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DESEMPENHO COLETIVO X INDIVIDUAL

CUCA

Muitos são os paralelos entre os inícios de trabalho de Cuca junto ao Palmeiras em 2016 e 2017. No sagrado ano de 2016, em 5 jogos foram 4 derrotas, veio também na sequencia a eliminação na 1ª fase da Libertadores. Importante lembrar que na competição sulamericana o treinador pegou o time já em situação muito complicada e, ainda assim, chegou vivo a última rodada, vencendo seu jogo e sendo eliminado pela combinação de resultados.

No promissor ano de 2017 a situação quase que se repete. Em 5 partidas realizadas são 3 derrotas e apenas 2 êxitos, mas duas classificações garantidas: Libertadores e Copa do Brasil.

O que muda entre essas temporadas é a afirmação de elenco. Lá em 2016 eram muitos os jovens e promissores. Tche Tche, Mina, Vitor Hugo, Roger Guedes e a joia Gabriel Jesus. Além de jogadores já conhecidos que surpreenderam sob o comando do treinador, como Moisés.

Coube a Cuca encorpar aquela equipe e tirar de cada peça o seu melhor. Ao final do ano o título incontestável alçou essas peças a novos patamares. O investimento no elenco para 2017 foi ainda maior, a expectativa para 2017 é maior.

Do hiato de 5 meses até seu retorno, Cuca viu o Palmeiras perder a maior revelação BR desde Neymar, mas compensar a saída com contratações de muito peso: Felipe Melo, Guerra e o maior destaque do futebol sulamericano em 2016, Miguel Borja.

O futebol apresentado nesse 2017, no entanto, não retrata a expectativa e a certeza do quanto pode render esse time. São duas classificações, mas em nenhuma delas o time dá ao torcedor a segurança necessária. O próprio Cuca sente isso e vem promovendo mudanças táticas aos borbotões. Algumas delas chegam a parecer sem sentido. Ao mesmo tempo algumas insistências me fazem crer que há por parte do treinador receio em mexer em certas peças que foram fundamentais em 2016, mas que em 17 não repetem aquelas atuações, sobretudo Zé Roberto e Tche Tche.

Ontem na coletiva após o jogo contra o Inter, quando Cuca disse que “o elenco desse ano é melhor, mas o time titular perdeu qualidade com as saídas”, além de dizer que “para equilibrar essa perda técnica os que estão ai hoje precisam se desdobrar como faziam os que saíram na virada do ano”, Cuca para mim mandou um recado direto ou iniciou uma preparação para o que está por vir.  Fato é que o time não marca como marcava em 2016. E se você olhar para o ano passado não havia grandes marcadores na formação base, mas havia a dinâmica, proporcionada por aqueles jogadores e que dava ao time a condição de se reorganizar de modo a sufocar as saídas de bola adversárias. Isso não tem acontecido agora. Guerra é extraclasse na criação, mas não recompõe como Moisés. Borja sente demais a mudança de país e a diferença de velocidade do que acontece na Colômbia e agora no Brasil, sem contar que não é do mesmo gabarito de Gabriel Jesus e nem tem a mesma entrega.

Está claro que a queda no futebol de Tche Tche está atrelada a ausência do lesionado Moisés, mas Felipe Melo também não é um cão de guarda, Jean muito menos. Guerra, titular absoluto desse meio campo, não tem essa característica de recomposição defensiva. Ontem quando recuou Felipe Melo para a zaga e entrou com Tiago Santos na meia, combinado com o recado na coletiva, ficou claro que o treinador entende que será necessário achar espaço para o melhor marcador do elenco. Tiago Santos, além do gol da classificação, reduziu os espaços na criação do Inter. Poucos foram as jogadas de grande risco após sua entrada.

Deve sobrar para Tche Tche. O problema é que o ótimo meio-campo, uma das revelações de 2016, já mostrou ao longo desse ano que não lida muito bem quando mexem em seu terreno. Expos publicamente sua insatisfação com o reposicionamento feito por Eduardo Batista, por exemplo. Creio que esteja ai o receio de Cuca em promover alterações contundentes, dai o excesso de testes e o aumento no número de escolhas erradas.

Cuca não é Eduardo Batista, está ai para liderar esse time do jeito que for necessário, ele tem o peso e a ascendência que talvez nenhum outro técnico no BR pudesse ter no Palmeiras. Se as atuais peças não lhe dão a dinâmica que teve em 2016, o elenco montado para 2017 lhe dá peças para compensar isso.