QUAL É A LÓGICA DO SISTEMA?

Aonde leva essa loucura?

Qual é a lógica do sistema?

Onde estavam as armas químicas?

O que diziam os poemas?

Uso este trecho de canção do gaúcho Humberto Gessinger pra falar sobre a demissão de outro gaúcho: Luiz Felipe Scolari, grande ídolo do Palmeiras.

Li tudo que eu poderia hoje sobre a demissão de Scolari às vésperas de um clássico contra o arquirrival, que, na luta contra o rebaixamento, pode ser não a redenção, mas um alívio, no caso de vitória, ou também pode ser a descida inevitável para mais uma temporada na Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro. E mesmo tendo lido, não consegui chegar a uma conclusão definitiva sobre a razoabilidade da decisão.

O que não estaria funcionando na condução da equipe de Felipão? Se lembrarmos que há pouco mais de dois meses o Palmeiras foi campeão da Copa do Brasil, é mais difícil ainda de entender a situação. Dizem os experts que Scolari seria um treinador “copeiro”, ou seja, se dá muito bem nos mata-matas, mas pena nos pontos corridos. Isso pode até fazer um certo sentido, mas um fator a se considerar é a ausência de Marcos Assunção, líder dentro do grupo e especialista em chutes de bola parada. Houve um certo respiro com a contratação de Corrêa, também bom cobrador de faltas, mas ainda abaixo do potencial de Assunção.

Peter Senge, famoso autor de livros da área da Administração, em sua publicação “A Quinta Disciplina”, desenvolveu uma teoria chamada “feedback de compensação”, que indica que existe uma defasagem, um lapso de tempo entre o benefício a curto prazo e o prejuízo a longo prazo. Ou seja, o problema de hoje vem das “soluções” de ontem. A diretoria do Palmeiras, embora tenha rechaçado o rótulo, investiu na política do “bom e barato” (embora aqui o termo “bom” seja duvidoso). Restava a Felipão o quê? Trabalhar com o material que tinha. Aí entra mais um tópico do livro de Peter Senge, que diz que “quanto mais você empurra, mais o sistema empurra de volta”, ou seja, você pode fazer milagres com um elenco limitado, mas precisará fazer milagres diariamente, devido à cobrança por resultados. Acabou sendo o fim da linha para o treinador, que há muito não gozava da simpatia de boa parte dos conselheiros do Palmeiras, que fizeram pressão sobre o presidente Arnaldo Tirone pedindo a cabeça de Luiz Felipe. Tirone cedeu.

Às vésperas do clássico, o Palmeiras dispensou Scolari. Tem lógica?

Tudo isso, repito, na iminência de disputar um clássico, contra um Corinthians extremamente tranquilo, que não está na disputa pelo título, nem tem preocupação com as últimas colocações da tabela, mas que tem um gosto extra – ao menos por parte da torcida e de jogadores – em ajudar a afundar o arquirrival. O Palmeiras será comandado neste jogo por Narciso, treinador do time sub-20, que há pouco foi campeão da Copa São Paulo de Juniores justamente pelo Corinthians.

Eu, particularmente, aqui do meu lado, vejo um jogo difícil para ambos, um ânimo extra para ambos, e um resultado muito difícil de se adivinhar. Mesmo assim, muito menos traumático para o Corinthians. Já para o Palmeiras é o jogo da vida.

Para a direção, fica uma dica: a cura pode ser pior do que a doença. Sigo procurando a lógica do sistema.

 

Quem prometeu descanso em paz, pra depois dos comerciais?

E quem ficou pedindo mais armas químicas e poemas?

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