QUANTO PESA UM PLANEJAMENTO?

Em que pese qualquer nota de lamento para este (não) término do BR13 com suas manipulações veladas travestidas de pseudo coitadismo, feitos e desfeitos dessa temporada me levantam da cadeira por vezes para ponderar: será que planejamento faz muita diferença em nosso cenário?

Antes que me malhem, já respondo: Sim, claro que vale. Sempre vale, em qualquer esfera da vida.

Mas em se tratando de futebol brasileiro, dois exemplos me fazem refletir bastante e tentar buscar, ainda que refém da minha própria retórica afirmativa neste sentido, do quanto vale se planejar.

Em 12 de dezembro de 2012 o Corinthians fazia sua estreia no Mundial de Clubes. Aquele que selou de vez o excelente trabalho de Tite e de todo o staff alvinegro. Exatamente um ano depois daquilo, Tite não é mais o treinador do Corinthians, o mesmo time penou em todo o 2º semestre de 2013 e por muito pouco não se viu na briga para fugir de rebaixamento.

Mais ou menos na mesma época, em 2012, o Fluminense sagrava-se campeão brasileiro com uma campanha irretocável e credenciado a ser um dos favoritos a tudo em 2013. Termina 2013 vergonhosamente rebaixado. Sem contar aqui as tentativas maquiadas de justiça em mais uma vez burlar o resultado não obtido em campo.

Nesse meio tempo o Flamengo, que também fez um BR13 irregular, sapecou o título da Copa do Brasil e a Ponte Preta, rebaixada no mesmo brasileirão, quase conseguiu o título da Sulamericana, e consequentemente, a vaga na Libertadores 2014. Coisa que nem Corinthians e nem Fluminense conseguiram.

Ao analisar o cenário corintiano temos sim que ponderar que os êxitos de 2012 apenas amarraram um trabalho de reorganização institucional iniciado em 2007, logo após seu rebaixamento. O que nos dá argumento para dizer que sim, planejamento ajuda muito.
Só que não a ponto de dar ao clube a eficiência necessária para se blindar de possíveis dramas como rebaixamentos ou campanhas fraquíssimas. Veja que o alvinegro terminou o BR13 com o 2º pior ataque da competição. Isso sem considerar que o Náutico foi um time de série B perdido na elite. Não fosse a zaga consistente e hoje certamente a massa corintiana estaria chorando um final de ano trágico.

Não vejo formula mágica. Acho sim o planejamento corintiano ao longo desses últimos anos bastante assertivo. O do Fluminense muito mais fruto de um investimento financeiro pesado, mas vá lá, até porque obteve excelentes resultados nos últimos anos.

A real é que o futebol brasileiro, hoje nivelado por baixo tecnicamente, não permite ao melhor ser tão melhor assim que o pior – mais uma vez aqui excluindo o Náutico. A linha que separa o triunfo do fracasso é bastante tênue, também pelo grande número de clubes que vivem na mesma faixa de grandeza mas, sobretudo, pelo pouco material humano de qualidade disponível.

Enquanto em outros cenários os clubes médios – e aqui entenda médio como sendo o que o planejamento propicia imaginar e não o tamanho histórico – entram nas competições entendendo que a busca não é pelo titulo, aqui temos sempre 10 ou 12 que se acham no direito de bradar favoritismo. Duas ou três derrotas já lançam qualquer time, do melhor ao pior, em situação de drama. O lança de uma ponta a outra em questão de dias e ai o equilíbrio da competição muitas vezes impossibilita o time oscilante a sair de uma zona de desconforto.

O planejamento institucional faz diferença também no futebol. Mas entender que por aqui o melhor quase nunca é tão melhor assim pode ser o diferencial determinante em terminar uma temporada no riso, no choro ou permanecer olhando adiante.

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