Nas figuras de Valdívia e Rogério Ceni podemos exemplificar o que foi o primeiro Choque-Rei do ano. Para o São Paulo, mais que o clássico, a postura de seu ídolo e capitão ao tentar dar uma rasteira no camisa 10 alviverde, logo após o gol de cabeça do chileno, trata-se de demonstração de desespero e de quem acusa o golpe da inferioridade. Podemos ir além e encontrar não apenas no destempero do sempre tão ponderado Rogério, mas também na postura apática do time, algumas explicações para a performance medíocre que vem tendo desde 2013.
O SP é um time sem vibração, que nada ou pouca coisa produz, além de contar com jogadores que deveriam fazer a diferença em péssimo momento. Ganso só é notado quando tenta dar de calcanhar, quando nem passe de meio metro acerta. E Luis Fabiano, que do centroavante forte e goleador, hoje sucumbe a marcação menos feroz como se fosse um juvenil.
Já Valdívia, se não foi brilhante, fez o que dele sempre se espera. Bem marcado, sua displicência no domínio de bola, na forma de encarar o adversário, não apenas irrita, como leva o marcador a um enfrentamento físico muitas vezes desnecessário.
No 1º gol, Valdívia se meteu entre os zagueiros tricolores, mantendo-se em impedimento na 1ª trave até a cobrança de Mazinho. Jogada ensaiada já tentada contra o Penapolense, mas que funcionou no clássico. Para o desespero do agora destemperado Ceni, que sequer foi notado pelo meia palmeirense em sua tentativa de lhe aplicar uma rasteira.
Além da superioridade técnica, o Verdão dominou o jogo taticamente e também na disposição. Foram raros os momentos em que os são paulinos levaram a melhor em divididas e mais raros ainda foram os lances de perigo a meta de Prass.
Lúcio, que era figura central antes do jogo, levou ampla vantagem sobre os atacantes são paulinos. Destaque também para Marcelo Oliveira e o jovem Wellington.
Neste início de temporada o alviverde de Kleina mostra-se leve e confiante, com suas individualidades em bom momento, contrastando com o perfil afobado e desajustado do tricolor. O Verdão jogou para 2X0, mas ficou nítido que poderia ter jogado para mais. Do mesmo modo que ficou nítido que Muricy terá que trabalhar muito mais o psicológico do que taticamente o seu time. O problema é que Muricy sempre disse que não é pago para ser psicólogo.