EM “THE 2ND LAW” O MUSE ERRA AO TENTAR SE REINVENTAR.

O lançamento de The 2nd Law é uma tentativa do trio em mostrar novas facetas ao mundo. Nos últimos anos o Muse tornou-se uma das bandas mais festejadas da cena musical. Seus shows ficaram enormes e seus discos, outrora cheios de guitarras distorcidas e que muitas vezes os jogavam nas comparações com o Radiohead ( com a qual eu nunca concordei), passaram a dar mais espaços para arranjos épicos e vocais retumbantes no melhor estilo Queen. E aí sim a comparação procede, até mesmo pelas citações de Matt Bellamy a Freddy Mercury.

Embora o sucesso comercial só tenha aumentado, a crítica tem batido forte no trio, sobretudo depois do trabalho anterior, The Resistence, que fora muitas vezes acusado de ser um pastiche exatamente do Queen.

O convite para criar a musica tema dos Jogos Olímpicos em Londres deu mais argumentos para que soassem as cornetas. Não sei dizer se foi pela pressa em criar algo especifico para os jogos, mas com Survival, o Muse mergulhou ainda mais no clichê do “épico a qualquer custo”.

Na sequencia a banda lançou o videoclipe de Madness e a levada “dubstep” da faixa me deixou bem evidente que Survival fora um acidente de percurso. Não que Madness seja um baita som, mas mostra uma tentativa em seguir outro caminho no disco.

Nesta segunda-feira, 24 de setembro, The 2nd Law vazou por completo. Enquanto escuto a bolacha, vou opinando faixa por faixa. Saca só.

Supremacy dá a entender que o disco será uma busca pelo Muse perdido entre a distorção dos primeiros trabalhos e o épico do anterior. Uma dosagem correta entre as duas caras da banda. Mas só dá a entender.

Madness é a música de trabalho. Quando lançada o mundo cravou que o Muse havia abraçado o dubstep. Nesta faixa ele está lá.

E então você começa a escutar Panic Station e a pegada funkeada da faixa te faz achar que errou de disco e colocou algo do Faith no More ou dos bons tempos dos Chilli Peppers. E isso foi um tremendo elogio. Grande faixa.

Survival é a música das Olimpíadas de Londres. É também a pior música já feita pelo Muse ou talvez a 2ª, já que Neutron Star Colision é ruim de doer também. E pense que para um fã dizer esse tipo de coisa de uma de suas bandas de cabeceira não apenas denota sangue frio, como que você deve estar atento para escutar algo realmente chato. É o Muse tentando ser Muse forçadamente, o que muitas vezes pode parecer também o Muse tentando ser Queen, só que quando isso acontece geralmente as faixas saem digníssimas. Não dessa vez.

Follow Me é mais um pastiche de si próprio. Nada que agregue à carreira dos caras.

Nas faixas Animals, Explorers e Big Freeze voltamos ao épico. Caberiam em Resistance tranquilamente. Pense em um mashup com United States of Eurasia.

Em Save Me os créditos poderiam ser dados ao grande The Edge. O que neste caso não é um elogio.

Opa, aqui em Liquid State temos algo quase visceral dos caras. Um resgate das guitarras distorcidas, mas ainda assim, nada digno de constar entre os grandes petardos do trio. Caberia com algum b-side de Black Holes and Revelations.

OPA! Temos um petardo em The 2nd Law: Unsustainable. ALELUIA! Ouça Panic Station e depois pule direto para essa faixa. Arrebatadora! Mais ainda depois de escutar um disco tão inconstante e desanimador. Algo como um dubstep que ganhou um peso sampleado, com guitarras sobrepostas e distorção pra tudo o que é lado.

O disco termina com a “irmã” de Unsustainable, “The 2nd Law: Isolated System”. Linda melodia que fará Jean Michel Jarre sorrir.

 

The 2nd Law me mostra um Muse perdido entre os caminhos escolhidos anteriormente. A banda não sabe mais se deve ser pesada ou épica. Não sabe mais se deve perseguir novos caminhos. As tentativas em agregar o dupsteb e o funk são rasas e não acrescentam nada em suas características.

E a real é que uma grande banda não precisa se reinventar para continuar sendo boa. Recentemente comentei que sinto falta do Muse das espetaculares Citizen Erased, Stockholm Syndrome e Map of The Ploblematique. Mas acho também que faixas como Undisclosed Desires e Unnatural Selection podem guiar caminhos para os caras. O Muse aprendeu a ser bom no peso de suas primeiras distorções, mas também no épico de suas claras referências.

A ânsia da banda em mostrar capacidade de reciclagem fez de The 2nd Law um disco cansativo, com somente três faixas dignas de sua discografia (Panic Station, Unsustainable e Isolated System) e mais um apanhado de arranjos e efeitos distribuídos a esmo em faixas que eu mesmo nunca lembrarei os nomes.

Passa por voltar a ser Muse e não querer se reinventar a todo instante o retorno da banda aos bons trabalhos.

Ouça a faixa Madness

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