Os dois lados da moeda: O trivunvirato e a farsa

Após marcar dois gols no primeiro jogo do São Paulo no campeonato paulista – curiosamente contra o líder Garatinguetá – Adriano, “o Imperador”, afirmou que não queria mais esse tal apelido lhe fosse atribuído. Queria ser, simplesmente, Adriano. Mas, como não se pode ser tudo o que se quer, será que o “Imperador” poderia tornar-se “plebeu”?

Adriano veio ao São Paulo para recuperar-se após péssimas temporadas na Itália. O clube alardeia seu potencial para fazê-lo, diz que sua infra-estrutura está aberta para o atleta que estiver disposto a utilizá-la. Em um segundo momento, como parte dessa recuperação, pareceu interessante que o jogador passasse seis meses atuando pelo time do Morumbi.

Dai o projeto de “recuperação” de Adriano começa a misturar-se com idéias menos “pudicas”.

O São Paulo é o time mais competente no Brasil no que se refere a marketing. Imediatamente foram tomadas as medidas para capitalizar em cima do “Imperador”, ofertando-lhe a camisa 10. Em poucos dias o produto já estava nas lojas, sucesso de vendas garantido. Fosse Adriano o plebeu, tal medida seria tomada? Obviamente não.

A mídia também quis sua fatia e, em momento algum, deixou de atribuir-lhe o codinome. Não seria possível ignorar a presença do “Imperador” entre nós, tapuias, cada vez mais acostumados a ver em nossas equipes frutos promissores ainda verdes ou heróis de outrora que há muito caíram do pé. Adriano imperou nos noticiários e, tal qual o título que lhe é atribuído impõe, um séqüito de repórteres – inclusive importados da Europa –
formou-se em torno do jogador.

E a tal “recuperação”? Parole, parole…

Não apontamos o time e a mídia para excluir a responsabilidade do próprio jogador pela situação em que se encontra. As benesses que se oferece a um Imperador são sedutoras e deve ser difícil não ouvir o cantar das sereias. Com todas as facilidades que tal condição lhe confere, que como dissemos, ao invés de contestada foram, sim, fomentadas, Adriano voltou a imperar, infelizmente não nos gramados.

Um triunvirato (clube, mídia, jogador) insano que jamais conduziria alguém do trono para as ruas – ou, no caso, para os campos. Uma metáfora para se compreender como, em nossos dias, é elevado à realeza alguém que não tem meios de sustentar tal condição.

Chazinho de Coca

A ausência do bife acebolado!

O tempo que antes me sobrava, agora se tornou um tanto escasso e de certa forma, ele urge. Portanto um breve comentário a respeito das duas partidas que acompanhei mais de perto na noite da ultima quarta-feira.

Palmeiras X Cene:

Um feijão com arroz com uma dose certa de tempero. Um alhozinho, uma cebolinha, mas eu gosto mesmo é da mistura. Cadê o meu bife acebolado, caceta?!?

Ta duro de aturar o Palmeiras com três zagueiros contra times do naipe do Cene, com todo e merecido respeito que o clube merece. Por que raios o Luxemburgo insiste em deixar apenas o Alex Mineiro isolado na frente se é visível a falta de ofensividade do time? Criar eles estão criando, não a toa o time é um dos ponteiros das estatísticas do Paulistão e ontem não foi diferente. Mas falta conclusão, arremate, faltam gols e ontem faltou uma sonora goleada, que era o que qualquer um esperaria de um jogo entre um gigante e um nanico. Sinal de que Diego Souza e principalmente Valdívia estão fazendo a parte que cabe a eles. Então o problema é do Alex Mineiro? Creio que não, ainda que ele não seja o centroavante dos sonhos, está acima de “Eniltons”, “Osmares”, “Gioinos”, “Maxes” e outros que vestiram recentemente a camisa nove que outrora fora de Evair. Não seria caso de arrumar um autêntico companheiro de ataque para ele? Não é hora de apostar em Lenny ou mesmo no Denilson?

No meio, Léo Lima não marca nem a própria sombra, logo sobrecarrega o sensacional Pierre, que não é dois, mas vem se desdobrando para segurar as papagaiadas que estouram em seus pés. Julgo desnecessário um meio tão ofensivo no papel, se quando a bola chega ao ataque, geralmente bate e volta. E é justamente essa volta que corrobora ainda mais com meu ponto de vista contra a escalação de Léo Lima, em detrimento a Martinez, que convenhamos é muito mais bolão do que Léo Lima. E que este cale minha boca me provando o contrário.

Um Palmeiras com Marcos; Elder Granja, Gustavo, Henrique e Leandro; Martinez, Pierre, Diego Souza e Valdívia (jogando mais próximo dos atacantes); Lenny (Denílson) e Alex Mineiro – não doeria nada.

Não é mesmo, Luxa?

