Chazinho de Coca – Santificados sejam, Marcos!

No dia 11/11/2008 escrevi um texto em defesa de “São Marcos”, após um dos tantos resultados ruins do Palmeiras nos últimos anos, neste caso, derrota para o Grêmio no Palestra Itália, na reta final do BR08. No episódio o goleiro Marcos em desespero diante da apatia do time, já flagrante naqueles tempos, atirou-se ao ataque em cobrança de escanteio. O jogo ainda estava entre 20 e 30 minutos do 2º tempo e Luxemburgo, técnico do time na ocasião, reprovou o ato. Depois parte da imprensa também espinafrou o santo goleiro.

Ontem o Palmeiras do ainda goleiro e santo Marcos, escreveu mais um triste capítulo em sua tão gloriosa história. Exceto Marcos, mais uma vez um mito. Mais uma vez herói, mesmo na derrota. Gigante do futebol, em meio a anões históricos do alviverde eternamente imponente.

Como palmeirense, eterno, convicto, orgulhoso, mas ferido na alma, confesso estar cansado de toda rodada ter de explicar as inexplicáveis derrotas do meu time. Isenção tem limites e a minha hoje já foi para o espaço.

Dizer que o time até mostrou melhoras táticas no 1º tempo adianta? Lamentavelmente, não. Dizer que Armero fez uma baita partida ajuda? Pobre Armero, tão criticado. Na sua faixa lateral pouco pode ajudar no sentido de definição de jogadas – e olha que tentou. Tentar explicar a infantil imbecilidade do sempre adorado Pierre, vai ajudar alguma coisa? E a apatia de Cleiton Xavier? E o gol incrível que perdeu Robert? Os vacilos de Zago? Parei!

Prefiro falar de quem merece, de quem certamente é o único naquele meio a sentir a tristeza que hoje sinto. Por isso reproduzo abaixo o meu texto do dia 11/11/2008. Até porque ele infelizmente (pelo time e felizmente pelo Marcos) permanece atual.

Marcão, obrigado!
——

Santificados sejam, Marcos!


Procurei ler algo sobre o Evangelho de Marcos. Obviamente buscando alguma ligação entre um santo bíblico, com o “São” Marcos, o santo palmeirense. Não encontrei, ou não busquei adequadamente. Não sei até que ponto consigo ser adequado quando escrevo sobre ídolos, sobre bandeiras, sobre representantes das minhas paixões.

Esse recente capítulo ocorrido com o santo Marcão tem me incomodado além da conta ou quem sabe, na medida da minha conta.

O “evangelho” do “São” Marcos é assistido, é comentado, é desenvolvido a olhos nus – nus e vivos. É escrito por ele próprio, cheio de momentos, de citações, de glórias, de “milagres”, de atos divinos, mas de falhas humanas.

O Marcão se arrebenta, se atira contra adversário, rasga a camisa, ele levita, ele paira no ar, ele defende o impossível. O Marcão falha, ele fura, ele sobe ao ataque – ele sobe ao ataque…“que absurdo!” – Imperdoável, Marcão. Desaconselhável, Marcão. O chefe não vai gostar, Marcão. A torcida amou, Marcão – a torcida ama o Marcão.

Absurdo – eis uma palavra muito utilizada em passagens dedicadas ao santificado goleiro do Palmeiras – “Um absurdo de goleiro”, -“Uma defesa absurda de Marcos” – “Marcos renega oferta do Arsenal e vai jogar a série B pelo Palmeiras. Que absurdo!”

Absurdo é colocar em xeque a boa intenção de Marcos. Absurdo é não acreditar que mesmo nos momentos em que ele erra, para o palmeirense ele está acertando em cheio.

Absurdo é vê-lo pedindo perdão. É um absurdo vê-lo justificar mais um ato de amor a maior das bandeiras daqueles que o glorificam.

O evangelho de Marcos fala sobre atos de amor. Eu estou tentando, em vão, achar palavras, pensamentos, exemplos que possam definir os atos de amor do santo do Palmeiras. Sim, tudo em vão. Isso aqui não é uma biografia, mas uma coleção de testemunhos de fé.

Ops, acho que ao final achei um paralelo entre os santos Marcos.

O Palmeiras é sim maior que o Marcos. Mas o Marcos é a personificação maior, do amor que o palmeirense tem pelo Palmeiras.

E o santo disse hoje:

“Aqui no Palmeiras é muito mais emoção, amo o Palmeiras”

Preciso concluir?

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