Chazinho de Coca – Um Campeão que nasceu errado e o Errado que nasceu campeão.

Um Campeão que nasceu errado e o Errado que nasceu campeão.

Flamengo e Palmeiras, campeão e quinto colocado do BR 09, tiveram trajetórias distintas ao longo da competição.

O 1º fadado a brigar por posições intermediárias. O 2º apontado por quase todos como favorito ao título.

O 1º remodelou seu elenco no decorrer do campeonato. O 2º manteve a forte base do 1º semestre, bateu de frente com clubes europeus e segurou seus principais jogadores e ainda reforçou o que já era bom.

O 1º perdeu toda a sua diretoria de futebol. O 2º vinha presidido pela grande esperança de moralização do esporte.

O 1º trocou de técnico e bancou um interino de larga história no clube. O 2º demitiu um técnico de ponta, viu seu interino realizar grande trabalho ao assumir a ponta do campeonato, mas mesmo assim, contratou o até então tricampeão brasileiro e sonho de consumo de todo clube do país.

O 1º assumiu a ponta da competição na penúltima rodada e, dos que lideraram o BR09, foi o que esteve lá menos vezes. O 2º foi líder por 19 rodadas, exatamente a metade do campeonato, mas nem Libertadores pegou.

Não restam dúvidas de que o Palmeiras seguiu a risca a cartilha para ser campeão e que o Flamengo estava fadado a passar mais um ano no limbo.

Então o que aconteceu para que os dois trocassem de papéis de forma tão drástica?

Cuca era o técnico do Flamengo. Além de ser considerado instável emocionalmente, Cuca pregava a igualdade entre os jogadores. Batia de frente com a estrela Adriano e não aceitava os atrasos e as faltas do centroavante aos treinos. Mas Adriano resolvia em campo.
No Palmeiras, Luxemburgo que havia reformulado completamente o elenco na virada do ano, dizia no início que esse era o time para ser campeão brasileiro. Era o seu time. Mostrava um futebol convincente, com a bola passando pelos pés qualificados de seus meias. Um time de toque de bola.

No Flamengo a coisa não vingava e a teimosia de Cuca em relação a Adriano derrubou o técnico. Qualidade como técnico não lhe falta, basta ver o milagre que ele ajudou a realizar no Fluminense. Mas o fator Adriano pesou.

Andrade assumiu o clube interinamente pela 417ª vez. Assumidamente interino, ele sabia que preencheria um espaço que não era seu. Encarou o Santos na Vila e venceu o Peixe, dedicando de forma emocionada a vitória ao seu velho amigo e ex goleiro do Flamengo, Zé Carlos, que havia falecido naquele dia. Porém alguns tropeços vieram e a cornetagem em cima do velho Andrade começou. Juan se negava a dar voltas no gramado e o goleiro Bruno perguntava a plenos pulmões “quem era aquele Andrade para lhe dar ordens”. Ele definitivamente não era um técnico de “grife”. Contudo, Andrade pregava não a igualdade entre todo o elenco, mas o direito de cada um ser o que realmente é. Adriano é Adriano, o que o faz diferenciado de todos os outros. Voltou ao país exatamente para poder ser o Adriano, com a liberdade que um “Adriano” precisa ter. Mas em campo era o Adriano que todos sabem que ele pode ser. Além disso, Andrade fez de Petkovic com seus 37 anos, apontados por muitos (quase todos) como um peso morto no elenco, o cérebro do time. A “liberdade” posta em prática por Andrade vingou e o Flamengo ganhou corpo.

Enquanto isso, no Palmeiras, Jorginho assumia também interinamente, a vaga deixada por Luxemburgo, que havia sido demitido por Belluzzo, depois de vetar um possível, mas improvável, retorno do mascarado Keirrison.

Jorginho é uma figura de história no clube, não tanto quanto Andrade no Fla, mas ainda assim conta com grande apreço por todos no Palestra Itália. Sabedor de que era só um tampão, manteve o esquema de Luxemburgo e o time não sentiu a troca de liderança. Diego Souza, Cleiton Xavier e Pierre davam o tom de um time que já mostrava pinta de campeão. Enquanto isso, a diretoria passava a investir no tricampeão Muricy Ramalho, demitido no São Paulo. Mas a negociação se arrastou por mais de mês. Tempo suficiente para Jorginho vencer 4 jogos, empatar 1 e ser derrotado uma única vez. Derrotando de forma impiedosa o arquirival Corinthians, por 3X0.

Jorginho começava a ganhar apoio dentro e fora do clube para que assumisse de vez a vaga de treinador. Mas Muricy cedeu aos encantos palestrinos e ganhou de bandeja o líder do campeonato.

De time de toque no meio campo, o Palmeiras passou a usar mais as laterais e começou a ganhar características de time que usa e abusa dos cruzamentos na área. A principal qualidade do time passou a ficar em 2º plano, já que Diego Souza e Cleiton Xavier não eram mais acionados como antes. Para piorar, uma fase negra assolou o clube e a sua espinha dorsal foi lesada, com as contusões dos insubstituíveis Pierre, Cleiton Xavier e Mauricio Ramos.

De grande time, o Palmeiras passou a ser colocado como time de elenco frágil, já que não conseguiu segurar o nível sem esses jogadores.

Vágner Love que chegou como a grande contratação do semestre no Brasil, não se encontrou e passou a ser perseguido por parte da torcida.

Ainda assim, aos trancos e barrancos, o Palmeiras se segurava na ponta, mas trazia cada vez mais colados os rivais.

O Flamengo, do já efetivado Andrade subia igual a um foguete, engatando seqüências incríveis de vitórias. Enquanto o Palmeiras não vencia nem os times da zona da degola.

O final do Campeonato todos sabem. Mas o que se tira de lição disso?

Ontem no Programa Linha de Passe a discussão girou em torno disso. Mas não acho que tenham encontrado uma resposta plausível. Afinal, o Flamengo fez quase tudo errado e o Palmeiras fez quase ou tudo certo.

Terá chegado ao fim a fase de ouro dos “professores”? A supervalorização de alguém que não entra em campo? Afinal, Luxemburgo foi para o Santos e lá também teve campanha ridícula. Paulo Autuori veio para o Grêmio como salvador da pátria e nem terminou a competição. O Inter só renasceu no campeonato quando Mario Sérgio assumiu, interinamente. O São Paulo brigou pelo título tendo no comando o sempre contestado Ricardo Gomes.

Ou será que essas derrapadas todas de nossos treinadores de ponta foram casos isolados, em uma temporada sem pé nem cabeça?

Luxemburgo acerta ao dizer que teria sido campeão com o Palmeiras e que Muricy também poderia ter sido, tivesse ficado no São Paulo? E Jorginho, teria feito o Palmeiras terminar bem o campeonato?

Sei que nada, sei. Sei que busco respostas nos cérebros que discutem o futebol, mas eles até agora não me ajudaram a elucidar essa questão. O meu também não encontra algo substancial que possa ser o “X” dessa questão.

A afirmação que fica é, que o Flamengo acertou errando e que o Palmeiras afundou buscando acertar em tudo.

“Como assim????”

Sei lá!

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