fernando Prass defendeu muito bem). Paulinho virou o grande nome da classificação.

Paulinho fez o gol da vitória.

 

 

 

No outro capítulo da história, três protagonistas: Alessandro, Diego Souza e Cássio. O primeiro já não vinha bem antes de se machucar e ficar afastado do time, perdendo a vaga para o improvisado Edenílson, que – puro azar – fraturou o pé e ficou de fora da decisão. E Alessandro voltou. Voltou e poderia figurar como vilão desta história, porque vacilou e deixou uma bola limpa para Diego Souza tentar o gol que classificaria o Vasco. Mas tinha um Cássio no meio do caminho, no meio do caminho tinha um Cássio (me desculpe, Carlos Drummond de Andrade!). 

Guinei, Coelho, Roger Guerreiro e Moacir mandam um fraterno abraço a Alessandro.

Não se pode dizer que o goleiro Cássio era a calma em pessoa. Pelo contrário: em alguns momentos, pareceu bastante nervoso, rebatendo bolas que deveria agarrar. Mas teve seu momento de herói, defendendo a bola que poderia definir o jogo para a equipe de São Januário (porque veja bem, depois de um gol do Vasco, seria difícil reverter). E o lance capital caiu na conta de Diego Souza. O que não é justo com o meia, diga-se. Porque se falhou, Diego não foi o único. O atacante Alecsandro, por exemplo, não parecia estar no jogo. E Rômulo errou todos os passes, além de ter cabeceado para fora após um bom cruzamento de Fagner.

Apelidado de Frankenstein, Cássio foi o pior pesadelo para Diego Souza.

E o Corinthians avançou. Na raça e no talento individual. E a vida segue.

Da lama ao caos

Se no primeiro jogo contra o Vasco o time titular do Corinthians teve como empecilho a lama do gramado de São Januário, com o time reserva, no Pacaembu, contra os também reservas do Fluminense, o problema foi mesmo de deficiência técnica. Os destaques negativos foram Gilsinho e Douglas, que parece não conseguir entrar em forma. O que acontece com o outrora chamado de “maestro”? Desafinou?

Émerson fazendo um tratamento de pele na lama de São Januário.

 

Como destaque positivo, o jovem zagueiro Marquinhos fez mais uma boa atuação. Mas isso não impediu que o goleiro Cássio, único titular presente no jogo, tomasse seu primeiro gol vestindo a camisa do Corinthians. Uma prova de que – mesmo tendo montado duas frentes de trabalho para as competições das quais participa – não tem um grande elenco. Falta mão de obra especializada em algumas posições. Num campeonato de pontos corridos, isso pesa.

Na hora certa e no lugar certo

Já houve momentos em que esqueci que Ramirez está no elenco do Corinthians.

Quem escreve sobre futebol tem que se preparar para cair em contradição a qualquer momento. Por exemplo: recentemente eu disse que a noção que se tem de equilíbrio no Corinthians não é verdadeira (e ainda acredito nisso, de certo modo). Também sempre critico neste espaço, as más decisões do treinador Tite ao longo dos jogos, o que às vezes prejudica a equipe.

Pois bem. No confronto contra a equipe do Ceará, que o Corinthians venceu pelo humilde resultado de 1 a 0, o nobre Adenor, além de fazer uma boa substituição, fazendo entrar em campo o peruano Ramirez, responsável pelo gol que garantiu os três pontos que podem ser importantes na escalada rumo ao título do Campeonato Brasileiro 2011, ainda conseguiu manter um pouco do tão apregoado “equílibrio”  de que gosta tanto.

No decorrer do jogo, o que vimos foi o Corinthians tentando segurar os avanços do time do Ceará, que tinha no atacante Oswaldo, aquele pretendido por boa parte dos grandes times da série A (inclusive o próprio Corinthians), a principal opção ofensiva. E foi aí que entrou em ação a estrela do goleiro Julio César,  que com boas defesas, impediu que o Ceará atrapalhasse o caminho do Timão rumo ao título.

