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MOLECOTE PRODÍGIO

Na Holanda, em uma partida entre os times infantis do Anderlecht e do Ajax, um garoto de apenas 8 anos chamou a atenção pela jogada cheia de habilidade que culminou em gol para a equipe do Anderlecht. O pequeno prodígio trocou passes na defesa, recebeu a bola no meio de campo, tirou o defensor (com um toque de calcanhar) e o goleiro e partiu para o gol. Confira:

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=hRGelE6KcEc

Já há quem chame o garoto de “novo Bergkamp”. O futuro dirá.

 

 

LEÃO X CRUYFF

Johan Cruyff costuma dizer que essa defesa praticada pelo Leão foi a mais monstruosa que ele viu na vida. De fato, hoje chamamos isso de milagre. Sem chance alguma de algum engraçadinho dizer que foi chutada em cima do goleiro. Só se for em cima da linha do gol.

Peguei o finalzinho da carreira do Leão como goleiro, conheço mais a lenda que os fatos e tenho pra mim o Marcos como o melhor goleiro da minha história. Mas muita gente diz que o Leão foi ainda melhor. Se assim ele foi, deste mundo é que ele não era.

A defesa, de fato, foi de alienigena. Saca a reação do Cruyff.

Chazinho de Coca – Apostar na Espanha era apostar no futebol. Parabéns, Espanha. E obrigado.


Texto: João Paulo Tozo
Foto: Reuters/ ESPN

A segunda-feira, 12 de julho de 2010, chegou. A televisão continua aqui posicionada, estrategicamente apontada para a minha mesa. Mas hoje ela não irá ligar, afinal a Copa do Mundo de 2010 acabou.

Depressão profunda para quem anseia por quatro anos pela overdose de futebol e pela incansável busca da boleirada pelo posto máximo do planeta bola.

Mais depressão ainda para quem espera que a arte do futebol possa ser expressa pelos melhores pés do esporte, e que ao final desse 1 mês de uma dose cavalar de futebol nas veias dos apaixonados por esse esporte, os melhores pés dentre os melhores do planeta possam enaltecer o jogo bem jogado.

Para o bem da Copa e do futebol, deu Espanha campeã.

Vale reafirmar o que digo há meses – “Nunca é por acaso o êxito de um time como o da Espanha”

Não teria sido também por acaso o êxito holandês, afinal ninguém elimina o Brasil e chega a uma final de Copa sem que haja merecimento.

Mas o merecimento espanhol passa muito mais pelo jogo bem jogado, pela ofensividade que principalmente nós brasileiros sempre apreciamos, pelo gosto em tratar bem a bola, do que pelo antijogo praticado pela Holanda, sobretudo na final.

Essa Espanha joga no lixo a infeliz tendência que algumas escolas do jogo bem jogado tentam emplacar hoje, de que é necessário mais força do que técnica para se atingir objetivos maiores.

E que objetivo e maior no futebol do que ser campeão do mundo?

A Espanha de Del Bosque fez o caminho inverso dessa triste tendência. Largou no passado aquele papo furado de “Fúria”, que tentava se fazer valer mais da força, daquele papinho mole de que cara feia assusta, quando na verdade você pode assustar muito mais quando a bola está em seus pés e quando esses pés tratam bem da Jabulani da Copa, da Jobulani da final de ontem.

Mostra ao mundo que essa conversinha de que entre ganhar jogando feio é melhor do que perder jogando bonito é desculpa, pois na verdade o mais legal é ganhar jogando bonito, tratando bem dos olhos do mundo.

Serve para acabar com essa discussão tonta de brasileiros que defendem a seleção que jogou bonito e perdeu em 82, contra os que amam a seleção que jogou feio mas ganhou em 94. Quando é muito mais legal jogar bem e ganhar, como a de 2002. Como poderia ter sido mesmo agora 2010.

Não, não é qualquer seleção que pode se dar ao luxo de jogar como a Espanha. Mas o Brasil pode, o Brasil deve. Torço para que agora essa tendência em embrutecer o jogo faceiro dos brasileiros seja posta nos anais do esporte como algo a não se seguir.

