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LUIS SUÁREZ E O BOM MOCISMO

Vivemos um ode ao bom mocismo ou um descaramento da falta de critérios?

Luis Suárez é uma das estrelas da Copa, craque, fora de série, foi o melhor jogador da última premier league, altera para muito acima o patamar de uma mediana seleção uruguaia.

Em 2010 o mesmo Suárez ganhou notoriedade no universo da bola ao salvar o Uruguai da eliminação nas quartas-de-final contra Gana em um lance onde impediu gol certo do adversário, tirando a bola de dentro do gol com a mão. Penalti, expulsão do então jogador do Ajax e classificação nos pés de Gyan. O ganês perdeu o pênalti e a cena de Suarez de costas para o lance antes de sair do gramado e comemorando somente ao escutar o grito de seu torcedor virou um dos maiores símbolos de valentia e heroísmo na história das Copas.

Mas se olharmos bem para o lance, Suarez foi tão leso esporte naquele momento quanto foi ontem ao morder o ombro do zagueirão – que também adora uma canela alheia –  Chiellini, da Itália. Ele impediu com uma infração um gol que tirou de Gana a chance de fazer história. Mas fez a sua, fez mais uma história de seu Uruguai.

Quem deve estar P da vida com Suarez é a sua equipe, sua nação. Pois por conta disso o Uruguai deve pagar caro na Copa. Muito embora Suarez tenha créditos eternos com seu torcedor pelo que fez em 2010.

Suárez carrega consigo uma carga emocional e explosiva semelhante a que Edmundo carregou ao longo de seus áureos tempos. Genialidade acima do comum na mesma medida explosiva e incompreensiva.

Mas porque Suárez merece a crucificação e Zidane não mereceu também na final da Copa de 2006 com sua cabeçada em Materazzi? Veja bem: NA FINAL da Copa.

Por que Suárez não merece a mesma complacência que Leonardo recebeu em 1994 quando causou uma lesão CRANIANA em Tab Ramos, da seleção estadunidense? E aqui falo da complacência do torcedor.

Nesta fantástica Copa que acontece em nossos quintais, “picolés de osso”, como andam chamando as clássicas cotoveladas alguns comentaristas e narradores da Copa, vem sendo distribuídos aos borbotões. Qual é a chance de uma mordida no ombro causar mais lesão que uma cotovelada na cabeça?

O bom mocismo desses personagens lhes dá alvará para se esbaldar em erros tão grandes ou maiores aos que do uruguaio?

Por qual razão em 2010 ele não foi tão crucificado pelos mesmos que agora lhe chamam de mau caráter ou pedem sua exclusão da Copa ?

Suarez merece uma punição. Mas a Copa não merece ficar sem ele.

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Chzinho de Coca – Considerações finais acerca das Eliminatórias Sulamericanas.

@joaopaulotozo “Fosse transmitido pela TV aberta e o jogo entre URU X ARG daria mais audiência que qualquer um do Brasil nessas eliminatórias.”

Eu disse isso ontem, via twitter, há instantes do jogo entre URU X ARG. A rapaziada concordou comigo. A expectativa era realmente muito grande.

Acho que vão concordar também com a minha decepção com o que aconteceu. Não quanto ao resultado e a classificação dos hermanitos, embora não fosse isso que eu gostaria de ver, sinceramente, mas sobre a qualidade (ou a falta dela) do jogo. Embora, a julgar pela situação com que as duas seleções chegaram a essa última rodada, foi meio que inocência da minha parte esperar algo desse jogo que não fosse um jogo bravo, com ares de dramaticidade, com entradas do pescoço pra cima. Vimos sim um jogo duro, duríssimo de se assistir. Uma tristeza para a nossa querida bola, uma ofensa para os olhos que fitavam aquela partida com grande expectativa.

A Argentina é um remendo de alguns craques com um grande número de jogadores mequetrefes. Dos ditos craques, só Verón tentava algo dentro do que o mundo conhece dele. Messi? Senhor! É praticamente o Ronaldinho Gaúcho dos bons tempos. Ótimo em seu time, mas um fantasma vestido de jogador em sua seleção.

Não bastasse isso, o selecionado bicampeão mundial não tem técnico. Tem sim uma lenda viva que finge ser técnico. Que de tanto fingir ser algo que não é, quase consegue realizar uma tragédia nacional que certamente separaria a lenda do homem, ainda vivo.

A Argentina só não ficou de fora porque teve como adversário uma tragédia futebolística ainda maior que a sua. A mítica Celeste é uma tristeza aos olhos de quem espera algo minimamente bom dos grandes de nosso esporte mais querido.

Ainda que com um técnico de verdade sentado em seu banco de reservas, o Uruguai é um time lamentável e compatível a sua atual realidade. Disputar a repescagem é até um prêmio, tamanho a sua ineficiência técnica. Repescagem que deve promovê-los a seleção de Copa do Mundo, já que o adversário será a Costa Rica. “Louvados sejam esses cruzamentos que definem os classificados para a Copa”, devem pensar os Uruguaios.

Mas e o nosso Brasil, tá lindão?

A maioria acredita que sim. Eu sou reticente.

Se a Argentina não tem técnico, nós temos um ex-jogador, também com a sua historia vencedora, mas que apenas caminha em direção ao que pode se chamar de técnico. Ao menos ele caminha, enquanto Maradona estaciona.

“Nossa, que absurdo JP, o Brasil se classificou com os pés nas costas”. Evidente que sim e não fez nada mais do que a obrigação, tendo em vista o baixíssimo nível técnico das eliminatórias, sobretudo dessa que acaba de terminar.

Com a Argentina patinando em seus próprios erros e deficiências, seria derrota o Brasil não terminar líder. E olha que quase perdeu a ponta na ultima rodada. Com o lastimável empate diante da “poderosa” Venezuela, bastava ao Paraguai vencer seu jogo, em casa, para nos tomar a dianteira. Espantosamente o Paraguai perdeu de 2X0 para a desclassificada Colômbia e acabou cedendo a vice-liderança para o Chile, essa sim, a grande seleção dessas eliminatórias.

Os chilenos já classificados e em jogo de festa, fizeram o seu dever e bateram o Equador, que ainda sonhava com a vaga. Valdívia que ganhou a titularidade nas últimas rodadas comeu a bola e foi ao lado de Suazo, artilheiro das eliminatórias com 10 gols, o destaque do time do técnico Marcelo Bielsa nessa arrancada final.

Mas voltando ao Brasil…o empate em 0X0 contra a Venezuela foi o 4º da nossa seleção nessas eliminatórias, sendo que todos eles foram jogando aqui em casa. Coincidência?

Mais do que coincidência, ao menos para mim, isso demonstrar que Dunga não tem mesmo variáveis táticas. Pense comigo – Que seleção joga aberta contra o Brasil, sobretudo quando joga aqui em nosso país? O que se espera de uma seleção que é considerada a melhor do mundo e que possui craques em quase todas as posições?

Se respondeu alternativas táticas, acertou.

Mas o que se vê em situações como essas é um Brasil esperando um cruzamento acertado de Elano na cabeça de Luis Fabiano ou alguma jogada individual de Kaká. Só isso.

Só isso é muito pouco e será insuficiente para disputar a Copa do Mundo, onde o nível é muito maior, onde todas as seleções com seus técnicos, terão tempo suficiente para desenvolver bons trabalhos. Tempo que o Brasil também terá e que espero, seja muito bem aproveitado pelo Dunga.

Bom trabalho que se realizado por ele, ainda que não resulte em título, será muito bem vindo como um cala boca para os seus cornetas, entre os quais eu me enquadro.

Cheers,