Falando sobre a suposta “união” do grupo em torno do objetivo de chegar ao título, no final do jogo, os jogadores Alessandro e Paulo André foram os responsáveis por conversar com a imprensa, de modo a aliviar a pressão sobre Tite. Pareceu sincera a atitude.

Sobre a entrada de Cachito Ramirez, é importante notar o contexto em que ele entrou. Era necessário um jogador que tivesse a característica um pouco parecida com a de Paulinho, suspenso para este jogo, e substituído por Edenilson, que embora seja da mesma posição, especialmente contra o Ceará adotou um comportamento mais defensivo, tirando um pouco o poder de finalização e dos chutes de fora da área. Ramirez teve estrela para mudar a postura da equipe.

Mas Ramirez é craque? Não, certamente. Até acredito que o jogador não reúne condições para um dia chegar à titularidade, e talvez tenha menos chances ainda no próximo ano, caso cheguem novos reforços. Mas é um bom jogador, e estava no lugar certo e na hora certa.

O empate do Vasco com o Palmeiras, que deve ter desagradado a uma parte da torcida do Verdão, embora não houvesse escolha, acabou sendo benéfico ao aumentar um pouco a distância do Timão e do time cruz-maltino. Mas ainda não está nada decidido no campeonato, e temos três jogos que não serão fáceis, sendo bem sincero. Nos resta torcer. Para o jogo contra o Atlético-MG, teremos casa cheia. Isso é importante.

Pra terminar, aproveitando a vinda do Alice in Chains ao Brasil (não deixe de ler aqui o relato de João Paulo Tozo sobre o show da banda no SWU), vamos relembrar um som da banda paralela do saudoso vocalista Layne Stayley com o guitarrista Mike McCready do Pearl Jam (outro que esteve no país recentemente), o Mad Season, com “River of Deceit”. Abraços.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=Fm72DPJCX58[/youtube]

O grande esforço

Jogando um pouco mais livre para criar e finalizar, Danilo foi o nome do jogo contra o Vasco

Prezados ferozes, tenho tudo pra dizer que o Corinthians não ganhou um ponto no jogo de ontem, mas sim perdeu dois pontos. Por mais que o time do Vasco seja a equipe mais regular do campeonato, e que esteja merecidamente na liderança da competição, ontem o Timão foi o protagonista da partida, e mesmo tomando um gol logo no início, dominou o jogo o tempo todo, com um futebol cadenciado e altamente esforçado. Faltou o que já vem faltando há tempos: a pontaria. Vontade não faltou. Willian tentou chegar ao gol o tempo todo, com grandes arrancadas, Jorge Henrique voltou a ser aquele jogador voluntarioso, que corre pela equipe, dando canseira no fraco Márcio Careca. Aliás, o lado esquerdo do Vasco parecia não existir. Foi presa fácil para a correria dos corintianos, especialmente para Danilo, que (minha mão à palmatória, novamente) foi o nome do jogo. Aliás, será que havia mesmo algum problema com a preparação física? Não sei, mas o fato é que o time parece ter ganhado muito mais fôlego, é impressionante.

Depois de alguns tropeços, Tite finalmente montou uma equipe coesa e disciplinada taticamente

Um ponto negativo é que – sem o batedor oficial, Chicão – o time tem pecado um pouco nas cobranças de falta, que neste jogo ficaram a cargo de Alex. Falando em Chicão, apesar do time ter ido bem sem ele, ainda defendo um retorno dele ao time, especialmente pela questão das faltas. Acho que em uma dupla com Paulo André (que ontem falhou na hora de cobrir o erro de Alessandro, mas no geral foi bem), o capitão voltaria a se destacar. Mas ao menos por ontem, não posso criticar Leandro Castán, que também não comprometeu.

Ademais, na medida do possível, Tite parece ter feito a escalação correta do time. Só não entendi no final, a substituição do meia-esquerda Alex pelo lateral-direito Welder. Mas como o jogo estava no finalzinho, nem deu pra perceber quem assumiu a posição de meio campista.

