DE QUE LADO VOCÊ ESTÁ?

Da reinauguração do Maracanã, pouco ou quase nada se tira de lição futebolística. A Inglaterra, que já não é uma seleção top, ainda veio remendada, com seus jogadores vindo de final de temporada e a seleção da CBF sequer tem um time, muito menos esquema tático definido. Gols bonitos, alguma jogada ou outra a se destacar e nada além disso.

 

Antes e depois, porém, muito se pode ponderar, achar e cravar. Entretanto, nada do que se passou dentro de campo. Tudo do que se passou fora e no seu entorno.

 

De todas as milongas, ameaças de suspensão do amistoso, da certeza da manipulação das entidades envolvidas para que o jogo acontecesse. Do que já vem antes, desde a enfadonha reforma a custos exorbitantes, tudo com dinheiro de um público que a bem verdade pouco ou nada irá usufruir do(s) estádio(s), que foi sim feito para ser a pedra fundamental da pasteurização do público e de sua progressiva transformação de torcedor em plateia. Do pouco caso governamental, do descaso governamental que passou por cima de leis e por cima passou o trator em um monumento tombado pelo patrimônio histórico como se fosse um amontoado de lixo a ser reciclado. E de tantas e tantas outras situações que eu poderia ficar aqui até 2014 mencionando. De tudo isso, mais que a certeza que esses estádios e essa Copa não são para quem sempre torceu, nos dá ao menos as bem delineadas janelas por onde podemos olhar e separar quem é quem nesse jogo de interesses.

 

José Trajano entrou neste mérito no Programa Linha de Passe dessa semana. No que eu concordei com ele em 100%.

 

A Copa do Mundo de 2014 servirá para definitivamente nos mostrar quem é quem. Dos que investigam, levantam informações e não se conformam com o simples despejar de dinheiro alheio em obras faraônicas, que passam por cima da secular história construída. Ante a gente que diferente da gente, omite, fantasia, faz jogo de interesses com parceiros comerciais, entram e divulgam o oba-oba desmedido.

 

Não é de hoje que me coloco contrário a realização das Copas e Olimpiadas por aqui. Não por ser adepto do complexo de vira-lata, muito pelo contrário. O Brasil tem hoje condições de atrair qualquer tipo de parceiro comercial que queira investir em infraestrutura, em construção de novos estádios e complexos poliesportivos de todo tipo. Não o faz por que não quer. Ou por que não deixam. Ou por ambos. O que eu não sou é adepto do pachequismo cego. Sou contrário a abertura de pernas que todo país precisa realizar para Fifa, COI e afins, se quiser mesmo receber em seus quintais o pasteurizado produto dessas entidades.

 

Sou contrário ao jornalismo/fantasia/global que tentou a todo custo omitir a precariedade no entorno do “Maracanã”, com seus canteiros de obras e restos de materiais utilizados. Sou contrário ao fantasioso/ufanista/milongueiro discurso do ex fenômeno dos campos, que usa de seu apelo midiático, dentro do maior espaço midiático do país (uma bomba atômica midiática), para elogiar “as poltronas Fifa”, o “padrão Fifa”, a coxinha Fifa, o urinódromo Fifa. Mas que do entulho Fifa nada menciona.

 

Prefiro o jornalismo investigativo, chato para muitos, mas que aponta a verdade por trás da fantasia instaurada. Prefiro ler o que tem a dizer os “cheios de marra” a escutar o despejo de purpurina de sua santidade “o fenômeno”, do ufanismo sempre fora de hora do amigão de todo mundo, o narrador do povão.

 

Será mero acaso a última Copa ter sido na África do Sul, a próxima ser aqui, depois na Russia e a seguir no Catar? Países com altas taxas de corrupção. Certamente não é.

 

A Copa já nos tem essa serventia: separar o joio do trigo. Definitivamente não será mais possível ficar em cima do muro.

 

De que lado você está?

globo

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