SEM EMOÇÃO

Certa vez, um amigo meu que trabalhava como segurança em festas, me relatou a atividade mais monótona que ele precisou fazer. A tarefa designada a ele foi passar cerca de oito horas vigiando uma piscina, para que nenhum participante mais afoito da festa que ocorria no salão do clube resolvesse tomar um banho ali. Imagine você ter que passar oito horas observando uma piscina abastecida, mas sem nenhum movimento ou freqüentador. Marasmo total, não é?

Emerson foi quem mais levou perigo à defesa do Fluminense.
Emerson foi quem mais levou perigo à defesa do Fluminense.

Imagino que quem assistiu o jogo entre Fluminense e Corinthians na última quarta-feira, assim como eu, deve ter tido a mesma sensação de marasmo. Quem conseguiu não dormir assistindo ao empate sem gols, certamente sentiu no mínimo tédio ou raiva. O time do Corinthians tem muita disciplina tática, marca bem, defende como nenhum time do campeonato, mas não finaliza. Não é que não tenta. Não finaliza mesmo. A bola não chega no ataque. O esquema armado por Tite não privilegia os atacantes. Quando isola Guerrero (ou Pato, como foi o caso do jogo contra o tricolor carioca), o treinador acaba tirando o poder de fogo da equipe em nome de ter um pivô. Nem sempre funciona. Não seria de todo mal empatar fora de casa, se ao menos o time conseguisse ganhar todas em seu território. Mas não é o que tem acontecido, e o Timão é regular na pior acepção da palavra.

Alguma coisa ainda não funciona neste meio de campo corintiano. Ainda não sei se é a indefinição tática de Romarinho, se é o posicionamento ainda muito recuado de Sheik (deveria estar lá na frente, tabelando com Pato), se é a postura acanhada de Guilherme, muito restrito à marcação. Por falar em Guilherme, este se lesionou e ficará quase dois meses fora, e ao que parece estaremos à mercê de Ibson em seu lugar por este período. Eu imaginava Edenilson ocupando este lugar, mas ele parece estar bem adaptado à lateral direita, então talvez não seja hora de mudar. Há ainda o recém contratado Jocinei, que pode ser testado. Na lateral esquerda a coisa é mais complicada, já que Fábio Santos alterna momentos fracos com momentos muito fracos.

Dado o nível técnico um tanto baixo do futebol brasileiro em geral, como temos nós do FFC sempre comentado, não é impossível que o Corinthians ainda possa brigar pelo título. Mas carece de vontade. Muita vontade. Até o momento, isso não está transparecendo. Uma mudança de postura se faz necessária. Isso, Tite sabe muito bem, passa pelo treinador, não só com incentivo à disciplina tática, mas em forma de motivação. Caso contrário, continuaremos assistindo a jogos tão empolgantes quanto vigiar uma piscina vazia, assistir a uma corrida de tartarugas, narrar um congestionamento numa rodovia, etc.

Última constatação: a regularidade de Gil na zaga corintiana é impressionante! Valeu cada centavo investido em sua contratação.

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