O próximo confronto será contra o Atlético-GO, no Pacaembu, e poderá ter a estréia de Adriano. Daqui por diante, volta o dilema: qual deve ser a dupla titular do ataque? Adriano e Liedson? Adriano e Sheik? Liedson e Sheik? Um trio, com Adriano, Liedson e Sheik? E Willian? E Jorge Henrique? O que vocês acham? Cartas para a redação, ou melhor: comentários aqui na coluna.

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E hoje dou boas-vindas aos novos leitores do Ferozes FC! Fiquem à vontade para opinar, questionar, discordar, elogiar e recomendar. Um grande abraço.

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Como trilha, escolho o som que dá nome à coluna de hoje, “O grande esforço”, da banda goiana Violins, que disponibiliza o álbum “Direito de ser nada” para download gratuito em seu site, www.violins.com.br. Não tem clipe, mas vale conhecer o som. Até mais!

 [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=FdFkfRsty9c[/youtube]

 

Mão-de-obra especializada

O “operário-padrão” Alessandro (foto: r7.com)

Falta mão de obra especializada no Brasil. Especialmente no futebol. Pergunto a você, torcedor corintiano com menos de 30 anos: qual foi o último grande lateral-direito que tivemos? Que eu me lembre, deve ter sido Rogério, vindo do nosso arquirrival, onde jogava como volante. Fez bons jogos, fez parte de um time vencedor, mas também ficou marcado pelas pedaladas de Robinho em 2002. Saiu do clube para jogar no Sporting, de Portugal. Atualmente, joga na minha cidade natal, no Grêmio Osasco, sob o comando do ex-companheiro, o fanfarrão Vampeta. Não me lembro de outro lateral-direito razoável nestes últimos dez anos fora o nosso esforçado atual dono da posição, Alessandro. Mas também já fomos campeões tendo Índio ou Coelho como laterais.

Rogério, originalmente volante, foi o lateral-direito que manteve maior regularidade no time nos últimos dez anos.

Fato é que Alessandro está suspenso para o próximo jogo, o primeiro da final do Paulistão, contra o Santos. Tite faz suspense quanto ao possível substituto, mas sabemos que as opções que ele tem não são nada animadoras. O reserva do “guerreiro” é Moacir, que coleciona más atuações e que inúmeras vezes arrancou xingamentos da Fiel, devido à sua falta de habilidade para defender. A outra opção, mais provável, é a improvisação do volante Moradei, que já não é grande coisa em sua posição original. A escolha se dá por ser um jogador de marcação. Resta saber se conseguirá parar o rápido ataque do Peixe. Para o Brasileirão, até o momento, o Timão fechou com Weldinho, do Paulista de Jundiaí. Outra jovem promessa. Mas não dá pra saber se vai vingar. Aguardemos.

André, ex-Santos, pode fechar com o Timão (foto: Terra)

Outra função carente de revelações é a de centroavante. Quem são os jovens promissores do ataque? Hoje temos Liedson, 33 anos, e Adriano, 29, que mal chegou e já está de férias (forçadas, é verdade, mas não estréia tão cedo). O pretendido André, ex-Santos, que já estaria apalavrado com o Corinthians, só teve mesmo boa fase jogando ao lado de Neymar e Ganso, foi até convocado para a Seleção de Mano Menezes, mas desapareceu no futebol europeu. Negociado com o Dínamo de Kiev e emprestado ao Bourdeaux, não tem empolgado por lá. Pelo time atual, ainda não marcou gols. Willian, talismã da equipe, não é de área, atua mais como segundo atacante. Dentinho, mais interessado em estudar botânica do que jogar, idem. O Timão investiu e contratou para a base o jogador Douglas, de 17 anos, junto ao Guarani. Dizem que o filósofo Adenor Bacchi já o observa. Mas é uma aposta. Pouco provável que possa despontar tão cedo na equipe principal.

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Neste próximo domingo, temos o primeiro confronto da final contra o Santos. Para incentivar uma possível atuação heróica da equipe, deixo vocês com David Bowie cantando “Heroes”. Abraços.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=Tgcc5V9Hu3g [/youtube]