A Holanda poderia também, mas preferiu lesar a mítica de seu outrora “futebol total”, trazendo a tona a feliz – na infelicidade- definição de Paulo Vinicius Coelho durante transmissão da final pela ESPN, onde cunhou o “antifutebol total” dessa Holanda vice-campeã.

Rinus Mitchels deve estar P*** da vida onde quer que esteja.

Não a toa também que falo há tempos do jogo “a italiana”, tanto de Brasil, quanto da Holanda.

No duelo entre eles, a sorte holandesa morou na grande fase de Sneijder, contra a péssima fase de nossos “destaques”. Na letalidade de seus craques, contra a letargia dos nossos.

Mas contra a Espanha, essa sim, dona do atual futebol total, e com muito mais destaques letais, a Holanda sucumbiu.

Até conseguiu no inicio diminuir os espaços no meio campo espanhol, coisa que a Alemanha não foi capaz de fazer. Mas encontrou pela frente uma Espanha que não se limitou ao jogo pelo meio, tendo Sérgio Ramos aberto e acionado a todo instante pela direita. A Holanda perdeu-se dentro de sua mediocridade tática e passou a apelar para uma violência quase gratuita. Fosse pouca coisa mais corajoso e o juizão teria expulsado o lutador – de vale tudo – De Jong, quando este estampou a marca de sua chuteira no peito de Piqué. E estávamos ainda ano início do jogo.

Stekelenburg, destaque holandês na final, salvava a pátria em milagres contra Sérgio Ramos. Enquanto seus parceiros continuavam não querendo jogar.

Sneijder foi mais uma vez o sopro de racionalidade do time, mas bem marcado e mal acionado, viu-se limitado pelos integrantes do UFC que jogavam ao seu lado. Robben teve a bola do jogo, mas em má jornada deu a Casillas a chance de confirmar a sua grande Copa do Mundo e a condição de melhor goleiro da competição.

Fabregas que ao longo da Copa foi opção de luxo espanhola, fez a diferença quando entrou no lugar de Xabi Alonso. Vejam que Del Bosque sacou um volante e colocou um meia ofensivo. Nada de 6 por meia dúzia.

Outro dos tantos papinhos furados dos que preferem apostar sempre no óbvio a ter que olhar o que tem se jogado pelo mundo, começava a cair por terra. A Espanha não mais iria “amarelar” na Copa.

Mesmo com as penalidades mostrando-se cada vez mais próximas, cada vez mais injustas com o domínio espanhol, já na prorrogação Del Bosque mandou Torres a campo.

Terá sido por acaso que o gol da Copa saiu de jogada envolvendo Torres e Fabregas?

Claro que não. Como não foi por acaso que Iniesta, esse sim furioso, craque que cresceu quando a Copa exigiu que se crescesse, recebeu a bola do jogo, fez o domínio do jogo e fez o fuzilamento do jogo. Marcou o gol da Copa. O gol da história de um país que deixa de vez a síndrome de vira-lata no passado.

É o 8º sócio do restrito clube dos campeões do mundo. É o 8º, mas é o atual. Confirma em 2010 a sua condição de melhor seleção do planeta, condição que vem desde a Euro de 2008, mas que só agora pode enfim silenciar os que naquele título na viam nada mais do que uma “Grécia” do acaso.

O acaso não faz parte do histórico desse time. Um grande campeão do mundo nunca surge por obra do acaso.

E claro, para encerrar essa minha 1ª coluna sobre uma final de Copa, a 1ª desde o surgimento do Ferozes FC, não posso deixar de extravasar a minha satisfação em ter cravado há meses que a Espanha era a favorita da Copa de 2010. Que acreditar no futebol bem jogado nunca foi por acaso.

Certo como é o título espanhol, é também a certeza de que minhas apostas em grandes times nunca serão por acaso.

Obrigado a todos que acompanharam as nossas impressões ao longo dessa Copa do Mundo. Obrigado Espanha. Obrigado futebol.

Cheers,

Chazinho de Coca – Foi uma tragédia anunciada, não foi?

Dunga esteve ao longo de quatro anos a frente da seleção brasileira. Mas eu critico a sua seleção a somente dois desses quatro anos, tendo em vista que o Ferozes FC existe tem pouco mais de dois anos.