Atlético Nacional (COL) X São Paulo:

Um jogo feio, mas um ótimo resultado. O são paulino está muito mal acostumado, chegando ao ponto de ficar p*** da vida com um empate, ainda que na estréia, ainda que fora de casa e ainda que contra o rival mais forte da chave. Menos meus camaradas, menos! O resultado foi 1X1, mas o futebol foi de 0X0.

Rycharlisson acha que virou gênio depois da convocação pra seleção. A zaga não se acertou desde a saída de Breno e o Imperador está longe de justificar a fama toda (eu avisei!). Mas ainda assim, contra tudo e contra todos, ainda credencio o São Paulo como candidatíssimo a disputar com chances reais de conquista, todos os campeonatos que estiver em disputa.

E o que era pra ser um “textículo”, virou uma redação de processo seletivo. Ta louco, não mudo nunca!

Ainda bem que hoje é dia de cerveja 😉

Finalizo aqui, escutando um petardo: Suede – Cant Get Enough

La Mano de Díos

Luz no fim do túnel

Ontem assisti a dois jogos da Libertadores. Nenhum dos dois foi de encher os olhos, mas algumas coisas bem positivas já puderam ser vistas:

River Plate X America (MEX)

O time do America é sempre encardido e o River faz tempo que é mais nome do que time, mas a partida de ontem foi bastante animadora. O America, sempre rápido e jogando fora de casa, explorou o contra-ataque e por pouco não saiu do Monumental de Nuñez com um placar de respeito. Mas o time do “cholo” Simeone mostrou algo que não vimos muito ano passado: raça. Além de alguns jogadores talentosos que têm tudo para deslanchar nos campeonatos, pudemos ver a feliz volta de um dos caras mais icônicos do futebol argentino: Ortega está de volta! Travando uma longa batalha contra o alcoolismo, ontem vi um pouco do velho Ortega. Um meia ofensivo aguerrido e talentoso, rápido e inteligente. Não à toa, foi dele o gol da vitória do River, aos 43 do segundo tempo. Vai, Ortega!

Vitória que convenceu.

São Paulo X Atlético Nacional (COL)

Antes de mais nada, algo tem que ser feito. Cobrar escanteio com policiais levantando escudos para rechaçar as pedras lançadas pela torcida rival, chuveiro gelado nos vestiários e recepção intimidadora não combinam com a importância da Libertadores.

Fora esses problemas, novamente o Tricolor não convenceu, mas algumas boas mudanças já foram vistas. Quando o time entrou em campo com Eder Luiz, Adriano e Borges, a primeira coisa que me veio à cabeça foi: “o Muricy pirou. Que porra de 3-4-3 é esse?”. Mas foi só a bola rolar e logo entendi o que o cara queria. O São Paulo jogou num 3-5-2, com a volta da dupla Richarlyson e Hernanes, Jorge Wagner na esquerda e Eder Luiz tentando ser o novo Leandro. Aliás, a coluna do PVC hoje no Lance! levantou a bola para essa sacada. Mais categoria e qualidade o Eder tem, basta ver se ele terá a mesma garra de Leandro. Desentrosamento à parte, o cara correu o jogo todo e até trocou bons passes com os laterais.

Jorge Wagner na esquerda mostrou que continua sendo o eixo do ataque tricolor. TODAS as jogadas ofensivas partiram dos pés dele. Infelizmente, é bom os volantes voltarem a apresentar a qualidade de 2007, pois marcação não é o forte do JW.

Joílson é uma lástima. Não defende e não ataca, só falta dar a mão para o jogador adversário. Dá pra ver que o cara está tentando, mas do jeito que está não vai.

E mais uma vez Richarlyson não jogou bem. Fora o canudo no travessão, prendeu muito a bola no ataque e chegou atrasado em todos os lances defensivos.

Borges mostrou que merece sim mais chances do Muricy. Bem posicionado e esperto, só não fez o dele porque quis premiar Adriano, que não acompanhou a jogada.

E por falar em Adriano, outro que ainda não desencantou. Confesso que não me lembro de um lance digno de nota do Imperador ontem.

A zaga ainda está batendo cabeça, André Dias não é sombra do que vinha sendo e mais uma vez o destaque do time é Miranda, que compensou o vacilo no gol do Atlético com um belo gol de cabeça. Aliás, bola lançada por quem? Uma bala Juquinha para quem adivinhar. Dica: veio da esquerda.

No fim das contas, o time do São Paulo ainda é uma coisa amorfa. A maioria dos jogadores não está acertando o posicionamento, o lado direito não existe e o time ainda depende muito de um só jogador. Tanto que no segundo tempo, quando os colombianos acertaram a marcação em cima do JW, o time quase morreu. Só não perdeu porque Rogério Ceni mais uma vez foi nota 10, pegando dois belos chutes que tinham endereço certo.

O 1 a 1 valeu, mas o futebol de ontem ainda é pouco para um time como o São Paulo.

Me despeço aqui ao som de Hopeton Lewis – Take it Easy, em homenagem ao Tricolor da capital.

Futebol e Bons Sons!