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DERROTA HOMÉRICA

Em tempos onde a responsabilidade financeira permeia as discussões por um futebol melhor, ter dirigentes que pensam em trabalhar dentro do que seus orçamentos lhes permite é bastante louvável. Mais ainda quando se herda um clube em situação como a que Arnaldo Tirone entregou a Paulo Nobre.

Era nítida a diferença do Palmeiras das épocas de B1 e B2 para essa de Nobre e Brunoro. Mas já cabe aqui uma ponderação a esse respeito: Os atuais tiveram em seu primeiro ano de trabalho a missão de levar o Palmeiras de volta à série A, o que convenhamos, acabaria acontecendo tivesse sentado lá no trono da presidência um cone de trânsito.

Mesmo assim trabalharam muito bem o sócio torcedor, a comunicação com a torcida, conseguiram aproximar mais o torcedor do time. Isso é positivo, sim.

Mas na principal tratativa e a que mais interessa ao torcedor, próximo do clube ou não, naufragam a cada dia – a condução do time.

Perder Alan Kardec, da maneira como está perdendo, expõe e fragiliza a instituição de uma maneira que será difícil recuperar de prontidão, a não ser que haja um trunfo magnífico na manga. O que não me parece ser o caso. Muito embora eu ainda ache bastante estranha a história da camisa 7 ter sido negada à Leandro e Bruno Cesar.

Se todos os trâmites públicos sobre a transação com Kardec forem verdadeiros, perdê-lo por meros 20 mil reais é de um apequenamento que nem Tirone conseguiria fazer. E pior. Já tendo na bagagem a perda de Barcos, que aconteceu de forma muito parecida.

O Palmeiras consegue, em menos de 1 ano, perder dois jogadores que caíram nas graças do torcedor – o que hoje é muito complicado – sendo que ambos foram recuperados para o cenário da pelota pelo próprio Palmeiras.

Barcos era um mero jogador b-side antes de aterrissar nas alamedas alviverdes e anotar seus 27 gols em 2012. Kardec é um dos tantos jogadores que sequer havia conseguido destaque no fragilizado futebol português (como Elias, por exemplo) e que no Brasil (e no Palmeiras) tornou-se referência, com nome cotado inclusive para disputar a Copa de 2014.

O Palmeiras os preparou e os entregou de bandeja para rivais diretos. No caso do camisa 14, pior ainda, pois foi para um grande rival do estado. Um que já tem um histórico recente de lhe dar rasteiras semelhantes.

Fragilizou-se, apequenou-se e a culpa é inteiramente de Nobre e seus asseclas. Kardec, ao que tudo indica, recuou suas pedidas ao máximo para seguir sendo o referencial de ataque do alviverde.

É estranho perder Kardec dessa forma, tendo no elenco jogadores como Felipe Menezes (que veio de contrapeso, justamente no empréstimo de Kardec), Patrick Vieira, Mazinho, Vitorino e tantos outros que sequer são aproveitados – e nem devem ser. Estranha também ter gasto a bala que gastou com Leandro e agora não fechar a conta de seu maior goleador por “meros” 20 mil reais.

Leandro pode vir a se tornar um bom jogador, mas ainda não é. É jovem, pode dar caixa num futuro. Mas em campo perde de goleada para a eficiência de Alan Kardec, que também é jovem e que também poderia dar frutos futuros. Mas, muito mais que isso, já dava frutos dentro de campo hoje mesmo.

Espanta a dificuldade da direção em não cativar em ano de centenário, de estreia do estádio mais moderno da América Latina, por tantos e tantos motivos que somam-se ao fato de ser Palmeiras, o que sozinho já deveria saltar aos olhos de qualquer profissional da pelota.

O estrago está feito. E ainda que chegue Walter ou mesmo algum jogador renomado dentro da minha suspeita referente a camisa 7, o caso Kardec é uma derrota homérica, técnica e institucional.

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