Nesse tempo não houve uma única vez que eu dediquei um texto meu para elogiá-lo. Algumas passagens sim, lógico. Ninguém consegue errar sempre. E veja, esse “errar” é baseado no meu conceito de erro no que se aplica a seleção brasileira. Até ontem Dunga tinha quase 70% de aprovação popular. Não sou a voz da verdade e nunca quis ser.

Não torci contra o Brasil. Não consigo, não posso, não faz parte do meu perfil. Mas sempre estive na contramão do técnico da nossa seleção.

Por isso, meus amigos, eu abro hoje o meu Word e me sinto tranqüilo para escrever sobre a derrota brasileira. Aliviado jamais. Mas convicto de que assisti hoje a uma tragédia anunciada.

Crucificar o coitado do Felipe Mello é justo?

Poderia fazê-lo. Mas acho muito mais cabível criticar Kaká e Luis Fabiano, que era onde morava a minha esperança de jogo, mas nunca, jamais o pobre Felipe Mello. Nunca olhei com bons olhos o Robinho, mas do trio ofensivo foi o que desempenhou melhor papel.

Antes de criticar o bipolar volante, acho mais correto criticar quem o colocou onde jamais deveria estar. O dono da seleção. O senhor todo poderoso do discurso perfeito, da coerência plena. O salvador da lavoura da moralidade no futebol. E de todo e qualquer “bla, bla, bla” que você quiser rememorar que o nosso ex-técnico proferiu nesses 4 anos.

Ninguém é genial um dia e uma anta no outro. Ninguém é grande jogador no 1º tempo e no 2º torna-se cabeça de bagre.

Mas com Felipe Mello isso aconteceu.Tanto nas transmissões da TV, nos tweets da vida, nos comentários alheios de quem estava ao meu lado.

Caramba, ele foi o Felipe Mello de sempre. O mesmo que vem de temporada pífia na Juventus da Itália. Não houve surpresas com ele. Houve confirmação. Somente.

Surpreendente foi a falha de Julio Cesar. Monstro Julio Cesar, goleiraço. Mas que humanamente falhou.

Surpreendente foi a ausência de Luis Fabiano em campo. Foi o apagadissimo Kaká, esse ao longo de toda a Copa, justo ele que era a grande esperança de bom jogo desse time.

“Ahhh, mas ele veio machucado”.

Certo, então ninguém pode cornetar o Rooney e o Torres por seus rendimentos na Copa. A situação é a mesma. Fora que isso flagra mais um erro dentro do tal “planejamento” do Dunga. Não ter substituto a altura pro cara é um erro fatal. Como acabou sendo.

Não é justo, nem mesmo com o Dunga, que os que até o meio-dia elogiavam o trabalho do treinador agora passem a crucificá-lo. A seleção brasileira perdeu onde todo mundo sabia que podia perder.

No “pacote Dunga” já vinha o destempero de Felipe Mello, a falta de opções de banco para mudar o jogo e mesmo a incapacidade de leitura da partida do cara.

Talvez não viesse o time medroso do 2º tempo. A apatia do 2º tempo.

O jogo teve dois tempos bem distintos.

O 1º tempo do Brasil. A Holanda partiu pra cima, mas ficou com a sua retaguarda exposta para os contra-ataques brazucas. Zagueiros e laterais anos luz de distância um do outro. O Brasil poderia ter definido o jogo ali, naqueles 45 minutos, mas não o fez.

O 2º tempo foi todo da Holanda. Ajudada muito pela apática atuação dos comandados de Dunga, ainda que vencendo por 1X0. A Holanda se ajustou na retaguarda, os laterais encostaram em Van Bommel e Sneijder, a zaga deixou de ficar exposta e o Brasil parou de jogar na medida em que Robben e Sneijder – nome do jogo – ganhavam o campo.

Diferentemente do Brasil, que poderia ter fechado a conta no 1º tempo e não o fez, a Holanda poderia ter feito 3 ou 4 gols, fez 2, a medida certa para conquistar a sua justa classificação.

Aos que preferem culpar o pobre coitado do juiz, ou o mais coitado ainda do Felipe Mello, alegrem-se. Mick Jagger esteve lá. Seu pé frio também pode ser usado como desculpa para essa tragédia anunciada.


Cheers,